[Argentina] Já saiu a Ovelha Negra Nº 100!

Nesta edição de julho de 2025:
 
• Natalidade e Capital na Argentina. Ontem diziam que os pobres “têm filhos para receber auxílios sociais”; hoje dizem que “a Argentina ficará despovoada”. Como a questão populacional é fundamental para compreender esta sociedade e suas transformações, abordamos o tema.
 
• Completamos 100 edições e não adormecemos. É uma alegria manter a constância na periodicidade do boletim durante todos esses anos e compartilhar a significativa centésima edição.
 
• Novo número dos Cadernos de Negação: Notas sobre aborto, gênero e população.
 
• Vozes do Irã. Na Temperamento Rádio, amplificamos testemunhos e panfletos dessa região sitiada por dois Estados.
 
Site do boletim para ler esta e edições anteriores:
 
https://boletinlaovejanegra.blogspot.com/
 
Para quem quiser colaborar e apoiar financeiramente este boletim de distribuição gratuita podem o fazer por aqui:
 
https://biblioteca-ghiraldo.com.ar/aportes#region
 
Tradução > Liberto
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Um vulto se afasta
mergulhado bruma adentro.
Fria despedida
 
Alberto Murata

[Itália] Obrigadx a todxs! 80 anos de anarquia!

Segue o discurso feito no palco antes do show (pra quem não estava) e algumas fotos.

Olá a todxs e obrigadx por estarem conosco esta noite.

Antes de começar, queríamos agradecer às Officine Sociali por receberem este evento, ao Muro del Canto, ao Mister X e à Miss Deesaster pelo DJ set, à Roberta pelo som, e a todxs que de alguma forma nos apoiaram.

Como sabem, hoje celebramos 80 anos desde a fundação do nosso grupo em 1945. Naquele ano, companheiros e companheiras que viveram décadas de ditadura fascista – mantendo a luta de formas diversas, muitas vezes pagando um preço alto – reuniram-se para retomar os fios da militância.

Uma longa história, a do grupo, que vocês podem conferir na última edição do [jornal] Germinal.

Décadas depois, seguimos aqui teimosamente defendendo as ideias de liberdade, igualdade e solidariedade.

Nosso Grupo é parte inseparável da história desta cidade. Resistiu ao tempo, renovou-se geração após geração – sem santos no céu nem apoios de cima – graças à participação direta (seja constante ou pontual) de tantxs que ao longo dos anos se identificaram com o discurso anarquista.

Mas o que é o anarquismo para nós?

Para nós, anarquismo é sinônimo de organização: assembleias horizontais, de baixo para cima, sem hierarquias.

É autogestão, é autofinanciamento – assim como o evento de que vocês participam hoje. Por isso, convidamos todxs a serem generosxs!

Anarquismo é ação direta, é ação coletiva, contra toda forma de delegação ou atalhos ilusórios institucionais.

Nesses 80 anos, fizemos uma porção de coisas e, com certeza, também cometemos erros. Promovemos e participamos de incontáveis lutas. Em muitos casos, perdemos; vez ou outra, conquistamos algumas vitórias.

Mas qual é, hoje, o sentido do anarquismo? Da luta por um mundo diferente?

O sistema social, econômico e político em que vivemos mostra, dia após dia, sinais de uma crise irreversível que já ameaça a própria vida no planeta.

As guerras são uma realidade brutal no nosso presente.

Nossas cidades estão cada vez mais militarizadas, controladas, moldadas apenas para servir ao turismo de massa.

A repressão social e política cresce exponencialmente.

Fronteiras e muros se erguem cada vez mais, seguindo ceifando vidas – da rota balcânica àquele cemitério a céu aberto chamado Mediterrâneo.

Mesmo que o mundo pareça ir na direção oposta, e que nenhuma alternativa radical pareça possível no horizonte, seguimos teimosamente acreditando que uma sociedade de pessoas livres e iguais, solidárias e autônomas, sem Estados e sem fronteiras, não só é possível, como é a única utopia pela qual vale a pena lutar.

Nesse sentido, nosso pensamento vai para todas as lutas ao redor do mundo que buscam mostrar que é possível viver de outro jeito: do Rojava ao Chiapas, das ZADs (Zonas a Defender) aos momentos mais intensos da luta no Vale de Susa (Valsusa) contra o TAV (Trem de Alta Velocidade), e tantas outras.

