[França] Traduzir e divulgar em árabe “Dez Questões sobre o Anarquismo”

por Editions Libertalia

|| Com 1200€: tradução + ampla distribuição em e-book gratuito e aberto; Com 1700 €: adicionamos um livro de papel. ||

O pequeno livro Dez perguntas sobre o anarquismo, publicado em francês pela Libertalia em 2020, despertou interesse além da França. Foi traduzido para o grego, português e inglês. Hoje, os camaradas libaneses estão pedindo sua tradução para o árabe, acreditando que o livro pode encontrar seu público no Magrebe, bem como no Mashrek.

Durante os movimentos populares de 2011-2013, os debates sobre o significado e o propósito da revolução encorajaram a disseminação – particularmente no Egito, Líbano e Tunísia – de obras anarquistas. Em seu estudo “Colonialismo, Transnacionalismo e Anarquismo no Sul do Mediterrâneo” (2020), a pesquisadora Laura Galián cita a circulação de três traduções árabes: Colin Ward, Anarquismo, uma introdução curtíssima (2004); Noam Chomsky, Sobre o Anarquismo (2005); Daniel Guérin, O Anarquismo. Da Doutrina à Ação (1970).

Dez Perguntas sobre o Anarquismo propõe uma abordagem mais moderna e transnacional, em particular sobre anti-racismo, anti-imperialismo, ecologia, feminismo…

A tradução será confiada a um profissional, ele próprio de sensibilidade comunista libertária. Quanto à distribuição, dependerá da assinatura.

>> Apoiar: https://www.helloasso.com/associations/editions-libertalia/collectes/pour-la-traduction-et-la-diffusion-en-arabe-de-dix-questions-sur-l-anarchisme

agência de notícias anarquistas-ana

Na pálida luz
da lua de primavera
um pássaro grita.

Tânia D’Orfani

Governo brasileiro coloca irmãos Batista da JBS em “lista VIP” da COP30

Por Isabel Seta, Bruno Fonseca | 11/11/2025

Mr. Joesley Mendonça Batista e Mr. Wesley Mendonça Batista. Assim estão os nomes dos irmãos bilionários donos da J&F holding, que entre outras empresas é dona da marca JBS, na “lista VIP” da COP30, que garante acesso à zona azul da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. E quem colocou os dois nessa seleção foi o Brasil. Isso mesmo, os irmãos Batista são convidados do anfitrião, no caso, o Estado brasileiro.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) publicou a lista preliminar dos participantes da conferência nesta segunda-feira, 10 de novembro. Nela, constam os nomes de Wesley e Joesley Batista como “convidados do país anfitrião”, representando a JBS.

Existem várias formas de ser credenciado para a Zona Azul, a área restrita da COP30, onde são realizadas as negociações diplomáticas entre os quase 200 países que assinaram a Convenção da ONU sobre mudanças climáticas. O país anfitrião tem direito a um número limitado de convidados – lista na qual estão os irmãos Batista, além de representantes da indústria petrolífera, como Petrobras e ExxonMobil, da mineração, como Vale, Samarco, Sigma e o Instituto Brasileiro da Mineração.

A lista de convidados do Brasil também inclui representantes de organizações da sociedade civil, como Instituto Alana, voltado para educação, e de povos indígenas e comunidades tradicionais, como a associação Yanomami Hutukara e o Conselho Indígena de Roraima. Contudo, quilombolas vêm se queixando há semanas pelo baixo número de credenciais para seus representantes no evento – e a lista liberada agora mostra que eles conseguiram apenas cinco credenciais indicadas pelo Brasil.

O Brasil também pode indicar uma série de pessoas para serem party overflow, que, assim, passam a integrar a delegação brasileira, ainda que não atuem como “negociadoras” (que são chamadas de “partes”). Nesse grupo estão desde representantes de ONGs e associações de comunidades tradicionais a empresas.

A Pública apurou que Wesley e Joesley não estavam na lista da COP anterior, realizada no Azerbaijão, apesar da JBS estar com três nomes de representantes credenciados. Por telefone, a reportagem foi informada que os empresários não estão participando da COP nesta terça-feira, mas não foi desmentido que eles foram credenciados.

JBS: multas ambientais e a crise climática

A JBS, dos irmãos Batista, a maior produtora de carne bovina do mundo e principal empresa do setor agropecuário, tem impacto direto no clima — e vem sendo cobrada e multada por isso.

Segundo a Pública apurou, apenas neste ano, a JBS SA foi alvo de quatro multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Juntas, as quatro multas passam dos R$ 660 mil, por infrações no estado do Pará, no Mato Grosso do Sul e em São Paulo. A multa mais cara, justamente no Pará, está ligada a mais uma etapa da Operação Carne Fria, que vem apurando desmatamento e criação de gado ilegais na Amazônia.

Neste ano, a Pública mostrou que a JBS pode ter exportado para a União Europeia carne bovina e couro produzidos com gado proveniente de fazendas ilegais no Pará. Relatório da Human Rights Watch (HRW) apontou que o gado irregular afeta a Terra Indígena Cachoeira Seca, lar do povo Arara, e o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa.

Em 2024, a Pública mostrou que um levantamento da ONG norte-americana EIA (Agência de Investigação Ambiental, na sigla em inglês) encontrou registros que a JBS teria comprado gado criado em fazendas ilegais na Terra Indígena Apyterewa, no próprio estado do Pará.

Além das irregularidades, as produtoras de carne representam um impacto direto no aquecimento global: se fossem um país, as 45 maiores empresas que produzem carne e laticínios – com a JBS nessa conta – seriam o nono maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, mostrou levantamento divulgado às vésperas da COP30.

O império dos irmãos Batista vai além da JBS. O grupo J&F também possui a produtora de celulose Eldorado, a mineradora Lhg Mining, a prestadora de serviços financeiros PicPay e a Âmbar, produtora de energia, que inclusive comprou termelétricas no Acre neste ano. Outro ativo da companhia é a usina de Candiota III, no Rio Grande do Sul, movida a carvão, o pior entre os combustíveis fósseis. A usina foi a maior emissora de gases do efeito estufa entre as térmicas do país (incluindo as movidas a gás e a diesel) em 2024, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Além disso, Candiota III registrou a maior taxa de emissão por eletricidade gerada: 1.205 toneladas de gás carbônico equivalente por gigawatt hora. Mesmo assim, recebeu um subsídio estatal pela compra de carvão mineral, conforme a Pública mostrou.

Fonte: https://apublica.org/nota/joesley-e-wesley-batista-brasil-convida-bilionarios-para-cop30/

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/11/04/da-serie-diga-me-com-quem-andas-que-te-direi-quem-tu-es/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/04/16/expansao-global-da-jbs-e-marcada-por-concentracao-de-renda-e-aumento-da-pobreza-conclui-estudo/

agência de notícias anarquistas-ana

Folhas do ciclame
ao vento pra lá e pra cá –
um coração pulsa.

Anibal Beça

[Espanha] Punk é aqui e agora. Steve Ignorant Band

No passado dia 3 de maio de 2025, pela primeira vez, a STEVE IGNORANT BAND — a banda liderada pelo que foi vocalista da mítica banda inglesa CRASS — visitou o Estado espanhol.

Foi um concerto antirrepressivo que ficará na história.

Para quem esteve lá, agora chega a oportunidade de reviver toda a intensidade e emoção daquela noite.

E para quem não pôde comparecer, esta é a ocasião perfeita para desfrutar da potência daquele show único.

