“Agora, o governo declara que “os protestos da Geração Z causaram vítimas e danos à propriedade do Nepal”, culpando os “anarquistas” para se esquivar da responsabilidade.”

[Texto escrito em 09 de setembro de 2025]

Nos últimos dias, houve uma série de protestos no Nepal. Em todo o mundo, isso foi reduzido a uma resposta reacionária dos jovens a uma “proibição das redes sociais”. Isso é uma ofuscação superficial da situação real, que vem se acumulando há muito tempo em todo o país contra a corrupção, o nepotismo e a política autoritária que o povo vê no governo, que há 10 anos centraliza a sua base de poder e a infraestrutura política e suspende o processo democrático conforme a sua vontade.

A atual onda de protestos se transformou em uma revolta em resposta às tentativas do governo de silenciá-la brutalmente. A polícia passou de equipamentos antimotim e barricadas a canhões de água e balas de borracha, veículos militares e armas de fogo, resultando em assassinatos premeditados. O movimento é predominantemente de jovens, sendo que 19 já foram assassinados e mais de 400 gravemente feridos.

É claro que há os habituais protestos contra a “intervenção externa”, as “influências ocidentais” e os “infiltrados anárquicos que fazem o movimento parecer uma gangue” e assim por diante, comentários globais que procuram enquadrar a situação de maneira a servir aos seus interesses, geralmente provenientes de pessoas cuja imagem do Nepal se limita a uma grande colina, uns sherpas e umas vagas referências esotéricas efêmeras. Na verdade, as cenas dramáticas que agora se desenrolam são o resultado de anos de violência policial. Elas são orgânicas e pertencem ao povo do Nepal.

Com isso em mente, aqui está uma série de comunicações de camaradas da região.

Atualização do protesto da Geração Z no Nepal

Principais reivindicações: combate à corrupção, governança e liberdade de expressão. A mídia internacional, no entanto, se concentra somente nas proibições nas redes sociais.

1. A polícia agiu com brutalidade e atirou na cabeça e no peito dos estudantes da Geração Z, em protesto silencioso ontem. Até o último relatório, 19 mortos, mais de 50 em estado crítico, além de muitos feridos.

2. Ontem à noite, governo suspendeu as redes sociais.

3. O ministro do Interior renunciou, assim como alguns outros ministros do governo de coalizão que representam o Congresso Nepalês, o maior partido com 89 cadeiras. KP Sharma Oli, primeiro-ministro do Nepal, lidera o Partido Comunista do Nepal (Marxista-Leninista Unificado) (CPN-UML), o segundo maior partido, com 78 cadeiras.

4. Foi imposto toque de recolher nas principais cidades do Nepal desde ontem à tarde. Jovens e pessoas continuam protestando em todo o Nepal, desafiando as ordens de toque de recolher e pedindo a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli após a morte de estudantes inocentes.

5. A casa de Sher Bahadur Deuba (ex-primeiro-ministro) e presidente do Congresso Nepalês, o maior partido, foi atacada hoje de manhã por jovens em Katmandu.

6. A casa de Pushpa Kamal Dahal Prachanda (ex-primeiro-ministro) e presidente do Partido Comunista do Nepal (Centro Maoísta) foi atacada hoje de manhã. Ele é o líder do partido da oposição.

7. Postos policiais e escritórios de diferentes partidos políticos foram incendiados pela GenZ em todo o Nepal.

8. O número exato ainda não foi divulgado, mas houve muitos tiros. Além disso, a permissão era para o uso de balas de borracha, mas a polícia armada usou balas reais.

9. Mataram um menor, com uniforme escolar, com balas reais na cabeça e no peito. Isso não é só defesa. É uso excessivo da força.

10. Hoje também há protestos em alguns lugares, mas a grande área do município de Katmandu está sob toque de recolher desde ontem.

O Nepal está passando por uma crise política. A situação nos próximos dias é incerta. Perdemos tragicamente vidas inocentes que estavam exercendo direitos democráticos à liberdade de expressão e reunião pacífica. Precisamos, agora, do apoio da imprensa e da mídia internacionais, que escrevem falsamente que o protesto é contra a proibição das redes sociais, mas é contra a corrupção.

Atualização anônima

Em 5 de setembro de 2025, o governo do Nepal baniu 26 plataformas de mídia social, como Facebook, Instagram, WhatsApp, X, YouTube e Reddit, alegando que não seguiam a Diretiva para Regulamentar o Uso de Mídias Sociais, 2080 (2023/2024), para impedir o “discurso de ódio”. Sejamos honestos: isso foi feito para nos silenciar. As redes sociais são a nossa tábua de salvação, utilizadas por 70% dos jovens do Nepal. É assim que 2 milhões de trabalhadores no exterior conversam com as famílias, e jovens ganham dinheiro em um país com desemprego em massa. É como expomos a corrupção, como nos vídeos recentes nas redes sociais que expõem os filhos ricos dos políticos. Essa proibição é a respeito de controle, não é por segurança.

Hoje, 8 de setembro de 2025, milhares de jovens da Geração Z, estudantes e cidadãos desarmados marcharam pacificamente de Maitighar Mandala, em Katmandu, até o Parlamento, agitando bandeiras, carregando livros e segurando cartazes: “Acabem com a corrupção, não com as redes sociais”. Exigiam o fim da corrupção e da censura digital. O Estado respondeu com sangue. O chefe distrital Chhabi Rizal autorizou o uso de balas de borracha “para proteger a propriedade pública”, começando com canhões de água e cassetetes. Em seguida, desafiando as ordens, a polícia disparou munição real. Testemunhas oculares viram balas reais retiradas das vítimas, entre elas, um estudante atingido na cabeça vestindo farda escolar. Pelo menos 14 morreram, incluindo estudantes, muitos uniformizadas, e mais de 100 feridos.