Sabemos que nossa proposta política não é simples e que o trabalho pela frente é imenso.

Mas também sabemos que algumas coisas já podem ser feitas agora: criar espaços de autogestão e socialidade não mercantilizada nos bairros, promover redes de solidariedade e apoio mútuo, expor as atrocidades das instituições, combater passo a passo os mil projetos nefastos de devastação do território, do meio ambiente e dos serviços públicos.

Não nos deixemos vencer pela resignação e pela passividade! Vamos colocar em ação nossas inteligências e nossas paixões. Nós faremos nossa parte.

Queremos terminar com uma saudação e uma dedicatória.

Queremos saudar o companheiro “Stecco”, preso na cadeia de Sanremo e condenado a longos anos de detenção por sua militância anarquista. Com o Luca, percorremos um trecho do caminho juntos, e nunca faltaram solidariedade e apoio. Convidamos vocês a escreverem para ele: peçam o endereço em nossa bancada.

Por fim, queremos dedicar esta noite a Alessandro Morena, companheiro da região de Isonzo, falecido há algumas semanas. Recordamos todas as companheiras e companheiros que vieram antes de nós e que já não estão aqui. Se estamos aqui, se vocês estão aqui, devemos isso a eles também.

Por eles também, continuaremos a fazer o possível e a espalhar a plenos pulmões as sementes da anarquia!

Grupo Anárquico Germinal

Fonte: https://germinalts.noblogs.org/post/2025/06/30/grazie-a-tutt-80-anni-di-anarchia/2/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Subo a ladeira.
A pata-de-vaca florindo
timidamente.

Yara Shimada

[Galícia] IV Feira do Livro Anarquista da Corunha

Nos dias 12 e 13 de julho, acontecerá a Feira do Livro Anarquista da Corunha, com a participação de mais de vinte editoras galegas, portuguesas e espanholas, tendo como tema central o anarcofeminismo.

Este ano, a Feira do Livro Anarquista da Corunha (FLAC) celebra sua quarta edição. As três anteriores, realizadas entre 2021 e 2023, estabeleceram as bases do que é hoje a feira: um espaço de encontro, debate e visibilidade do pensamento anarquista a partir de uma perspectiva plural. Na primeira edição, a FLAC focou na relação entre o anarquismo galego e o português. Na segunda, o tema central foi o ecologismo social, com mesas-redondas sobre crise climática, extrativismo e alternativas comunitárias. A terceira edição foi dedicada ao anarquismo e à organização, abordando debates sobre modelos organizativos e estratégias do anarquismo no século XXI.

Diferentemente dos encontros anteriores, realizados em setembro, este ano a feira acontecerá em julho, servindo como encerramento do Seminário de Estudos Libertários Galegos (SELG) e conectando-se com a celebração do Dia das Papoulas Libertárias. O tema desta edição é o anarcofeminismo, abordado por meio de uma rota, uma exposição, uma oficina de fanzines, uma peça de teatro e, claro, diversas apresentações de livros, conferências e mesas-redondas.

O evento ocorrerá no bairro do Orzán, em A Corunha, um local central para a memória da cultura libertária galega, pois foi sede das principais editoras e jornais anarquistas galegos desde o final do século XIX. Os stands de venda de livros ficarão na praça de San Andrés, e as apresentações acontecerão no Circo de Artesáns, instituição centenária que abrigou as primeiras sociedades operárias da cidade. Como nas edições anteriores, a FLAC se estenderá pelos bares e cafés do bairro, que receberão algumas apresentações e peças de uma exposição descentralizada sobre mulheres anarquistas na história, organizada pelo Ateneu Libertário A Engranaxe, de Lugo.

Os stands de venda e as apresentações de livros ocorrerão durante todo o sábado, 12 de julho, e na manhã de domingo, 13 de julho. Os títulos apresentados abrangerão desde histórias de militância anarcofeminista até ensaios de teoria política. Destaque para a publicação do anuário do SELG, que reúne as palestras do curso atual, abordando o anarcofeminismo de forma ampla e profunda. O anuário começa com uma introdução aos fundamentos teóricos e à evolução histórica do movimento, desde suas origens nos movimentos operários até as lutas contemporâneas contra o patriarcado, o Estado e o capitalismo. Em seguida, recupera a memória das mulheres anarquistas galegas, destacando seu papel no movimento operário e na resistência antifranquista, além das dificuldades em documentar suas histórias devido à escassez de fontes. A publicação também explora dissidências silenciadas, dando voz a experiências de mulheres migrantes, trabalhadoras sexuais e ativistas, e promovendo reflexões coletivas sobre suas trajetórias. Por fim, o anuário aborda os desafios atuais do ativismo libertário, especialmente em relação aos cuidados, à diversidade, ao antipunitivismo e à gestão de conflitos, defendendo a construção de espaços mais abertos, seguros e transformadores.