O áudio desse show histórico foi gravado, e as gravadoras Kasba Music, El Lokal e Kamilosetas Muskaria decidiram lançá-lo em um belo vinil de 12 polegadas.

A partir de hoje, 10 de novembro, você já pode reservar sua cópia através do link do nosso site (botiga.ellokal.org). Distribuidoras, lojas e outros pedidos para: distrimusica@ellokal.org

agência de notícias anarquistas-ana

criado mudo
fica quieto
mas vê tudo

Carlos Seabra

Se o evento fosse bom mesmo e resolvesse alguma coisa não era chamado de “cop”

COP30: uma vitrine do colonialismo

Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) | 10/11/2025

Hoje, 10 de Novembro de 2025, em Belém do Pará foi sediado o primeiro dia da 30ª edição da Conferência das Partes (COP30), encontro sobre mudanças climáticas promovido pela ONU, que até então conta com a participação de 148 países.

Será a quarta vez que esse evento chega a América do Sul, primeira vez no Brasil. Alardeado com grande pompa pelo governo Lula(PT)/Alckmin(PSB) e Helder Barbalho (MDB), a “conquista” de trazer a COP para região amazônica (para o Brasil) tem sido vendida pela garantia de muitos legados que deixará.

GOVERNANDO PARA A MINERAÇÃO

O governo federal/estadual sustenta uma imagem de enfrentamento a crise ambiental, entretanto no primeiro meandro de rio, os fatos desflorestam essa imagem, vejamos alguns legados.

Em 2021, Helder Barbalho assinou um “protocolo de intenções” com seis mineradoras, incluindo a canadense Belo Sun, que comprou terras da reforma agrária de forma irregular no município de Senador José Porfírio, no estado do Pará, para o controverso “Projeto Volta Grande”, que pode se tornar a maior mina de exploração de ouro a céu aberto do país.

MARCO TEMPORAL E O GARIMPO

As políticas neoliberais adotadas por governos estaduais, federal e o congresso só tem agravado a questão ambiental.

O marco temporal das terras dos povos originários é exemplo explicito disso, que culmina agora no projeto que regulamenta a pesquisa e o garimpo nessas terras (PL 1.331/2022), plano associado a uma mão de obra abundante, pois o desemprego e a baixa renda que afetam os municípios, incentivam os jovens a buscar sustento nos garimpos e nas madeireiras na região.

A privatização dos serviços de água e esgoto em todo o Brasil via o marco do saneamento, especialmente na região amazônica que vem experimentando em várias cidades, resulta em grandes concessões foram ou estão sendo realizadas para empresas privadas, principalmente a Aegea Saneamento.

A privatização dos rios da Amazônia (Madeira, Tocantins e Tapajós) no Programa Nacional de Desestatização (PND) para a concessão do uso para a construção de hidrovias ameaça a vida e os territórios dos povos originários, quilombolas e tradicionais que dependem dos rios para sua subsistência.

QUEIMADAS E SECA

Exemplo mais perto de começar é a detonação do Pedral do Lourenço para a implantação da hidrovia Tocantins-Araguaia que prevê pelo menos dois anos e meio de explosões, acabando com habitar de várias espécies de peixes, consequência letal para várias comunidades.

Durante 2023, cidades do Norte e algumas do Centro-Oeste sofreram com a fumaça decorrente de queimadas na Amazônia. Manaus registrou a segunda pior qualidade do ar do mundo, além de enfrentar uma severa seca que afetou diversos municípios de toda a região amazônica.

FOME, SEDE E AR INSALUBRE

Tal seca causou insegurança alimentar e problemas de saúde devido ao consumo de água não potável por comunidades ribeirinhas, quilombolas e povos originários da região. Esse cenário se repetiu com maior força em 2024.

Orquestrado pelo AGRO-BUSINESS-POP, principalmente em municípios do chamado arco do desmatamento, a região registrou números recordes de focos de queimadas, a fumaça gerada chegou até cidades do centro sul e sul do país, intensificando o processo de poluição do ar, causando várias doenças respiratórias na população.

AMAZÔNIA EXPLORADA PELA ELITE

Agora mais recentemente a liberação para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas custará a existência de ecossistemas únicos e essenciais para o planeta, como os manguezais e recifes que ali estão.

O risco de vazamento de óleo é muito alto, os impactos na segurança alimentar e econômica de comunidades pesqueiras e tradicionais só reafirmará a posição da Amazônia como uma região de exploração de comanditeis pelas elites nacionais subservientes ao capitalismo fóssil, aprofundará o cenário de fome e miséria da região, agravando a crise ambiental global.

ANTICAPITALISMO, ANTES QUE OS RICOS QUEIMEM O MUNDO!

Não nos deixemos enganar pelo conto do capitalismo verde amplamente defendido pelos líderes dos Estados-nação, sabemos bem que catástrofe climática é um fenômeno político e econômico, pois é graças ao sistema capitalista internacional, aliado aos interesses econômicos dos Estados nacionais e suas elites locais, que o extrativismo predatório e o agronegócio fincam suas garras nos territórios para sugar até o último tostão que possam arrancar da terra.

Por isso gritamos QUE OS RICOS PAGUEM PELA CRISE CLIMÁTICA, já que são suas as empresas que invadem e exploram a terra, devastam florestas e poluem as águas.

Que os ricos paguem pela destruição impulsionada para manter seu parasitismo, seus caprichos, a concentração de poder, bens e capital em suas mãos. Que possamos arrancá-los de seu conforto diante do fim de mundo que nos impuseram!

cabanarquista.com.br

agência de notícias anarquistas-ana

de manhã: mia, mia, mia
só depois de comer,
mia um bom dia

Alonso Alvarez

COP30: Lula 3, que posa de “salvador do clima”, sabe qual o impacto ambiental dos navios de cruzeiro?

Para a COP30 em Belém (PA), o governo Lula 3 contratou a peso de ouro (quase 300 milhões!) os navios de cruzeiro MSC Seaview e Costa Diadema para funcionar como hotéis flutuantes, oferecendo cerca de 3.900 cabines e capacidade para até 6 mil pessoas.

Será que o senhor Lula sabe que esses navios de cruzeiro são grandes poluidores do mar e do ar? Que podem agravar as mudanças climáticas? Que essas “cidades flutuantes” provocam ruídos que afetam a vida marinha? Que esses gigantes queimam tanto combustível quanto cidades inteiras? Que um navio de cruzeiro de porte médio pode emitir tanta matéria particulada quanto um milhão de carros.

Esses navios consomem tanto combustível quanto cidades inteiras. Eles consomem muito mais energia do que os navios de contêineres e, mesmo quando queimam combustível com baixo teor de enxofre, ele é 100 vezes pior do que o diesel utilizado em veículos como caminhões e ônibus“, palavras de um ativista alemão anticruzeiros.

Assim como a COP30 é uma far$a, Lula 3 “salvador do clima” é outra!

agência de notícias anarquistas-ana

Selva de concreto:
as raízes quebram tijolos
para ver a lua.

Liberto Herrera

[EUA] Atualização sobre Marius Mason

por Panagioti Tsolkas

Fifth Estate # 417, Inverno de 2025

Marius Mason, anarquista, ativista ambiental/dos direitos dos animais, vegano e ativista trans, teve sua cirurgia de afirmação de gênero negada pelo governo Trump e foi transferido para uma prisão feminina. A campanha do candidato republicano gastou US$ 27 milhões em anúncios condenando a cirurgia de afirmação de gênero para pessoas presas, e o Departamento Federal de Prisões (BOP) rapidamente transferiu os detidos de volta para prisões correspondentes ao seu gênero designado ao nascimento.

