[EUA] Os anarquistas têm algumas lições para a América de Trump

O espectro do autoritarismo rodeia os Estados Unidos. Como seus cidadãos responderão determinará seus futuros e o futuro do mundo. Mas qual deve ser essa resposta?

Por Cara Hoffman| 15/11/2024

Donald Trump prometeu prender seus opositores, virar o exército contra o “inimigo interno” e engrenar deportações em massa. Ele elogiou os generais de Adolf Hitler, especulou sobre como uma ex-membra do Congresso se sentiria com armas sendo “testadas na sua cara” e disse que não se importaria se jornalistas fossem baleados. Essas declarações fizeram com que historiadores, assim como alguns dos antigos conselheiros de Trump, o chamassem de fascista. Enquanto ele se prepara para assumir o cargo, o espectro do autoritarismo assombra a nação.

Como os americanos responderão a isso determinará seus futuros e o futuro do mundo. Mas qual deve ser essa resposta?

Uma resposta pode ser encontrada em um pequeno enclave de Atenas chamado Exarchia, onde vivi por sete anos pesquisando levantes populares. Aproximadamente do tamanho da East Village, em Nova York, Exarchia tem sido um bastião antifascista desde a década de 1970 e um exemplo de como a luta contra o autoritarismo pode energizar uma comunidade.

Gerações de antifascistas construíram Exarchia, incluindo combatentes que resistiram aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e brigadas auto-organizadas que lutaram contra fascistas locais e estrangeiros durante a Guerra Civil Grega. Décadas depois, pessoas enfurecidas pelo assassinato de dezenas de manifestantes e testemunhas pela polícia na Universidade Politécnica de Atenas, em 1973, ajudaram a derrubar a ditadura apoiada pelos EUA. Em 2008, anarquistas voltaram às ruas depois que um policial assassinou um jovem de 15 anos, desencadeando protestos por toda a nação, expulsando a polícia de Exarchia e estabelecendo uma nova medida de autonomia.

Se você está imaginando um bairro cheio de criminosos usando balaclavas negras, pense novamente. Do alto da colina Strefi, em Exarchia, há um parque mantido pelos moradores, é possível ver crianças jogando basquete e pessoas passeando com cachorros e fazendo batalhas de rap, com a Acrópole e o brilhante mar visíveis à distância. As varandas estão repletas de jasmim trepadeira e jardins. Os próprios edifícios formam um enorme mural interconectado de tags de grafite e pinturas abstratas e figurativas. Árvores de laranja amarga alinham as ruas, florescendo com flores brancas na primavera.

É difícil distinguir um amigo da comunidade de coral local, o seu dentista, o seu mecânico ou a avó do seu vizinho, de um antifascista. Toda semana, os moradores de Exarchia realizam assembleias abertas em centros comunitários e em espaços ocupados — edifícios vazios que foram ocupados e reformados; suas pautas são determinadas pelo que é mais urgente na comunidade.

As decisões são executadas por aqueles que estão mais entusiasmados e têm as habilidades relevantes. Por exemplo, um agrônomo se voluntaria para pesquisar relatórios ambientais sobre o bairro. Pessoas que serviram no exército ou estudaram direito podem ter ideias sobre segurança. Os Exarhites criaram seus próprios abrigos para imigrantes, centros comunitários, cozinhas de alimentos gratuitos, parques e bibliotecas em espaços ocupados. Grupos antiautoritários distribuem alimentos e remédios para os necessitados. Eles fazem tudo isso sabendo que não se pode confiar no governo, nas igrejas e nas ONGs para fornecer esses serviços.

Claro que existem desvantagens em viver em Exarchia. É sempre bom ter uma máscara de gás confiável para quando a polícia usa gás lacrimogêneo para dispersar protestos. O vandalismo de Airbnb ‘s para aluguel é comum — apesar dos esforços dos moradores, a gentrificação tem avançado.

Nos últimos anos, Exarchia tem sido ameaçada pelo governo conservador de Kyriakos Mitsotakis. O governo tem desalojado os ocupantes e enviado imigrantes da comunidade para campos de refugiados. Árvores na praça central foram cortadas e esquadrões de policiais militarizados posicionados nas ruas para proteger o altamente contestado local de uma nova estação de metrô, que os moradores veem como um movimento em direção à gentrificação. Ações como essas destroem comunidades.

Aqui está como Exarchia tem reagido.

Manter o espírito do bairro é fundamental. Exarchia é conhecida por festivais com apresentações do coral comunitário e das orquestras locais, carnavais e festas de dança que duram a noite inteira, algumas em comemoração a vitórias passadas ou em memória aos lutadores antiautoritários. A história do movimento é mantida viva, especialmente para as crianças. Quando uma estátua de anjos na praça foi destruída por ordem do governo, titereiros criaram réplicas dos anjos e os levaram aos festivais e protestos. No Carnaval, manifestantes fantasiados dançaram o Sirtaki ao redor de um enorme boneco em chamas de Mitsotakis, em frente à polícia militarizada. Na primavera passada, criaram um enorme tigre de papel machê que percorreu as ruas. Crianças animadas pulavam ao redor dele, colocando a cabeça em sua boca.

Uma diversidade de táticas é essencial para proteger o bairro. Isso vai desde sabotagem de máquinas de construção até boicotes a negócios que promovem a gentrificação, protestos que tomam as ruas e processos judiciais que lotam os tribunais. O que torna todos esses métodos tão bem-sucedidos é a variedade de pessoas envolvidas; jovens e velhos, ricos e pobres, advogados atuando dentro do sistema, e militantes lutando nas ruas. Cada ato de resistência reforça o outro, e tais atos têm sido coletivamente eficazes em parar a usurpação de espaços públicos, prisões e despejos — os do tipo violento pelos policiais e os silenciosos por proprietários que aumentam os aluguéis ou por investidores estrangeiros que compram prédios.

As táticas de Exarchia devem parecer familiares aos americanos, porque muitas delas foram inspiradas na história americana, que tem um número surpreendente de movimentos autônomos populares — coletivos agrários, redes de escravizados trabalhando em células para se mover e conduzir outros para a liberdade, os abolicionistas que os ajudaram, os Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW) a resistência indígena, redes clandestinas de aborto, a força-tarefa ACT UP contra a AIDS, ativistas anti-gasodutos, e o Earth Liberation Front, cuja ideologia radical sobre proteger a terra se tornou amplamente mainstream.

Para os americanos que se sentem presos na armadilha de um governo abertamente hostil, é essencial entender como se organizar sem um líder. A maior lição de Exarchia pode ser que, quando o estado falha ou se vira contra nós, nos penalizando, nos negando recursos, restringindo nossa liberdade de expressão e movimento, e atacando os mais fracos entre nós, tudo o que temos é uns aos outros: nossa coragem, nossa competência, nossa alegria, nossa raiva, nossa recusa em recuar ou ver o outro ser prejudicado. As pessoas têm o poder de derrubar ditadores.

