[São Paulo-SP] Anarquismo decolonial numa visão preta de quebrada!

Muito se fala sobre o Anarquismo nos meios de esquerda, porém pouco se conhece dele. A luta anarquista na história nunca foi travada por acadêmicos ou burocratas, muito menos por reformistas ou doutores cultos da linguagem. Essa luta sempre foi travada por nós, aqueles considerados os últimos da sociedade. Aqueles que a polícia não pede por favor com humildade para parar uma manifestação.

Da mesma forma nenhuma revolução anarquista começou com nenhuma vanguarda do pensamento ou aqueles iluminados que sabem o que o povo precisa, muito mais que o próprio povo. Todas as vitórias anarquistas pelo mundo foram conquistadas pelos periféricos, conquistadas pelos indígenas, pretos, mulheres, LGBTQIA+ excluídos pelo status quo e sequestrados em suas pautas pelo poder do Estado.

Não seria diferente aqui nesse país da tragédia cômica e inevitavelmente racista. Não há outra saída para barrar o Fascismo que não saia das mãos das favelas e periferias dessa terra. Não há a menor possibilidade do Fascismo bolsonarista retroceder, ainda mais agora que tomaram a pauta “Deus” para dentro dos seus bueiros.

O motivo dessa Frente existir não é fazer dela o grupo organizado que irá mudar o mundo ou o país, mas colocar em pauta que existe uma ideologia já vivida pelas quebradas, apoio mútuo, solidariedade, liberdade e insubmissão à injustiça, que aprendemos desde os quilombos e em nossas aldeias. Ancestralidade, Cultura e Educação não são nossos lemas por serem palavras bonitas. São nossos lemas porque construir isso é urgente e o anarquista que se deu conta disso, precisa levantar da cadeira e fazer sua parte antes que seja tarde demais, sem colocar sua esperança em políticos, antes que não possamos nem ao menos dizer “parem de nos matar”.

Frente Anarquista da Periferia (FAP)

agência de notícias anarquistas-ana

na cama de nuvens
o sol espreguiça-se
oblongo

Eugénia Tabosa