Marius está cumprindo quase 22 anos de prisão por atos de danos à propriedade realizados em defesa do planeta. Depois de ser ameaçado com prisão perpétua em 2009 por atos de sabotagem, ele se declarou culpado de incêndio criminoso em um laboratório da Universidade Estadual de Michigan que pesquisava organismos geneticamente modificados para a Monsanto e de outros doze atos de danos à propriedade. Ninguém sofreu danos físicos nessas ações. Na sentença, o juiz federal aplicou o chamado “agravante de terrorismo”, acrescentando quase dois anos a uma pena já extrema solicitada pela acusação, totalizando 22 anos de prisão e uma multa multimilionária. Esta é a punição mais severa imposta a qualquer pessoa condenada por sabotagem ambiental.

Marius foi preso inicialmente na Unidade Administrativa de alta segurança do Centro Médico Federal Carswell, em Fort Worth, Texas. A unidade era destinada a abrigar prisioneiros “com histórico de fugas, problemas crônicos de comportamento, incidentes repetidos de agressão ou comportamento predatório, ou outras questões especiais de gestão…”, de acordo com o pacote de informações de Carswell. Marius não tinha antecedentes de violação das regras da prisão, mas era evidente que estava sendo mantido nessa unidade por causa de suas convicções políticas.

Por meio do constante trabalho da defesa, em 2017, Marius foi finalmente transferido para uma unidade mais próxima da população carcerária em geral. Em 2019, seu pedido de transferência para ficar mais perto da família e dos amigos foi atendido e ele foi enviado para a penitenciária federal em Danbury, Connecticut.

Enquanto está na prisão, Marius continua estudando, fazendo arte e contribuindo para o bem-estar de seus companheiros de prisão. Suas pinturas tiveram várias exposições e ele escreveu artigos para a Fifth Estate, incluindo um nesta edição. Devido ao tempo de boa conduta acumulado, ele tem mais um ano e meio para cumprir sua pena. O próximo passo no apoio de longo prazo é reunir recursos para a vida após a libertação.

Sua luta pelos direitos de pessoas trans

Marius revelou-se como transgênero aos amigos, familiares e conhecidos em 2014. Anteriormente conhecido como “M**** Mason” [1], ele mudou de nome, usa os pronomes ele/ele e iniciou um processo para obter um diagnóstico médico que lhe permitisse procurar cirurgia de afirmação de gênero e terapia hormonal.

O BOP diagnosticou Marius com disforia de gênero e providenciou roupas e acomodações na cantina de acordo com sua política estabelecida. Posteriormente, Carswell realizou exames médicos para verificar se ele estava saudável o suficiente para receber os cuidados que solicitava. Finalmente, em 2016, Marius recebeu sua primeira injeção do hormônio “T” (testosterona). Em 2021, ele venceu sua luta para ser transferido para a seção masculina em Danbury.

Mason foi aprovado pelo BOP para uma cirurgia de afirmação de gênero em 2022. Ele foi transferido da instalação masculina de Danbury, após viver lá por dois anos, para uma instalação médica prisional federal em Fort Worth, onde seria submetido à cirurgia. Esse foi o culminar de um processo de 10 anos que começou em 2013, quando Mason solicitou ser considerado para a nova política médica trans do BOP, após uma ação judicial ter criado um caminho para a transição médica.

Mas em janeiro de 2025, no primeiro dia de Trump, seu governo de extrema direita emitiu uma ordem executiva antitrans negando cuidados médicos de afirmação de gênero a prisioneiros trans, entre outros atentados que serviram de bode expiatório. Como resultado, Marius teve sua cirurgia negada e foi transferido de volta para a unidade feminina em Danbury

Advogados da ACLU e de outras organizações contestaram a ordem, argumentando que ela violava a 8ª e a 14ª Emendas. Em fevereiro de 2025, uma liminar foi concedida em um caso em Washington, D.C. Isso deveria ter restringido o BOP e preservado o status quo, o que significa que todos os prisioneiros trans, incluindo Marius, deveriam ter permanecido onde estavam e continuado a receber os cuidados de saúde que já recebiam. Mas ela não foi aplicada de forma consistente, e uma série de processos judiciais continua tramitando nos tribunais. Resta saber se o atual governo se preocupará com o cumprimento das ordens judiciais.

Sua história no ativismo

Sua história como ativista    Marius tem uma longa história de ativismo que remonta aos seus anos de ensino médio. Nascido em 1962, seu ativismo inicial incluiu organizações antigerra e ambientais, bem como trabalho antinuclear e artigos para o Fifth Estate. À medida que Marius aprofundava seu envolvimento em campanhas ambientais e pelos direitos dos animais, ele organizava campanhas de ação direta de desobediência civil não violenta, incluindo campanhas para proteger terras públicas, protestos em árvores contra o desmatamento e manifestações contra o uso de pele de animais.

O trabalho de Marius também envolveu a colaboração com muitos grupos de conservação e direitos humanos que lidam com questões relacionadas à apropriação de água e pobreza, enquanto lutava para criar espaços locais, como hortas comunitárias. Seu trabalho abrange muitas organizações, como Earth First!, Sweetwater Alliance, Food Not Bombs, ADAPTT (Animais Merecem Proteção Hoje e Amanhã) e a Anarchist Black Cross Books for Prisoners. Ele foi ativo em questões relacionadas aos direitos dos trabalhadores, principalmente por meio do envolvimento com a Industrial Workers of the World (IWW) por quase duas décadas.

Marius precisa da nossa ajuda mútua durante o tempo que ainda lhe resta na prisão e para quando for finalmente libertado.

As doações podem ser feitas através do Venmo (@Fifth-Estate). Por favor, inclua um comentário indicando que a sua doação é para Marius. Os fundos podem ser enviados por cheque ou ordem de pagamento, à ordem de Julie Herrada ou Peter Werbe, com “Marius Mason” na linha de assunto, e enviados para: Support Marius Mason, PO Box 201016, Ferndale, MI 48220.

Além disso, escrever cartas é uma das coisas mais importantes que você pode fazer. Cartas são uma tábua de salvação para aqueles que estão dentro das paredes da prisão. Como prisioneiro federal, Marius não conseguiu efetivar sua mudança de nome por meios legais, por isso é importante que as cartas sejam endereçadas a “Marie (Marius) Mason” no envelope, juntamente com seu código de prisão. Veja seu endereço abaixo e as orientações para escrever cartas em supportmariusmason.org

Outra forma de apoiar Marius é organizando tanto o Dia de Ação dos Prisioneiros Trans, em 22 de janeiro, quanto o Dia Internacional de Solidariedade com Marius Mason e Todos os Prisioneiros Anarquistas, em 11 de junho de cada ano.

Escreva para Marius em:

Marie (Marius) Mason #04672-061
Federal Satellite Low
33 1/2 Pembroke Rd. Rte. 37
Danbury CT 06811 – EUA

Assim como todos os presos políticos e ambientais, eles estão lá por nós; nós estamos aqui por eles.

Panagioti Tsolkas é ex-editor da Earth First! Journal e Prison Legal News, e atual membro do grupo de trabalho editorial da Agência.

Mais sobre:

Visite o site de apoio a Marius Mason em http://www.supportmariusmason.org/

[1] Nota do tradutor: omitimos o nome antigo de Marius na tradução.