Cara Hoffman é uma romancista e editora fundadora da “The Anarchist Review of Books”. Ela ensina na Universidade Johns Hopkins.

Fonte: https://www.bostonglobe.com/2024/11/15/opinion/what-greek-anarchists-teach-us-about-trump/

Tradução > Alma

agência de notícias anarquistas-ana

cantam os pássaros
aqui e ali; deito na rede
e começo a roncar

Rafael Noris

[Espanha] Barcelona: Suspendido o desalojo de Ca l’Espina

Suspenderam o desalojo previsto para a quinta-feira, 28 de novembro, e logo receberemos uma nova data. Na sexta-feira, cinco dias antes do desalojo, o notificaram.

Queremos agradecer todas as mostras de solidariedade e apoio que recebemos nas últimas semanas, que reafirmam que é possível resistir em nossas casas.

Cada dia que passa nos aproximamos do quinto aniversário da fundação de Ca l’Espina, os esperamos coletivamente para resistir ao despejo, não importa quando!

Lutemos e defendamos nossas casas pela vida que queremos viver.

Bojous SL, a família Fradera especula e destrói. A propriedade é sua mas a casa é nossa!

Atentos com as próximas convocatórias!

Ocupação, resistência e ação direta!

Fonte: https://www.instagram.com/p/DCt3nxHt6DR/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

agência de notícias anarquistas-ana

folia na sala
no vaso com flores
três borboletas

Alonso Alvarez

Semana de Agitação desde 9 a 16 de dezembro de 2024 | Marcelo Villarroel à rua já!!

Desde a Rede Solidária Anticarcerária Marcelo Villarroel à Kalle (RSAMVALK) no Chile junto a um conjunto de Individualidades Afins em diferentes lugares e territórios do planeta fazemos este chamado que busca manter a visibilidade de uma situação jurídica política gravíssima, já que nesta se expressa todo o ódio e vingança do poder que, acima de sua própria legalidade, mantêm sequestrado nosso irmão e companheiro que desde dezembro de 2023 deveria estar já nas ruas por ter cumprido integralmente os 14 anos de condenação que lhe impuseram por dois assaltos bancários ocorridos no ano de 2007.

Recordemos que Marcelo foi detido em território argentino em 15 de março de 2008 e expulso para o Chile em 15 de dezembro de 2009 e desde então até hoje seu cativeiro se manteve sob a desculpa de ter que pagar as condenações pelas quais viveu outro período de prisão entre 1992 e 2005 onde lhe outorgaram a liberdade condicional.

O sequestro estatal de Marcelo, que concretamente é uma prisão perpétua encoberta, se mantém a imundície mais podre das heranças ditatoriais: a putrefata Justiça Militar de Pinochet ainda em 2024. Algo que pareceria impensado a 51 anos do golpe militar e o início da ditadura cívico-militar.”

A convocatória de hoje é em função de pôr os esforços e ênfase de cada qual para terminar com uma das situações mais aberrantes desde o jurídico político que afeta a um dos nossos.

Um companheiro que é parte dessa lista de irmãos que em diferentes territórios do planeta tiveram que pagar com longas décadas de prisão sua decisão de combater com as armas na mão a nefasta ordem social imposta pela classe dominante não renegando jamais seus vínculos e convicções arraigadas na multiforme faixa antiautoritária, subversiva anárquica que o irmana em diferentes idiomas, mas com a mesma linguagem de guerra contra o mundo do poder, as hierarquias e toda autoridade.

Fazemos o urgente chamado a expressar e mobilizar todas as vontades e iniciativas para aproximar nosso irmão da rua e com isso terminar com o funesto legado jurídico do extinto Pinochet ainda vigente na sociedade chilena.

Que todas as Mentes Ativas possam expressar gestos onde quer que se encontrem para a consecução deste ansiado objetivo.

Pela anulação das condenações da justiça militar de Pinochet, Marcelo Villarroel à rua já!!

Enquanto existir miséria haverá rebelião!!

Presos revolucionários antiautoritários de todas as tendências à rua!!

Fim de Novembro 2024 – diferentes territórios.

Individualidades Afins

Rede Solidária Anticarcerária Marcelo Villarroel à Kalle

 Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/08/19/espanha-100×1-solidariedade-100×100-marcelo-villarroel-nas-ruas/

agência de notícias anarquistas-ana

surgidos do escuro,
somem na moita, na noite:
amores de um gato

Issa

Abaixo o corte de R$ 1,6 bilhões na educação! Preparar a resistência classista!

O Governo Lula/PT ilude nossa classe com a isenção de impostos para aqueles que recebem até cinco mil reais. Aqueles que recebem acima desse valor, caso da nossa categoria, não será beneficiada. Mas ao mesmo tempo o governo apresenta um pacote de corte de gastos que deve tirar 42 bilhões de reais até 2030. Precisamos dissipar a cortina de fumaça para compreender os cortes e enfrentá-los.

Os cortes apresentados por Haddad/PT em novembro estão dentro do “arcabouço fiscal”, novo nome do “teto de gastos” que é uma continuação do ajuste fiscal iniciado por Dilma/PT em 2015 e continuado por Temer/MDB, Bolsonaro/PL e agora o governo Lula/PT. Essa é uma medida fiscalista imposta pela imprensa burguesa e setores privatistas que buscam a precarização do serviço público em geral para justificar medidas que visem “melhorar o atendimento ao público” através da privatização, acabando pouco a pouco com o serviço público no Brasil.

Em julho o governo Lula já havia congelado R$ 15 bilhões do orçamento, onde destes, R$ 11,2 bilhões seriam bloqueados. Tal bloqueio teve uma consequência nefasta em novembro, o bloqueio de recursos do Benefício de Prestação Continuada – BPC, afetando milhares de beneficiados em outubro e novembro deste ano. Estes beneficiados são pobres que muitas vezes utilizam esse benefício para a compra de alimentos. Assim, o corte no BPC vem causando insegurança alimentar em milhares de famílias.

Agora, após o anúncio dos cortes por Haddad, o governo Lula realiza um corte orçamentário de 5,5 Bilhões de reais. Destes, 1,6 Bilhão será na educação. Não podemos permitir. É preciso que os sindicatos da educação rompam com o silêncio fúnebre sobre estes cortes. Tal silêncio apenas privilegia o governo federal, as elites e a direita conservadora, que não precisa governar para ver seu projeto ser implementado.

O engodo da isenção do Imposto de Renda

Neste anúncio o governo afirmou que irá atacar Seguro defeso, PIS, BPC, e até o Bolsa Família. Entre as medidas de cortes estão o reajuste do salário mínimo que passaria a ter ganho real máximo de 2,5% máximo. Não devemos pagar pela política de déficit zero deste governo fiscalista. Está claro para nós que o governo PT acena para os pobres, mas serve aos ricos. O campo do PTismo na direção dos sindicatos, entidades e movimentos sociais trabalham como “amortecedores” para atenuar as medidas antipovo do governo.

