Itália: Bloco antimilitarista e anárquico na manifestação de Primeiro de Maio em Turim

Por ocasião da importante data do Primeiro de Maio, muitas pessoas escolheram participar do bloco vermelho e preto promovido pela Assembleia Antimilitarista e pela Federação Anarquista de Turim.

Um dia quente e agradável de sol foi o cenário de uma manifestação combativa que tem raízes nas imponentes reivindicações operárias do final do século XIX pelas oito horas de jornada de trabalho. Cerca de uma centena de antimilitaristas e anarquistas marcharam ao final do cortejo empunhando a faixa “Paz entre os oprimidos, guerra aos opressores”, marcando uma clara distância em relação àqueles que, formalmente, se declaram contrários à guerra, mas, na prática, se alinham com antigos e novos imperialismos sob a bandeira da resistência, dando novo fôlego a nacionalismos e guerras religiosas que sempre foram inimigos de todas as lutas por uma real emancipação social.

Numerosos slogans e falas lembraram tanto as péssimas condições enfrentadas pelos desempregados e por aqueles que são forçados a sobreviver com trabalhos precários e mal remunerados, quanto o aumento das mortes no trabalho — consequência direta da lógica cínica do lucro a qualquer custo. Com a mesma determinação, denunciou-se o crescimento desenfreado dos despejos, uma chaga para quem já não consegue pagar aluguel e contas. Ter um teto sobre a cabeça está se tornando um luxo para poucos privilegiados.

Cada contribuição trazida à praça fez questão de reafirmar a urgência de se opor à escalada bélica que cada vez mais invade nossas vidas, a começar pelos nossos territórios, onde armas são produzidas e testadas para depois serem usadas nos conflitos que ensanguentam vastas áreas do planeta; onde a militarização atinge com força os bairros mais pobres e chega a cercar escolas e o ensino; onde a empresa Leonardo e o Politécnico estão empenhados na construção da Cidade do Espaço Aéreo, um polo de pesquisa voltado para a criação de dispositivos e técnicas militares cada vez mais letais e avançadas, para matar e envenenar territórios inteiros.

Os gastos militares crescem sem parar, assim como os cortes nos serviços sociais essenciais. A indústria bélica enriquece, enquanto nós vemos as portas da miséria se escancararem e corremos o risco de morrer por falta de cuidados médicos adequados.

Também nesta ocasião, não faltaram críticas às políticas do governo fascista, que além de intensificar a retórica patriótica para nos recrutar na defesa dos interesses nacionais e nos tornar cúmplices de massacres de populações civis, utiliza leis especiais que tratam questões sociais como problemas de ordem pública, promovendo uma guerra impiedosa contra os pobres – tanto locais quanto migrantes – e uma repressão brutal contra qualquer forma de dissidência. Querem-nos mudos e resignados, senão submissos.

A luta de classes está longe de ser algo do passado. Os burocratas do sindicalismo institucional e conciliador sabem bem disso, pois diariamente jogam o jogo daqueles que drenam nosso tempo e energia no local de trabalho, em nome da acumulação contínua de capital.

Infelizmente, o sindicalismo de base, apesar do esforço generoso, tem cada vez mais dificuldade em captar o sofrimento social de quem vive em nossa cidade. Isso significa que é necessário organizar-se coletivamente e superar o clima predominante de atomização e desconfiança entre os explorados, se realmente quisermos que o medo mude de lado.

Estamos conscientes de que a única esperança que temos de reverter a situação é construir e fortalecer redes de solidariedade e de luta contra a opressão, a exploração e as guerras promovidas e financiadas por patrões e governantes.

Só praticando a ação direta podemos preocupar os poderosos do mundo.

Só trazendo de volta ao centro do debate o valor do derrotismo revolucionário e apoiando ativamente os desertores de todas as guerras dos estados, podemos evitar o perigo de um holocausto nuclear.

Só criando espaços políticos não estatais podemos lançar as bases para um mundo de livres e iguais, sem estados, patrões, fronteiras, exércitos e polícias.

Federação Anarquista de Turim
Assembleia Antimilitarista – Turim


Corso Palermo 46 – reuniões todas as terças às 20h30 – www.anarresinfo.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

árvore morta
no galho seco
uma orquídea

Alexandre Brito

[Itália] Vídeo: Carrara: Primeiro de Maio anárquico, mas silencioso — uma homenagem a Paolo Lambruschi

A manifestação que acontece há 80 anos em Carrara todo Primeiro de Maio começou com um momento inesperado: nada de cantos anarquistas, mas sim um cortejo silencioso em homenagem à mais recente vítima do trabalho.


Por Cinzia Chiappini


Até mesmo o Primeiro de Maio Anárquico se curvou aos acontecimentos atuais e, pela primeira vez desde 1945, abriu seu cortejo sem os tradicionais cantos, para lembrar Paolo Lambruschi, trabalhador que morreu (28/04) em um acidente em uma pedreira na segunda-feira. Após o comício na Piazza De André e a colocação de coroas de flores na Piazza Alberica, o cortejo retomou seu rito habitual. Como todos os anos, houve grande participação das Federações Anarquistas de toda a Itália. A manifestação foi encerrada com a colocação de uma coroa no monumento ao sindicalista anarquista Alberto Meschi e um canto final que uniu uma multidão de vozes.