É um assassinato sancionado pelo Estado. Atacar estudantes uniformizados viola as leis educacionais do Nepal estabelecidas pelas diretrizes do Ministério da Educação (2021), que declararam ilegal envolver crianças em comícios políticos, com o uniforme, uma vez que as escolas são “zonas de paz” sob políticas de proteção a menores. Enquanto os organizadores usavam as fardas para simbolizar a juventude, o governo os transformou em alvos, possível violação à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.

Agora, o governo declara que “os protestos da Geração Z causaram vítimas e danos à propriedade do Nepal”, culpando os “anarquistas” para se esquivar da responsabilidade. Essa é a agenda vingativa para proteger a elite corrupta. Os pais esperam, aterrorizados, por filhos que nunca mais voltarão. Como este pode ser o nosso lar quando as ruas são campos de morte?

Isso é o que Louis Althusser afirmou na teoria do aparato repressivo do Estado (arE), em que, quando a propaganda falha, o Estado libera a polícia e o exército para nos silenciar, nos apresentando como ameaça, enquanto a corrupção se alastra.

> Foto: Prédio do parlamento nepalês em chamas.

Fonte: https://organisemagazine.org.uk/2025/09/09/nepal-communications-international/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Começo de chuva…
A tempestade faz festa,
no meio da rua.

Humberto del Maestro

Estado entrega Hidrovia do Rio Madeira ao capital

Na última semana, o governo federal anunciou a inclusão da Hidrovia do Rio Madeira no Programa Nacional de Desestatização (PND), abrindo caminho para que mais de mil quilômetros do rio sejam entregues à iniciativa privada. O decreto, assinado por Lula, também inclui os rios Tocantins e Tapajós, somando mais de 3 mil quilômetros de vias navegáveis destinados ao lucro empresarial.

O Rio Madeira, que já sofre com secas extremas, cheias devastadoras e impactos de hidrelétricas, agora será explorado sob a lógica da mercadoria: transportar milhões de toneladas de grãos para exportação, principalmente da produção destrutiva do agronegócio em Mato Grosso e Rondônia. O discurso oficial fala em “redução de custos”, “abastecimento” e “geração de empregos”, mas a realidade é o aprofundamento da dependência regional, a destruição de ecossistemas e a subordinação de populações ribeirinhas, indígenas e camponesas às necessidades de exportação de soja e milho.

O governo prevê contratos de 12 anos com empresas privadas, que vão controlar a dragagem, a sinalização, a gestão ambiental (sob medida para o lucro) e a recuperação de terminais. Os investimentos virão de recursos públicos, inclusive da venda da Eletrobrás, mas os lucros ficarão nas mãos de corporações.

Mais uma vez, o Estado cumpre seu papel histórico: abrir territórios, rios e florestas para a acumulação capitalista. Em vez de defender os povos que vivem às margens do Madeira, o governo prioriza o escoamento de commodities, reforçando o modelo de saque da Amazônia.

A “audiência pública” prevista é apenas ritual de legitimação, onde decisões já tomadas são apresentadas como se fossem fruto de “participação popular”. O que se decide, de fato, é quem lucra com a transformação de rios vivos em corredores de exportação.

Enquanto isso, comunidades locais continuam enfrentando cheias, secas, perda de peixes, poluição e deslocamentos forçados, efeitos diretos de um projeto de “desenvolvimento” que destrói modos de vida e entrega territórios ao capital.

A luta contra a privatização das águas e contra o avanço do agronegócio sobre a Amazônia é também a luta pela autonomia dos povos e pela preservação da vida contra o projeto de morte do Estado e das empresas.

agência de notícias anarquistas-ana

No porta-retrato
um tempo respira,
morto.

Yeda Prates Bernis

Protestos levam milhares às ruas na França em oposição à política governamental

A França viveu nesta quarta-feira (10/09) uma das maiores mobilizações populares do ano, com cerca de 250 mil pessoas participando de 550 manifestações e 262 bloqueios em todo o país, segundo dados divulgados pela imprensa local. Em Paris, o centro comercial Châtelet-les-Halles, considerado o mais movimentado da Europa, foi fechado por medida de segurança após circularem nas redes sociais convocações para saques.

Nenhum trem ou metrô parou nas estações da região, conforme determinação da polícia. O movimento, batizado de “Bloquons tout” (“Vamos bloquear tudo”), surgiu de forma espontânea nas redes sociais e aplicativos de mensagens, reunindo reivindicações diversas contra a austeridade fiscal, as desigualdades sociais e as autoridades.

A jornada foi marcada por forte presença policial, episódios de tensão e confrontos em cidades como Paris, Rennes e Nantes. Até o fim da tarde, 473 pessoas haviam sido detidas, sendo 203 na capital, e 339 estavam sob custódia. Foram registrados 267 focos de incêndio em vias públicas e 13 agentes de segurança ficaram feridos.

O setor da educação também foi afetado: cerca de 100 escolas secundárias enfrentaram interrupções e 27 foram bloqueadas, especialmente em Paris, Montpellier, Rennes e Lille. Mobilizações estudantis ocorreram em diversas cidades, refletindo o engajamento da juventude na contestação social.

Detenções

As detenções em Paris incluíram 99 prisões provisórias, a maioria por formação de grupos com “intenção de cometer atos violentos ou vandalismo”. Dois indivíduos foram detidos por agressões contra autoridades, e seis menores também foram apreendidos. A procuradora destacou um dado novo: o número expressivo de mulheres entre os detidos, com mais de 70 identificadas, sendo cerca de 40 sob custódia.

O impacto da mobilização foi sentido em diversas frentes. Rodovias foram bloqueadas em regiões como Rennes, Caen, Nantes e Rodez. Houve tentativas de invasão nos pedágios do túnel do Mont-Blanc e uma operação de lentidão na rodovia A36 entre Belfort e Montbéliard. No transporte ferroviário, a estação Châtelet-Les Halles, maior terminal subterrâneo da Europa, foi fechada por segurança.

A circulação entre Toulouse e Auch foi interrompida por sabotagem de cabos, e outras linhas sofreram danos, como entre Marmande e Agen. A rede SNCF informou que houve tentativas de invasão em estações como Gare du Nord, em Paris, mas também em Marselha e Montpellier.

