26/07/2023
- O relatório “O lucro do colapso” aponta oito grandes bancos como impulsionadores da destruição da Amazônia e do clima ao financiar empresas de petróleo e gás na região.
- Nos últimos 15 anos, esse financiamento bancário totalizou US$ 20 bilhões, dos quais US$ 11 bilhões são diretamente atribuíveis a esses oito bancos, incluindo o Banco Santander.
- O relatório também alerta que o ponto de não retorno está sendo alcançado devido à degradação e ao desmatamento combinados.
- Oito grandes bancos globais – JPMorgan Chase, Itaú Unibanco, Citibank, HSBC, Banco Santander, Bank of America, Banco Bradesco e Goldman Sachs – financiaram mais de US$ 11 bilhões em atividades de petróleo e gás na Amazônia, de acordo com um novo relatório da Stand Earth e da COICA (Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica).
Esse financiamento está intimamente ligado às atividades de petróleo e gás nas áreas amazônicas do Brasil, Colômbia, Equador e Peru, onde a queima de petróleo e os derramamentos poluíram os cursos d’água e o solo da Amazônia, adoecendo as comunidades indígenas, limitando seus meios de subsistência e violando seus direitos.
Embora esses bancos representem 5% dos bancos encontrados em operações de petróleo e gás, eles são responsáveis por 55% dos estimados US$ 20 bilhões que podem ser atribuídos diretamente à região. O valor restante – cerca de US$ 9 bilhões – é contribuído por mais de 150 entidades.
Como destaca Fany Kuiru, coordenadora geral da COICA, “a degradação e o desmatamento combinados nos levam a um ponto de iminente não retorno, que para nossos povos se traduz em doenças crônicas resultantes da poluição; a perda de nossa soberania alimentar por causa dos metais pesados nos peixes e na água que bebemos; e a violência sistemática contra aqueles que defendem nosso lar”.
As contas do Banco Santander
O Banco Santander é o quinto maior financiador, com mais de US$ 1,2 bilhão para o setor de petróleo e gás desde 2017. Isso também permitiu que ele encabeçasse a lista de financiadores da destruição da Amazônia no relatório Banking On climate chaos, publicado em abril de 2023.
É também o sétimo maior financiador de financiamento indireto, com um valor estimado de US$ 13,9 bilhões desde 2009. O Banco Santander participou de 95 transações nos últimos 15 anos e desempenhou o papel principal em 76% delas. Alguns dos financiamentos incluem perfuradoras de petróleo, como a Comodoro Rivadavia Petrochemicals, que opera blocos de petróleo na Amazônia equatoriana, ou a Eneva S.A., cujo enorme complexo de gás em Parnaíba é um grande emissor de carbono.
O Santander também é um dos principais patrocinadores de empresas estatais de petróleo, como a PetroBras, a Ecopetrol e a Petroperú. O banco financiou com quase 1 bilhão de dólares a modernização da refinaria Talara da Petroperú, que inclui a expansão da produção diária da refinaria e o processamento de petróleo da Amazônia peruana.
Diante dessas cifras, a Ecologistas em Ação enfatiza que a floresta tropical foi fragmentada, desmatada e queimada a ponto de a ciência advertir que ela pode estar atravessando um desastroso ponto ecológico sem retorno. “A indústria e os bancos que a financiam são responsáveis por liberar emissões de carbono na atmosfera e nos afastar ainda mais da meta de 1,5ºC”, diz Sara Bourehiyi, porta-voz da organização ambiental.
A publicação do relatório coincide com o lançamento do primeiro banco de dados público pesquisável de todos os bancos envolvidos no financiamento direto e indireto do petróleo e gás da Amazônia. O banco de dados é uma lista abrangente de bancos envolvidos em acordos de empréstimo e subscrição de títulos para empresas envolvidas no desenvolvimento de poços de petróleo, exploração, produção (upstream) e transporte e armazenamento de petróleo e gás na Amazônia.
“Esse novo relatório nos mostra, mais uma vez, que palavras não são suficientes, os bancos devem agir e erradicar seu financiamento aos setores mais poluentes para não se afastarem ainda mais do caminho de 1,5°C. Vemos como, apesar de suas promessas verdes e de suas políticas de risco ambiental, eles continuam a investir em indústrias que são prejudiciais não apenas ao planeta, mas também à sua biodiversidade. Todos os bancos devem parar de financiar a destruição do planeta agora”, conclui Bourehiyi.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Broca no bambu
deixa furos de flauta.
O vento faz música.
Anibal Beça
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!