[Espanha] A 100 anos do assassinato de Gregorio Suberviola

Em 13 de março passado, completaram-se 100 anos do assassinato de Gregorio Suberviola Baigorri, Torinto, em Barcelona, nas mãos da polícia.

Gregorio, membro de uma família humilde dedicada à construção, nasceu em Morentin, localidade Navarra da Merindad de Estella, onde viveu até que em 1919, após realizar o serviço militar em Lizarra, abandonou o domicílio familiar rumo a Donostia, onde trabalhará na construção do grande cassino Kursaal Donostiarra. Logo se filiará ao Sindicato da Construção da CNT e começará a participar nas lutas obreiras do setor junto a outros militantes libertários como Buenacasa.

Em 1920, Suberviola participa na criação do grupo “Los Justicieros”, junto a Buenaventura Durruti (que acaba de chegar à capital Gipuzkoana após seu exílio na França), Pablo Ruiz (alfaiate e libertário nascido em Estella), o bilbaino Aldabaldetrecu e o vallisoletano Marcelino del Campo.

O propósito inicial de Los Justicieros é executar Regueral, o governador de Bizkaia, por sua implacável repressão contra o anarcossindicalismo. Não obstante, seus planos se veem modificados ao serem acusados de um suposto atentado contra o rei Alfonso XII em sua visita a Donostia no final de 1920. Esta situação os obriga a escapar transladando-se a Zaragoza, para o qual contam com o apoio de Inocencio Pina.

Em Zaragoza, o grupo projeta a criação de uma federação anarquista de alcance peninsular que seja capaz de acelerar a revolução. Também realiza assaltos a entidades bancárias com o fim de adquirir armamento. Ademais, durante estes anos, Torinto, assim como o resto do grupo, faz um importante esforço em sua formação teórica e participa em intensos debates dentro do movimento libertário.

Como resultado destes debates, em 1922, o grupo toma o nome de Crisol e passam a compô-lo Suberviola, Durruti, Torres Escartín, Marcelino del Campo e Ascaso.

Em agosto, se transladam a Barcelona, onde apesar de sofrer todo tipo de dificuldades, pouco a pouco conseguem reforçar o grupo com militantes que frequentavam o sindicato confederal da Madeira, até constituir em outubro o grupo “Los Solidarios”.

O grupo Los Solidarios volta a propor-se impulsionar a criação de uma federação anarquista revolucionária em todo o estado. Do mesmo modo, iniciam uma série de ações espetaculares como o assalto ao Banco de Espanha em Gijón. Em março de 1923 Suberviola foi detido em Zaragoza e quiseram envolvê-lo em um crime do Sindicato Livre, não obstante consegue escapar do cárcere em 8 de novembro desse mesmo ano.

Com a implantação da ditadura de Primo de Rivera, as atividades dos grupos de ação enfrentam renovadas dificuldades e o cerco policial se estreita. Descobrem-se arsenais cuja finalidade é um levante insurrecional, após o qual começa a caça a Los Solidarios, até que no início de 1924 foi localizado pela polícia o domicílio de Suberviola em Barcelona e por causa do enfrentamento, em 24 de fevereiro, cai assassinado Marcelino del Campo e Suberviola, inicialmente ferido, falece em 13 de março.

Não podemos saber se Suberviola participou realmente no justiçamento de Regueral, o assalto ao Banco de Gijón ou outras ações as quais sua memória fica associada. No entanto, fica claro que sua biografia é uma clara mostra dos sacrifícios que realizou toda uma geração de militantes libertários surgidos do seio do proletariado, que deram suas vidas para derrubar os violentos obstáculos que o Estado e a burguesia impunham para frear o avanço da classe trabalhadora organizada na CNT, para a revolução social.

Ao reivindicar sua figura, não o fazemos com a finalidade de recriarmos em tempos passados ou gerar novos mitos. A classe trabalhadora vive tempos de atomização e derrota enquanto a burguesia nos dirige para o abismo. É um trabalho imprescindível manter os fios que nos unem com as lutas revolucionárias do passado e aprender destas, para que uma vez mais possamos avançar “até o triunfo total da classe trabalhadora”.

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/a-100-anos-del-asesinato-de-gregorio-suberviola/

Tradução > Sol de Abril

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flor na tapera
ruína
produzindo primavera

Joaquim Pedro

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