>> Assista o vídeo aquihttps://www.youtube.com/watch?v=9uah6Xm6jbs


Tradução > Liberto


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agência de notícias anarquistas-ana

a lagarta
olha no espelho
a mariposa

Claudio Daniel

[Espanha] Apresentação da HQ de Azagra | Revuelta: Histórias do Punk

Quinta-feira, 8 de maio de 2025, às 19h no Ateneu Enciclopèdic Popular – Rua Reina Amàlia, 38

Histórias do Punk é uma homenagem a todas as bandas, aos primeiros shows, aos “lokais”, à luta por defender esses espaços e à contrainformação. Um panorama das rádios livres, do antimilitarismo, do respeito à diferença e da diversidade de estilos. Não é um tratado com datas e evoluções, mas sim uma HQ sobre algo que aconteceu — e que continua acontecendo. Muitos dos que começaram no Punk acabaram em outras vertentes como o Heavy, o Thrash, o Rock Urbano, o Power-Pop, ou vai saber qual… mas ficou em todos algo que se chamava atitude, a postura diante da vida e contra quem controla o rolê. Essa é a ideia: um olhar para o passado com bom humor, dedicado principalmente a quem não viveu aqueles tempos. AZAGRA e REVUELTA.

ellokal.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Para tricotar
Sento-me numa cadeira
De onde veja o relógio.

Toshiko Nishioka

[Grécia] Nikos Palaiokostas, o Fantasma, o Robin Hood Grego e irmão de Vassilis Palaiokostas, faleceu

Na manhã de hoje (26/04), Nikos Palaiokostas faleceu no hospital de Trikala. Desde 2021, Nikos havia sido libertado por motivos de saúde e passou a cumprir o restante de sua pena em prisão domiciliar, na casa da família em Trikala, da qual podia sair duas vezes por semana para tratamento de diálise na Unidade Renal do hospital.


Nikos Palaiokostas nasceu em Moschofyto, nas montanhas acima de Trikala, em uma família numerosa com origem em pastores. Foi assaltante de bancos, admirado pelo movimento anarquista/revolucionário, herói dos pobres na Grécia e irmão mais velho de Vassilis Palaiokostas, ainda procurado pela polícia. Atuou por vários anos ao lado do irmão ou sozinho, principalmente realizando assaltos a bancos e um sequestro.


Após breve trabalho como marinheiro, envolveu-se rapidamente em “pequenos furtos” e “arrombamentos”, junto com seu irmão mais novo, Vassilis, que já havia começado antes. Em 1988, Nikos foi preso na prisão de Trikala, mas com ajuda de Vassilis escapou em 18 de dezembro daquele ano. No entanto, em 3 de fevereiro de 1990, Nikos foi preso novamente por roubo, e em abril do mesmo ano, Vassilis também foi detido por roubo de carro enquanto planejava ajudar o irmão a escapar novamente.


O contato dos irmãos com Kostas Samaras (conhecido como Artista ou Borboleta) nos anos 1980 foi crucial, pois os três passaram a realizar assaltos a bancos em várias regiões da Grécia. O roubo mais famoso ocorreu em junho de 1992, quando assaltaram a agência do Banco Nacional em Kalambaka, Trikala, de onde levaram 125 milhões de dracmas, até hoje, o maior assalto a banco da história da Grécia. Em 15 de dezembro de 1995, a gangue dos Palaiokostas realizou o primeiro sequestro conhecido no país, raptando o industrial Alexandros Chaitoglou em sua casa, em Tessalônica. A quadrilha exigiu 260 milhões de dracmas de resgate. A família Chaitoglou pagou a quantia, e as autoridades iniciaram uma grande caçada aos criminosos. Somente após três anos de investigação, em 1999, tiveram algum sucesso, quando, após um acidente de carro na estrada nacional Lamia–Livadia, Vassilis foi preso e condenado a 25 anos de prisão pelo sequestro.


Segundo as autoridades, Nikos teria sido o organizador da primeira fuga de helicóptero da prisão de Korydallos, em junho de 2006, que libertou seu irmão Vassilis. A história conta que duas pessoas contrataram um passeio turístico de helicóptero a partir de Agios Kosmas, subúrbio costeiro de Atenas. Elas sequestraram o helicóptero com uma pistola e uma granada, e obrigaram o piloto a voar até a prisão. Quando o helicóptero chegou, os guardas acreditaram que era uma visita de inspetores. O helicóptero levou os prisioneiros até um cemitério próximo, onde trocaram de transporte para motocicletas e fugiram. Infelizmente, Vassilis foi recapturado dois anos depois, em 2 de agosto de 2008, em Tessalônica.


Nikos foi novamente acusado de envolvimento em uma fuga semelhante em 2009, desta vez libertando Vassilis e seu companheiro de cela, Alket Rizai. Eles subiram por uma escada de corda lançada por uma passageira do helicóptero, enquanto este sobrevoava o pátio da prisão. Os guardas abriram fogo, e a mulher revidou com um fuzil automático. Um dos guardas se feriu tentando sacar sua arma. Vassilis continua foragido, com uma recompensa de um milhão de euros por sua captura. Seu colega Alket Rizai foi recapturado em novembro de 2009.


