Saúde!
O mundo do futebol está cheio de surpresas, algumas das quais já mencionei, outras estão surgindo pouco a pouco. No entanto, devemos ter em mente que a primeira surpresa é que, na grande maioria das vezes, tanto para muitos de seus praticantes quanto para seus empresários e a mídia, eles se esquecem de acrescentar o substantivo negócio ou, em qualquer caso, o adjetivo comercial. Mas há mais surpresas. Algumas delas são de natureza solidária, para dar dois exemplos: vimos recentemente como o Cádiz Club de Fútbol evitou o despejo de uma senhora de 88 anos ao comprar a casa onde ela mora e fazer um contrato vitalício com ela, deixando um aluguel social acessível à mulher. Outro caso foi o de Carmen Martínez, uma vizinha de Vallekas, mas dessa vez o presidente da Agrupación Deportiva Rayo Vallecano não queria mexer no próprio bolso, mas a pressão das arquibancadas o obrigou a fazê-lo, então ele criou uma linha zero para arrecadar fundos e Carmen permaneceu em sua casa. Gestos de solidariedade, bons gestos.
Mas a maioria de seus outros gestos, se houver, é de outra natureza: transferências, danças de jogadores, empresários corruptos, malas que dançam no final das temporadas… Raramente houve declarações políticas por parte de seus jogadores, quando é muito provável que, se um jogador de elite, esses que são queridos pelos torcedores, lançasse um slogan a favor da solidariedade, do futebol de base… Enfim, qualquer frase nesse sentido seria ao menos considerada por seus torcedores, pois, sem dúvida, o futebol comercial, tendo sido sequestrado pelo capital, favoreceu a chegada de torcedores que só querem que seu time vença a qualquer custo, o que é uma faísca para um violento foro. É claro que há muitas outras torcedoras que amam seu time e amam o esporte tanto quanto ou mais.
Isso vem de uma declaração feita por um jogador de elite francês, que pediu a seus apoiadores que votassem, mas que não fossem extremistas, porque os extremos são ruins. Dessa forma, ele bota no mesmo saco o que é chamado de extrema esquerda e extrema direita. Qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade sociopolítica sabe que não é assim, que o que as pessoas de direita chamam de extrema esquerda se opõe ao capitalismo, o pior dos extremos, que também é defendido pela extrema direita, pelos fascistas, e também por todo o espectro do que eles chamam de centro, esquerda… Esse senhor, que nada em milhões e, portanto, odeia o que ele chama de extrema esquerda, está a anos-luz de distância do que o futebol de base poderia ser, um esporte de solidariedade no qual todas as pessoas poderiam se envolver. Aqui vale a pena lembrar o jogador de futebol francês, Rino della Negra, que, sem alarde, quando não estava jogando ou treinando, deixava a bola para pegar seu rifle e lutar com a resistência armada contra os invasores nazistas alemães. Ele acabou sendo feito prisioneiro e fuzilado em 1944. Ele lutou de um extremo, o antifascismo, contra outro extremo, o fascismo. Mbappé esqueceu o exemplo desse jogador.
Simón Peña
Fonte: https://www.portaloaca.com/opinion/ante-las-declaraciones-de-un-jugador-de-futbol-millonario/
agência de notícias anarquistas-ana
paciência de tartaruga
cem anos
em cada ruga
Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!