A direita bolsonarista representada por Kim Kataguri/UNIÃO, Júlio Lopes/PP e Pedro Paulo/PSD preparam um texto mais agressivo, propondo o reajuste do salário mínimo apenas pela inflação até 2031, corroendo o poder de compra do trabalhador por mais 7 anos. O governo fica mais confortável para fazer seus cortes, afirmando que os cortes da direita seriam piores. Nosso papel como classe é enfrentar os cortes independentemente de onde venham.

Precisamos preparar nossa categoria entender que essas medidas são ataques e não apenas “terrorismo” como muitos colegas tendem a acreditar. Devemos preparar não só uma forte campanha salarial para 2025, mas construir uma campanha nacional contra os cortes em 2024 e em solidariedade com as demais frações da classe atacadas com os cortes do governo PT. A solidariedade é a nossa arma!

Dezembro de 2024 | @resistenciaclassista | lutafob.org| orc_ce@anche.no

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Pétala a pétala
com delícia se desfolha
a alcachofra.

Jorge Lescano

[EUA] A COP29 e a ditadura do petroletariado

Por Amy Goodman e Denis Moynihan

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática – COP29 ou a vigésima nona “Conferência das Partes” – foi realizada este ano no Azerbaijão, um pequeno e autoritário petroestado imprensado entre a Rússia e o Irã, às margens do Mar Cáspio. O agravamento da crise climática, que foi alimentada pelo uso intensivo de combustíveis fósseis nos últimos séculos, exige uma ação global conjunta de todos os países, inclusive daqueles governados por regimes autoritários. Mas será que a conferência precisa ser realizada em um país onde a dissidência é criminalizada, os protestos são proibidos e nem a liberdade de imprensa nem o direito à liberdade de expressão são respeitados?

O vício do mundo em petróleo provavelmente começou em Baku, a capital do Azerbaijão. Foi lá, em 1846, que o primeiro poço de petróleo industrial foi perfurado. Quando a revolução varreu a Europa e outros países em todo o mundo em 1848, e o recém-publicado “Manifesto Comunista” de Karl Marx lembrou aos trabalhadores que eles não tinham nada a perder além de suas correntes, a humanidade estava fervorosamente ligada aos combustíveis fósseis. Mais de 175 anos depois, a queima cada vez mais intensa de carvão, petróleo e gás aumentou as temperaturas globais e gerou uma cascata de consequências catastróficas, desde furacões e tufões cada vez mais frequentes e intensos até incêndios florestais, secas e tornados. Isso, por sua vez, aumentou o sofrimento humano e causou o deslocamento maciço da população.

Essa crise continuará a se acelerar, a menos que uma solução global abrangente seja acordada, implementada e aplicada. O que nos leva de volta a Baku e à decisão inerentemente errada de realizar essas negociações vitais em um local onde o governo do presidente Ilham Aliyev pode prendê-lo por falar livremente.

Giorgi Gogia, vice-diretor da Human Rights Watch para a Europa e Ásia Central, disse ao Democracy Now! que “o histórico de direitos humanos do Azerbaijão tem sido abismal por muitos anos, mas a situação se deteriorou drasticamente no período que antecedeu a COP29”, disse ele. Gogia disse que a Human Rights Watch “documentou 33 casos de detenções e prisões de jornalistas, ativistas, defensores dos direitos humanos e críticos do governo sob acusações forjadas… Imagine como teria sido essa cúpula se essas pessoas tivessem tido a oportunidade de estar lá, de expressar suas críticas e de ter suas vozes ouvidas em todo o mundo”. De acordo com outras fontes, o número de prisões efetuadas no período que antecedeu a COP29 chegou a quase 300.

Gubad Ibadoghlu, um economista comprometido com o combate à corrupção e professor da prestigiosa London School of Economics, está atualmente em prisão domiciliar. Seu crime? Pedir maior transparência no manuseio das receitas de petróleo e gás do Azerbaijão. Em julho de 2023, Ibadoghlu e sua esposa foram violentamente presos. O professor Ibadoghlu pode ser condenado a uma pena de prisão de até 17 anos. Sua filha, Zhala Bayramova, também foi presa e submetida a tortura.

Em uma entrevista ao Democracy Now! fora do Azerbaijão, Zhala disse: “Sou advogada de direitos humanos, mas também sou ativista, fui observadora eleitoral e trabalhei em casos perante a Corte Europeia de Direitos Humanos. Como resultado da tortura que sofri, agora não consigo dormir sem um travesseiro de pescoço, pois os discos do meu pescoço foram danificados. Minhas costelas e rótulas também foram esmagadas”.

Zhala continuou: “O pai de Ilham Aliyev também foi presidente do Azerbaijão e, durante a era soviética, foi general da KGB. E parece que Ilham Aliyev está preparando seu filho para sucedê-lo no cargo. [Além disso, a esposa [do atual presidente] é a vice-presidente do Azerbaijão. Portanto, é como uma monarquia. De certa forma, é como uma dinastia familiar. Eles são donos de tudo”.

A cúpula climática foi realizada no principal estádio esportivo de Baku e em várias instalações de transição adjacentes dentro de uma área restrita conhecida como “Zona Azul”, onde a ONU controla a segurança e estabelece as regras. Nessa “aldeia Potemkin”, que se assemelha a um cenário, as manifestações de protesto são toleradas somente se autorizadas com antecedência e apenas em locais e horários específicos. Em um dos espaços de protesto designados, os manifestantes podem fazer barulho, discursos ou até mesmo cantar. No outro espaço designado, só são permitidos protestos silenciosos, onde só é permitido cantarolar baixinho ou estalar os dedos. A ONU explicou que isso se deve à proximidade da área com as salas de reunião da cúpula. No entanto, por trás das portas fechadas dessas salas de reunião, onde o futuro climático do planeta está sendo decidido, os mais de 1.700 lobistas do setor de combustíveis fósseis registrados para a COP29 têm liberdade para se expressar, interagir com delegações governamentais e influenciar o curso das negociações sem serem perturbados por protestos silenciosos do lado de fora.

Como 2024 está se preparando para ser o ano mais quente já registrado, superando até mesmo as temperaturas recordes do ano passado, a produção e o consumo globais de petróleo estão em um nível mais alto de todos os tempos. A ciência nos diz que os piores impactos da emergência climática ainda podem ser evitados se forem tomadas medidas enérgicas com urgência e determinação.

Autocratas como Ilham Aliyev, e aspirantes a autocratas como Donald Trump, adoram a riqueza e o poder que emanam do petróleo. Trump já prometeu que os EUA se retirarão – mais uma vez – do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas. Os movimentos populares e a solidariedade internacional serão cruciais para o enfrentamento das ameaças gêmeas do autoritarismo e das mudanças climáticas nos próximos anos de crise.

Nestes tempos difíceis, as palavras de Antonio Gramsci, o renomado filósofo do século XX que passou os últimos doze anos de sua vida na prisão sob o regime do líder fascista Benito Mussolini, ressoam novamente. Em seus “Cadernos da Prisão”, traduzidos do italiano, Gramsci escreveu:

“O velho mundo está morrendo. O novo está demorando a aparecer. E nesse claro-escuro surgem os monstros”.