Tradução > transanark/acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

através das árvores
carregando um lampião
quantas mariposas

Nenpuku Sato

[Itália] A educação como espaço político: Relato do 15º Congresso Internacional de Pedagogia Crítica

De 13 a 17 de outubro ocorreu em Reggio Emilia o 15º Congresso Internacional de Pedagogia Crítica (criticalpedagogycongress.org), ligado ao Freire Project (freireproject.com).


Participaram 47 pessoas vindas dos Estados Unidos, Canadá, Singapura, Grã-Bretanha, Espanha, Itália, Holanda, Brasil e Grécia.

O Congresso e o Projeto Freire trabalham na criação de uma comunidade crítica internacional que promove a justiça social em uma variedade de contextos sociais e culturais, apoiando o ativismo e a pesquisa crítica nos âmbitos cultural, juvenil, comunitário e midiático. Ambos os projetos visam desmantelar práticas e estruturas hierárquicas para construir uma imaginação social e política contra-hegemônica, coletiva e participativa.

Dentro desse quadro teórico-prático, os encontros anuais do Congresso não seguem a estrutura clássica das conferências acadêmicas, baseadas em hierarquias de pessoas, conteúdos e tempos (palestras plenárias, apresentações em PowerPoint etc.), mas se fundamentam na participação dialógica, em continuidade com a abordagem freiriana da pedagogia como instrumento de diálogo, conscientização, transformação e libertação.

Os dias em Reggio Emilia foram estruturados em diversos momentos de encontro, tanto com realidades locais — visita a uma escola que aplica a abordagem de Malaguzzi, a uma cooperativa educativa, ao Centro Malaguzzi e ao Círculo Anarquista Berneri — quanto com docentes da Faculdade de Educação da Universidade de Reggio – Unimore.


Na universidade, dois dias inteiros foram dedicados a trabalhos e discussões em grupo sobre três temas fundamentais:

·         Pedagogias de paz e guerras: discursos sobre o poder

·         A pedagogia crítica está envelhecendo? Nossa herança e a de Paulo [Freire], Pato [Jesús Gómez] e Joe [Kincheloe]

·         Ativismo comunitário: fazer a diferença

Os encontros realizados no Círculo Anarquista Berneri foram especialmente significativos para o público estrangeiro. Na manhã de segunda-feira, dia 13, Gianandrea Ferrari começou relatando a história do movimento anarquista italiano e do próprio Círculo Berneri, mas as inúmeras perguntas transformaram rapidamente a reunião em um intenso intercâmbio e compartilhamento de ideias.


Na noite de terça-feira, dia 14, houve um jantar no Círculo — com um agradecimento especial a Alessandra Convertino, Jacopo Coppola e Andrea Corghi — seguido do concerto de Riccardo Dodi, que tocou e cantou canções anarquistas e libertárias em italiano, espanhol e inglês, envolvendo as/os participantes nos cantos.

Outro momento muito apreciado foi a visita às antigas Officine ReggianeMichele Bellelli apresentou a história das Officine, enquanto Gianandrea narrou seus acontecimentos políticos — da ocupação das fábricas em 1926, ao enterro da bandeira anarquista Spartaco durante o fascismo, até as lutas operárias e sindicais das décadas de 1970 e 1980. Também ali, as/os participantes fizeram muitas perguntas, gerando momentos de reflexão e comparação entre as realidades dos diferentes países, onde as estruturas hegemônicas de poder reproduzem os mesmos padrões de exploração e opressão.

Paola Giorgis

Fonte: https://umanitanova.org/leducazione-come-spazio-politico-report-dal-15-congresso-internazionale-di-pedagogia-critica/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

há colcha mais dura
que a lousa
da sepultura?

Millôr Fernandes

[França] Lançamento: “Folias d’Espanha. Sombras e luzes de um anarquismo em tempo de guerra”, de Freddy Gomez

O anarquismo espanhol contado por um dos melhores especialistas, um panorama crítico dos sucessos e fracassos.

Nos tempos antigos, as pessoas subiram aos céus da Espanha com a força de resistir ao fascismo enquanto lançavam as bases de um mundo sem dominação ou exploração. A memória dessa revolução espanhola de 1936, bela como a radiante irracionalidade libertária que a carregou, ressurgiu após a morte de Franco em 1975. Então, durante a década de 1980, ficou atolado nas areias do esquecimento numa Espanha onde a “transição democrática” para o mercado foi baseada em um acordo entre “direita” e “esquerda” na pressa de enterrar o velho projeto de emancipação social e humana do qual o movimento operário espanhol, sob influência anarcossindicalista, havia sido o arquiteto inegável.

Folies d’Espagne enfoca as sombras e luzes da atividade anarquista durante a Guerra Civil e apresenta uma visão crítica dos sucessos e fracassos dessa revolução na qual, pela única vez na história, pelo menos em escala tão grande, um povo armado resistiu ao fascismo enquanto aspirava ao comunismo libertário. Composta a partir de resenhas de obras publicadas na maioria das vezes em espanhol e inéditas em francês, esta coleção se baseia em um acompanhamento metódico e, por vezes, polêmico dos debates historiográficos que agitaram o pós-franquismo.

Folies d’Espagne

Ombres et lumières d’un anarchisme de guerre

Freddy Gomez

13 x 20 cm | 384 p. | 22 euros

Isbn 9782373091748

lechappee.org

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Alameda amarela
de tapete macio,
de flores do ipê.

Kazue Yamada

[Itália] Roma: Lançamento do 1º Edital de Ilustração Libertária “Liberdade é…”

No sábado, 15 de novembro, a partir das 17h30, no Espaço Anarquista 19 de Julho, na Rua Rocco da Cesinale, 16-18, em Garbatella (Metrô B), lançaremos o 1º Edital de Ilustração Libertária “Liberdade é…”, com prazo até 1º de dezembro de 2025. O regulamento do edital pode ser encontrado na página web www.cafierofairoma.wordpress.com.

O edital foi lançado para marcar os oitenta anos da fundação do Grupo Anarquista C. Cafiero FAI Roma (1945-2025). Vamos falar sobre ilustração libertária, lançando um olhar também para obras que percorreram o século XX e além, como, por exemplo, as capas de algumas impressões do século XIX, cartões postais antimilitaristas, cartuns satíricos, e sobre Flavio Costantini, Ferru Piludu, J.P. Ducret, Elle Kappa e muitos outros.

No cartaz do Edital “Liberdade é…”, está a “Bandeira Negra no Polo Norte”, de Santiago Sierra, de 2015. Uma imagem poderosa, a do pavilhão negro que supera fronteiras e nacionalismos, entre as obras visuais e performáticas que devolvem à contemporaneidade uma ideia concreta de Liberdade.

Em seguida, às 20h00, haverá um jantar mediante reserva (para reservar, escreva para: cafierofairoma@inventati.org) e a renda será revertida para a arrecadação de fundos da Campanha “O Espaço Anarquista 19 de Julho não fecha”.

Grupo Anarquista C. Cafiero FAI Roma

www.cafierofairoma.wordpress.com

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

de repente o quarto
enche-se de bichinhos
em torno da lâmpada

Nenpuku Sato

Ailton Krenak: “A exploração de petróleo na foz do Amazonas nos leva à distopia, a um ponto sem retorno”

O único membro indígena da Academia Brasileira de Letras se manifesta contra a COP30 da ONU, que, segundo ele, foi “sequestrada” por interesses econômicos: “O clima virou mercado”, afirma.

Por Bernardo Gutiérrez | 08/11/2025.