Procurado por 16 anos, Nikos foi finalmente preso em 2006, próximo ao vilarejo de Livadi, no Monte Parnassos, após cair em uma barreira policial montada pelos agentes de Livadia. Tentou escapar em alta velocidade, mas perdeu o controle do carro e saiu da estrada. Nos últimos anos, esteve detido na prisão de Agios Stefanos, em Patras. O Estado se vingou sentenciando Nikos a 197 anos e 376 meses de prisão.


Nikos mostrou que não somos peões do sistema capitalista, que todas as leis do Estado devem ser quebradas, que não existe legal ou ilegal. Os ricos só são ricos porque são deixados assim. Nikos e Vassilis entenderam que tudo o que era necessário era um grupo confiável para tomar o que precisava ser tomado.


Nada mudou desde que os irmãos Palaiokostas humilharam o Estado e os ricos da Grécia. Os ricos continuam ricos, e mais ricos. Há necessidade, agora e sempre, de um novo ciclo de expropriação, seja para financiar a revolução, seja simplesmente para sobreviver neste sistema apodrecido de tirania e desigualdade.


Nunca esqueceremos, nunca perdoaremos. Nikos e Vassilis, estamos com vocês até o fim.


“Se você rouba algo pequeno, é um ladrão comum, mas se rouba milhões, é um cavalheiro da sociedade.”


Para saber mais sobre Vassilis e seu irmão Nikos, leia o livro A Normal Life.


Fonte: https://darknights.noblogs.org/post/2025/04/26/greece-nikos-palaiokostas-the-ghost-the-greek-robin-hood-brother-of-vassilis-palaiokostas-has-passed-away/  


Tradução > Contrafatual


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agência de notícias anarquistas-ana

Em meio ao capim
de onde sopra o vendaval,
lua desta noite.

Miura Chora

[Vila Velha-ES] 1º de Maio de 2025: A rebelião não se cala! Relato do ato histórico da FACA no Old Skull Bar

Na noite do dia 30 de abril, a prefeitura de Vitória, em uma tentativa de silenciar a luta popular, negou o acesso ao Parque Moscoso para o ato convocado pela Federação Anarquista Capixaba (FACA). Mas a manobra não colheu frutos: em menos de 12 horas, reorganizamos forças e ocupamos o Old Skull Bar, em Vila Velha, transformando o espaço em um território livre de resistência. O Primeiro de Maio seguiu em frente, vibrante e combativo, provando que nenhuma muralha do Estado detém a força organizada do povo!


A SOLIDARIEDADE VENCEU A REPRESSÃO!

O ato, que reuniu trabalhadores e trabalhadoras, coletivos autônomos, e a juventude insurgente, mostrou que a burocracia estatal não é páreo para a criatividade revolucionária. As bandas incendiaram o palco com letras que ecoaram contra a exploração capitalista, denunciou a violência policial e a farsa da democracia burguesa, enquanto as rodas de conversa debateram estratégias de ação direta e autogestão com entusiasmo crítico.


A FACA NÃO RECUA, A LUTA SE EXPANDE!

Em discurso emocionado, uma militante da FACA lembrou: “Tentaram nos tirar o espaço, mas não podem nos roubar a história. O Primeiro de Maio não é uma geografia, é um espírito de rebeldia que corre nas veias da classe trabalhadora!”. Aplausos e gritos de “Anarquia e Liberdade!” ecoaram peço espaço.


O Old Skull Bar, tradicional reduto da cena contracultural capixaba, tornou-se palco de um episódio histórico: um Primeiro de Maio que uniu arte, política e resistência sem pedir licença aos opressores. A mensagem foi clara: a FACA não negocia sua existência, não abaixa a cabeça e não cessará de lutar.


PARA ONDE FOREMOS, LEVAREMOS NOSSA CHAMA!

A repressão previsível do Estado só fortalece nossa convicção: a emancipação não será concedida, será conquistada. E enquanto houver um coração que bata por justiça, estaremos nas ruas, nos bares, nas praças e nas mentes, construindo o mundo novo que já lateja em nossas ações.


Até o próximo 1º de Maio!
Pela emancipação de todxs!
Abaixo o Estado e o Capital!


Não nos moverão: da resistência nasce a liberdade! 


Federação Anarquista Capixaba (FACA)
Ação Direta, Autogestão e Coragem!


federacaocapixaba.noblogs.org


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Recanto úmido.
A pedra
e seu delicado capote verde.

Yeda Prates Bernis

[Espanha] CGT presente em mais de 60 mobilizações do 1° de Maio em todo o Estado

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) ocupou as ruas de muitas cidades e povoados do Estado espanhol neste 1º de maio, para deixar claro que a classe trabalhadora organizada sob a bandeira do anarcossindicalismo não está disposta a deixar-se esmagar. É muito notável que a CGT participou em mais de 60 mobilizações, o que atesta a amplitude de nossa representação no conjunto do Estado e o crescimento que está experimentando nos últimos tempos. A de hoje foi uma jornada de reivindicação que sob a epígrafe da Ofensiva Anarcosindicalista aglutinava muitas de nossas lutas cotidianas: desde a melhoria de nossas condições laborais ou contra a periculosidade laboral, até o fim do Genocídio na Palestina. É importante ressaltar também a presença fundamental das lutas feministas, de imigrantes e LGTBi+ em nossos discursos, porque são parte de nossa identidade coletiva.