Fonte: Democracy Now!

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

um ponto vem do horizonte,
vira pássaro, desce e pousa;
a árvore o repousa.

Alaor Chaves

[Grécia] 6 de dezembro – Não esquecemos, não perdoamos!

Contamos 16 anos desde a noite de 6 de dezembro de 2008 em que o estudante anarquista Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, foi assassinado a sangue frio pelo policial Epaminondas Korkoneas no cruzamento das ruas Messolongiou e Tzavella em Exarchia, Atenas.

Dezesseis anos depois, os assassinatos não pararam, assim como os espancamentos, as prisões, os abusos e as torturas. O Estado e os meios de comunicação social continuam a organizar operações orquestradas, de terror, de violência e extermínio para nos disciplinar e para encobrir os seus próprios crimes contra a sociedade.

O Estado tem continuação. E antes e depois de 6 de dezembro. É por isso que continuamos na estrada.

Solidariedade aos nossos companheiros detidos M.M., D.Z., D. e N.R.

Kyriako para sempre em nossos corações.

Não esquecemos, não perdoamos.

athens.indymedia.org

agência de notícias anarquistas-ana

Mar de primavera –
Sempre igual, o dia inteiro,
num manso vai-e-vem

Yosa Buson

[Grécia] Para meu companheiro Kyriakos X.

Adeus, meu companheiro,

“Você será cinzas, velho mundo.

Você está destinado ao caminho da destruição

E você não pode nos dobrar

Matando nossos irmãos de armas…

E saiba disso

Nós sairemos vitoriosos

E mesmo que nossos sacrifícios

Sejam pesados”

Nazim Hikmet

Com atraso, gostaria de escrever algumas palavras sobre meu camarada e companheiro nos últimos 6 anos de minha vida, K. Xymitiris, que faleceu em um apartamento na Rua Arkadias.

Conheci o camarada Kyriakos na cidade de Berlim há alguns anos. Nossa determinação comum e a agonia por um mundo melhor nos uniram rapidamente. Em conversas à meia-noite no bar onde ele trabalhava, em caminhadas pelas ruas da cidade, trocávamos pontos de vista, e Kyriakos tinha as opiniões e os conhecimentos mais profundos sobre cada uma de minhas preocupações. Nossa visão compartilhada estava simultaneamente criando raízes dentro de nós, criando um forte relacionamento baseado em compreensão mútua, camaradagem e amor.

Juntos, lutávamos e moldávamos nossas opiniões sobre tudo o que nos incomodava. Eu cresci com ele, em uma jornada de descoberta de minha identidade combativa. E Kyriakos estava sempre ao meu lado, não na frente ou atrás, mas ao meu lado. Segurando minha mão, me apoiando, com seu sorriso e sua perspicácia. Sempre dando as respostas corretas enquanto todos nós estávamos enrolando as palavras, clareando a paisagem enquanto todos nós estávamos nos sentindo perdidos.  Com um senso de solidariedade bem desenvolvido, ele sempre esteve ao lado de qualquer pessoa que precisasse, independentemente da repressão, de ser alvo e de seu próprio conforto. Sempre em primeiro lugar em todas as lutas: contra a repressão, a gentrificação, as fábricas de mão de obra, o colonialismo, o patriarcado, as prisões. Indispensável como camarada e como amigo, onde quer que estivesse, preenchia o espaço com sua modéstia e militância.

Ao defender a unidade na luta pela causa revolucionária, o confronto, a militância e o contra-ataque, sempre com respeito aos que estavam ao seu lado, ele abriu espaço onde outros sufocavam. Assim ele viveu, pelo menos ao meu lado, militante e persistente, esperançoso e sorridente. Pronto para tudo, correndo riscos grandes e pequenos, entregava sua vida cotidiana à luta sem pensar duas vezes.

Sempre ao nosso lado

para mim, para seus amigos e camaradas, para qualquer um que precisasse dele para o menor ou maior problema.

Sempre ao nosso lado

para assumir a função mais tediosa, a mais arriscada.

Sempre ao nosso lado

para segurar nossa mão, para nos acompanhar, para abrir o caminho.

Sempre ao lado

do migrante, do abusado, do trabalhador, do prisioneiro.

E sempre ao meu lado

para me apoiar, me ajudar, me ouvir, lutar junto comigo, me abraçar afastando o medo, me encorajar afastando as dúvidas, preencher os dias e as noites com camaradagem e combatividade.

CAMARADA KYRIAKOS

Nenhuma das despedidas é suficiente. Nenhum dos textos pode descrever a dor de sua perda. Em 31/10, fui deixada pela metade, em um caminho onde eu queria você ao meu lado. No dia 31/10 perdi aquele sorriso que só você sabia evocar. No dia 31/10, perdi a esperança que só você conseguia me transmitir. Mas em 31/10 também fiz uma promessa a você, a mim, a nós e a tantos outros, de que você não seria esquecido. No dia 31/10 fiquei para trás para falar de você, da luta que você deu e das que não conseguiu dar. No dia 31/10 levantei meu punho e com minha boca ensanguentada prometi LUTAR. Em 31 de outubro, levantei meu punho e, nos escombros da Rua Arkadias, disse: KYRIAKOS XYMITIRIS, SEMPRE PRESENTE!

Nossos dias mais bonitos

nós ainda não vimos.

E as palavras mais bonitas que eu queria lhe dizer

eu ainda não disse…”

Nazim Hikmet

Com amor incondicional

sua companheira

Marianna M.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1633086/

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agência de notícias anarquistas-ana

Um tico-tico
Todo colorido
Pinta meu coração.

Kátia Viana Barros

[Alemanha] Berlim: Desligue a indústria de concreto!

As chamas mais uma vez iluminaram as noites escuras e frias de Berlim. Na manhã de 2 de dezembro, tudo o que restava das máquinas e veículos das gigantes do concreto Cemex e HeidelbergMaterials eram escombros e cinzas. Essa não é a primeira vez que essas empresas sofrem um ataque merecido. No inverno de 2023/24, vários caminhões e uma correia transportadora da Cemex foram completamente destruídos pelo fogo e vários caminhões da HeidelbergMaterials, que eram usados para transportar concreto para a rodovia A100, foram incendiados. As duas cartas de confissão declararam a responsabilidade das empresas em projetos de destruição da natureza e colonialismo. Agora, houve outro golpe contra o setor de concreto.

Não é necessário explicar por que essas duas empresas foram novamente visadas. Entendemos esse ato como a continuidade de uma série de ataques aos gigantes do concreto em todo o mundo, como uma ofensiva contra os responsáveis pelo ecocídio que já é uma realidade em muitos territórios. Essas empresas participam ativamente de políticas neocoloniais e lucram com a guerra, a exploração e o genocídio nos países em que estão presentes.