Além do ensaio histórico e político, haverá espaço para a apresentação de quadrinhos e antologias de poetas libertárias. Junto às apresentações, ocorrerão mesas-redondas e conversas sobre temas como as estratégias de resistência das mulheres rurais galegas durante o franquismo. Também haverá formatos interativos, como uma oficina de fanzines feministas, organizada pelo coletivo Autobán, que realiza anualmente um festival de autoedição.

Como novidade, no domingo ao meio-dia, haverá uma sessão musical aberta, destacando o papel das mulheres na tradição musical popular da Galiza. Esta foliada libertária contará com cantoras e percussionistas que resgatam a memória oral da dissidência e da rebeldia por meio do canto coletivo.

As celebrações começarão dois dias antes da feira, em 10 de julho, com o Dia das Papoulas Libertárias. Organizado pelo coletivo Refuxios da Memoria, esta data homenageia as mulheres anarquistas do bairro de Atochas, que teceram uma rede de resistência contra o nacional-catolicismo nos primeiros anos do franquismo. Essas mulheres foram protagonistas da resistência antifranquista em A Corunha, arriscando suas vidas e usando suas casas como refúgios para militantes perseguidos. Em 10 de julho de 1937, muitas delas foram assassinadas após a infiltração de um espião da Guarda Civil. Desde 2017, o coletivo Refuxios da Memoria celebra sua memória com palestras, rotas e festas no bairro.

Este ano, o Dia das Papoulas incluirá uma rota pelos locais que foram refúgios dessas mulheres, além de espaços de socialização libertária e patrimônio operário ainda existentes no bairro, contrastando com a atual especulação imobiliária. Na sexta-feira, 11 de julho, como ponte entre os eventos, será encenada no Circo de Artesáns a peça Casas-Refúgio: Uma história das mulheres libertárias, de Helena Salgueiro, seguida de uma festa de inauguração da exposição sobre mulheres anarquistas na história.

As inscrições para editoras e autoras que desejem participar com stands ou apresentações estão abertas até 15 de junho. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail flac@refuxiosdamemoria.org. A feira busca ser um espaço de encontro, aprendizado mútuo e celebração da criatividade e da resistência.

Assim, por meio de livros, palavras, cantos e imagens, a IV Feira do Livro Anarquista de A Corunha aspira não apenas a difundir o pensamento libertário, mas também a construir, junto àqueles que lutaram no passado, novos espaços de liberdade e organização.

Instagram: @refuxios_da_memoria

Twitter: @refuxios

Fonte: https://www.todoporhacer.org/feira-libro-anarquista-corunha/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Imersa em neblina
a cidade se reveste
de um tom de nostalgia…

Delores Pires

[Espanha] A homenagem socialista espanhola a Kropotkin

por Eduardo Montagut | 18/06/2025

Em 1º de fevereiro de 1921, o jornal El Socialista prestou homenagem, em sua primeira página, à figura de Piotr Kropotkin, “príncipe, escritor e revolucionário russo”. Relembramos o que o jornal relatou sobre sua vida e obra, no centenário da morte dessa personagem fundamental.

O jornal revisava sua trajetória desde o nascimento em Moscou, no ano de 1842, em uma família da nobreza. Após realizar brilhantes estudos na escola de pajens de São Petersburgo, passou a servir no exército da Sibéria, destacando-se no serviço. Depois da insurreição na Polônia, abandonou a carreira militar e se dedicou à ciência, exercendo o cargo de secretário de uma Seção da Sociedade Geográfica.