No transporte aéreo, 110 voos foram cancelados e houve atrasos em aeronaves que sobrevoavam o sudeste do país. As conexões com Nice, Marselha, Lyon e a Córsega foram especialmente prejudicadas. O Ministério dos Transportes também registrou o bloqueio de 28 estruturas fluviais, como eclusas, impedindo a navegação de 21 embarcações…

Sem liderança definida, o movimento lembra os “Coletes Amarelos” de 2018, mas com perfil mais jovem e politizado. A insatisfação generalizada e a multiplicidade de vozes indicam um momento de efervescência social que desafia o governo francês.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

Aqui e ali,
Sobre os campos florescem
As quaresmeiras.

Paulo Franchetti

[Holanda] Anarchistische Boekenplek Opstand | Somos uma livraria e biblioteca anarquista.

A livraria anarquista Opstand, em Haia, não é só uma livraria, é um lugar de encontros e discussões. Você pode sempre entrar para obter as últimas informações sobre promoções e tomar café ou chá. Além de livros sobre diversos temas políticos, na Opstand também pode comprar adesivos, pôsteres, panfletos, camisetas e muito mais.

A p r e s e n t a ç ã o

Este espaço é autogerido por um coletivo e pretende ser uma plataforma de aprendizagem e ação coletiva. Para desmantelar as estruturas existentes de opressão e discriminação: sexismo, capacitismo, transfobia, etarismo, entre outras. Ao mesmo tempo, promove uma cultura de ajuda mútua: os temas são abordados em oficinas, na partilha de recursos e sua aplicação na prática.

O coletivo é um grupo de pessoas que se unem para criar um espaço para discutir temas políticos e sociais, compartilhar recursos E LIVROS! Além de poder se conectar com pessoas com ideias semelhantes.

Todos nós nos identificamos como anarquistas em diferentes graus e tentamos descobrir o que isso significa para nós e pode significar para os outros. Solidariedade e anticapitalismo!

Organizamos eventos informativos, exibições de filmes, administramos uma biblioteca e distribuímos livros e zines sobre temas anarquistas. Também oferecemos espaço para projetos faça-você-mesmo, DIY, e de tecnologia, além de haver grupos de leitura e discussão.

Venha tomar um chá ou café de graça e bater um papo, ler ou pegar um livro emprestado.

De Opstand, Haia (para o endereço, envie mensagem em privado)

email: boekenwinkelopstand (at) riseup.net

opstand.noblogs.org

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Sem coroa, o vento –
nas praças, vozes livres
tecem o amanhã.

Liberto Herrera

[EUA] Queima de Bandeira com Salada de Batata

A Firestorm Books, uma livraria coletiva anarquista em Asheville, encerrou o Dia do Trabalho com um piquenique comunitário e a queima da bandeira dos Estados Unidos.

O evento foi organizado em resposta à ordem executiva do presidente Donald Trump, de 25 de agosto, declarando que sua administração iria “processar aqueles que incitarem violência ou de outra forma violarem nossas leis” ao queimar a bandeira. (A ordem sugeria que não tinha a intenção de infringir os direitos da Primeira Emenda já garantidos pela Suprema Corte, o que levou a confusão sobre como de fato seria aplicada.)

O morador de Asheville e veterano Jay Carey também foi preso após queimar uma bandeira em frente à Casa Branca na semana passada. (A acusação oficial foi de violar uma ordem que proíbe fogueiras não autorizadas em propriedade federal.)

A queima da bandeira é “uma transgressão simbólica que esperamos que contribua para dissipar o mito de que Trump é forte e está no controle”, escreveu o coletivo que liderou o evento em um e-mail para a The Assembly.

Anunciado como um evento “para todas as idades”, reuniu cerca de 50 pessoas, vestindo camisetas com slogans como “Livros, não armas”. Após uma hora comendo salada de batata, chips e homus, um membro da Firestorm trouxe uma caixa de pequenas bandeiras e uma fogueira portátil.

A participante Elsa Enstrom lembrou com carinho de quando seu pai organizava queimas de bandeiras na época em que George H.W. Bush foi eleito. Ela disse que veio à queima da bandeira da Firestorm “para mostrar que não tenho medo do ditador totalitário”.

Megan Ratcliff levou sua filha de 3 anos ao evento, ao qual disse ter se juntado pelo senso de comunidade. Ela e a criança jogaram cada uma uma bandeira na fogueira. Foi algo “simbólico”, disse. “Uma ação do nosso sofrimento.”

Fonte: https://www.theassemblync.com/newsletter/the-caucus-public-funds-private-schools/

Tradução > Contrafatual

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Escudo de papel:
as leis são frágeis diante
de um poema em brasa.

Liberto Herrera

Na CGT, acabamos de publicar o volume nº 122 da revista libertária “Libre Pensamiento”, correspondente ao verão de 2025. O dossiê desta edição é dedicado à figura e trajetória do anarcossindicalista Cipriano Mera.

Mera foi um exemplo de militância e dedicação total ao ideal anarquista baseado na solidariedade, na ação direta e no apoio mútuo. Foi um homem destacado antes, durante e depois da Guerra Civil.

Dedicou toda a sua vida a desenvolver os seus princípios, nunca desistiu e permaneceu ativo até ao fim dos seus dias.

O dossiê dedicado a este pedreiro madrilenho foi elaborado por vários companheiros e companheiras da Fundação Salvador Seguí, que realizaram uma análise profunda de sua figura e trajetória, mas também do contexto histórico e das circunstâncias do momento em que ele viveu.

Com este dossiê, convidamos também à reflexão sobre nossa ética e nosso compromisso pessoal com A Ideia.

Gabinete de Imprensa do Comitê Confederal CGT

cgt.es

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uma lua
e um lago gelado
refletem-se um ao outro

Hashimoto Takako

Governo Lula 3 promove “Operação Atlas 2025”, o maior exercício militar do país em décadas

A Operação Atlas 2025 reúne mais de 30 mil militares das Forças Armadas Brasileiras em deslocamento estratégico para Boa Vista, capital de Roraima, entre setembro e outubro, em uma das maiores mobilizações militares recentes no país. O exercício envolve Exército, Marinha e Força Aérea em ações conjuntas para “reforçar a soberania nacional na região amazônica”, que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana.