O concreto desempenha um papel importante no mundo atual. Foram construídas inúmeras metrópoles que se assemelham a gaiolas para pessoas, nas quais se respira apenas fumaça de escapamento e miséria. São lugares de alienação, onde não é mais possível ver a beleza inspiradora da natureza selvagem e onde torres sem rosto bloqueiam a luz do sol, pois a idiotice humana tenta arranhar o céu erguendo prédios cada vez mais altos. Mas eles se esquecem de que sempre haverá uma plantinha que encontra uma rachadura no concreto para criar raízes e crescer. Essa cor no cinza sombrio é a prova viva de que a natureza selvagem pode resistir ao concreto opressivo. Assim como, felizmente para nós e infelizmente para eles, há pessoas em todos os lugares que querem destruir seu mundo de concreto. É inspirador e traz um sorriso ao nosso rosto toda vez que ouvimos que, em outros lugares, as empresas que devastam a terra são recebidas com raiva e fogo.

Ou como escreveram os companheiros da “Célula Insurgente para o Maipo/Nova Subversão” do Chile: “Que este fogo seja um abraço para os companheiros que realizaram greves em outros territórios do mundo […] porque sabemos que o ataque deve ser imediato e em todos os territórios onde se encontram as instalações e os meios dos responsáveis pela destruição do planeta. Assim, contribuímos para o diálogo por meio de ações diretas e de confronto, sem qualquer esperança de processos institucionais ou salvadores.”

Que o calor do fogo aqueça os corações de Marianna, Dimitra, Dimitris e Nikos, que estão presos na prisão de Koridallos, em Atenas.

Memória revolucionária para o companheiro Kyriakos e todos os que morreram lutando.

Liberdade e felicidade para Nanuk, Maja, Hanna e todos os outros prisioneiros nas cadeias e para todos os que estão escondidos na imensidão do nada.

Fonte: https://de.indymedia.org/node/474394

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agência de notícias anarquistas-ana

Difícil de ler
Este livro em guarani –
Gatos enamorados.

Suinan Hashimoto

Lançamento: “Foucault, Proudhon, Malatesta: Anarquismo e Governamentalidade”, de Nildo Avelino

O livro Foucault, Proudhon, Malatesta: anarquismo e governamentalidade investiga as reflexões do anarquista francês Pierre-Joseph Proudhon e do anarquista italiano Errico Malatesta sobre o exercício do poder governamental, utilizando uma abordagem dos estudos da governamentalidade, noção elaborada por Michel Foucault para designar o campo estratégico das relações de poder que busca converter o que elas têm de móvel, transformável e reversível, em estados de dominação. Partindo do fato que, no Ocidente, as relações de poder foram constituídas de tal modo por uma proliferação indefinida de técnicas e mecanismos governamentais, que fizeram seu exercício assumir formas sempre mais excessivas e intoleráveis, o autor enfatiza a importância de se estudar essa prática complexa e singular que consiste em governar os indivíduos, transformada pelas sociedades modernas em um dos seus mais essenciais atributos. Mais do que uma prática imemorial, o autor afirma que o governo ganhou um desenvolvimento sem precedentes com a formação dos Estados modernos. Nesse processo, a soberania tomou emprestado do governo a perenidade do seu caráter natural e a permanência da sua natureza providencial: Estados nascem e morrem, mas o governo é eterno. E da sua eternidade, o governo remeterá sempre para a violência de uma força dominadora. No entanto, o autor mostra como o anarquismo foi a única tradição política, na história do Ocidente, que buscou direcionar, especificamente contra o governo, a crítica implacável de um saber que sondou sua existência insidiosa. Embora as resistências ao poder governamental sejam encontradas desde o início da formação do Estado moderno, foram os anarquistas que, jamais cessando de denunciá-lo, produziram, nas lutas em torno e contra ele, a enorme sistematização de um saber antigovernamental. Em suma, trata-se de uma obra importante para pensar, a partir do tríptico Foucault-Proudhon-Malatesta, a potencialidade extraordinária de produção de novas subjetividades presente nas formas de luta contemporâneas contra o governo. O livro não somente nos convida a constituir a nós mesmos como sujeitos transgressivos, mas também mostra o quanto é urgente, em nossa atualidade, a tarefa de constituir a si mesmo como sujeito anárquico.

Foucault, Proudhon, Malatesta: Anarquismo e Governamentalidade

Nildo Avelino

Peso 573 g

Dimensões 23 × 16 × 2 cm

ISBN 9786525069296

Páginas 473

R$105.00

editoraappris.com.br

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vento muda
ares de chuva
tua chegada

Camila Jabur

IV edição da FAF – Programação

Emergindo em meio ao caos e a lama, a IV edição da FAF vai brotar. Surgindo da necessidade e prazer de conspirarmos juntis e repensar maneiras de re.existir em um sistema que consome constantemente nossas vidas nos entendendo como máquinas, e faz o mesmo com a fauna e flora, as matas, águas e ar.

Usurpando da Terra toda sua vida sem pedir licença, sem pensar nos que ali habitam, desde próprios outros humanos a mínimos organismos. A cultura do imediatismo e sede pelo capital faz estragos irreversíveis sem refletir sobre como será daqui a frente, e de como está sendo no presente, ignorando todos os sinais que afetam sempre as camadas mais vulneráveis.

Um mundo onde se compra território, onde o agro queima toda biodiversidade em busca de monocultura e expansão do comércio de animais como objetos de consumo, patentes de sementes, licenças ambientais, tramoias entre o estado e grandes empresas para desalojar comunidades, poluir e desmatar, garimpar terras e minerar montanhas. Onde a prioridade é sempre o “avanço” da sociedade moderna que está acima do que realmente importa e gera vida: a natureza.

A terra não se vende, se demarca! E é mais que urgente a necessidade de articularmos maneiras de abalar e bater de frente com essas estruturas coloniais, difundir ideias como sementes que crescem, resistir como flores que brotam dos asfaltos e incomodar como ervas daninhas!

Vem conosco, 8/12, das 9h às 21h na Praça do Aeromóvel – Av. João Goulart, Centro Histórico, POA

Saúde y (A)!

Feira Anarkista Feminista de Porto Alegre

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Eu limpo meus óculos
mas vejo que me enganei.
É lua nublada.

Neide Rocha Portugal

[Espanha] Joan Busquets Vergés, o último maquis catalão. Novembro de 2024

Durante este mês de novembro, Joan Busquets, “El Senzill”, visitou o Estado espanhol para apresentar sua reivindicação como vítima do franquismo.

Nesta publicação, você encontrará a crônica do evento na FAL (Fundação Anselmo Lorenzo) no dia 19, a coletiva de imprensa em Barcelona e uma conversa entre ele e a historiadora e pesquisadora Dolors Marín. Foto de L.M.

Na manhã de 19 de novembro, a CGT havia convocado uma manifestação em frente ao Congresso dos Deputados em Madri. Um grupo de policiais da Polícia Nacional, expressamente avisado, impediu Joan e vários militantes de desfraldar uma faixa preparada para essa manifestação. Nenhum membro do parlamento, nenhum partido, se dignou a deixar o prédio, a sede da “soberania” do povo espanhol, para receber uma pessoa que deu anos de sua vida pela liberdade.