Em 1872, durante uma viagem pela Suíça e Alemanha, decidiu ingressar na Internacional. Ao retornar à Rússia, entregou-se com entusiasmo à propaganda. Foi preso em 1874, julgado e condenado a vários anos de prisão, mas conseguiu escapar. Mudou-se para a Inglaterra e Suíça, onde viveria por muitos anos. O jornal socialista afirmava que, a partir da Suíça, assumiu a direção do movimento anarquista, fundando e dirigindo o jornal La Révolté. Como foi expulso do país helvético, passou a residir na França. Foi processado em consequência do atentado na praça Bellecour e condenado, em 1883, a cinco anos de prisão e a uma multa de dois mil francos. Foi indultado em 1886, decidindo retornar à Inglaterra. Viveu nos arredores de Londres até a eclosão da Revolução Russa. Mudou-se para Dimitrov, onde faleceu.

El Socialista afirmava que ele fora um eminente teórico “e uma das figuras mais relevantes da escola utopista”. Era um homem pacífico, muito trabalhador e afável, o que lhe granjeou muitos amigos e admiradores em todos os “partidos avançados” da Europa. Também dizia que Kropotkin tinha especial afeição pela Espanha, cujo movimento operário conhecia bem.

O jornal destacava, entre suas numerosas obras: Palavras de Rebeldia (1885), As Prisões da Rússia e da França (1890), A Conquista do Pão (1892), A Grande Revolução (1893), A Anarquia, sua Filosofia e seu Ideal (1896) e, sobretudo, Memórias de um Revolucionário, considerada um modelo de autobiografia. Conforme informado, Kropotkin estava preparando uma obra sobre a Revolução, a qual apoiava, embora discordasse dos métodos empregados pelos que estavam no poder.

Consultamos a edição nº 3737 de El Socialista.

Fonte: https://www.entreletras.eu/temas/el-homenaje-socialista-espanol-a-kropotkin/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

a luz do poente
escala a alta montanha;
no cume será a noite.

Alaor Chaves

[Reino Unido] Revista Muntjac |Chamada para Artigos – Edição 3: Espiritualidade

Estamos em busca de artigos, poesias, prosas, entrevistas*, respostas diretas a outros textos e resenhas de livros/filmes sobre Espiritualidade, escritas por anarquistas e antiautoritários da Maioria Global**. O prazo para envio de contribuições se encerra em 1º de outubro, e a revista será lançada na Noite dos Mártires Anarquistas (11 de novembro)***.

Sempre existiu uma relação conflituosa entre religião, misticismo, espiritualidade e anarquismo. Temos visto isso acontecer inúmeras vezes online, em espaços de organização e nos movimentos dos quais fazemos parte. Algumas pessoas consideram essas esferas incompatíveis com o pensamento anarquista; outras possuem crenças fundamentadas em forças (não) transcendentais, sem precisar da religião para explicá-las; enquanto há quem veja nos espectros religiosos e espirituais práticas que correm em paralelo aos seus ideais anarquistas.

Poucas publicações abordaram a questão da (in)compatibilidade entre essas ideologias, e menos ainda criaram espaço para explorar todas as posições intermediárias.

Encorajamos contribuições de todas as pessoas, crentes e descrentes, praticantes, céticas e desiludidas. O objetivo desta edição é inspirar pensamento crítico e discussão. As áreas de enfoque podem incluir (mas não se limitam a): anarquismo religioso/espiritual/místico, interpretações anarquistas de religiões abraâmicas, paralelos entre anarquismo e religião/espiritualidade/misticismo e poder, teologia anarquista etc.

Aceitamos textos em qualquer idioma, desde que possamos traduzi-los com ferramentas online ou que você esteja disposto a fornecer versões em inglês e no outro idioma. Não é necessário escrever em registro acadêmico. Não há um mínimo de extensão, e o máximo sugerido é de cerca de 4.000 palavras. Textos mais longos podem ser mais adequados como zines individuais (e ficaremos felizes em ajudar nisso!).

Envie para: fawnarchy@grrlz.net (sinta-se livre para usar https://tempr.email)

ou

Fale conosco no Signal: @ muntjac161.96

Preferimos que as pessoas enviem seus textos como texto simples no corpo do e-mail ou mensagem no Signal (em vez de anexar arquivos em CryptPad, Google Drive, Word, Open Office ou ZIP), pois esses formatos exigem mais tempo de reformatação e atrasam nossas respostas.