Somos um sindicato libertário, de classe, internacionalista, feminista, solidário e cada vez com maior presença de pessoas racializadas, e isso se notou hoje em nossas manifestações. Atrás de nossas bandeiras caminharam muitos sentires que se tornam mais fortes quando saímos de maneira massiva às ruas. Também nossas marchas foram um lugar de encontro com outras organizações e plataformas que lutam por um mundo muito diferente do atual, dominado por desalojos, guerras, misérias, transfobia e rearmamento… Ou por outro sindicalismo completamente diferente do nosso, baseado no peleguismo, como o da CCOO e UGT. Nesse sentido, se confirma um ano mais do acerto da confluência anarcossindicalista ali onde nos vimos ombro a ombro com as organizações CNT e Solidariedade Obreira, porque a desunião do espaço libertário é inexplicável nestes tempos de normalização do fascismo e repressão institucional. Juntos somos mais fortes e é preciso valorizar da mesma maneira o encontro com o sindicalismo social, além de com outros grupos, coletivos e organizações de todo tipo que lutam para acabar com este sistema de exploração e miséria. Nos vimos nas ruas da Catalunha, País Valência, Madri, Aragão, Rioja, Andaluzia, Galícia, Canárias, Euskal Herria, Astúrias, Extremadura… Estamos no lado bom da barricada, onde a CGT teve e tem um lugar destacado. Este 1º de maio voltou a demonstrá-lo.

Nas palavras de Miguel Fadrique, Secretário Geral da CGT: “Se comprovou que ano após ano as mobilizações do sindicalismo combativo e de classe crescem e se consolidam. Este ano saímos à rua gritando mais que nunca NÃO ÀS GUERRAS, não às desigualdades sociais e laborais e defendendo serviços públicos de qualidade“.

Viva a luta da classe obreira.

Viva o 1º de Maio: Ofensiva Anarcossindicalista!

cgt.org.es

Tradução > Sol de Abril

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A bola baila
o gato nem olha
salta e agarra

Eugénia Tabosa

[Itália] Primeiro de Maio Anarquista em Ragusa: breve relato do dia

O Primeiro de Maio Anarquista, celebrado pela FAS (Federação Anarquista Siciliana) em Ragusa, contou com grande participação e envolvimento de amigos, companheiros, companheiras e grupos solidários. Durante o comício na Praça San Giovanni, diversas companheiras e companheiros trouxeram em seus discursos temas atuais, como a guerra, o sistema carcerário, o recente decreto de segurança e o alto custo de vida. O evento recebeu apoio e participação solidária do Movimento No MUOS, além de integrantes da Assembleia No Guerra de Palermo e da Federação Anarquista Italiana.


Após o encontro na praça, o evento continuou na sede histórica da FAS, onde muitas pessoas se reuniram para um almoço comunitário. O dia foi encerrado de forma agradável em Modica, na galeria de arte Laveronica, com a inauguração e visita à exposição “Mas Tinha a Revolta nas Mãos”, montada com obras do artista e companheiro Renato Spagnoli. A mostra está aberta ao público e pode ser visitada até o próximo dia 24 de julho. Para mais detalhes, acesse a página de apresentação através do link:

https://www.artribune.com/mostre-evento-arte/renato-spagnoli-ma-avevo-la-rivolta-tra-le-dita/


>> Mais fotoshttps://fasiciliana.noblogs.org/?p=888


Tradução > Liberto


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Almas gêmeas.
A minha geme e a
outra não se acalma.

Rogério Viana

[Espanha] Crônica do 1º de maio da CNT-AIT madrilenha

No dia 1º de maio, a central anarcossindicalista madrilenha saiu às ruas de Vallekas contra a depredação de nossas vidas e do planeta.


Uma marcha combativa pelas ruas desse bairro operário para recordar o potencial revolucionário das classes trabalhadoras, enquanto centenas de folhetos com o manifesto desse dia de comemoração dos trabalhadores foram distribuídos.


Na manifestação, um companheiro denunciou a repressão dos dias anteriores contra os companheiros do CSO [Centro Social Ocupado] Vetades e a necessidade de solidariedade diante do iminente despejo do CSOA La Animosa.


Houve também uma nota repressiva quando a polícia exigiu a documentação de uma companheira porque, de acordo com a versão da polícia, entre os diferentes cantos entoados durante a marcha, ela havia entoado slogans como “Cães de guarda da ordem e da lei…”, “Um míssil para a guarda civil”, etc.