O planejamento da Operação Atlas começou em 30 de junho, com foco na coordenação de ações integradas, protocolos de comando e controle, além de rotas logísticas para o transporte de tropas e equipamentos.

Entre 27 de setembro e 11 de outubro ocorre a segunda fase, marcada pelo ápice do deslocamento estratégico, com concentração de meios militares em Manaus e Boa Vista. Nesse período, estão sendo movimentados blindados, viaturas, navios e aeronaves em um esforço logístico de grande porte.

Conforme divulgado pelo Ministério da Defesa, a operação utiliza modais terrestre, aéreo, marítimo e fluvial, reforçando a capacidade de mobilidade estratégica em um dos ambientes mais desafiadores do país.

Forças mobilizadas e equipamentos

O Exército Brasileiro desloca obuseiros M-109 A5, sistemas ASTROS de foguetes e mísseis, carros de combate Leopard 1A5, blindados Guarani 6×6 e mísseis anticarro Spike LR e MAX 1.2 AC, além de tropas de engenharia com pontes modulares.

A Marinha do Brasil participa com dois mil militares, mais de 100 viaturas especializadas, navios-patrulha fluviais e oito helicópteros, além do navio de desembarque Almirante Saboia, responsável por transportar viaturas da Brigada de Infantaria Paraquedista.

No ar, a Força Aérea emprega caças F-5EM/FM Tiger II, aeronaves A-29 Super Tucano, turboélices de ataque, aeronaves de transporte KC-390 Millennium, C-105 Amazonas, helicópteros H-60L e aeronaves AEW&C Guardião, ampliando a projeção de poder aéreo na região.

Execução e encerramento

Em paralelo ao deslocamento, a chamada Simulação Viva ocorre no Amazonas, Pará, Amapá e Roraima, testando a interoperabilidade entre as três forças. A última fase será realizada em outubro, com concentração das atividades no entorno de Boa Vista.

O exercício será encerrado no início de novembro, após a execução de manobras táticas integradas, emprego de munição real e desmobilização dos efetivos. A operação destaca a “importância da Amazônia como espaço estratégico de defesa, logística e mobilidade”.

Segundo comunicado oficial, a “Operação Atlas busca avaliar a prontidão das tropas e garantir a capacidade de atuação em um ambiente geopolítico de alta complexidade”. O Ministério da Defesa ressalta que a “manobra reforça a soberania brasileira e a proteção dos interesses nacionais”.

Fonte: agências de notícias

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agência de notícias anarquistas-ana

sopra o vento
sento em silêncio
sentir é lento

Alexandre Brito

Rebelião popular no Nepal

Onda de protestos provocou a morte de pelo menos 25 pessoas. Jovens entraram em confronto com a polícia, além de incendiarem prédios governamentais e casas de ministros. Governo recuou em relação às redes sociais e instituiu toque de recolher.

Os protestos em massa no Nepal, e especialmente na capital, Katmandu, podem, segundo a mídia tradicional, ser resultado de um bloqueio das redes sociais, mas isso é apenas o pretexto. O estado nepalês é governado por um primeiro-ministro comunista, KP Sharma Oli, líder do Partido Comunista do Nepal (Marxista-Leninista Unificado – CPN-UML), em aliança com o Partido do Congresso Nepalês, de centro-esquerda. KP Sharma Oli renunciou após pelo menos 25 pessoas terem sido mortas pela polícia durante protestos.

A gestão do estado comunista

O país é caracterizado por profunda corrupção, nepotismo e pobreza, que afetam particularmente os jovens. Por isso, muitos se referem a uma revolta da “Geração Z”. Desde 2008, quando a monarquia foi abolida no Nepal, mais de 12 governos assumiram o poder.

A desigualdade social é um dos principais pontos de descontentamento dos jovens nepaleses que levaram milhares de pessoas às ruas. Os manifestantes acusam os governantes de usar fundos públicos em luxos, enquanto eles próprios lutam contra a pobreza todos os dias.

Os distúrbios já deixaram pelo menos 25 mortos e centenas de feridos e de pessoas detidas. Manifestantes invadiram e incendiaram o prédio do parlamento, dançando e entoando slogans enquanto as chamas se alastravam. O Supremo Tribunal também foi incendiado em Katmandu. Parte do Singha Durbar (um complexo de escritórios do governo) foi danificada pelo fogo, juntamente com outros prédios governamentais. Em outro incidente, manifestantes incendiaram escritórios do partido, incluindo o do Congresso Nepalês (o maior partido), a sede do Partido Comunista (onde os manifestantes retiraram e queimaram bandeiras) e outros escritórios do partido no poder em Katmandu e Janakpur.

Muitas residências de líderes políticos também foram alvos, incluindo a do Primeiro-Ministro, onde foram invadidas e incendiadas. A casa do Presidente Ram Chandra Paudel, em Katmandu, também foi incendiada, assim como a casa de Sher Bahadur Deuba (líder do Congresso Nepalês). A casa do ex-Primeiro-Ministro Jhalanath Khanal foi incendiada, e sua esposa, Rajyalaxmi Chitrakar, foi queimada viva, presa lá dentro. Ministros foram evacuados em helicópteros do Exército e levados para um quartel militar após o assalto às suas casas. Por fim, muitas outras casas de ministros e ex-primeiros-ministros também foram incendiadas.

Ataques incendiários também se espalharam para escritórios de mídia e delegacias de polícia.

Há relatos de ataques a ministros e políticos, como manifestantes rasgando roupas e perseguindo o ministro das Finanças pelas ruas e até dentro de um rio.

Apesar do fim da proibição das redes sociais, da renúncia do primeiro-ministro, da tomada de controle pelos militares e do aeroporto fechado, a agitação está aumentando.

