Quarta-feira, 05 de julho de 2023
Emmanuel Macron recebeu 220 prefeitos no l’Élysée na terça-feira, 4 de julho. Na ocasião, ele poderia ter proposto soluções políticas e sociais para os municípios suburbanos ou se voltado para a repressão que atinge esses bairros. Nada disto: o Chefe de Estado referiu a necessidade de “ter uma reflexão sobre a utilização das redes sociais” e sobre “as proibições que temos de colocar”. Foi ainda mais específico: “quando as coisas saem do controle, talvez você tenha que se colocar em posição de regulá-las ou cortá-las”, acrescentando que acima de tudo você não deve fazer isso de cabeça quente, mas que você tem que iniciar uma reflexão fria. O Estado francês corre, portanto, o risco de adotar uma legislação que permita cortar as redes sociais em caso de contestações ou distúrbios sociais.
Desde 2021, alguns Estados fecharam ou restringiram a internet durante tumultos ou protestos. Por exemplo, a junta militar da Birmânia, a ditadura bielorrussa, a República Islâmica do Irã, Sudão, Cazaquistão ou Paquistão. Ou mais recentemente o Senegal no contexto da repressão sangrenta. A França de Macron, portanto, corre o risco de ingressar neste clube de Estados notavelmente democráticos.
É verdade que sem redes é muito mais simples: sem imagens de violência policial, sem convocação para manifestação, sem vídeo do tiro em Nahel, sem mídia independente. Apenas CNews e BFM como retransmissores de mídia. O sonho.
Como lembrete, alguns dias atrás, vários governantes pediram que a Constituição fosse alterada para permitir um terceiro mandato de Macron. Como em vários regimes autoritários: o de Putin na Rússia, Xi Jinping na China ou os presidentes do Senegal e da República Centro-Africana.
A história recordará que o candidato “centrista” e “moderado”, apresentado pela mídia e eleito graças ao voto de bloqueio, foi um autocrata ultraviolento que precipitou a França rumo à ditadura.
Fonte: https://contre-attaque.net/2023/07/05/couper-les-reseaux/
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agência de notícias anarquistas-ana
medo no coração
tirito
a mais fria estação
Sílvia Rocha
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!