Trabalhador/a: junte-se à CNT-AIT. Juntas, entre iguais, podemos mudar tudo. Não podemos ficar de braços cruzados diante das elites podres desta sociedade.


madrid.cntait.org


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lua n’água
entre pétalas
alumbra o abismo

Alberto Marsicano

[Porto Alegre-RS] Exibição e debate sobre o documentário Interrebellium: O Estallido Social da subMedia

O documentário Interrebellium: 01. O Estallido Social, da produtora de vídeos anarquista subMedia, será exibido dia 08 de maio no Parrhesia, na Travessa dos Venezianos, 30, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. As portas abrem às 18h, e o filme iniciará pontualmente às 19h.


Apresentação do documentário


O primeiro de uma série de documentários, InterRebellium 01. The Estallido Social é uma história contada pelos olhos de participantes anarquistas e anticoloniais da revolta de 2019 nos territórios ocupados pelo Estado do Chile.


O Estallido Social (ou Explosão Social) foi uma revolta popular nos territórios ocupados pelo Estado chileno, desencadeada em 18 de outubro de 2019 por um aumento de 30 pesos na tarifa do transporte público. O que começou como uma campanha liderada por estudantes de pular as catracas do metrô rapidamente se transformou em uma revolta a nível nacional que abalou as bases da sociedade.


Essa revolta nasceu de uma longa história de revolta no chamado Chile. Infelizmente, como nos lembra a participante Yza, as longas histórias de revolta geralmente se devem a longas histórias de repressão. A repressão nessas terras é anterior à formação do Estado chileno, à invasão e conquista espanhola. Mas a era moderna começa com o golpe de 1973 que instalou Augusto Pinochet como ditador. Anos de reformas neoliberais produziram uma classe trabalhadora desiludida e desarticulada. InterRebellium traça as raízes do levante de 2019 nos movimentos estudantis dos anos 2000 e nos movimentos feministas de meados dos anos 2010, bem como na resistência indígena ao longo da história da dominação colonial. O movimento também assimilou dicas e táticas das revoltas que ocorreram simultaneamente em Hong Kong e no Equador.


Durante meses, milhares pessoas travaram batalhas de rua com policiais e militares, organizaram redes de apoio a militantes da linha de frente, criaram assembleias de bairro organizadas horizontalmente, participaram de greves gerais e realizaram atos de incêndio e sabotagem contra símbolos do poder e corporações multinacionais.


O Estallido acabou sendo contido por meio de uma combinação de repressão brutal do Estado, promessas de reforma e de uma nova Constituição, além de uma mudança estética nos antigos símbolos do poder com a eleição do jovem Gabriel Boric, da nova esquerda. À medida que os protestos diminuíram e muitas pessoas se dispuseram a trabalhar dentro dos canais da burocracia estatal, Boric e a nova esquerda ficaram livres para fazer coalizão com as mesmas forças que estavam no poder antes do Estallido, deixando muitos dos piores perpetradores da repressão estatal em suas mesmas funções. Um punhado de presos políticos do Estallido permanece atrás das grades até hoje (abril de 2025).


InterRebellium cobrirá a onda global de revoltas de 2018 a 2020. O título vem do latim e significa “entre revoltas”. Acreditamos que é importante aproveitar esse tempo entre as ondas para relatar nossas experiências em escala mundial e estudar o passado para que estejamos mais bem preparadys para o futuro.


>> Assista o trailer aquihttps://kolektiva.media/w/5GkbidommmFXPNfBttS4KP


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no brejo,
os sapos coaxam.
o vento é frio e úmido.

Alaor Chaves

[Itália] O amor, a luta, a anarquia. O Primeiro de Maio em Carrara

Por Flavia Dell’Ertole

Marcados pela dor por mais uma morte no trabalho, os anarquistas se reúnem, como fazem todos os anos há 80 anos, em Carrara para celebrar o Dia dos Trabalhadores.

Sob um céu de azul vívido, sem uma única nuvem, na fachada de mármore branco brilhante se destaca uma bandeira composta por dois triângulos: um vermelho e um preto. A praça em frente ao teatro vai se enchendo, com um fluxo constante e ordenado, de um povo de lenços vermelhos e pretos, de laços no pescoço e cravos presos ao peito. O povo do Primeiro de Maio. O povo anarquista.

“O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor”, escrevia Ernesto Che Guevara, mas no coração desse povo de revolucionários que se encontra, como todos os anos, no Primeiro de Maio em Carrara, o amor deu lugar à raiva. A raiva e a dor guiam a comunidade anarquista nas celebrações do Dia dos Trabalhadores este ano mais do que nunca, devido a mais uma morte no trabalho, ocorrida justamente em Carrara, poucos dias antes. Em 28 de abril, Paolo Lambruschi, um trabalhador de 59 anos, morreu ao cair de uma pedreira no complexo de Fantiscritti e foi esmagado pelo veículo que conduzia.

O anarquismo e os trabalhadores das pedreiras têm, em Carrara, uma ligação profunda e antiga. Cada acidente, cada morte, reabre feridas jamais realmente cicatrizadas no tecido social à sombra dos Alpes Apuanos. Cada acidente, cada morte, lança luz sobre a exploração dos seres humanos. Cada acidente, cada morte, relembra como conquistas sindicais como as de Alberto Meschi — sindicalista do início do século XX que conseguiu reduzir a jornada de trabalho de pedreiros e mineiros — são hoje apenas uma lembrança distante.