“Todo cidadão do Nepal já estava farto do governo corrupto do Nepal. A raiva contra este governo vinha se acumulando há muitos meses, mas o chamado para este protesto foi muito espontâneo”, afirmou um ativista à imprensa local.

agência de notícias anarquistas-ana

Fábrica de nuvens:
operários moldam chuva
para lavar o ódio.

Liberto Herrera

[França] Duas escolas particulares de Caen são alvo de pichações antimilitaristas e anarquistas

Nesta semana, de volta às aulas, duas escolas particulares de Caen, França, que oferecem a opção “aula de defesa”, receberam uma visita.

A imprensa local noticiou pichações anarquistas na Institution Sainte-Marie, descobertas na manhã de segunda-feira (01/09), dia do retorno às aulas. Na fachada da escola (ensino fundamental e médio) podia-se ler as inscrições “Não às aulas de defesa” e “Nem deus nem mestre”. Mais adiante, na rua, também estava escrito “Abaixo todas as forças armadas”.

Outra instituição privada recebeu uma visita durante a semana, a Institution Saint-Joseph (jardim de infância, ensino fundamental e médio), que também oferece a opção “aula de defesa”, tendo sua fachada coberta com inscrições como “Não às aulas de defesa”, “Guerra à guerra” e “Nem deus nem mestre”. Desde o início do ano letivo de 2025, os alunos do ensino médio podem seguir um curso de “defesa” em uma turma de 29 alunos do 3º ano, em parceria com o exército francês.

O dispositivo pedagógico “classe de defesa” foi implementado pelo trinômio acadêmico composto pelo Ministério da Educação, as Forças Armadas e o Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (Institut des Hautes Études de Défense National, IHEDN). Por iniciativa de uma instituição escolar, esse projeto permite que turmas do ensino fundamental e médio sejam patrocinadas por uma entidade do Ministério das Forças Armadas. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento do espírito e do engajamento cidadão por meio de diversas ações: intercâmbios, atividades, encontros.”

Essas aulas de “defesa e segurança global” (Défense et de Sécurité Globales, CDSG) são uma iniciativa do Estado de promover as forças de segurança entre os jovens. Na falta de restabelecer o serviço militar obrigatório ou ampliar o Serviço Nacional Universal (SNU), o Estado militariza as consciências, desde o ensino fundamental, com a multiplicação dessas aulas. Ao longo do ano, os alunos, cuja turma é patrocinada por um órgão do exército, são levados a encontrar militares, visitar instalações e integrar valores nacionais. Uma preparação ideológica de escolha para levar esses jovens a optar por ingressar no exército logo após o ensino fundamental ou médio.

Havia, na França, mais de 1.000 turmas desse tipo no primeiro trimestre de 2025. De acordo com o Ministério da Educação Nacional, “as CDSG são uma prioridade ministerial, cujo objetivo é, em curto prazo, dobrar o número e cobrir todo o território nacional”.

Em Caen, não são só os padres quem insere essa formação patriótica. O colégio Jean Monod também oferece a opção de aula de defesa aos seus alunos do 3º ano: “Esse projeto consiste em momentos de encontro e intercâmbio entre os alunos e os parceiros externos. Essa parceria pode ser feita com uma unidade militar (regimento do exército, base aérea ou naval, navio de guerra…), uma unidade da polícia militar (gendarmerie) ou ainda um agente de segurança (polícia civil, bombeiros, defesa civil, alfândega…). Este ano, os alunos do 3º ano trabalharam com a Escola Militar de Saumur e visitaram Saumur. Eles também mantiveram contato com o Quartier Lorges de Caen. No final do ano letivo, os alunos do 3º ano, que quisessem, visitaram todas as turmas do 4º ano para apresentar a “classe de defesa” aos seus colegas. A opção é oferecida a um grupo de 24 alunos de todas as turmas do 3º ano, e os alunos que participam se comprometem a frequentá-la durante todo o ano letivo. Além disso, como todas as opções, ela “rende” 10 pontos a mais no Brevet des Collèges (certificado de conclusão do ensino fundamental) se o aluno for “Aprovado” e 20 pontos se for “Aprovado com distinção”.

Fonte: https://trognon.info/Deux-ecoles-privees-caennaisses-visees-par-des-tags-anti-militaristes-et-708

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Viagem de anciões,
Cabelos brancos, bastões
– visita aos túmulos.

Matsuo Bashô

[Alemanha] Convergência e Feira do Livro Anarquista Berlim 2025

Convite para o ACABB 2025

07 a 09 de novembro de 2025

Mehringhof (Gneisenaustr. 2A, 10961 Berlim)

Se acompanhamos os acontecimentos mundiais com os olhos abertos, surge a pergunta: por que nós, anarquistas, nossas ideias e métodos, estamos tão socialmente irrelevantes neste momento da história?

As guerras em curso e a variedade de crises globais evidenciam cada vez mais a incapacidade dos que estão no poder de oferecer soluções reais. Se a melhor resposta deles é semear o medo e nos recrutar como carne de canhão e operadores de drones, então a situação atual exige respostas revolucionárias de baixo. O que temos a propor?

De 7 a 9 de novembro, queremos nos reunir no Mehringhof, em Kreuzberg (Berlim), para nos conhecer, compartilhar nossas diferentes realidades e trocar ideias. Nos reunimos não apenas para reagir aos novos fracassos do Estado e do sistema capitalista, mas também para desenvolver nossas próprias respostas de longo prazo e construir redes e estruturas resilientes, baseadas na ajuda mútua e na vida comunitária, bem como numa postura antiautoritária, não reformista e antagonista.

O encontro se entende como um espaço experimental de auto-organização, com a co-criação de todas as pessoas participantes. Como grupo que inicia a proposta, organizamos o espaço e um certo enquadramento (alimentação, pré-seleção de atividades, cronograma…), que pode então ser preenchido por todas que comparecerem. Haverá possibilidade de realizar várias atividades simultaneamente.