Nosso único conselho é: seja honesto, seja vulnerável. Nós, enquanto coletivo, somos bastante diversos: alguns de nós fomos criados em comunidades conservadoras religiosas na diáspora aqui na Inglaterra, alguns se afastaram da espiritualidade com o tempo, outros se converteram, outros são verdadeiros crentes, e há quem pertença a grupos etno religiosos perseguidos, que só estão aqui por causa da opressão exercida por poderes hegemônicos regionais.

Alguns de nós têm altares. Outros jamais se ajoelhariam diante de um.

* Podemos conduzir entrevistas, se você pedir com gentileza e nos der tempo e contexto suficientes.

** Maioria Global, neste contexto, refere-se aos povos que compõem a maioria da população mundial, ou seja, todas as pessoas que não são brancas.

*** “Os galleanistas comemoravam três datas por ano: o aniversário do início da Comuna de Paris (18 de março), o Primeiro de Maio, e o aniversário das execuções de Haymarket (11 de novembro). Alguns de nós têm celebrado o 11 de novembro como a Noite dos Mártires Anarquistas nos últimos quatro anos, e propomos uma retomada mais ampla dessa tradição dentro da galáxia anarquista. Reúna-se com amizades, leia em voz alta as palavras de ancestrais anarquistas que morreram pela Anarquia, mas, mais importante ainda, daqueles que viveram por ela. Façam oferendas de fogo e beleza.” [Trecho de T*inderbox, Edição 2: “Dez Teses sobre a Anarquia Espiritual”]

Revista Muntjac

muntjacmag.noblogs.org

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

lerdamente,
a água empurra a água
e o rio flui.

Alaor Chaves

[Rússia] Arrecadação de recursos para a defesa do anarquista Ruslan Sidiki

Em 23 de maio, o anarquista Ruslan Sidiki foi condenado a um recorde de 29 anos de prisão. Ele recebeu essa sentença por duas ações de sabotagem contra a infraestrutura militar: explodir um trilho de trem e realizar um ataque de drone em um campo de aviação. Ruslan explicou suas ações como uma tentativa de impedir ataques à Ucrânia.
 
Ruslan planejou cuidadosamente as ações para evitar vítimas. Como resultado do ataque ao aeródromo, a pista foi danificada, e a explosão controlada nos trilhos da ferrovia causou o descarrilamento de 19 vagões de trem de carga.
 
Apesar de não ter havido vítimas, Ruslan foi condenado a 29 anos de prisão! Isso é inconcebível em um país onde o assassinato geralmente acarreta uma sentença de cerca de 10 anos. Nessas condições, não há esperança de justiça – mas Ruslan é um cidadão italiano, portanto, há uma chance de permuta de prisioneiros. O advogado de Ruslan também entrou com uma petição para que ele seja reconhecido como prisioneiro de guerra (de acordo com as Convenções de Genebra, os membros de movimentos de resistência também podem receber o status de prisioneiro de guerra), para aumentar as chances de uma troca.
 
Quando Ruslan foi detido, ele foi brutalmente torturado e depois ameaçado com mais tortura. Esse é mais um motivo pelo qual acreditamos que é essencial fornecer a ele apoio jurídico.
 
Estamos arrecadando 210.000 rublos para pagar o trabalho de um advogado por três meses. Isso inclui a apresentação de uma apelação, visitas a Ruslan e outras ações legais necessárias. Apoie a campanha de arrecadação de fundos! Ninguém deve ficar sem defesa legal!
 
Doações em rublos pela plataforma Zaodno
 
Para doações em moeda estrangeira:
IBAN: DE13 3701 9000 1011 1414 52
BIC: BUNQDE82
Titular do cartão: Anastasiia Bogdanova
PayPal: firesoffreedom@protonmail.com
 
Criptomoeda:
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Se possível, ao doar por meio de criptomoeda, envie-nos um e-mail para: firesoffreedom@protonmail.com
 
Doar para a defesa legal na Rússia é totalmente legal, e não há precedentes de perseguição por isso. No entanto, se o seu trabalho exigir total anonimato em tais questões, recomendamos o uso da criptomoeda anônima Monero.
 
Escreva para o endereço de Ruslan: Sidiki Ruslan Kasemovich, nascido em 1988, SIZO-2 ul. Krasnaya d.1. a, 391999, Ryazanskaya oblast, g. Ryazhsk, Rússia. Observe que as cartas devem ser escritas em russo – você pode usar as ferramentas de tradução on-line para isso. As cartas também podem ser enviadas por meio do serviço on-line PrisonMail.Online.
 