Assim, com um ar pesado, cerca de duas mil pessoas atravessaram o centro de Carrara em uma procissão laica para homenagear seus “mártires”: o anarquista Francisco Ferrer, o partigiano anarquista Belgrado Pedrini, o filósofo Giordano Bruno, o já citado sindicalista Alberto Meschi, os anarquistas Sacco e Vanzetti e os mortos nos Motins de 1894. Durante o cortejo, coroas de flores são colocadas em placas e aos pés de estátuas, enquanto canções históricas do movimento anarquista são entoadas. Por respeito à vítima do acidente na pedreira, porém, pela primeira vez em 80 anos, o Comitê Primeiro de Maio decidiu que o cortejo começaria sem música, “permanecendo em silêncio até o memorial dos Mártires do Trabalho”.

Antes do início do cortejo, sob aquela bandeira, de um pequeno palco adornado com um estandarte negro com a frase em vermelho “nem servos nem patrões”, representantes de diversas entidades tomaram a palavra. Do grupo Germinal, Tiziano reforça que o Primeiro de Maio não é uma festa — e que especialmente este ano não pode ser —, mas sim um dia para reafirmar a vontade de lutar pelos direitos dos trabalhadores. Uma luta contra a chantagem do emprego, contra as mortes no trabalho, duas faces da mesma moeda: o capitalismo. Também foi reiterada a oposição às políticas de rearmamento europeu e a necessidade de uma luta internacionalista.

A fala de Serena e Chiara, do coletivo Non una di meno Massa-Carrara, foca no reconhecimento do trabalho que recai majoritariamente sobre as mulheres — o trabalho de cuidado, remunerado ou não. Sara, da Freedom Flotilla, cita Vittorio Arrigoni e aborda a situação na Palestina: como o genocídio em curso do povo palestino é armado também pela empresa Leonardo, que vende armamentos a Israel, e como esse genocídio serve de teste, um laboratório, para novas armas, drones, sistemas de repressão, controle e inteligência artificial que identificam alvos úteis a Israel para vender armas e equipamentos “testados” no povo palestino.

Federico, da Federação Anarquista de Reggio Emilia, reforça como os acontecimentos atuais demonstram que certos elementos da resistência e do antifascismo libertário continuam dramaticamente presentes. Lembra que partisans e combatentes não escolheram resistir por patriotismo, mas por uma ideia de sociedade que ainda está distante. Comemorando os 80 anos da Federação, o alerta é sobre os fascismos que não se limitam às direitas políticas: muitos comportamentos cotidianos pavimentam o caminho para o fascismo — a xenofobia, a homofobia, os crimes do patriarcado — todas expressões de uma mentalidade baseada na opressão dos outros. Sobre as políticas de rearmamento, recomendam a (re)leitura do Manifesto de Ventotene — aquele texto fundacional da União Europeia que questionava a soberania nacional justamente para evitar a guerra, enquanto a UE atualmente segue na direção oposta. Por isso, diante das guerras, a única posição aceitável é apoiar quem se opõe e deserta, promovendo o internacionalismo e a abolição das fronteiras. Porque sem fronteiras ninguém é clandestino, e sem limites nacionais, ninguém é estrangeiro.

O cortejo então iniciou sua marcha. Para um dia de festa que não é festa. Para um momento de união, de reencontro, para afirmar mais uma vez que o trabalho não é um valor, que o patriotismo não é um valor, que há uma alternativa. Que o anarquismo, como ensinava Pietro Gori, “é apenas uma ideia de amor”.

Um amor furioso, capaz de reconhecer as injustiças — ontem, hoje e amanhã.

Fonte: https://ilmondo-rivista.it/lamore-la-lotta-lanarchia-il-primo-maggio-a-carrara/

Tradução > Liberto

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tão longa a jornada!
e a gente cai, de repente,
no abismo do nada

Helena Kolody

Onde estão os anarquistas?

Se o anarquismo quer ser mais do que crítica, ele precisa tocar o chão da vida. Precisa estar onde a luta acontece sem nome, onde o apoio mútuo já existe sem saber que tem esse nome. Precisa construir presença, relações, confiar no que já está vivo nas bordas. Porque se não chega, se não se envolve, se não escuta, se não se faz gesto — vira só mais um discurso bonito para circular entre iguais. Já temos informação demais. O que falta são experiências vivas. A sociedade está sufocada por dados, por teses, por diagnósticos. Já sabemos o que está errado, quem lucra com isso e quem sangra. Já mapeamos o sistema, suas engrenagens, seus monstros. O que estamos esperando?

O anarquismo não precisa de mais um livro. Precisa de vida. De pulsar no gesto, no coletivo, na partilha, no risco, na criação do agora. Voltar a viver é abandonar a torre, sair do grupo de leitura e entrar no mutirão. É experimentar, errar junto, inventar espaços de autonomia onde só havia cinzas. A revolta já é sentida nas periferias, nos povos originários, nas mães de luta, nas cozinhas coletivas, nos becos, nas margens. E o anarquismo precisa estar ali — não como teoria, mas como prática sensível, afetiva e concreta. O anarquismo precisa voltar a viver. E isso só acontece onde há corpo, chão e encontro.

