
Em um novo episódio de banalização da memória histórica, o projeto ‘Los emboscados’ pretende converter em atração turística cavernas onde resistiram os maquis nas montanhas de Liébana e Peñarrubia. A proposta, apresentada como uma iniciativa para divulgar a história da guerrilha antifranquista, gerou críticas entre coletivos memorialistas, que denunciam a despolitização e mercantilização de uma luta que custou centenas de vidas.
A Associação Archivo, Guerra y Exilio (AGE) foi uma das vozes mais críticas a respeito, assinalando a hipocrisia do Estado espanhol ao não reconhecer os guerrilheiros antifranquistas como combatentes da República enquanto permite que sua memória se transforme em um produto de consumo. “A resistência ao franquismo não foi uma aventura romântica nem um relato para turistas, mas uma luta desesperada pela liberdade em condições extremas. Muitos daqueles combatentes foram assassinados, torturados e condenados ao esquecimento, e agora se pretende lucrar com seu sacrifício sem um reconhecimento real”, denunciam desde AGE.
Este tipo de projetos apresenta a guerrilha antifranquista como um fenômeno isolado, quase folclórico, desvinculado do contexto de repressão brutal que o originou. Em lugar de transmitir a mensagem política e revolucionária dos maquis, os reduzem a uma curiosidade histórica, uma “aventura” para trilheiros e turistas.
Enquanto em países como França a resistência armada contra o fascismo é honrada com reconhecimento oficial e faz parte do currículo escolar, na Espanha segue sendo um tema marginal na educação pública. A memória da luta guerrilheira, longe de ser reivindicada, se converte em uma atração para excursionistas, despojando-a de seu significado político e da crueza da repressão que sofreram seus protagonistas.
AGE reclama que, em lugar de promover visitas turísticas sem contexto crítico, se exija uma verdadeira reparação e reconhecimento dos combatentes antifranquistas. Isto incluiria seu reconhecimento como parte da luta contra o franquismo, sua inclusão nos programas educativos e a preservação de seus espaços de resistência como lugares de memória e não de lazer.
A história da guerrilha antifranquista não pode ser convertida em um produto de consumo para os que buscam uma experiência diferente na natureza. Sua memória deve ser defendida desde o compromisso político e a justiça histórica, sem cair na frivolidade de converter em anedota o que foi uma luta pela liberdade.
Fonte: https://www.briega.org/es/noticias/mercantilizacion-memoria-turismo-rutas-maquis
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
ao pé da janela
dormimos no chão
eu e o luar
Rogério Martins
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?