Fonte: https://avtonom.org/en/news/fundraising-defense-anarchist-ruslan-sidiki
 
Tradução > acervo trans-anarquista
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Tarde fria de junho —
Vejo, pela primeira vez
flores de cerejeira.
 
Tania Alves

[Hungria] A antifascista Maja está hospitalizada. Está em greve de fome há um mês contra sua prisão

Maja, a antifascista alemã presa na Hungria por participar de manifestações antinazistas em Budapeste em fevereiro de 2023, foi hospitalizada.

Maja está em greve de fome desde o início de junho contra suas condições de prisão: o isolamento constante na cela, baratas e revistas corporais diárias são apenas alguns dos aspectos que Maja denuncia na prisão húngara.

Nesta terça-feira, 1º de julho [de 2025], ela foi internada em um hospital após o agravamento de seu estado de saúde. A internação, no entanto, ocorreu em um hospital na fronteira com a Romênia, a 260 km de Budapeste. Sua saúde, escrevem os companheiros do grupo Free All Antifas, “piorou a tal ponto que foi necessária a hospitalização”.

O Free All Antifas pede pressão sobre os responsáveis pela extradição legal, para que Maja possa retornar à Alemanha.

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Chuvisco hibernal
respinga na água da lagoa…
O cisne desliza.

Helena Liborio Pires

[Suíça] Maja Livre

Em solidariedade antifascista à Maja, invadimos a entrada do Cônsul Honorário da República Federal da Alemanha em Zurique.
 
Após sua extradição ilegal da Alemanha para a Hungria, Maja está em greve de fome desde 5 de junho de 2025. Ela está fazendo isso para lutar contra as condições desumanas na prisão e para protestar contra a ameaça de extradição de outros antifascistas acusados ​​no complexo de Budapeste. Greves de fome são uma ferramenta tradicional usada por revolucionários na prisão para melhorar as condições prisionais e travar uma luta autodeterminada na prisão. Temos grande respeito por todos os lutadores que tomam essa decisão poderosa.

Os ataques contra mulheres e homossexuais não se limitam à Hungria e à Alemanha, mas são uma expressão global de um clima reacionário emergente da crise capitalista. Isso torna a luta antifascista militante uma necessidade. Nos solidarizamos com Maja e todos os antifascistas acusados. Da Hungria a Zurique e ao mundo.
 
Libertem Maja e todos os antifas.
Amor e força para os que estão na clandestinidade e na prisão.
Estamos com vocês.

 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Convite ao silêncio —
O som das folhas secas
pisadas na trilha.
 
Carlos Martins

[Itália] “Esta é a lepra que chamais de civilização”

“Esta é a lepra que chamais de civilização”. Palavras vivas de Alfredo Cospito no processo “Síbila” (e atualizações sobre sua detenção)
 
Embora tenha se passado algum tempo desde a audiência do processo “Síbila” – que, aliás, terminou com o arquivamento do caso –, julgamos necessário manter bem diante dos olhos (e no coração) a declaração proferida na ocasião por Alfredo Cospito: suas últimas palavras que, até agora, emergiram das trevas do regime 41 bis. Não esqueçamos: nosso companheiro ainda está sob regime de segregação e tortura! Libertem Alfredo do 41 bis!
 
– Leia a declaração de Alfredo:
 
https://ilrovescio.info/wp-content/uploads/2025/04/dichiarazione-alfredo-cospito-15-gennaio-2025-volantino.pdf
 
– Relato da audiência e declarações de outros companheiros no processo “Síbila”:
 
https://ilrovescio.info/2025/01/19/questa-e-la-lebbra-che-chiamate-civilta-parole-vive-dalludienza-preliminare-dellop-sibilla/
 
– Últimas atualizações sobre Alfredo:
 
https://ilrovescio.info/2025/05/04/aggiornamenti-su-alfredo-cospito/
 
Fonte: https://ilrovescio.info/2025/04/02/questa-e-la-lebbra-che-chiamate-civilta-parole-vive-di-alfredo-cospito-al-processo-sibilla/
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/06/13/italia-a-vinganca-do-estado-contra-alfredo-cospito-o-anarquista-enterrado-no-41-bis/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Capim de inverno—
Geme no vento da tarde
daqui para ali
 
