(LISBOA) CONCENTRAÇÃO SEM PAPAS NA LÍNGUA | DIA 4 DE AGOSTO – MARTIM MONIZ
Apesar do esforço de todos os espaços – políticos e mediáticos – para criar um discurso único sobre a recepção da Jornada Mundial da Juventude – como se fosse meramente uma celebração religiosa -, não esquecemos que o objetivo deste evento é político, e que é através da ocupação do espaço público que a igreja continua a reafirmar o seu domínio. A igreja católica continua vinculada à construção de poder e, através da intrusão de valores e normas, continua a exercer um controlo social e cultural na nossa sociedade. Os dogmas da religião interferem na construção do poder popular e no poder de decisão das comunidades marginalizadas – ao quererem privar-nos da liberdade e autonomia dos nossos corpos.
Com a imposição das suas hierarquias exigem-nos submissão.
Mas nós não esquecemos – nós somos a insubmissão.
Não esquecemos o papel da igreja no aprisionamento de pessoas que, em conjunto com o Estado, criou um castigo aparentemente moral, afastando-se dos bárbaros e públicos castigos da época medieval e remetendo-os para o oculto – criando a prisão. Prisão essa que diz “corrigir” todo e qualquer comportamento que infrinja a ordem pública.
Não sabíamos nós é que essa “correção” significaria 60 mortos por ano nas prisões portuguesas e trabalho escravo com reclusos a receber 2 a 3€ por dia, ou cêntimos para construir os confessionários para as Jornadas.
Sobre deus (e os seus papas)
“Se Deus existisse, só havia um único meio de servir a liberdade humana: seria o de deixar de existir.” (Bakunin)
“Considere-se, por exemplo, a atitude do cão em presença do dono: não está nela, inteiramente, a do homem perante Deus? Pretendeu-se, erroneamente, que o sentimento religioso só é próprio dos homens. Mas todos os elementos constituintes da religião se encontram no reino animal – sendo o principal desses elementos o medo. O “temor a Deus – dizem os teólogos – é o começo da sabedoria”. Esse temor encontra-se extremamente desenvolvido em todos os animais, que possuem um instintivo terror perante a omnipotência que os produz.
Tal como os animais, os seres humanos encontram-se ainda submetidos pela ignorância a esse medo do omnipotente. Medo que a Igreja, apoiada pelo Estado, consagra e oficializa. Ao defender-se, a sociedade dominante fá-lo também propagando a ficção religiosa. E de tal modo que esta ficção, exacerbada, se torna uma loucura normalizada.
A religião dos crentes é assim um estado de loucura normalizado pelas leis materiais e ideológicas das classes dominantes. As maiores imbecilidades são consideradas oficialmente como as verdades mais profundas. Que exprime este estado de coisas senão que os humanos permanecem num estádio de rastejante escravidão intelectual e, por conseguinte, material?”
Bakunin (adaptado do livro “Deus e o Estado”)
agência de notícias anarquistas-ana
No embalo do vento
palmeiras se abraçam:
dois amantes?
Anibal Beça
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!