Decorreu no passado dia 2 de Março no Museu do Aljube, em Lisboa, o lançamento dos números 100-103 (2023/2024) e do número especial dedicado aos 50 anos da revista. A sessão contou com a presença de numerosa assistência e com a participação na mesa de João Freire, fundador da revista, do seu actual director António Cândido Franco, do artista gráfico Vasco Rosa, de Risoleta Pedro, de Ricardo António Alves, e de António Baião, pelo jornal A Batalha.
António Franco apresentou o último número, dando destaque ao combate à mudança climática, tema que foi igualmente objeto de reflexão no texto que publicou. Os desafios que são colocados a todas as sociedades humanas, ameaçando a sobrevivência, contrastam com a ausência de resultados efetivos tomados pelos Estados e poderosas organizações internacionais no combate ao chamado aquecimento global do clima. O diagnóstico do problema global associa-o não apenas a padrões de consumo desigual mas também (ou sobretudo) ao militarismo associado a sistemas econômicos alimentados pela imperiosa necessidade de consumo energético crescente. Ao problema das emissões de gases com efeitos de estufa pelo consumo exponencial de hidrocarbonetos, associa-se agora a expansão em curso da produção de energia nuclear, revelando a limitação das energias “verdes” como solução. O militarismo é ainda um risco maior pela forma como os conflitos entre os Estados em luta pela hegemonia se vêm desenvolvendo.
Este número quadruplo com 316 páginas não tem, no entanto, um tema organizador como os anteriores, sendo marcado pela diversidade temática e de gêneros (ensaio, memória, história, biografia, poesia, arte).
Este número vem acompanhado do fac-símile do nº 1 d’ A Ideia publicada em Maio de 1974 em Paris, de dois suplementos ilustrados: um, com cartas inéditas de Mário Cesariny a Eugénio de Castro (“homenagem da revista aos surrealistas da região portuguesa que mantiveram aceso nos anos da glaciação o lume solar da liberdade”); e outro, intitulado Lutaremos Juntas, uma curta banda desenhada de Ariana Vitorino e Rodrigo Ramos.
À semelhança de anos anteriores, Risoleta Pedro leu trechos de poesia e prosa selecionados do último número.
Ricardo António Alves, diretor do Museu Ferreira de Castro (em Sintra), fez uma palestra centrada em Jaime Brasil e nas suas relações com Ferreira de Castro, tendo como base documental principal a correspondência trocadas entre os dois jornalistas e escritores libertários.
João Freire apresentou o percurso da revista no último meio século, tema do número especial lançado na ocasião. O pequeno volume, para além do ensaio de síntese “A Ideia, uma trajetória singular”, republica um conjunto de textos-marco da sua história, acompanhado por um conjunto de curtos testemunhos. Contém ainda índices dos suplementos publicados desde 1974, a lista de livros publicados pela Editora Sementeira (1980-1991), um índice onomástico de todos os números da revista e uma cronologia (1974-2024). Fecha o volume o Comunicado alusivo ao Movimento do 18 de Janeiro de 1934 (decorridos 90 anos) e o fac-símile do jornal homónimo publicado no 1º de Maio de 1927, onde são definidos os seus valores axiomáticos: a liberdade, a organização, o antiautoritarismo, a fraternidade. Trata-se, pois, de uma publicação incontornável para quem deseje conhecer a história d’ A Ideia.
Finalmente, António Baião apresentou o livro de João Freire, Jornal A Batalha, 1974-2024: Esboço para uma análise mais distanciada, detendo-se na situação mais recente de um jornal que, tal como a nossa revista e este blogue, vive sem publicidade nem patrocínios, exclusivamente do empenho dos seus leitores e colaboradores.
Fonte: https://aideiablog.wordpress.com/2024/03/10/a-ideia-faz-50-anos/
agência de notícias anarquistas-ana
se andava no jardim
que cheiro de jasmim
tão branca do luar
Camilo Pessanha
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!