“O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) consegue medir o impacto de um veículo em São Paulo, mas não inclui o impacto de mísseis lançados contra a Ucrânia e Gaza. Um míssil não tem efeito algum sobre o clima?” Ailton Krenak — pensador, artista e um dos mais proeminentes porta-vozes dos povos indígenas do Brasil — fala com uma voz envolvente. Ele apresenta críticas contundentes com delicadeza. “A COP30 está sendo esvaziada pelas potências que estão em guerra. Quem governa o mundo é quem tem armas. A guerra impulsiona a economia”, afirma ele em um hotel de São Paulo, próximo à exposição dedicada à sua obra artística e intelectual no Itaú Cultural.

Krenak, como é carinhosamente conhecido no Brasil, está pessimista em relação à COP30, que será realizada em Belém de 10 a 21 de novembro, pela primeira vez no bioma amazônico. Ele não comparecerá em sinal de protesto. Não quer que seu nome seja associado à COP. É particularmente crítico da perfuração de petróleo que o governo brasileiro acaba de autorizar perto da foz do rio Amazonas: “Depois de extrair milhões de barris de petróleo da foz do Amazonas, não haverá transição energética possível; será um desastre”, afirma categoricamente, culpando diretamente Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.

A autoridade moral de Ailton Krenak (Itabirinha de Mantena, 72 anos) é fruto de prestígio acumulado. Se ele não tivesse proferido um discurso performático no Congresso brasileiro em 4 de setembro de 1987, pintando o rosto com genipó em sinal de luto, os direitos indígenas não teriam sido protegidos pela Constituição brasileira de 1988. Os deputados e senadores, hipnotizados por seu terno branco e rosto pintado de preto, prestaram atenção. A mídia o estampou em suas capas. E a emenda à proposta de Constituição elaborada pela União dos Povos Indígenas (UNI), organização que ele ajudou a fundar, foi aprovada. A voz de Krenak não teria tanta força se alguns de seus livros, Ideias para posgar el fin del mundo (2021) e Futuro ancestral (2025), não fossem best-sellers.

Agora, o pensador indígena mais influente do Brasil denuncia a mercantilização da conferência climática da ONU. “A COP30 foi sequestrada por uma perspectiva econômica. O clima se tornou um mercado. A COP deixou a ecologia de lado e adotou a perspectiva dos serviços ambientais”, afirma Krenak. Em sua opinião, é urgente criar um novo tratado entre os seres humanos e o que antes era chamado de natureza: “O ambientalismo se desgastou porque insistia em colocar os humanos no centro e todos os outros no meio ambiente”, explica. Ele sugere que, em vez de realizar conferências climáticas, “um grande encontro seja convocado para discutir a ecologia do planeta e a crise na relação entre os seres humanos e outros organismos não humanos”.

Ailton Krenak, cujo grupo étnico é originário do sudeste do Brasil, está extremamente preocupado com a devastação da Amazônia: “Ela faz parte de um organismo muito sensível. Se sofrer danos irreparáveis ​​e chegar ao ponto de não retorno, as consequências serão globais. As chuvas e os fenômenos que regulam o clima do planeta serão alterados.” Krenak também exige o fim da exploração de combustíveis fósseis. “Ainda não entendemos que precisamos de uma transição na forma como todo o planeta produz”, afirma.

Na opinião dele, extrair petróleo na foz do rio Amazonas seria desastroso: “Significa fazer uma transição mais tarde, destruindo o planeta agora. Isso nos levaria diretamente a uma distopia, a um desastre monumental sem volta”. Krenak culpa diretamente o presidente Lula, que, segundo ele, pressionou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para agilizar as licenças ambientais para o projeto de extração de petróleo: “Vivemos em um sistema presidencialista. O presidente toma as decisões”, destaca.

Soluções urgentes

Krenak é um sobrevivente. Seu povo está entre os mais perseguidos da história. Após uma sucessão de massacres e perseguições, eles finalmente se estabeleceram no vale do Rio Doce, no estado de Minas Gerais. A chegada da mineradora Companhia Vale do Rio Doce em 1942 — hoje Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro — contaminou o rio e devastou ainda mais uma região já assolada pela pecuária. Em 1969, a ditadura militar construiu o Reformatório Krenak em suas terras, um campo de concentração para indígenas de todo o Brasil. Sua família fugiu para o estado do Paraná, mais ao sul. Os Krenak, com suas terras ocupadas e saqueadas, estavam à beira do desaparecimento.

Justo quando sua população se recuperava, chegando a 434 indivíduos em 2014, ocorreram as tragédias do rompimento das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019). Toneladas de material tóxico inundaram o Rio Doce, que, nas palavras de Ailton Krenak, ficou em estado vegetativo.

Após décadas vivendo em grandes cidades como São Paulo e Belo Horizonte, onde trabalhou com o movimento indígena, Ailton agora vive novamente na aldeia de Krenak, perto do município de Resplendor. Às margens de seu Watu, seu rio, com um pé firmemente plantado na terra. Quando Krenak aborda a crise planetária, sua fala se torna um pouco mais lenta: “Setenta por cento da cobertura vegetal natural do planeta já está drogada, envenenada. Para produzir, é preciso injetar veneno. O que faz a semente germinar não é mais a força vital, mas o veneno, assim como uma pessoa que usa drogas para andar”, diz ele.

Krenak argumenta que a lógica de mercado das cidades está contaminando tudo: “Há uma tendência colonialista na cidade. É como se (a cidade) estivesse tentando resolver os problemas de um lugar que, na verdade, tem outras necessidades e não quer que o mercado se infiltre no cotidiano de suas comunidades. A cidade envenena os relacionamentos.”

Como antídoto à cidadania, que ele acredita carregar um fardo colonial, Krenak propõe o conceito de “florestamento”. “A floresta era considerada um não-lugar. Era preciso desmatar a floresta, abrir uma clareira, criar uma cidade, uma vila, para ter cidadania”, afirma o pensador. Portanto, ele sugere uma troca benéfica entre a floresta e a cidade: “Aqueles que vivem na floresta [na selva] reivindicam um tipo de cidadania que é o florestamento. Aqueles que vivem na cidade, já exaustos, reivindicam uma floresta. Assim, temos algo em comum.”

O livro Futuro Ancestral começa com uma imagem que destaca a natureza cíclica do tempo compartilhada por muitas culturas indígenas. Um grupo de crianças da etnia Yudjá rema em uma canoa no rio Xingu, um afluente do Amazonas. “Nossos pais dizem que estamos nos aproximando de como as coisas eram no passado”, diz a mais velha. Ao longo do livro, a autora argumenta que a cultura ocidental se especializou em projetar futuros improváveis.

Krenak considera o futuro uma verdadeira fraude perpetrada por homens brancos: “Só existe o presente. Se formos incapazes de dar respostas ao presente, receberemos mais tarde algo que chamamos de futuro, com as falhas daquilo que fomos incapazes de corrigir e cuidar”, argumenta, enfatizando cada palavra. Ele sequer considera a ideia de utopia útil. “Cria-se utopias porque lhes falta coragem para confrontar o presente. Se fizessem o esforço, produziriam respostas para o presente. Trazer essa visão possível para o presente significaria renunciar à máquina de reprodução capitalista”, conclui.

