Por La Zarzamora
Esta manhã (29/08) informou-se o falecimento da companheira anarcofeminista María Eva Izquierdo, na localidade de Rincón del Pinar, Uruguai. María Eva atuou nos últimos 60 anos desde o anarcofeminismo, com uma prática anarquista comunitária que a converteu em uma referência do anarcofeminismo rio-platense.
Nasceu em 1941 em Melo, Uruguai. No ano de 1969 se une à “Comunidade do Sul, um coletivo anarquista de vida comunitária criado em 1955 no Uruguai, que se baseava nos princípios cooperativistas e de autogestão. Nesta comunidade conhece Osvaldo Escribano, que se transforma em seu companheiro de vida.
Em 1974 a um ano do golpe e instauração da ditadura cívico-militar no Uruguai, se exilam em Buenos Aires. Em 1993 constrói o coletivo anarcofeminista “Mujeres Libres”, o qual funcionou na Biblioteca Popular “José Ingenieros” de Buenos Aires, Argentina.
Em 1999 com “Mujeres Libres” organizou um Encontro de Mulheres Anarquistas que se realizou em Pinar, na costa uruguaia, ao qual participaram companheiras do $hile, Bolívia, Brasil, Espanha e Suécia. Neste encontro discutiram-se diversas temáticas e incorporou-se a urgente situação da terra desde o ecofeminismo. Também se organizou uma marcha por Montevidéu em apoio às mulheres do Afeganistão.
“María Eva Izquierdo produziu vários artigos em que o eixo de sua atenção são as questões de gênero, em especial o papel subordinado da mulher e a crítica do patriarcado como estrutura histórica. Sobre esta análise publicou junto a seu grupo notas na revista “A Desalambrar” e apresentou o trabalho “feminismo y pos-feminismo” no congresso Internacional Anarquista de Barcelona de 1993″¹.
Junto a seu coletivo criou o documentário “Las Libertarias”, no qual resgata a memória de diversas companheiras cujas histórias foram invisibilizadas. Entre seu trabalho de registro e memória destaca a entrevista que realiza à escritora e professora anarquista ítalo-uruguaia, Luce Fabbri.
Durante seus últimos anos seguiu motivando o debate, habitando “El Terruño” em Rincon del Pinar, criando constantemente iniciativas de reflexão e discussão entre companheiras anarquistas e feministas de diferentes territórios, sempre preocupada com as novas projeções anarcofeministas, de nutrir-se de pensamentos, posicionamentos e questionamentos novos.
María Eva também contribuiu para o resgate de nossa memória com um arquivo que ficou disponível na Biblioteca Feminista Brujas em Abayubá e que foi organizado e inventariado por GETIC.
Desde as terras do sul, com sua recordação e voz na memória, La Zarzamora se despede. Agradecidas Eva por resgatar e ser parte da história das mulheres anarquistas de Abya Yala.
Fogo ao patriarcado, ao especismo, ao estado e ao capital!!
María Eva Presente!!
[1] Libertarias en América del Sur. Cristina Guzzo.
Fonte: https://lazarzamora.cl/?p=12939
Tradução > Sol de Abril
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!