As Mulheres, o povo curdo e milhares de pessoas em todo o Irã se levantaram pela liberdade, os direitos e a igualdade em um Estado onde protestar é pôr em risco a vida, especialmente, para as mulheres.
Dia após dia ardem as ruas em protesto pela morte da jovem curda Jina Mahsa Amini detida em Teerã pela polícia moral iraniana por não usar “corretamente” o hiyab. Depois que o grupo de mulheres com as quais foi detida protestaram, foi golpeada no furgão policial e depois torturada na delegacia. Morreu após dias em coma no hospital.
O sistema iraniano está construído sobre um patriarcado fundamentalista, a opressão e a negação de direitos à população, e especialmente às mulheres, ainda mais quando se trata de mulheres curdas, que sofrem uma dupla opressão, de gênero e como povo.
Na história do Irã, as mulheres tiveram um papel importante nas lutas revolucionárias e representaram também uma grande força nas revoluções de Rohilat (Curdistão do Este) antes de 1979 e nos levantes populares contra a atual ditadura. Além disso, as mulheres são também defensoras da língua, da cultura e da história. Por esta razão, as mulheres curdas são vistas como uma ameaça pelo regime. Mas não só as curdas, mas também as baluchas, azerbajanas e persas que enfrentam o sistema patriarcal, o regime iraniano.
Recentemente as mulheres organizadas estão se tornando mais fortes. Nos últimos tempos a repressão do hiyab e o aumento da brutalidade de polícia moral levaram a maiores respostas desde a auto-organização feminista das mulheres iranianas. No princípio deste ano, começaram a pôr em listas negras e a boicotar pessoas e negócios, como cafés, que fazem cumprir estritamente o hiyab. O movimento, descentralizado e autônomo, trata de criar espaços seguros para mulheres e pessoas da comunidade LGBTIQ+.
Sua força de resistência explodiu ante, uma vez mais, a manifestação extrema da violência patriarcal. Em resposta ao assassinato de Jina, as mulheres de Rojhilat, e de todo o Irã, voltaram a se rebelar gritando que estão fartas da ditadura e do regime islâmico. Saindo à rua, tirando o véu e queimando-o estão queimando os cimentos deste sistema.
Os protestos, que se estenderam às 31 províncias do Irã, e a mais de 130 cidades (entre elas as principais do país, como Teerã, Tabriz, Isfahan, Ahvazo Rasht), deixaram dezenas de pessoas assassinadas (ao menos 17, entre elas crianças e adolescentes), assim como centenas de feridas e detidas (quase 300 reconhecidas, ainda que muito provavelmente mais). As unem o rechaço à ditadura e à república islâmica, a um clero que atua como uma classe superior que define o sagrado e o tabu com violência e coerção, mas também se unem sob a bandeira que se escuta nos protestos das cidades curdas de Rohilat, e já em todo o país: “Jin, Jiyan, Azadî” (Mulheres, Vida, Liberdade). É esta proclamação, que provêm do movimento de liberação curdo, a que talvez melhor reflita o espírito destes protestos; a Liberdade, a verdadeira democracia, só podem se construir desde a liberação das mulheres. Um marco que nos une à mulheres e à classe trabalhadora de todo o mundo ante as opressões do capitalismo, o fascismo, a teocracia e o colonialismo.
Desde o início o estado iraniano tentou esconder a verdade do ocorrido, ameaçando ao pessoal médico que atendeu a Jina e as mulheres que foram detidas com ela e testemunhos do ocorrido. Agora, tentando controlar estas mobilizações, censuraram o acesso à internet e a aplicativos móveis, e encorajam manifestações pró governamentais. Inclusive o exército ameaça com intervenção e aprofundar uma repressão impiedosa que já desde o início acontece com o uso de fogo real. No entanto, os protestos continuam, se anuncia greve geral e talvez o início de uma revolução que temos que apoiar desde todos os rincões do mundo.
Desde a CGT, desde a solidariedade internacionalista e feminista, mas, sobretudo desde uma luta comum, queremos apoiar a todas as pessoas e organizações que se levantaram em Rohilat, no Irã e em todo o mundo pela liberdade, os direitos e a dignidade. Pelas Mulheres, Vida, Liberdade!
cgt.org.es
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Espere um pouquinho
Em respeito às flores
Antes de tocar o sino.
Matsue Shigeyori
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!