E ele se dedica a nutrir e cultivar o presente. Contra todas as adversidades, crises e marés, ele mantém uma réstia de esperança. Se em seu discurso na Assembleia Constituinte de 1987, Krenak acreditava na possibilidade de construir uma sociedade que respeitasse os mais vulneráveis, em seu discurso de posse para a vaga número 5 da Academia Brasileira de Letras, em 2024, ele enfatizou a importância da resiliência, de retribuir ao mundo cura e bondade, e de ajudar a reconstruir o tecido social.

Para adiar o fim do mundo, ele clama por soluções concretas e urgentes. “Se não fizermos mudanças profundas na forma como a vida é produzida e reproduzida no planeta, estaremos todos condenados. A humanidade está no topo da lista de espécies ameaçadas de extinção. Vamos nos concentrar no prático. Os rios estão secando, os desertos estão se expandindo e as geleiras estão derretendo. Ou somos um organismo vivo em um planeta vivo, ou somos uma pessoa doente em um planeta doente.”

Fonte: https://elpais.com/america-futura/2025-11-08/ailton-krenak-explotar-petroleo-en-la-desembocadura-del-amazonas-nos-lleva-a-la-distopia-a-un-punto-de-no-retorno.html

agência de notícias anarquistas-ana

uma folha cai
o chão cheio de folhas
o vento distrai

Marcio Luiz Miotto (Pitu)

[Uruguai] A robotização, outro tentáculo da Hidra

Por Raúl Zibechi | 17/10/2025

O jornal britânico The Telegraph acaba de publicar um artigo intitulado “Os executivos ocidentais que visitam a China voltam aterrorizados” (12 de outubro de 2025). O “terror” é que a indústria chinesa superou a do Ocidente de forma avassaladora e aparentemente irreversível.

Depois de visitar várias fábricas automotivas, o diretor executivo da Ford, Jim Farley, disse: “É a coisa mais humilhante que já vi”. O chefe da empresa que foi pioneira na produção de carros “ficou pasmo com as inovações técnicas que estão sendo incorporadas aos automóveis chineses, desde o software de direção autônoma até o reconhecimento facial”.

Preocupado com o futuro da Ford, ele acrescentou que o custo e a qualidade dos veículos chineses são muito superiores ao que se pode ver no Ocidente. Um executivo australiano pôde ver fábricas onde, ao lado de uma grande esteira rolante, máquinas saem do chão e começam a montar peças. São espaços escuros, não é necessária luz, não há pessoas, tudo é robótico.

A velocidade da incorporação de robôs na indústria chinesa é alucinante: o número total de robôs adicionados na China no ano passado foi de 295.000, em comparação com 27.000 na Alemanha, 34.000 nos Estados Unidos e apenas 2.500 no Reino Unido, conclui The Telegraph. Hoje a China supera todos os países ocidentais na quantidade de robôs para cada 10 mil trabalhadores.

Que seja o principal executivo da Ford quem se mostra “horrorizado” com a diferença entre a China e o Ocidente é mais do que notável. A empresa Ford revolucionou a indústria no início do século XX com a introdução da linha de montagem, que facilitou a produção em massa no final da década de 1910. Quem assistiu ao filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, entende como a linha de montagem permitiu um crescimento exponencial da produção, enquanto os operários se limitavam, durante toda a jornada de trabalho, a realizar movimentos breves e repetitivos, gerando uma brutal alienação e doenças físicas e mentais. Com a linha, os trabalhadores pararam de se mover, ficaram parados em seus postos, supervisionados de perto pelos capatazes. Ao realizar tarefas simples, os salários caíram.

Com a robotização já não há operários, mas um pequeno grupo de engenheiros dedicados à inovação e ao aperfeiçoamento técnico. A cadeia de produção não desapareceu, como se pode ver em inúmeras imagens da indústria automotiva atual, o que já não se vê são operários.

A robotização está abrangendo não apenas a indústria manufatureira, mas também os serviços, desde a distribuição (como atestam os portos chineses ou os depósitos da Amazon) até a hotelaria e os hospitais. Em poucos anos não haverá nenhum setor onde a robótica, conduzida pela inteligência artificial, esteja ausente, o que terá repercussões cada vez maiores na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Essa mudança é o que me leva a dizer que a robotização é um tentáculo da Hidra capitalista, uma engrenagem da tempestade que os de cima lançaram sobre os povos do mundo. Uma parte da humanidade sobra, não tem lugar nem na produção, nem no consumo, nem na vida mesma. Essa mudança nunca havia acontecido na história da humanidade. Os trabalhadores sempre foram necessários para colocar em movimento a engrenagem da produção e da distribuição. Por isso nosso futuro como gente comum, como povos e setores sociais, está sendo questionado pelo capitalismo. Compreender essa realidade, a realidade de Gaza por exemplo, deveria nos levar a compreender melhor o que temos pela frente, e a poder resistir melhor.

Fonte: https://desinformemonos.org/la-robotizacion-otro-tentaculo-de-la-hidra/ 

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

florescente espinheiro
tão parecido aos caminhos
onde eu nasci!

Buson

Flecheira Libertária 832 | “Haverá fogo para queimar o insuportável?!”

mais do capitalismo sustentável

A Vale do Rio Doce investiu R$980 milhões na construção do Parque da Cidade, local que sediará as negociações oficiais entre os Estados na COP30. A parceria público-privada foi viabilizada pelo programa Estrutura Pará, que estabelece que mineradoras podem reverter até 50% do pagamento do imposto estadual TRFM na forma de financiamento de obras. Este imposto, especificamente voltado às mineradoras, cobra taxas a serem destinadas à fiscalização e ao controle ambiental das atividades do mesmo setor. Isso é capitalismo sustentável. Mineração legal e ilegal, igualmente, devastam, envenenam a terra e as águas, destroem florestas, rios, ecossistemas, aldeias, quilombos, cidades. Ceifam vidas, com ou sem enxurrada de lama tóxica. Ainda não se esqueceu passado recente devastador e de matança criado pela Vale.

mais da civilização

Dez anos após a devastação promovida pela Vale nas cidades de Mariana e Brumadinho, os rejeitos da barragem permanecem na terra e nos rios. Assim como prosseguem as deformidades em bichos que vivem na água, doce ou salgada – afinal, não houve apenas um rio envenenado, pois não há força viva que respeite fronteiras criadas pelos humanos, e a lama tóxica se espalhou, atingindo até os corais de Abrolhos. Quem vive na região diz que não dá para comer os peixes que habitam o Rio Doce. Na cidade de Aimorés, distante mais de 370 quilômetros, a orla do Rio Doce virou pequenas poças d’água. Seca. Não há mais bichos de água, apenas mosquitos e os chamados “peçonhentos”. Lá a devastação data da construção de uma usina, iniciada em 2001. A concessão, que envolveu a autorização do desvio do curso do rio, foi outorgada durante a ditadura civil-militar. Hoje, entre as parcerias nacionais e internacionais da administradora da usina, está a Vale. O progresso civilizatório – sustentável ou não, democrático ou não – é a perpetuação das matanças e devastações… E de lucro empresarial legal e ilegal, contando com parcerias burocráticas.

a todo vapor

As supostas conservações ambientais interessam aos Estados, aos proprietários e a segmentos da chamada sociedade civil organizada desde que garantam expressivas taxas de retorno. Nos últimos anos, houve um crescimento do que se convencionou chamar de indústria verde, com aumento de produção – sobretudo por parte da China – e de compras de painéis solares, baterias elétricas, carros elétricos ou híbridos, mercado de crédito de carbono etc. A mineração, classificada como legal ou ilegal, continua a todo vapor. Afinal, como assegurar as taxas de “bom retorno” para a indústria verde prescindindo da atividade extrativa, modificadora, coletora de commodities, de sangue e ar de trabalhadores que mantém seu ritmo de produção?