Se isso te interessa, te convidamos a trazer propostas em forma de palestras, discussões, oficinas, filmes e outras contribuições artísticas sobre os seguintes temas:

  • Guerra, genocídio e mobilização militar
  • Movimentos decoloniais (ex.: Palestina, Sudão, Congo)
  • Avanço da direita e fascistização social
  • Destruição da Terra
  • Crítica à tecnologia (ex.: IA e afins)
  • Autonomia em saúde
  • Feminismo (especialmente dinâmicas patriarcais no movimento anarquista)

Se houver outros temas próximos ao seu coração, também é possível trazê-los.

Todas estão convidadas a contribuir com suas experiências práticas em (auto-) organização. Contribuições históricas e teóricas também são bem-vindas, desde que se concentrem em alimentar a prática e fortalecer conexões com as lutas atuais.

Por um lado, buscamos facilitar a troca internacional e a circulação de saberes, então relatórios e desdobramentos de discussões de encontros anarquistas anteriores são fortemente encorajados. Haverá tradução entre alemão e inglês, e convidamos falantes de outros idiomas a se voluntariar como intérpretes também.

Por outro lado, com esta convergência, esperamos fortalecer as relações entre círculos e indivíduos anarquistas em Berlim, que felizmente são muitos, mas que muitas vezes existem lado a lado sem grande intercâmbio entre si.

Entre em contato caso você:

  • tenha propostas de atividades
  • possa traduzir durante o encontro
  • queira desenhar/criar um cartaz (seria bom ter vários)
  • possa oferecer lugar para dormir
  • queira apoiar de outras formas

Aqui estão os formulários para facilitar o envio da sua proposta: https://acabb.noblogs.org/participation/

Aguardamos suas contribuições. Por favor, compartilhe e traduza este chamado. Até breve!

Contato: acabbⒶriseup.net

Blog: acabb.noblogs.org

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Perdida na noite.
Na trilha dos vaga-lumes
busco o meu caminho.

Zuleika dos Reis

Panorama do movimento libertário na França

Por Jean-Louis Phan-Van

Em que ponto está o movimento libertário na França? Vamos procurar dizê-lo, sem ideias-feitas.

Para começar, evoquemos as organizações específicas nacionais, começando pela mais antiga, a Fédération Anarchiste, que agrupa algumas centenas de militantes. Possui vários locais de acesso público entre os quais a famosa livraria ‘Publico’, local de passagem para camaradas estrangeiros, edita o mensário Le Monde Libertaire e gere a ‘Radio Libertaire’. Em seguida, existem duas organizações de tendência comunista libertária: a UCL (Union Communiste Libertaire) sem dúvida com um número de militantes semelhante, que edita também um jornal mensal, Alternative Libertaire.

Finalmente, existe a OCL (Organisation Communiste Libertaire), a mais pequena, apenas com algumas dezenas de militantes e que edita um mensário anarquista-comunista: Courant Alternatif.

Mas existem também grupos anarquistas não federados, que animam um local público ou uma publicação, de que são exemplos o Grupo Jules Durant, no Havre, ou a Biblioteca ‘Libertad’ em Paris.

É preciso também não esquecer os sindicatos CNT (Confédération National du Travail): a CNT-AIT, a CNT-F e a CNT-SO, que são mais ou menos anarquistas. Note-se, contudo, que só a CNT-SO se encontra realmente implantada num sector trabalhador, o da limpeza, onde conduz greves longas e duras. Há ainda outros sindicalistas libertários, que atuam mais frequentemente nos sindicatos SUD, mas também na CGT e alguns na FO.

Encontramos também libertários muito envolvidos na luta antifascista, sendo as nossas livrarias frequentemente alvos dos fascistas. E não esqueçamos a existência de Casse-rôles, jornal feminista e libertário, que já vai no nº 32.

Finalmente, no que toca ao ativismo dos libertários, eles estão presentes em todas as lutas ecologistas, que são numerosas. Assinala-se a presença de bandeiras negras ou vermelho-negras, ou ainda verdes, nas concentrações ou nas ZAD (Zone À Défendre – contra a instalação de indústrias agressivas do ambiente) que nascem conforme as lutas efémeras ou prolongadas, com a presença de ativistas jovens que correm de luta em luta.

Além disto, tem-se notado de há certo tempo para cá algum investimento de anarquistas na compra ou aluguer de lojas em diversas cidades da França, como aconteceu em Lyon, Metz, Saint-Nazaire, Marseille, Laon, Paris, Rennes, Lorient, etc. Existem também dois CIRA (Centre International de Recherches sur l’Anarchisme) no país: em Marseille e Limoges. Outras bibliotecas ‘anarcas’ ou centros de arquivos também existem, como acontece em Toulouse (CRAS) ou em Montpellier (Ascaso-Durruti).

A presença de uma influência anarquista na França é também detectável através da edição livreira que, nos últimos anos, registrou uma evolução notável e visível. Existem diversos editores: os Ateliers de Création Libertaire, Acratie, L’Échappée, Nada, Éditions Libertaires, Noir et Rouge, etc., cujos livros se podem encontrar em quase todas as livrarias da França. A isto deve ainda acrescentar-se a edição de autores anarquistas antigos ou contemporâneos pelas casas editoras clássicas.

Um último indicador – mas apenas referente a Paris – é a manifestação autónoma dos libertários em cada Primeiro de Maio, que junta sempre cerca de mil manifestantes, e às vezes mais, conforme os temas da atualidade.

Em conclusão, podemos dizer que os anarquistas mantêm-se sempre presentes, embora dispersos por várias capelinhas, geralmente locais. São hoje claramente menos federados nacionalmente mas estão presentes em todos os movimentos sociais que sacodem regularmente a sociedade francesa e cujas reivindicações sociais e a democracia direta só podem agradar-nos.

