Em agosto de 2021, as portas da Quinta do Cruzeiro abriram-se de par em par para acolher amigas/os e irmãs/ãos de luta, chegados de norte a sul do país e de todos os cantos do mundo. A população de Covas do Barroso recebeu-os como sempre recebe qualquer forasteiro que venha de boa-vontade: de coração aberto, sorriso posto, e entrada franca.
Depois de uma experiência muito recompensadora tanto para visitantes quanto para habitantes, e porque a nossa luta persiste, o Acampamento em Defesa de Covas do Barroso regressa para uma segunda edição!
Entre os dias 12 e 15 de Agosto de 2022, convidamos novamente todas aquelas que a nós se queiram juntar para quatro dias de partilhas de experiências e histórias
A nossa luta é a mesma, mas também é diferente. Se no passado achávamos que (apenas) teríamos que enfrentar uma empresa e o governo português para proteger o nosso território e o patrimônio, agora sabemos que vale tudo. Fomos confrontados/as com ameaças, com tentativas de intrusão nos processos democráticos do poder local e, inclusive, com as mais básicas táticas de divisão, segundo a famosa máxima “dividir para conquistar”. Aprendemos a não subestimar o quão fundo se consegue descer na busca desenfreada por lucro.
Contra as insidiosas manobras de divisão social orquestradas pelas companhias mineiras, contamos com o apoio, a solidariedade e a camaradagem de outras populações em luta, aqui e mundo afora, assim como com a força da união da nossa comunidade.
Este ano, perante o cenário de guerra e de militarização da sociedade, o mundo vê-se obrigado a refletir sobre o que significa e quanto custa realmente a “transição” energética que se adivinha. Queremos confrontar e desconstruir a ideia de que a transição energética tem de passar, necessariamente, pelo extrativismo desenfreado, pelo esgotamento de todos os recursos naturais segundo o plano de terra arrasada, pela despossessão dos territórios rurais, e pela procura incessante de lucros. Queremos falar-vos de engenharia social e de terrorismo judicial, de como combater o frenesi capitalista que quer crescer à custa das nossas gentes, dos nossos montes e das nossas águas.
Queremos, acima de tudo, evitar que uma empresa gananciosa destrua as nossas serras e reescreva a nossa ancestral história. Queremos impedir este colonialismo modernista, que submete populações e regiões vulneráveis aos piores abusos em nome de um “bem comum” que nunca chega.
Não nos vamos deixar enganar pelas “Roupas Nova do Rei”, nem ser obrigados a dizer que cinzento é verde, que as minas são sustentáveis, e muito menos iremos acreditar que as empresas de mineração são os nossos salvadores e que nos vão trazer desenvolvimento sustentável.
Estamos cansados de afirmações de que a exploração mineira na UE está sujeita aos mais elevados padrões ambientais e sociais a nível mundial, ficou provado que não é e que estamos vulneráveis a abusos. Em Covas do Barroso temos a prova de que as leis valem pouco ou nada se não forem aplicadas e mais ainda se o governo e as instituições públicas estiverem dispostas a ceder e a curvar-se à vontade das empresas mineiras.
Em Covas do Barroso, nós que sempre vivemos de forma sustentável, recusamos ser sacrificados para que outros possam manter o seu consumismo intensivo.
Gostaríamos muito de contar-vos a nossa história, apresentar-vos as nossas gentes, e mostrar-vos o imenso patrimônio histórico e natural que herdámos – e que lutamos para proteger.
Temos várias propostas de discussão, mas queremos ouvir as vossas também.
Inscrevam-se e juntem a vossa voz à nossa!
Sim à VIDA. Não às MINAS.
VERDE É O BARROSO!
barrososemminas.org
agência de notícias anarquistas-ana
na blusa velha,
muitas borboletas –
ele adora tocá-las…
Rosa Clement
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!