[País Basco] Celebrou-se o encontro antimilitarista de Basoa, em Bizkaia

Basoa (Artea, Bizkaia), 19 de outubro de 2.025

O Encontro Antimilitarista Basoa 2025, organizado por Alternativa Antimilitarista-MOC, celebrou-se nos dias 18 e 19 de outubro em Basoa – Defendatzaileen Etxea, um espaço comunitário situado em Artea, Bizkaia. Basoa, literalmente “o bosque”, funciona como um lugar simbólico e real de refúgio, resistência e encontro, onde se experimentam formas de vida baseadas na autogestão, na horizontalidade e na vida simples. Sua história se vincula à Red Artea, que desde 2.016 deu abrigo a centenas de pessoas migrantes e refugiadas, transformando a ajuda humanitária em uma solidariedade que denuncia as causas estruturais de exclusão e violência. Basoa encarna assim uma prática cotidiana de resistência e cuidado, coerente com o espírito antimilitarista e os valores da não violência, da desobediência e da solidariedade ativa.

O encontro foi convocado em resposta a um contexto marcado pela normalização da guerra, do crescente gasto militar, do rearmamento e da militarização de fronteiras, fenômenos que geram violência estrutural, crises humanitárias e graves obstáculos para o acesso de pessoas deslocadas a zonas de proteção e segurança. Frente a esta situação, Alternativa Antimilitarista-MOC propôs refletir sobre o estado atual do movimento antimilitarista, suas linhas de ação e sua intersecção com lutas feministas, ecologistas e antirracistas, reforçando a ideia de que o antimilitarismo atua de maneira transversal sobre múltiplas frentes de injustiça e violência.

O evento reuniu pessoas procedentes de diversos territórios do Estado vinculadas à desobediência civil e a resistência não violenta. A diversidade de gerações e trajetórias permitiu um diálogo intergeracional e interterritorial, valorizando os 25 anos de trajetória coletiva, desde a finalização da campanha de insubmissão ao serviço militar até a atualidade. Trabalharam-se aprendizagens chave: transmissão de ferramentas de não violência e desobediência civil, abertura de novos espaços de ação, fortalecimento de vínculos com outros movimentos emancipatórios, colaboração entre coletivos e organização autogestionada.

Neste marco abordaram-se temas centrais do antimilitarismo contemporâneo, propondo, desde a desobediência e a não violência como estratégias políticas, as lutas contra o gasto militar e o rearmamento, assim como contra a indústria armamentista, sustentada pela economia de guerra, que em aplicação de uma feroz lógica militar, conduz a cortes no gasto social. Analisaram-se a militarização de fronteiras, responsável pelas crises humanitárias e obstáculos para o acesso a espaços de proteção e segurança, e a militarização da sociedade, refletida na cultura da guerra e do doutrinamento em escolas. Também se abordou a violência estrutural e os sistemas de coerção, incluídos os efeitos da Lei Mordaza.

A partir deste diagnóstico compartilhado, formularam-se propostas concretas para fortalecer redes locais, dar continuidade às resistências existentes e articular novas formas de ação antimilitarista, incorporando a construção de alternativas de segurança e paz ativa, mediante modelos comunitários, não violência e desobediência civil.

Entre as aprendizagens mais práticas surgidas durante o encontro, destacaram-se alguns como reforçar a presença na rua, renovar a visibilidade e comunicação, produzir argumentos contextuais, abrir debates internos sobre organização e ação política, priorizar ações pequenas, humanas e sustentáveis, e estabelecer colaborações realistas e pontuais com outros coletivos, fomentando a confiança e evitando forçar processos coletivos que não fluem.

O encontro concluiu com uma assembleia aberta destinada a sintetizar as conclusões e acordar os próximos passos do movimento antimilitarista. Espera-se que de Basoa emerjam novas alianças, projetos conjuntos e una visão renovada sobre como fortalecer a resistência frente ao militarismo e a violência estrutural, reafirmando que a defesa da vida, da solidariedade e da desobediência seguem sendo ferramentas essenciais do movimento.

Fonte: https://www.sinkuartel.org/basoa-topaketa-antimilitarista-2025-basoa-encontro-antimilitarista-2025/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

bambu quase quieto,
voltado para o poente,
filtra a luz da tarde.

Alaor Chaves

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