Fonte: https://aideiablog.wordpress.com/2025/09/06/panorama-do-movimento-libertario-em-franca-por-jean-louis-phan-van/

agência de notícias anarquistas-ana

noite gelada –
a criança ajeita o gato
nos pés descalços

Rosa Clement

[Itália] Vamos deter o genocídio em Gaza | Vamos bloquear a guerra | Vamos parar com tudo

Os poderosos e os governos querem transformar o mundo em uma grande extensão de escombros e mortos. Todos estão de olho em Gaza porque Gaza representa o mundo. Porque o que vemos hoje na Palestina mostra claramente até onde a máquina militar do Estado e do capital pode chegar para afirmar seu domínio, varrendo populações inteiras.

Por isso, a Federação Anarquista Livornesa apoiará iniciativas de greve imediata e mobilização cidadã que venham a ser realizadas caso a Global Sumud Flottilla seja impedida de levar sua carga de ajuda alimentar e humanitária a Gaza.

Somente com a luta unitária e auto-organizada, autônoma de burocracias sindicais e secretarias de partido, podemos alcançar objetivos concretos na oposição à guerra e na solidariedade internacional.

Federação Anarquista Livornesa

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

sol e margaridas
conversa clara
na janela da sala

Alonso Alvarez

[Espanha] Barcelona: Evento solidário com anarquistas da Indonésia

CSOA La Revoltosa
c/Rogent 82 (M: Clot)

Sexta-feira, 12 de setembro

19h30

Em uma nova onda de revoltas, após dias de marchas, distúrbios e ataques a símbolos do poder político no arquipélago dominado pelo Estado da Indonésia, xs companheirxs da Hitam Palang Anarkis (Cruz Negra Anarquista) nos enviam um apelo urgente à solidariedade.

O governo e sua polícia, com o apoio de seus lacaios na imprensa, iniciaram uma caçada anti-anarquista, responsabilizando e, consequentemente, perseguindo companheirxs do território pelos eventos ocorridos recentemente.

Especificamente, solicita-se apoio financeiro para cobrir despesas e custos dos companheirxs que foram presos ou que, apontados pelo Estado, tiveram que seguir o caminho da clandestinidade.

QUE A SOLIDARIEDADE ANARQUISTA ULTRAPASSE AS FRONTEIRAS

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Longe um trinado.
O rouxinol não sabe
que te consola.

Jorge Luis Borges

[EUA] Zines não são um crime!: Libertem Des Revol

Chamada para apoiar Des Revol em Dallas-Fort Worth, TX. Para mais informações, siga os links.

Des Revol, tatuador, pessoa não-branca anarquista, imigrante e uma pessoa querida por todos, está atualmente enfrentando acusações graves relacionadas a um caso maior de repressão política em Dallas-Fort Worth, Texas. Mas Des não é apenas uma vítima de perseguição política fabricada: ele é um artista e amigo amado, que adora experimentar novas receitas veganas, mergulhar em livros, olhar para filhotes de gambás (e às vezes acolhê-los temporariamente) e passar tempo com pessoas queridas. Como vegano de longa data, dedicado à libertação animal, a solidariedade com não-humanos aparece em grande parte da arte de Des, incluindo suas representações divertidas de guaxinins, gatos e outros bichos. Essa solidariedade profunda se estende a tudo: Des é um irmão, filho e amigo amoroso; um sonhador de espírito livre que cuida de todos e de tudo ao seu redor. Agora, preso em uma penitenciária federal, Des continua praticando solidariedade ao desenhar ilustrações para que outros detentos enviem às suas famílias.

Des faz um pozole vegano incrível. A primeira vez que o conheci, ele estava cozinhando na cozinha e literalmente explodiu pimenta vermelha em todo o apartamento novinho em folha, kkk!

– Kourtney

Des fez minhas cinco primeiras tatuagens. Ele é o único artista em quem confio, por seu jeito acolhedor e tranquilo. Sempre se lembrava de mim, apesar da agenda cheia. A cada sessão, tínhamos conversas leves, quase sempre sobre o amor dele por gambás, haha. É uma das melhores pessoas que já conheci. Minha mãe também foi tatuada por ele. Ele sempre foi uma inspiração para nós.

– Emma Grace

Quando conheci Des, estávamos num lugar que parecia o meio do nada. Mas sua presença era calorosa, gentil e aberta. O sorriso dele iluminava o ambiente, tão forte que ainda consigo senti-lo. Lembro da sua bondade, que se expressava de várias formas, oferecendo tatuagens belíssimas com paciência e cuidado, compartilhando risadas, histórias e sua arte. E sempre ouvindo com presença real. Quando penso na expressão “guardar espaço”, lembro de Des. É um dos seus muitos dons. Sentar ao lado dele era como receber um abraço quente.

– Sayyida

Eu só quero todos os gatinhos e donuts veganos.

– Des

Contexto

Em 4 de julho de 2025, cerca de uma dúzia de pessoas se reuniu do lado de fora do ICE Prairieland Detention Center, em Alvarado (Texas), para um protesto barulhento em solidariedade com imigrantes e detidos do ICE. Em algum momento, teria ocorrido uma altercação, após a qual um policial alegou ter sofrido um ferimento leve. Dez pessoas foram presas, e a polícia estadual e federal os acusou de terrorismo e tentativa de homicídio. Desde então, outras sete pessoas foram presas em conexão com o caso. A polícia também passou a aterrorizar amigos e familiares dos detidos, executando mandados de invasão sem aviso, realizando batidas domiciliares e intensificando a vigilância.

Des não estava nesse protesto. Em 6 de julho, após receber uma ligação de sua esposa da prisão (uma das dez presas inicialmente), ele foi seguido e preso pelo FBI em Denton, Texas, sob o pretexto inicial de uma infração de trânsito. Depois, foi acusado de adulteração de provas e obstrução de justiça relacionadas aos réus de Prairieland. A acusação se baseou em uma caixa de zines que ele supostamente transportava em sua caminhonete, zines que poderiam ser encontrados em qualquer casa coletiva ou infoshop. Des foi detido brevemente na Cadeia do Condado de Johnson, mas logo transferido para a prisão federal FMC Fort Worth.