bom retorno

O mesmo ocorre com os combustíveis fósseis. O Brasil, país-sede da COP30, nos últimos meses, aprovou novos leilões para exploração de petróleo nas chamadas águas profundas. O argumento é sempre o mesmo: ‘é necessário financiar a transição energética por meio do uso – e abuso – de “nossos” recursos naturais’. Usar e, simultaneamente, abusar, tal como preconiza e assegura o sagrado direito à propriedade. As atividades econômicas, verdes ou não, complementam-se, financiam-se, estão interligadas. Tudo, claro, em prol da tal da “boa taxa de retorno”, com mineração aqui, “conservação ali”, compras de crédito de carbono por quem destrói e, assim, sucessivamente em direção à utopia neoliberal com direita e esquerda, conservadores e progressistas, socialistas de Estado e liberais dentro e fora de home offices…

negociações resilientes

Uma das expectativas em torno das negociações entre autoridades estatais, empresas filantrópicas na chamada sociedade civil organizada e comunidades indígenas que ocorrerão na COP30 gira em torno da criação de um fundo de investimento internacional. Este, pretende recompensar Estados que se comprometam a conservar bosques tropicais, destinando aos beneficiários pagamentos anuais por hectares de “floresta em pé”. Além disso, a proposta visa direcionar ao menos 20% dos fundos recolhidos às comunidades indígenas e tradicionais para que tenham autonomia para gerenciar os recursos provenientes. Trata-se do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O governo que encabeça e estimula a iniciativa é o brasileiro. O capitalismo sustentável requer, mais uma vez, a inclusão de variadas forças agrupadas em minorias numéricas em compartilhar no governo os efeitos do “colapso climático” e tentar apaziguar as lutas incluídas na retórica da preservação de biomas. Prepondera a racionalidade neoliberal com as recomendadas moderações de condutas e aumento de resiliências, deixando sempre intocado o questionamento do regime da propriedade que fundamenta as devastações em escala global em qualquer canto do planeta.

inclusões convenientes

No fim do mês de outubro, o secretário-geral da ONU concedeu uma entrevista exclusiva antes da COP30 para uma revista ambientalista brasileira, concedida de forma inédita por um jornalista indígena. Tal ineditismo foi explicitamente comemorado na reportagem publicada. Afinal, inclusões viraram objetivos a serem perseguidos. Progresso!: mais inclusões que engrandecem e dão continuidade à racionalidade neoliberal. A entrevista versou sobre diversos temas relacionados à COP de Belém, dentre os quais a exigência de “lugar de fala” para povos indígenas durante a conferência. O tom moderado do secretário-geral escancara novamente as capturas de diversos movimentos e minorias numéricas, agora em estágios de supostas pacificações em prol do desenvolvimento sustentável capitalista e tão ao gosto dos Estados, das religiões e seus esdrúxulos ecumenismos e seguranças militarizadas ou não.

de uma estrela colorida, brilhante

Será que alguma revolta eclodirá frente aos que se arrogam donos do planeta e aos que tem fé na sua participação e na melhoria de toda essa merda? Alguma força vinda da imensa floresta, dos rios, das entranhas da terra? A fúria de algum bicho selvagem? As flechas ou estrepes de gente que vive na e com a floresta e se recusa à domesticação dessa sociedade? Haverá fogo para queimar o insuportável?!

Fonte: https://www.nu-sol.org/wp-content/uploads/2025/11/flecheira832.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

café da tarde—
na mangueira em flor
farra de pardais

Nete Brito

[Alemanha] Segundo Encontro Internacional Contra o Serviço Militar e pela Recusa de Todo Militarismo

14 a 16 de novembro de 2025 em Hamburgo, Alemanha.

Assistindo os debates sobre prontidão militar e recrutamento, em andamento, fica claro como a política e a mídia preparam o terreno para o rearmamento incondicional das forças armadas alemãs. Isso vem acontecendo há muito tempo na produção e exportação de armas e máquinas de guerra, mas, agora, o impulso também é recrutar mais pessoal. As narrativas dominantes retratam isso como necessidade inevitável, restringindo a discussão pública a questões de “como” e “quando”, sem nunca questionar a própria guerra.

A “paz”, nesses debates, sempre se baseia na ideia de Estados-nação e de forma alguma garante vida segura ou livre para todos. Essa paz capitalista significa principalmente o bom funcionamento da exploração e da opressão. A guerra social continua. Queremos uma paz que signifique vida boa para todos; sem lógicas capitalistas, nem racistas e nem patriarcais.

A guerra já está aqui. A ameaça de novos conflitos militares na Europa aumentou, sobre isso, não há dúvida. Desde o início da guerra na Ucrânia, uma mentalidade de amigo ou inimigo foi cultivada estrategicamente: só aqueles dispostos a lutar e, se necessário, morrer pela defesa da integridade territorial, pela democracia, pela Europa, pela Alemanha, são considerados como “nós”.

Por que, então, deveria fazer sentido rejeitar o serviço militar à luz da suposta ameaça? Por que recusar as chamadas “novas realidades” tão veementemente invocadas por todos os lados? As posições que expressem qualquer crítica fundamental à militarização e ao rearmamento sempre foram marginalizadas. Mais uma razão para tomarmos posição e fazermos perguntas difíceis.

Um dos principais aspectos do avanço da militarização é o cerrar fileiras: um juramento de lealdade à comunidade nacional. Essa mudança anda de mãos dadas com um processo constante de fascistização, fortificação de fronteiras, agitação racista e fobia a queer. Nada disso é acidental. Em tal clima social, a decisão de recusar o serviço militar obrigatório é construída como uma falha moral: os afetados são acusados de falta de consciência.

Ao lado de ameaças abertas de isolamento social e repressão, há também uma promessa: uma oferta – especialmente aos excluídos e precários – para finalmente serem aceitos e tratados como iguais, para serem necessários e, portanto, incluídos na comunidade nacional (uma comunidade que se define principalmente através da construção de uma ameaça externa). Isso vem com um salário (soldo) que promete estabilidade econômica. Aqueles que não forem persuadidos, uma opção discutida abertamente, serão simplesmente forçados.

Embora a Alemanha atualmente não tenha serviço militar obrigatório, nem com armas e nem em um dos inúmeros setores “civis”, mas relevantes para a guerra, qualquer um pode ser convocado rapidamente em uma crise. O passo político em direção a tais obrigações parece quase tão pequeno quanto o obstáculo parlamentar para reativar um projeto de lei “adiado”.

Queremos unir forças com aqueles que escolhem um caminho diferente para a paz e a liberdade, um caminho que não dependa da identidade coletiva de “defesa da nação”. Conversas e práticas compartilhadas em torno da desconstrução do militarismo, em todas as fronteiras e linhas de frente, podem nos ajudar a confrontar as ideologias do Estado e do poder com solidariedade internacional.

A troca de experiências de recusa e subversão do militarismo em todos os níveis nos dá força e inspiração. Queremos fortalecer a posição de resistência à lógica do rearmamento e à militarização da vida cotidiana. Queremos ouvir e aprender com diferentes perspectivas que rompam com essa suposta normalidade, seja por meio de atos de recusa, seja por outras formas de resistência.