Maurício Remigio

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agência de notícias anarquistas-ana

Fileira de ipês
ornamenta o quarteirão —
Radiante manhã.

Alberto Murata

[Uruguai] “La Anarkiza Punk Vol.2” – 10 de maio

Com a intenção de realizar uma instância de encontro punk e anarquista que enfatize o caráter político e de confronto do punk, problematizando nossas posições e lutas. Tensionando nossas contradições, aguçando nossas ideias e práticas contra o poder, buscando refrescar o espírito anárquico do punk, um grupo de adoráveis e malditos anarcopunks fez um chamado para levantar essa instância além de quaisquer limites impostos por qualquer Estado burguês, que conseguiu reunir companheiros anarcopunks, anarquistas e punks anarquistas de diferentes cidades de Abya Yala.


Saudamos todos os companheiros que mobilizaram seus corações negros e ativaram toda a força da autogestão e do “Faça Você Mesmo” para coordenar essa iniciativa sem fronteiras.


Abraços de rebeldia aos companheiros dos territórios dominados pelos Estados do Chile, Colômbia, Argentina, Peru, Brasil, Costa Rica, Equador, Colômbia, México, Cuba, Paraguai, Guatemala com os quais sincronizaremos as jornadas.


A atividade começa às 16 horas e será um longo dia repleto de atividades interessantes: palestras, exposições, bandas ao vivo e teatro, entre outras expressões da contracultura.


Convidamos todas as afinidades a participar desse belo encontro. Tragam suas feiras de propaganda, suas editoras, suas feiras de ofícios e tudo o que representa o espírito da contracultura.


Esperamos vê-los no próximo sábado, dia 10 de maio, na praça do Clube Vitória.


ASSISTA, DISSEMINA, CONSPIRA, PROPAGA, ATACA, DESOBEDECE!


Desde o território controlado pelo Estado uruguaio.


Conteúdo relacionado:


https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/11/america-latina-anarkiza-la-punk-v-2-10-de-maio/

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Sesta no jardim:
a borboleta me acorda.
Coça o meu nariz.

Anibal Beça

[Espanha] Crônica do Primeiro de Maio de 2025 em Ciudad Real

A Confederação Nacional do Trabalho (CNT) de Ciudad Real convocou a manifestação do 1º de Maio, Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, na capital, sob o lema “que trabalhem eles, por um emprego que não nos roube a vida”.

Cerca de duzentas pessoas compareceram ao ato, que partiu da Praça das Terreras, onde foi realizada a leitura do Manifesto Confederal. Nele, reivindicou-se que “outro mundo e outra vida não só são possíveis, como necessários”.

Durante o percurso habitual, foram feitas paradas em:

  • Porta dos Correios; Esquina da Rua Paloma com a Rua Calatrava; Subdelegacia do Governo; Praça Mayor.

Em cada local, houve intervenções de coletivos ou indivíduos que abordaram temas urgentes, como:

  • A privatização das aposentadorias; A normalização da exploração laboral (agravada no caso das mulheres); A mercantilização dos cuidados em hospitais, escolas e serviços sociais; Conciliação trabalho-vida pessoal; Renda básica universal; Precariedade na hotelaria; A necessidade de investir em saúde, educação e infraestrutura (em vez de armamentos), para evitar que vírus ou apagões nos dominem com facilidade.

Ao longo das ruas, entoaram-se cantos como:

  • “Operária, se não lutas, ninguém te escuta!”; “Nenhuma pessoa é ilegal!”; “Viva a luta da classe trabalhadora!”; “Palestina livre!”; “A luta é o único caminho!”; “Primeiro de Maio, operário libertário!”; “Nenhum passo atrás na luta sindical!”; “Governe quem governar, os direitos se defendem!”; “Todas as guerras são assassinatos!”

Na Praça do Pilar, dois militantes leram comunicados destacando “as desigualdades do capitalismo e como a solução está em nossas mãos”. O grupo De Pitarra Ska encerrou o ato com três canções, marcando o fim de um dia de luta e resistência.

>> Mais fotoshttps://ciudadreal.cnt.es/2025/05/02/cronica-del-primero-de-mayo-2025-en-ciudad-real/

Tradução > Liberto

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Fique atento:
do vôo doido
a andorinha tira sustento.

Jandira Mingarelli

[Itália] Atualização sobre Alfredo Cospito

Olá a todxs:

As atualizações que estamos recebendo sobre a situação do companheiro Alfredo Cospito descrevem uma clara piora das já aberrantes condições do isolamento 41-bis.

Há vários meses, Alfredo enfrenta uma limitação progressiva das já restritas possibilidades de viver no regime penitenciário ao qual está submetido desde 2022. Isso inclui:

Bloqueio quase total da correspondência de/para o exterior;
Impossibilidade de acessar a biblioteca interna (autorização que Alfredo havia recebido da Direção);
Retenção de livros adquiridos regularmente pela livraria da prisão (como prevê o regime 41-bis);
Bloqueio de outros itens de uso diário, como farinha ou roupas.

Isso ocorre paralelamente à condenação em primeira instância do subsecretário da Justiça, Delmastro, por revelação de segredos oficiais (justamente pelo caso das escutas telefônicas divulgadas ao Parlamento por Donzelli, que interceptaram conversas entre Alfredo e outros detentos que integravam seu “grupo social”).