Ele também está sob custódia do ICE e foi publicamente alvo de ataques e exposição nas redes sociais, tanto por fascistas conhecidos quanto pelo próprio ICE. Logo após sua prisão, o FBI fez uma invasão brutal e intimidadora de nove horas em sua casa. A polícia confiscou desde eletrônicos até adesivos e mais zines.

Embora Des não esteja sendo processado junto aos outros réus de Prairieland, suas acusações estão ligadas às deles. Ele é citado em todas as acusações dos outros como suposto responsável por adulteração de provas, e o estado incluiu uma foto da caixa de zines como prova. Mas o processo dele será separado, e ele pode ser o único réu em risco direto de deportação pelo ICE.

De fato, Des não corre apenas o risco de uma longa sentença em prisão federal, o que já seria grave o suficiente. Mesmo que seja solto, ele corre perigo de ser sequestrado pelo ICE e/ou atacado por fascistas.

A forma como o governo federal está enquadrando o caso deve nos preocupar a todos. Trata-se de uma tentativa mal disfarçada de criminalizar a resistência, seja em atos ou em ideias. A criminalização da dissidência, junto da solidariedade e até de simples pensamentos, significa que todos estamos em risco de prisão ou coisa pior, à medida que o estado tenta impor um poder autoritário. Resistir, inclusive por meio de zines, não é crime.

Escreva para Des

Daniel Rolando Sanchez Estrada

\#95099-511

FMC Fort Worth

Federal Medical Center

PO Box 15330

Fort Worth, Texas 76119

EUA

Lembrete: Des está em prisão preventiva. NÃO mencione nada sobre o caso ou as acusações.

Recursos para libertação de Des

Instagram: @free-des-revol, @dfwsupportcommittee

Bottons “Zines Are Not a Crime” (2,5″): https://archive.org/details/not-a-crime-buttons

Zine “Free Des” (1 página): https://archive.org/details/free-des-zine

Fonte: https://itsgoingdown.org/zines-are-not-a-crime-free-des-revol/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

minha sombra
com pernas mais longas
não me afasta

André Duhaime

[Chile] Canal Anarco no YouTube: Escupamos La Historia

D e s c r i ç ã o

Em Escupamos La Historia (Cuspamos na História), vamos falar sobre Anarquismo, história mapuche e também história das lutas operárias. Tudo a partir de um olhar crítico e irreverente. Faremos análises de acontecimentos históricos que talvez não tenham nos contado na escola ou que o Estado e a Igreja esconderam com o objetivo de nos manter replicando seu sistema violento de escravidão e opressão. Vamos nos mergulhar em ideias profundas a partir das quais questionaremos tudo ao nosso redor: a existência do poder, da autoridade, do patriarcado, do patriotismo, do racismo, da competição, da homofobia e tudo aquilo que o sistema, por meio de múltiplos canais, nos impôs como comportamentos normais.

Mari mari kom pu che (mapuzungun: Olá a todas as pessoas), dou as boas-vindas a todos e todas a este canal.

Inscreva-se e ative o sininho para se manter atualizado(a) sobre cada vídeo.

>> Acesse o canal aqui:

youtube.com/@EscupamosLaHistoria/

agência de notícias anarquistas-ana  

Fogueira na rua –
o medo vira cinza,
risos no escuro.

Liberto Herrera

[Alemanha] SMASH CRUISESHIT – Conferência Anti-Cruzeiros

De sexta a domingo, de 12 a 14 de setembro, o porto de Hamburgo sediará os “Cruise Days”, caracterizados por um greenwashing [“lavagem verde”] sem limites. Neste contexto, estamos organizando um programa de eventos de três dias que combina sessões informativas, ações de protesto e encontros de networking. O objetivo é mobilizar um público amplo e elaborar em conjunto estratégias concretas contra a indústria de cruzeiros.

Sexta-feira, 12 de setembro de 2025 – Encontro de rede contra navios de cruzeiro

Começaremos com um encontro de rede aberto, que oferecerá a todos os interessados a oportunidade de trocar ideias, estabelecer contatos e formular os primeiros planos de ação. A participação é gratuita; inscrições para grupos interessados, ONGs etc. em smashcruiseshit@riseup.net

Sábado, 13 de setembro de 2025 – Dia de conferência aberta ao público

O dia central da conferência é totalmente aberto ao público e será realizado nas instalações da AStA Hamburg. Endereço: Von-Melle-Park 5; sala 0029. Neste dia, será oferecido um workshop, várias palestras e um espaço para painéis de discussão que abordarão os impactos ecológicos, sociais e econômicos dos navios de cruzeiro. O programa, incluindo horários exatos e alocação de salas, pode ser encontrado aqui e em nosso site https://kreuzfahrt.nirgendwo.info/smashcruiseshit2025/

Programa

12h: Iniciativa contra os cruzeiros – O lado sombrio da indústria de cruzeiros

13h30: Zeit.Fläche – Uma história crítica dos cruzeiros

15h: Intervalo

16h: TKKG – Protestar, sim, mas como?

18h: Nabu – Indústria de cruzeiros e impacto local

Domingo, 14 de setembro de 2025 – Dia de protesto

No último dia, encerramos os dias de ação com um protesto colorido e acessível. O objetivo é enviar um forte sinal contra a indústria de cruzeiros e os “Cruise Days” associados a ela. O protesto é dirigido a um público amplo e convida todos a participarem ativamente. Encontro para pessoas interessadas no sábado, no âmbito do dia de conferência pública.

Convidamos cordialmente todos os interessados a participarem desses três dias, a se informarem, a discutirem e a se mobilizarem juntos. Mais informações, atualizações e a inscrição oficial podem ser encontradas em nosso site https://kreuzfahrt.nirgendwo.info/smashcruiseshit2025/ e no endereço de e-mail mencionado. Esperamos ansiosamente por uma cooperação engajada e por enviar juntos um forte sinal contra a exploração humana e ambiental e pelo fim da indústria de cruzeiros marítimos.

kreuzfahrt.nirgendwo.info

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na verde colina
bem mais que o fruto me apraz
a flor pequenina

Antônio Gonçalves Hudson