[Espanha] 1º de maio | Contra a depredação da vida e do planeta

O “salve-se quem puder” parece ser a única saída de um sistema que se desfaz. Para muita gente, será a resposta lógica a um tecnocapitalismo que evidencia o esgotamento total da civilização atual. No campo político, estamos testemunhando uma luta implacável da burguesia conservadora para impor sua agenda tecnofascista. Ela busca construir uma narrativa que culpa o feminismo, os migrantes, o ecologismo, a comunidade LGTBIQ+, os avanços sociais e até as instituições liberais tradicionais (que eles próprios ergueram ou integraram por décadas) pela decadência da civilização burguesa. Muitas pessoas, inclusive parte da classe trabalhadora (sem consciência de classe), são seduzidas por essa mensagem ao verem desaparecer o sonho de plenitude vital prometido pela sociedade de consumo: uma casinha, um carro, férias na praia ou em uma cidade badalada, base para construir uma família branca, heterossexual e feliz.

Nesse contexto, as facções da burguesia liberal que pretendiam construir um capitalismo verde estão cada vez mais enfraquecidas. A solução de transformar a transição ecológica em um negócio lucrativo para salvar o planeta e viabilizar um “Green New Deal” parece perder adeptos. Para surpresa dos mais ingênuos, vemos os grandes magnatas da tecnoburguesia abandonando suas fileiras e aderindo sem pudor ao tecnofascismo. Independentemente de quem o defenda, a ideia de que a crise climática pode ser resolvida com mais tecnologia não condiz com o que a experiência nos mostra. Ao longo da história, comunidades ou grupos sociais que demandaram mais tecnologia sempre poluíram mais.

O que a classe trabalhadora deve fazer nesta situação histórica? Certamente não permanecer passiva como mera espectadora. A tensão política atual entre os dois modos de administrar a depredação capitalista consome nossas vidas, das trabalhadoras e trabalhadores: a privatização das aposentadorias para transformá-las em negócio lucrativo, a exploração da moradia para espremer as classes populares até o limite, o deterioro dos serviços de saúde para nos empurrar a seguros privados de merda, o aumento dos preços de produtos básicos enquanto multinacionais lucram em silêncio com recordes de lucros – são apenas alguns exemplos. Além disso, nossas duras condições materiais não são o único problema em cidades neoliberais cada vez mais hostis (repletas de asfalto, turistas e solidão), que destroem nossa saúde mental: o lazer alienante em novos formatos (TikTok, Instagram) ou tradicionais (futebol), a cultura do esvaziamento da vida pela redução ao espetáculo (da política à culinária), o medo teledirigido (do “okupa”, do migrante), a automatização da vida, entre outros fatores, tornam a artificialização brutal da existência insuportável. O capitalismo pós-industrial parece devorar a vida humana e o planeta no mesmo ritmo. A crise climática é a prova máxima disso, e a chuva torrencial em Valência, que ceifou mais de 200 vidas, parece ser o prelúdio de um futuro cujo roteiro precisamos mudar. É hora de as trabalhadoras e trabalhadores darem um golpe no tabuleiro e reescreverem as regras do jogo. Nossa contribuição no passado foi fundamental para conquistar avanços sociais; agora, é preciso impulso para minar os pilares da opressão em todas as suas formas e construir, sobre seus escombros, um mundo novo sem relações de dominação.

Por um 1º de maio contra a depredação do planeta e de nossas vidas. Trabalhador/a: una-se à CNT-AIT. Juntas, entre iguais, podemos mudar tudo.

MANIFESTAÇÃO 1º DE MAIO (12h)
Metrô BUENOS AIRES até PUENTE DE VALLECAS
Contra a depredação da vida e do planeta. Anarcossindicalismo para mudar tudo.

Federação Local de Madrid CNT-AIT
madrid.cntait.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

mar não tem desenho
o vento não deixa
o tamanho…

Guimarães Rosa

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