Palestra na Fundação Anselmo Lorenzo (CNT) em Madri

“Passei mais de 20 anos na prisão, mas meus companheiros tiveram pior sorte e foram fuzilados”. Aos 96 anos de idade, o maquis catalão Joan Busquets, “El Senzill”, viajou a Madri para contar sua experiência de vida como guerrilheiro libertário e exigir reconhecimento e compensação financeira do Estado pelo sofrimento e perseguição a que o regime franquista e as autoridades o submeteram durante a maior parte de sua vida. “Acho que sou o último sobrevivente daquela geração de companheiros, que eram sete ou oito anos mais velhos do que eu. Se ainda restar algum, o que eu não sei, ele deve ter mais de cem anos”. Joan, que ainda tem uma noção clara dos eventos e anedotas em que se envolveu décadas atrás, quando tinha apenas 18 ou 20 anos de idade, começou a agir diretamente na França. Ele entrou em contato com grupos anarquistas e logo se juntou à guerrilha. Embora tenha nascido em julho de 1928, o golpe fascista de 1936 o tenha pego quando ele tinha apenas oito anos de idade e o fim da guerra quando ele tinha onze, ele se lembra perfeitamente da miséria e da fome sofridas por seu povo, bem como da repressão brutal que se seguiu à “vitória” de Franco (que eles chamavam de “paz”). Joan foi “formado” após a Guerra Civil. Ele gradualmente tomou conhecimento e internalizou as ideias libertárias. Seu próprio pai, que trabalhava em uma oficina quando a revolução começou em 19 de julho de 1936, era membro da Confederação Nacional do Trabalho. É interessante observar o relato de Joan sobre como se funcionou durante essa etapa nos pequenos negócios. No caso do local onde seu pai trabalhava, o chefe concordou em se tornar apenas mais um trabalhador, sem se opor a nada. Seu pai, de quem ele se lembra durante a conversa, era responsável pelos materiais que eles usavam e precisavam na oficina.

A reivindicação de Busquets é totalmente justa. O Estado precisa fazer uma reparação completa e não apenas “simbólica” a esse homem cuja vida esteve a serviço da liberdade (ou, como a classe política gosta de dizer, “a serviço da democracia”). É nisso que o advogado do Escritório Jurídico da CGT, Raúl Maíllo, está trabalhando. Eles apresentaram uma queixa em 19 de julho de 2024, e ele está ciente de que o Estado não responderá a esse procedimento iniciado pela organização anarcossindicalista. “São vinte anos de pena cumprida, cinco anos de trabalhos forçados e uma vida inteira de perseguição por lutar pela liberdade. Ele estava muito necessitado e tudo isso o deixou com cicatrizes psicológicas e físicas. Chegou a hora de o Estado espanhol cumprir com Joan”, argumentou Maíllo. “O Estado tem e deve garantir os princípios de Verdade, Justiça e Reparação propostos precisamente pela ONU, e é nisso que temos nos concentrado juridicamente.

A atual Lei da Memória Democrática representa uma ruptura não apenas com a lei anterior, mas também com as sentenças de Franco, que agora são todas nulas e sem efeito. Além disso, a lei atual reconhece o papel fundamental desempenhado pelos combatentes da guerrilha ou maquis na luta contra o regime fascista e sua repressão após a guerra. Para o advogado da CGT, essa nova lei é uma vitória para o Movimento Memorialista, “por isso estamos reivindicando agora o reconhecimento daqueles que deram suas vidas e anos de luta”.

A ação de um maquis

“Fiz muitas viagens com material de guerra comigo. Material que muitas vezes pesava mais de 40 quilos, e a viagem durava sete dias ou mais, porque avançávamos à noite”. Joan levou esse material da França para a Catalunha, especificamente para Manresa. Com ele, planejaram e realizaram sabotagens de diferentes tipos. A sabotagem causou muitos danos ao regime, porque às vezes eles conseguiam desativar as ferrovias ou deixar territórios inteiros sem eletricidade. “Essas sabotagens prejudicaram o regime e também conseguimos que a imprensa estrangeira as divulgasse, o que resultou em uma resistência organizada contra o ditador”. Joan sempre pensou, pelo menos durante seus primeiros anos na guerrilha, que eles seriam capazes de derrubar a ditadura. Mas depois, com o passar do tempo e dos acontecimentos, especialmente em nível internacional, ele mudou de ideia e aceitou, talvez com muita dor, que eles não conseguiriam.

1949 foi um ano em que muitos guerrilheiros antifascistas foram exterminados. “Havia guerrilheiros de diferentes ideologias, como socialistas e comunistas, mas os mais numerosos eram os anarquistas. O grupo maquis de Ramón Capdevila era bem conhecido e muito admirado na França. Os guerrilheiros libertários ou da CNT sempre agiram independentemente de outros grupos ou coletivos maquis”. Isso também se deveu ao fato de que a organização, a própria CNT no exílio, não era favorável a essa forma de luta. No entanto, os maquis anarquistas continuaram a lutar no terreno, independentemente da visão do Comitê Internacional da organização.

Joan foi preso em 1949. Ele passou 20 anos na prisão, onde também não se rendeu. Ele organizou uma fuga, a “fuga de San Miguel de los Reyes (Valência), em 1954. Mas essa ação deu errado e, ao cair de uma das fachadas, quebrou o fêmur. Assim, com essa grave lesão, ele foi preso e brutalmente espancado pela Guarda Civil, e depois transferido para uma cela de castigo, onde passaria mais de uma semana sem atendimento médico. “Meus companheiros de prisão protestaram, protestaram muito e contagiaram outros. O regime não queria que isso continuasse e, por isso, me levaram ao hospital, onde recebi tratamento médico, mas na prisão, as autoridades penitenciárias não queriam nem me deixar dormir em uma cama”. Essas feridas físicas ficaram abertas por mais de 50 anos. “Elas pararam de inflamar em 2000”, explicou Joan durante sua palestra.

Quando foi libertado em 1969, ele reconheceu que teve grandes problemas para se integrar novamente à dinâmica da sociedade da época. Embora tenha tentado “começar” novamente, procurando emprego, a Brigada Social Política literalmente não o deixou viver em paz. Ele era continuamente assediado e perseguido, insultado e acusado. Tudo isso foi um fator determinante na decisão de Joan de ir para a França e se estabelecer lá.