Hazel de S.Francisco

[Itália] Buscas nas casas de dois companheiros da Garage Anarchico de Pisa

Na madrugada de quarta-feira, 25 de junho [de 2025], ocorreu uma busca domiciliar na casa de um companheiro em Massarosa (província de Lucca), relacionada a uma investigação da Promotoria de Bologna. A operação mira 15 companheiros de várias regiões da Itália, por suposta ligação com o incêndio de dois carros da polícia ferroviária em Rimini em 20/04/2023 (crimes: art. 423 C.P. – incêndio; art. 270 BIS 1 C.P. – associação subversiva; art. 110 C.P. – concorso; art. 635 c.2 C.P. – dano qualificado).

No dia seguinte, os policiais voltaram a agir ao amanhecer na casa de outro companheiro, desta vez sobre pichações no tribunal de Massa durante uma audiência do processo Scripta Scelera (art. 639 C.P. – dano a propriedade alheia).

Ao lado dos investigados, contra toda repressão!

Fonte: https://ilrovescio.info/2025/06/28/perquisizioni-nelle-case-di-due-compagni-del-garage-anarchico-di-pisa/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Noite já bem alta —
Piscam estrelas de inverno
na lagoa mansa.

Estela Bonini

Anarquismo e adicção. Mantenha a mente aberta.

Por Antônio Carlos

Esse texto1 pode não ter relação com você leitor que não consome ou faz uso recreacional de diferentes substâncias químicas, sem comprometer aspectos de sua vida, porém, provavelmente conhece pessoas que fazem ou dão sinais que farão o uso disfuncional podendo desenvolver a doença do alcoolismo ou adicção. Por favor, aceite esse convite, não pare de ler e mantenha a sua mente aberta.

O que apresento aqui é resultado de um antigo2 desejo que retomo após uma postagem em uma rede social em março desse ano. Era um emocionante relato do companheiro J.R.-C.R. (P/SP) de como começou a consumir bebidas alcoólicas aos 13 anos em uma experiência familiar. Apesar da intervenção da mãe e a promessa de não repetir isso, continuou, infelizmente isso é algo muito comum aos que desenvolvem essa doença. Em seu relato, afirmou que algumas vezes esse consumo colocou sua vida e, quiçá, de outras pessoas em risco. Felizmente a sua maturidade intelectual e emocional o fez tomar a decisão de se afastar desse possível comportamento de risco. No final, esse companheiro aborda as pessoas que compreenderam e as que não entenderam sua decisão de afastamento.

Importante destacar que Adicção3 é uma doença, também conhecida como dependência química ou transtorno por uso de substâncias químicas. A definição engloba o conceito de drogas utilizadas como qualquer substância química que altere o sistema nervoso central. Segundo o A.A. (Alcoólicos Anônimos) e o N.A. (Narcóticos Anônimos), irmandades que trabalham na recuperação de pessoas com essa doença, a Adicção ela é lenta e progressiva, afeta o físico, mental, o mental, o espiritual e com o tempo o social.

Não é o caso do companheiro do relato, contudo, para nós, que temos a doença da adicção, uma das primeiras sugestões “é evitar os velhos caminhos e as velhas companhias”, ou seja, se afastar desse e de outros comportamentos na vida, pois senão não conseguiremos resultados diferentes ao agir da mesma maneira. Ao agir dessa forma, temos que nos organizar para não agravar nosso sofrimento emocional, nesse caso, outra sugestão valiosa é: “o que por hoje não tem solução, está solucionado”. Com isso, buscar a tranquilidade necessária para evitar tais situações que podem nos aproximar de recaídas, não só física como voltar a consumir, mas o sofrimento emocional, abrindo espaço para um ciclo de recaídas e sofrimento.

