A Makhnovtchina, entusiasmo entre a população ucraniana
Como Edouard Jourdain aponta em seu livro Makhno, a epopeia de uma Ucrânia libertária publicado por Michalon, os nomes de cidades ou regiões ecoam entre si entre os anos de 1920 e 2022. Mariupol, Kharkiv, Donetsk… Elas já eram palco da luta entre bolcheviques, czaristas e anarquistas liderados por um jovem camponês ucraniano: Nestor Makhno. A Makhnovitchina despertou tal entusiasmo entre a população ucraniana que foi necessário o compromisso do Exército Vermelho liderado por Trotsky, a calúnia de baixo nível para esconder a realidade desta terceira revolução depois da contra o czarismo, da contra o governo burguês, para alcançar a libertação do povo. Na bandeira das tropas de Makhno havia um lema: “Morte àqueles que se opõem à liberdade dos trabalhadores!”
Quem é Makhno? O filho de um camponês muito pobre, recusando a injustiça. Na prisão, ele conheceu anarquistas, era sua universidade popular, ele leu, escreveu, descobriu essa ideia, a anarquia. Libertado, ele voltou para sua aldeia Gulyai Polye, seu quartel-general. Edouard Jourdain refaz esta epopeia com paixão e delicadeza na repetição dos textos, em particular Memórias e Escritos 1917-1932 ou As Estradas de Makhno de Victor e Alexandre Bélach (cf. Des idées et des luttes de 22 de maio de 2022). Muito cedo, Makhno desconfiava do poder totalitário bolchevique e seu encontro com Lenin não mudou nada em vista das traições, prisões e assassinatos de seus parentes. Mais uma vez, como na Espanha, o leitor verá a dificuldade de construir um novo mundo em uma sociedade em guerra.
Makhno usa técnicas de guerrilha. No final, sozinhos contra todos, os brancos, os vermelhos, os nacionalistas. Mas a implacabilidade do Exército Vermelho o forçou ao exílio em 28 de agosto de 1921. Na França, ele concebeu a necessidade de uma organização libertária, que seria a Plataforma. Você encontrará as questões e debates sobre este assunto. Doente e exausto, ele morreu em 25 de julho de 1934 no Hospital Tenon em Paris.
Que sociedade anarquista?
Além dessa biografia, Edouard Jourdain nos dá algumas reflexões extraídas das declarações e textos de Makhno e seus familiares. Em primeiro lugar, a organização de uma sociedade anarquista e, mais particularmente, em uma sociedade rural. Deve-se ler o projeto de declaração do exército revolucionário insurrecional da Ucrânia, adotado em outubro de 1919. Como administrar a questão agrária?
Outro aspecto interessante é a afirmação de Victor Belach de que, para os anarquistas ucranianos, “a história não é governada pela luta de classes como os bolcheviques afirmavam, mas pela luta entre aqueles que desejam o poder e aqueles que desejam ser livres”. Eles queriam sovietes livres e não sob as ordens do partido, do Estado. Da mesma forma, eles mantêm as liberdades do cidadão: liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, de organização. Estamos longe da ditadura do proletariado. Pelo contrário, a rejeição da autoridade dos partidos, o apelo à autogestão e Edouard Jourdain destacam alguns exemplos.
Em um período tão difícil, as tropas de Makhno tiveram que se adaptar. Eles já haviam experimentado conflitos, particularmente durante a Primeira Guerra Mundial, mas aqui eles tiveram que integrar uma estratégia partidária. A análise deve ser comparada com a de Karl Schmitt, um dos primeiros a refletir sobre essa questão. Destacamos a flexibilidade das manobras das tropas, a rede de informantes que permite a Makhno se deslocar muito rapidamente em “um espaço aberto, com um movimento turbulento cujo efeito pode surgir a qualquer momento”.
Esse épico foi possível em outro lugar da Rússia? Como aponta Pyotr Arshinov, um amigo próximo de Makhno, não havia partido poderoso na Ucrânia e a tradição da volnitza, a vida livre dos cossacos zaporozhianos, ocupava a mente das pessoas. Makhno foi capaz de catalisar, como um indivíduo carregado por um coletivo, o que fazia parte de uma cultura propícia a uma revolução libertária?
Podemos estabelecer uma relação com as notícias ucranianas? Deixo a Edouard Jourdain a tarefa de tratar da questão tal como ele propõe. Podemos concluir com ele e Arshinov que “a Makhnovshchina é constante e imortal”?
Edouard Jourdain
Makhno
A epopeia de uma Ucrânia libertária
Ed. Michalon, 2024
agência de notícias anarquistas-ana
Um ventilador
espalha o calor
e as notas da sinfonia
Winston
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…