Outras “coincidências” que podem ter peso neste caso:

A demissão, no final de dezembro passado, do diretor da DAP (Direção da Administração Penitenciária), Giovanni Russo, que havia testemunhado não exatamente a favor de Delmastro no processo contra ele;
O retorno ao comando da seção 41-bis de Bancali do GOM (polícia militarizada especial vinculada às seções 41-bis), transferido anteriormente por seu envolvimento no caso das escutas.

Por isso, relançamos o apelo divulgado no ano passado sobre a correspondência direcionada a Alfredo, como primeiro passo para recuperar força e constância na mobilização para tirar Alfredo do isolamento e continuar lutando contra a prisão perpétua e o regime 41-bis.

CONTINUEMOS A ESCREVER PARA ALFREDO!

É muito importante continuar enviando cartas ao companheiro Alfredo Cospito, ainda preso no regime 41-bis do presídio de Bancali (Sassari). O trabalho meticuloso (e muitas vezes incompreensível e contraditório) da censura, somado à superficialidade típica das prisões italianas e à falha no serviço postal (cada vez mais precário para comunicações de presos), torna recomendável o uso de métodos rastreáveis, como:

Correio registrado (mesmo sem aviso de recebimento);
“Posta 1”.

O comprovante e o código de rastreamento permitem verificar o status do envio e iniciar processos burocráticos para tentar desbloquear a correspondência, já que os agentes nem sempre informam retenções e, muitas vezes, as cartas simplesmente desaparecem.

Por isso, convidamos todxs xs solidárixs a:

Enviar cartas a Alfredo;
Enviar scans ou fotos dos comprovantes/códigos de rastreamento para a Cassa Antirep delle Alpi Occidentali, que os reunirá e encaminhará ao advogado de Alfredo para interpor recursos e recuperar o máximo possível de cartas.

A solidariedade é um ato concreto! Não deixaremos Alfredo nas mãos dos algozes do Estado: inundemo-lo de afeto através de cartas e postais!

Endereço para escrever:

Alfredo Cospito 
C.C. «G.Bacchiddu» 
Strada Provinciale 56, n°4 
Località Bancali 
07100 Sassari  – Itália

Enviem comprovantes para: cassantirepalpi@autistici.org

Contra todas as prisões!

Cassa AntiRep delle Alpi occidentali
Borrokan


Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/03/26/supremo-tribunal-italiano-rejeita-pedido-de-alfredo-cospito-para-sair-do-41bis/

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Tens frio nos meus braços
Queres que eu aqueça
O vento

Jeanne Painchaud

[Espanha] Crônica: A CNT saiu às ruas no dia 1º de maio

Neste 1º de maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, a CNT participou de mobilizações em dezenas de cidades da Espanha com uma mensagem forte: diante da precariedade, da repressão e do descrédito do sindicalismo institucional, a resposta está na organização direta desde baixo.
 
Este ano, o slogan da confederação foi “Que trabalhem eles. Por um emprego que não nos roube a vida” e, nesse espírito de protesto, milhares de pessoas foram às ruas em todo o país, convocadas pela CNT para exigir um modelo sindical alternativo, sem subsídios, sem liberados, sem hierarquias. As manifestações, que ocorreram em uma atmosfera combativa e festiva em partes iguais, destacaram a urgência de defender os direitos trabalhistas desde as bases, sem intermediários ou pactos com os detentores do poder.
 
Em cidades como Madri, Barcelona, Granada e Bilbao, o comparecimento foi notável, com colunas compactas e uma atmosfera claramente de protesto. Esses atos demonstraram não apenas a capacidade de mobilização do sindicato, mas também seu crescimento sustentado em termos de filiação e presença territorial. Longe de ser um ator marginal, a CNT está provando ser uma referência viva e crescente para setores cada vez mais amplos da classe trabalhadora.
 
Durante os concentrações e atos subsequentes, os sindicatos denunciaram o aumento da precariedade laboral, a cronificação da pobreza, a criminalização dos protestos e a negligência das instituições pelas classes trabalhadoras. Também foi prestada homenagem à memória dos trabalhadores, com referências às origens do Primeiro de Maio e às lutas históricas do movimento anarcossindicalista.
 
Além das marchas, em muitos territórios o dia incluiu atividades culturais, projeções, refeições populares e reuniões entre militantes, em um claro compromisso com o fortalecimento do tecido comunitário e a construção de uma alternativa real baseada no apoio mútuo e na solidariedade.
 
Longe das grandes manchetes, a CNT mais uma vez nos lembrou que o Primeiro de Maio não é um feriado, mas um dia de luta. E fez isso com a coerência daqueles que, mais de um século depois, ainda estão comprometidos com a transformação da sociedade por meio da ação direta e da autogestão.
 
>> Mais fotos:
 
https://www.cnt.es/noticias/cronica-la-cnt-tomo-las-calles-el-1-de-mayo/?
 
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Outono –
as folhas caem
de sono
 
Cláudio Fontalan

Contra exploração de petróleo na foz do Amazonas – Ação Direta!!!