Macarena Amores para a CGT, 20 de novembro de 2024

>> Vídeo <<

 L’últim guerriller maqui viu de Catalunya denuncia l’Estat espanyol i reclama 1 milió d’euros

https://www.youtube.com/watch?v=3O94FXh-Tfk&t=541s

  • Conversa entre Joan Busquets e Dolors Marín

Fonte: https://memorialibertaria.org/joan-busquets-verges-el-ultimo-maquis-catalan-noviembre-2024/

Tradução > Liberto

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Sobre o varal
a cerejeira prepara
o amanhecer

Eugénia Tabosa

[Reino Unido] Rafael Barrett: o negligenciado guerreiro dos paraguaios oprimidos finalmente tem seu lugar ao sol

O cronista anarquista da “tristeza paraguaia” – outrora conhecido somente entre radicais latino-americanos – está finalmente sendo reconhecido no país que ele adotou e recebe agora tradução para o inglês

Por William Costa | 11/11/2024

Quando o escritor anarquista espanhol Rafael Barrett foi contrabandeado de volta ao Paraguai, perto da pequena cidade de Yabebyry, em 1909, não era possível reconhecer o jovem correspondente de jornal que havia chegado à conturbada nação cinco anos antes para cobrir uma revolução armada.

Fisicamente, ele estava sendo consumido por uma infecção de tuberculose que o mataria no ano seguinte. Ideologicamente, ele havia sido transformado pela imersão no que chamou de “tristeza paraguaia”, abandonando os resquícios de sua juventude na elite burguesa de Madri para abraçar o anarquismo e o movimento trabalhista.

Escrevendo na imprensa paraguaia, Barrett se tornou a principal voz a denunciar as terríveis condições e violências estatais que ainda assolavam a população décadas após a apocalíptica Guerra da Tríplice Aliança (1864-70), que havia matado metade da população e levado os interesses imperialistas estrangeiros a se estabelecerem.

No entanto, sua metamorfose teve um preço.

“Ele veio para cá porque seus escritos e ações irritaram o governo paraguaio – ele foi perseguido”, disse Alfredo Esquivel Romero, professor em Yabebyry, onde Barrett se escondeu por um ano em um rancho isolado depois de ser deportado. “Ele se manteve fiel aos seus princípios, escrevendo sobre a realidade que os paraguaios estavam vivendo.”

A exclusão e a censura continuaram após sua morte. Embora Barrett tenha sido elogiado por gigantes da literatura latino-americana, como Jorge Luis Borges, Eduardo Galeano e Augusto Roa Bastos, sua obra passou décadas em relativa obscuridade no turbulento Paraguai do século XX.

Agora, ele está experimentando um ressurgimento esperado entre aqueles que pressionam por mudanças em um país que ainda luta contra profundos males sociais.

“Antes, muito poucas pessoas em Yabebyry sabiam quem ele era”, disse Esquivel Romero, cuja escola está participando da Rota Rafael Barrett, um projeto do ministério da educação para promover os textos de Barrett. “Fizemos murais e concursos de leitura, e Barrett está se tornando mais conhecido em nossa comunidade.”

Condições políticas adversas, incluindo a ditadura de direita de 35 anos do general Alfredo Stroessner (1954-89), fizeram com que a fama de Barrett ficasse limitada por muito tempo aos círculos esquerdistas perseguidos. A primeira edição paraguaia de seus artigos coletados só foi lançada em 1988.

Seguindo seus passos internacionalistas, muitos de seus descendentes tornaram-se figuras importantes em movimentos de esquerda em toda a América Latina, incluindo sua neta Soledad Barrett, que foi assassinada pelo regime militar do Brasil em 1973.

Hoje, a crescente proeminência de Rafael Barrett inclui um aumento nas publicações acadêmicas nos últimos anos, um documentário e a primeira edição em inglês de sua obra.

“Há uma explosão de literatura que aborda questões sociais: a falta de trabalho e oportunidades, migração, exploração, problemas ambientais”, disse Norma Flores Allende, uma jovem escritora salvadorenha que vive no Paraguai. “Muitos de nós, escritores, estamos procurando respostas – um raio de luz – e é isso que encontramos em Barrett.”

Apesar do crescimento econômico, o Paraguai tem um dos níveis mais altos do mundo de crime organizado e uma enorme desigualdade, afetando especialmente as comunidades indígenas e camponesas. Sob o comando do partido de direita Colorado, que governa o país quase ininterruptamente há quase 80 anos, os níveis de percepção da corrupção são os segundos mais altos da América do Sul, enquanto os gastos públicos com saúde e educação estão entre os mais baixos do continente.

“Algumas coisas mudaram, mas muitas continuaram desde a época de Barrett – ele parece muito contemporâneo e relevante”, disse Flores Allende.

Sua contínua relevância é vista em sua obra mais célebre: The Truth of the Yerba Mate Forests [“A verdade das florestas de erva-mate”, em tradução livre]. A série de artigos de 1908 ajudou a expor a “escravidão, a tortura e o assassinato” infligidos aos trabalhadores forçados por empresas internacionais que exploravam a extração de erva-mate.

Luis Rojas, economista do grupo de pesquisa Heñói, disse que a economia do Paraguai continua a se basear na extração de commodities para os mercados internacionais, deixando poucos benefícios para a maioria dos paraguaios.

“Hoje isso é feito com soja, milho transgênico, trigo, arroz, plantações de eucalipto, pecuária: é essencialmente o mesmo modelo”, disse Rojas. “A população é explorada, marginalizada, expulsa das áreas rurais e excluída do acesso à terra.

“O trabalho de Barrett é fundamental para entender o que aconteceu no Paraguai no último século – tudo narrado em um estilo excepcional”, disse Rojas.

Em Yabebyry, onde Barrett passou de fugitivo clandestino a símbolo de orgulho, são grandes as esperanças de que sua escrita também possa ajudar a conduzir a um novo futuro.

“Rafael Barrett plantou uma semente aqui”, disse Esquivel Romero. “Estou convencido de que, por meio desses esforços, veremos nossos jovens mais proeminentes, defendendo a si mesmos e os direitos da comunidade e de seu povo.”

Fonte: https://www.theguardian.com/world/2024/nov/11/rafael-barrett-paraguay-writer

Tradução > anarcademia

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agência de notícias anarquistas-ana

surgidos do escuro,
somem na moita, na noite:
amores de um gato

Issa

[Grécia] Devolução de cimentos aos seus legítimos proprietários

Nossa luta pela vida e pela liberdade está em conflito absoluto com seus planos de desenvolvimento, lei e ordem e com a necropolítica que, em todo o mundo, está transformando rios em fronteiras, montanhas em parques de cimento ou minas, praias em resorts turísticos, mares em depósitos de lixo, nossas necessidades até os meios mais básicos de sobrevivência (moradia, comida, água…) em mercadorias lucrativas e nós em engrenagens da máquina capitalista.

Em 06/05/2024, o Estado despejou novamente o Centro Social Ocupado Ζιζάνια (Zizania), atacou e fechou o prédio. Um ataque a uma comunidade que, com base no cuidado mútuo, na resistência, na solidariedade e na horizontalidade, é um obstáculo real aos seus planos de uma cidade para turistas, investidores e patrões, e não para as pessoas que vivem nela.

Para nos impedir de entrar no prédio, além de colocar bastardos uniformizados e armados para vigiar um imóvel vazio por 3 meses, eles lacraram as portas e janelas da ocupação com cimento.