Em novembro de 2024, nos reunimos em Hamburgo para trocar ideias sobre como as pessoas em outros contextos estão resistindo ao recrutamento, como são as suas realidades e quais consequências sociais enfrentam. Aprendemos que a existência do recrutamento é um mecanismo que doutrina geração após geração na lógica militarista. É um aparato enraizado em estratégias seculares de dominação e opressão, mantidas unidas pelo racismo e pelo patriarcado. Isso contradiz fundamentalmente qualquer projeto de libertação social.

De uma perspectiva anarquista, a resistência contra a reintrodução do recrutamento e contra a militarização não é somente sobre defender o direito duramente conquistado à autodeterminação. É também sobre como podemos nos opor à reversão nacionalista com uma perspectiva internacionalista e combativa. Não aceitaremos posições autoritárias ou que justifiquem a guerra, vamos confrontá-las com práticas subversivas e solidárias.

É por isso que estamos mais uma vez ansiosos para fazer do fim de semana de 14 a 16 de novembro de 2025 um momento de intercâmbio coletivo, camaradas de diferentes partes do mundo apresentarão os seus projetos e compartilharão as suas experiências e análises conosco.

Mais uma vez, também convidamos você a enviar contribuições por escrito, que publicaremos em uma brochura após o evento!

keinwehrdienst.noblogs.org

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Chuva batendo
No batente
Som dormente

Ângelo Amarante

[Itália] 4 de Novembro em Livorno: Desertemos de todos os exércitos!

Centenas de pessoas foram à praça ontem em Livorno para a manifestação convocada pela Coordenação Antimilitarista de Livorno contra a propaganda de guerra e o militarismo, no simbólico dia 4 de novembro, em que o Estado celebra as forças armadas e o massacre da Primeira Guerra Mundial.

Um dia de luta que reuniu em torno do antimilitarismo e da oposição ao rearmamento todas as forças que se opõem à guerra e que animaram, nas últimas semanas, o movimento de solidariedade a Gaza e à Global Sumud Flotilla com bloqueios, greves e manifestações.

O cortejo partiu da Praça da Vitória, onde, sob o monumento aos caídos – local que sediou o desfile militarista institucional pela manhã – foi exposto o banner “Desertemos de todos os exércitos! contra a guerra, o rearmamento, a repressão e a censura“. Na praça, antes da partida, houve vários discursos no microfone. A Coordenação Antimilitarista destacou a importância de ir à praça nesta data, enquanto o Observatório contra a Militarização das Escolas denunciou a censura recebida do Ministério da Educação e do Mérito, relatando que o congresso antimilitarista direcionado aos professores ocorreu mesmo sem o reconhecimento do ministério. Em seguida, intervieram trabalhadores em luta contra o transporte de armas, os estivadores do GAP, reafirmando a oposição ao militarismo e para ampliar a luta nos próximos meses. A USB lembrou da greve geral de 28 de novembro contra o rearmamento e a lei orçamentária, enquanto a Rede Livorno Contra as Guerras interveio para reafirmar a importância da deserção. O cortejo percorreu a Corso Amedeo, Praça Attias e Via Ricasoli, entoando palavras de ordem contra a guerra e o militarismo, em solidariedade a Gaza e à Palestina, em apoio à luta dos trabalhadores portuários contra o transporte de armas, para depois terminar na Praça Cavour.

Intervieram o coletivo estudantil Escuela de Papel, que lembrou da militarização e repressão nas escolas; as Mulheres de Negro de Livorno, presentes com seu próprio banner; Não Uma a Menos Livorno, que reafirmou a estreita ligação entre militarismo e dominação patriarcal; a Associação Livorno Palestina, que destacou a conexão entre a propaganda de guerra e o genocídio em curso na Palestina, que continua apesar do falso cessar-fogo assinado sob pressão dos EUA. Interveio, por fim, a Rede de Professores por Gaza, uma rede nascida nas últimas semanas de intensa mobilização nas escolas, que esclareceu como a retórica patriótica e nacionalista nas escolas em torno do dia 4 de novembro é um instrumento para levar a propaganda belicista às gerações mais jovens. Entre os numerosos banners e bandeiras, registram-se as outras realidades presentes: ALA, Alternativa Libertária, Asia USB, Attac, Ciclofficina Scintilla, Coletivo Anarquista Libertário, Coordenação de Saúde da Toscana, CUB, Ex-Quartel Ocupado, Federação Anarquista de Livorno, Federação Anarquista do Arquipélago Toscano, Movimento Não-Violento, Poder ao Povo, Refúgio, Refundação Comunista, Unicobas, USI.

Lembramos os próximos eventos dos quais participaremos como coordenação:

• Sábado, 22/11: Manifestação nacional em Roma da NUDM (Nem Uma a Menos) contra a violência de gênero.

• Sexta-feira, 28/11: Greve geral.

• Sábado, 29/11: Manifestação em Turim contra a feira de negócios de armas “Aerospace and Defense Meetings”.

Fonte: https://collettivoanarchico.noblogs.org/post/2025/11/06/4-novembre-a-livorno-disertiamo-tutti-gli-eserciti/

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/10/31/italia-4-de-novembro-desertamos-todas-as-guerras/

agência de notícias anarquistas-ana

Rastros de vento,
escuridão de brasas,
um salto suave.

Soares Feitosa

[Alemanha] Ataque incendiário ao carro do líder do grupo parlamentar da AfD, Bernd Baumann

Saudações ardentes aos Antifas acusados, presos e escondidos!

Na noite de 3.11.25, destruímos o BMW de Bernd Baumann, líder do grupo parlamentar da AfD [partido de extrema-direita], com um dispositivo incendiário, em Trenknerweg 111, Hamburgo-Othmarschen.

Em algumas semanas, dois grandes julgamentos contra Antifas começarão em Dresden e Düsseldorf. São 13 camaradas acusados de diversos ataques contra nazistas e as suas estruturas na Alemanha e na Hungria. Em setembro, as altas sentenças no primeiro julgamento chamado Antifa East contra Hanna já sinalizavam forte vontade de condenar a repressão. Até agora, o judiciário muitas vezes achou difícil proferir sentenças por participação em uma organização criminosa ou terrorista contra militantes de esquerda que não estavam organizados na guerrilha. Agora os governantes estão tentando estabelecer novos padrões. Na Hungria, Holanda e EUA, “Antifa” foi colocado na lista de oponentes “terroristas”.

Em tempos em que a prática cotidiana, assassina e racista de nazis, populares e policiais continua a aumentar, em que o isolamento militar da Europa, da Alemanha ou dos EUA contra refugiados é intensificado e o presidente dos EUA divaga sobre como ama o cheiro de deportações pela manhã e usa os militares contra protestos e resistências antirracistas, nestes tempos é urgentemente necessário haver organizações militantemente antifascistas. Em outras palavras, fazer exatamente o que os Antifas, agora, são acusados de fazer.

Que se formem uma, duas, três, muitas gangues de martelos!

Alerta antifascista, seja com martelo ou dispositivo incendiário!

Não queremos ver sexistas, racistas e fascistas na paisagem urbana!

All you damn’ MAGAfreaks, you will follow Kirk to hell! (Seus desgraçados doidosMaga, vão todos junto com o Kirk para o inferno!)

Clara, Emmi, Luca, Nele, Moritz, Paula, Henry, Johann, Julian, Melissa, Nanuk, Paul e Tobias: muita força, a luta continua!

Liberdade para Maja, nenhuma extradição de Zaid para a Hungria!

Fonte: https://de.indymedia.org/node/548975

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

chego aos arrozais:
ouço a lua claramente
e percebo as rãs

Buson