[Florianópolis-SC] Relato do 1º Sarau Marcas Libertárias

Agradecemos a presença de todo mundo que colou no 1º Sarau Marcas Libertárias, que aconteceu no último domingo, dia 27. O sarau foi incrível e isso só foi possível graças a todo o pessoal que chegou junto, compartilhou sua arte ou esteve lá presente. Gostaríamos de agradecer ao Instituto Arco-Íris, espaço referência em Florianópolis no acolhimento e luta por direitos humanos, pela parceria em receber nosso sarau. Saudamos a companheirada da Frente Catarinense de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto e do Coletivo Pintelute que estiveram com suas banquinhas, bem como a Editora Terra sem Amos pelo envio de livros especialmente para o sarau. E também a todo mundo da Charanga Encarnada que fechou os trabalhos do evento.

O Sarau Marcas Libertárias foi construído pensando em três objetivos. Primeiro, para promover o lançamento de um trabalho de muitos anos de nossa militância, o livreto “Marcas Libertárias: episódios anarquistas em Santa Catarina (1841-2011)”. Uma singela contribuição de nossa organização na memória da presença libertária e na luta contra o discurso das elites desse estado, que tentam nos vender a ilusão branca e submissa, de uma moral do trabalho que enriquece poucos e adoece nosso povo. Lançar esse livreto tem o intuito de fazer ventar ainda mais a rebeldia de nossa gente e também fazer espraiar o socialismo libertário.

Nesse sentido, esse sarau não aconteceu nessa data à toa. No dia 27 de agosto de 2011, nessa mesma cidade, nascia nosso coletivo. O CABN, parte da Coordenação Anarquista Brasileira, faz exatamente 12 anos e se soma à tradição anarquista em Santa Catarina. Nesses nossos ainda poucos anos dos muitos que virão, procuramos contribuir com todas as nossas forças nas lutas sociais de Floripa, Joinville, Chapecó, Navegantes e indiretamente em outros cantos do estado. Procuramos ser fermento das lutas em que estivemos presentes, sabendo que somente a organização popular mudará o curso da história, pela força do poder popular.

Após quatro anos de um governo federal de extrema-direita, vimos crescer em Santa Catarina grupos neonazistas, apoiados no mito do europeu fundador. Temos um governador que é representante dessas ideias e que tem ao seu lado um setor conservador no legislativo estadual. Se a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas pode ter parecido um alívio momentâneo, não há tempo para que a gente se iluda com o governo de Lula e do PT. Há 12 anos, em também tempos petistas, surgimos como oposição de esquerda, dispostas a construir uma alternativa revolucionária ao capital e ao Estado, e assim seguimos. Não há vitória concreta que não venha pelas mãos de movimentos sociais fortes, com independência de classe, e aqui tem gente disposta pra essa construção que sabemos ser árdua e longa.

Isso nos leva à terceira razão para esse sarau: é preciso também festar, compas, para não fraquejar pelo caminho. Costuma ser dito que foi Emma Goldman, uma companheira anarquista estadunidense, quem afirmou que se não fosse possível bailar, essa não seria sua revolução. Não se sabe se ela realmente disse ou escreveu isso. Porém, há algo nisso que podemos admirar ainda assim. Se derrubar o capitalismo, o Estado genocida, essa estrutura patriarcal e racista, nos entristece e cansa, se exige de nós coragem e muito tempo de dedicação, a luta social nos retribui com talvez uma só coisa de imediato: companheirismo. E é isso que procuramos celebrar com esse sarau. Para que possamos seguir enfrentando nossos inimigos de classe, construindo nossos coletivos e semeando rebeldia, é necessário que possamos também bailar coletivamente, construir momentos fora do individualismo imposto pelo capitalismo e renovar nossas certezas na revolução e na nossa gente, no nosso povo. É necessário um tanto de arte, dessa arte feita com as forças que nos restam, com o ódio que nos move e também com a liberdade que sonhamos. Arte que convidamos vocês para compartilhar no sarau, arte que só faz sentido se sentida no coletivo.

POR MAIS MARCAS LIBERTÁRIAS NESSE TERRITÓRIO CONTESTADO DE SANTA CATARINA!

VIVA A ARTE REBELDE! VIVA O SOCIALISMO LIBERTÁRIO!

>> Mais fotoshttps://www.cabn.libertar.org/relato-e-fotos-do-1o-sarau-marcas-libertarias/

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2 responses to “[Florianópolis-SC] Relato do 1º Sarau Marcas Libertárias”

  1. Peterson Silva

    Emma falou algo assim, mais ou menos, na sua autobiografia

    “I became alive once more. At the dances I was one of the most untiring and gayest. One evening a cousin of Sasha, a young boy, took me aside. With a grave face, as if he were about to announce the death of a dear comrade, he whispered to me that it did not behoove an agitator to dance. Certainly not with such reckless abandon, anyway. It was undignified for one who was on the way to become a force in the anarchist movement. My frivolity would only hurt the Cause.

    I grew furious at the impudent interference of the boy. I told him to mind his own business, I was tired of having the Cause constantly thrown into my face. I did not believe that a Cause which stood for a beautiful ideal, for anarchism, for release and freedom from conventions and prejudice, should demand the denial of life and joy. I insisted that our Cause could not expect me to became a nun and that the movement should not be turned into a cloister. If it meant that, I did not want it. “I want freedom, the right to self-expression, everybody’s right to beautiful, radiant things.” Anarchism meant that to me, and I would live it in spite of the whole world — prisons, persecution, everything. Yes, even in spite of the condemnation of my own closest comrades I would live my beautiful ideal.”

    Os dois parágrafos seguintes são um pouco melancólicos… Vou deixar o ponto final por aqui mesmo ;)

  2. nina

    Emma falou,kroptkin disse isso,Marx disse aquilo… é muita História e Legado e pouca criação!!! Ufff cansa o copia e cola contemporâneoe a babação de ovo em ídolos,deixemos os mortos em paz!! :-(