Depois de recuperar Ζιζάνια e abrir o prédio, fizemos uma visita à Building Infrastructure para devolver a eles o que realmente é deles. O próprio cimento com o qual a ocupação foi selada. Estamos reabastecendo a casa com vida, autoeducação e estruturas de ajuda mútua, eventos e assembleias políticas.

E a história radical da esquina da Fili com a Feron continua.

Ocupação Ζιζάνια para sempre.

10-100-1000 (re)ocupações.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1633121/

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agência de notícias anarquistas-ana

Balde d’água
subindo pelo poço.
Dentro uma perereca!

Sonia Mori

[Argentina] Novo título para a coleção Utopía Libertaria: “El Apoyo Mutuo” de Piotr Kropotkin

Amigas, amigos, companheiras e companheiros, temos o prazer de comunicar a saída de um novo título da coleção Utopía Libertaria: El apoyo mutuo. Un factor de la evolución de Piotr Kropotkin.

Em suas próprias palavras:

A importância dominante do princípio de ajuda mútua aparece principalmente no campo da ética. Que a ajuda mútua é a verdadeira base de todas as nossas concepções éticas, é algo bastante evidente. Mas qualquer que sejam as opiniões que se tenham com respeito à origem do sentimento ou instinto de ajuda mútua – seja que o atribua a uma causa biológica ou uma sobrenatural- devemos rastrear sua existência até os estágios inferiores do mundo animal; a partir destes estágios podemos seguir sua evolução ininterrupta e, apesar da grande quantidade de forças que lhe opuseram, através de todos os graus do desenvolvimento humano, até a época presente.

O autor do prólogo da presente edição, Matías Blaustein, nos diz:

Ali onde o capitalismo nos propõe dominação e alienação em forma de extrativismo, ali onde capitalismo e extrativismo engendram contaminação, enfermidade e morte, ali onde câncer e capitalismo supõem a aniquilação da autonomia, a autogestão, a solidariedade e a liberdade, só o caminho da liberdade e o apoio mútuo nos apresentam uma alternativa real. Definitivamente, conforme passam os anos cada vez fica mais claro que Kropotkin tinha razão: o tempo lhe deu a razão.

E o autor do posfácio, Frank Mintz nos recorda que:

Kropotkin resistiu até sua morte a que “para escravizar o pensamento” seu livro, entre muitas outras obras, fosse publicado pelo Estado.

Publicamos este livro, como o fez Kropotkin, para que nos emancipemos das muitas travas e correntes sociais que impõe a organização estatal da democracia capitalista, da marxista leninista ou de qualquer partido único ateu e/ou religioso.

https://youtu.be/mW6MKWq4abA

https://www.instagram.com/p/DDDce1Ui2UX/

https://www.facebook.com/shevek.librosdeanarres/videos/1341175713960154/

Libros de Anarres

Avenida Rivadavia 3972 

(C1204AAR) Ciudad de Buenos Aires 

[4981-0288] [+54 9 11 5493-9503]

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www.instagram.com/librosdeanarres

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Neblina sobre o rio,
poeira de água
sobre água.

Yeda Prates Bernis

[Chile] Palavras em solidariedade com o anarquista Felipe Ríos pelos compas detidos em 6 de julho em Villa Francia

Como presos políticos do 6 de julho, desde o módulo 12 do cárcere empresa Santiago1, queremos dar uma afetuosa saudação ao companheiro anarquista Felipe Ríos, atualmente o único preso pelo “Caso 21 de maio”.

Este comunicado surge por causa da perseguição constante que sofreu por parte de funcionários da miserável instituição da gendarmeria, aquele com o objetivo de impedir que o companheiro possa optar pelos benefícios que lhe correspondem esmagar a moral combativa sobre a qual se mantêm a prisão política.

Convidamos a que os gestos de solidariedade se multipliquem em suas diversas expressões com todos os prisioneiros políticos e em especial com aqueles que vivem situações de isolamento, longa condenação e perseguição por parte dos pacos [polícia].

Saudamos também os companheiros do mesmo caso submergidos na clandestinidade e a todos aqueles que vivem hoje foragidos da justiça chilena fascista e lhes desejamos a eterna liberdade.

Liberdade a Felipe Ríos!

Liberdade aos presos políticos subversivos, anarkistas e mapuches!

Viva os que lutam!

Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/10/11/chile-preocupacao-pela-situacao-carceraria-do-companheiro-anarquista-felipe-rios/

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Jogue estes crisântemos
E todos os que tiver
Dentro do caixão!

Sôseki

Realizado com sucesso mais uma edição da Feira Anarquista de SP | “Sigam plantando as sementes da rebeldia, rumo ao jardim. Viva a anarquia!

A XIV Feira Anarquista de SP aconteceu no dia 24 de novembro. Pelo terceiro ano seguido, coletivos, artistas, movimentos sociais e editoras que se norteiam pelo anarquismo ocuparam a EMEF Des. Amorim Lima durante o dia inteiro.

O evento fluiu tranquilamente. Ano a ano, conseguimos melhorar a organização do espaço, com diálogo, sugestões e críticas de quem expõe na Feira e constrói junto a nós. Circularam cerca de 2 mil pessoas pelo evento. Destacamos, com alegria, a presença cada vez maior das crianças! Coletivos responsáveis por refeições veganas e vegetarianas cumpriram com sucesso a missão de manter todo mundo alimentado para um dia cheio. Foram 7 práticas de artes e esportes; 3 apresentações teatrais; 2 exibições de filmes; 14 rodas de conversa; 9 lançamentos de livros e 1 grande mutirão para devolver a escola limpa e organizada.

Agradecemos a todas as pessoas que somaram, atuando em uma banca de livros ou compartilhando experiências em uma roda de conversa, conspirando com um amigo, amiga ou amigue, ou carregando mesas e cadeiras.

Durante o dia, foi distribuída a zine “Da flor no asfalto ao jardim da anarquia”, uma reflexão escrita recentemente sobre a trajetória desse evento. A versão on-line está no site da Feira Anarquista.

A Feira Anarquista de SP é um espaço para fortalecer coletivos que atuam em diferentes latitudes e longitudes, propagandear práticas e ideias anarquistas para pessoas curiosas e propiciar (re)encontros de pessoas que sonham e trabalham para um mundo onde todas as vidas sejam livres de todas as formas de opressão. É um dia de anarquia em ato, para circular e semear ideias e ações. Se é um evento grande, se essa Flor consegue romper o asfalto dessa cidade de cimento, é só devido a cada uma de vocês que comparecem, estando só ou em bando, mas que chegam com coração aberto, a raiva bem direcionada e os braços dispostos para construir junto.

Recuperando o fôlego e cuidando da pós-produção, seguimos com a certeza de que ano que vem haverá mais uma, e esperamos contar com quem quiser somar, no espírito do apoio mútuo e da solidariedade.

Até lá, sigam plantando as sementes da rebeldia, rumo ao jardim. Viva a anarquia!

>> Mais fotos:

https://www.instagram.com/p/DDAbB9CvLkx/?img_index=1

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Lá, bem sobre a estrada,
a casa entre flores onde
não entrarei nunca.

Alexei Bueno