O seu emocionante depoimento na rede suscitou mais de cinquenta interações de companheiros e companheiras do movimento anarcopunk e anarquista. Vários o parabenizando, outros, por exemplo, M.J.-N. (G/SP), afirmou que resolveu parar de beber, após escutar um companheiro mais velho, que era abstêmio, declarar que se mantinha sóbrio para se defender, e defender o grupo nas ruas, no caso de algum ataque fascista, o que era razoavelmente comum de ocorrer até a primeira metade dos anos 904, os que perceberam o risco desse comportamento e conseguiram evitá-lo; alguns falando da sua superação ou da continua luta por estacionar sua dependência e caminhar na direção da recuperação. Aqui vale um comentário: Estacionar porque apesar do desejo de não voltar a usar, a recaída5 é uma possibilidade. Os mais experientes sugerem não usar palavras como cura ou nunca mais, isso afrouxa a vigilância necessária, isso caminha junto ao programa do A.A. / N.A. que sugere que só por hoje, tente não usar, um dia de cada vez, assim é possível aprender a viver para além das drogas.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://ielibertarios.wordpress.com/2025/06/30/anarquismo-e-adiccao-mantenha-a-mente-aberta/

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Seca de inverno
O olho d’água adormece
No ventre da terra

Neide Portugal

[Espanha] Mais de 8.000 pessoas abraçam “As 6 da La Suiza” em Xixón contra uma “aliança retrógrada de poderes policiais, judiciais, empresariais e midiáticos”

Uma nova manifestação em Xixón aprofundou a trincheira de solidariedade que protege “As 6 da La Suiza” desde que seu calvário começou em 2017.
 
Cerca de 8.000 pessoas, vindas de diversas partes do Estado graças aos ônibus fretados pela CNT, acompanharam as condenadas por defender os direitos sindicais e trabalhistas da classe trabalhadora. A entrada na prisão pode acontecer a qualquer momento.
 
As ruas continuam prontas para responder à altura. Se confirmada, esta será uma condena ao sindicalismo.
 
Diversas organizações sindicais, inclusive as majoritárias, impulsionaram esta manifestação, que percorreu o centro de Xixón desde o meio-dia. Durante o trajeto, cantos como “a solidariedade, a arma do trabalhador” e “se entrarem na prisão, Xixón vai pegar fogo” ecoaram como trilha sonora de mais um dia de luta contra um complô policial, judicial e midiático que pode acabar com seis sindicalistas atrás das grades.
 
O dia começou com o anúncio do governo asturiano, do PSOE, de que apoiará o pedido de indulto ao governo central, já feito por 22 organizações sindicais. Yolanda Díaz afirmou que o Sumar secundará a medida. “A Justiça negou a suspensão das penas, mesmo que as sindicalistas cumpram todos os requisitos para isso”, defendeu a secretária-geral da CNT, Erika Conrado. Atualmente, as seis condenadas enfrentam três anos e meio de prisão por um crime de “coação grave” e “obstrução à Justiça”. Seu crime? Fazer sindicalismo.
 
A confeitaria La Suiza está no centro deste conflito desde 2017. O dono devia pagamentos a uma de suas funcionárias. O sindicato se mobilizou, como sempre fez. Protestos em frente ao estabelecimento alertavam a população sobre o que acontecia por trás do aroma de pão fresco. O empresário revidou com uma denúncia contra o sindicato. Tentou-se mediação. Desde então, a Justiça deixou claro de que lado está. As primeiras ações agora são consideradas “coação grave”. A tentativa de negociação posterior virou “obstrução à Justiça”, segundo o juiz que emitiu a sentença, já confirmada pelo Supremo Tribunal.
 
Contra isso, uma onda de solidariedade toma as ruas há anos. O protesto de hoje foi mais uma demonstração da força imparável da união da classe trabalhadora. “Recebemos apoio de dezenas de organizações de todo o país, até mesmo sindicatos internacionais repudiaram esta condenação”, reiterou Conrado, destacando que o dono da La Suiza não sofreu nenhum prejuízo financeiro pelas ações da CNT.
 
Entre fogos de artifício, tambores e gritos de “vocês não estão sozinhas”, uma das condenadas agradeceu o apoio. Mesmo assim, apesar do abraço solidário, a situação pessoal é de incerteza. “Já são oito anos de condenação desde o início do processo. Isso nos impede de planejar nossas vidas”, disse.
 
O tio dela, Jesús Pérez, com mais de 70 anos e décadas de luta social, mostrou-se preocupado com o futuro incerto da sobrinha. “Estamos aqui porque esta é uma luta pela vida, pela vida da classe trabalhadora, da gente humilde, contra o poder opressor dos ricos, que sempre se voltam contra os pobres quando exigimos nossos direitos”, explicou.
 
Pérez, que veio de Santander, também destacou que o caso das 6 da La Suiza é “uma luta de poderes entre o sindicalismo e os patrões”. Poucos metros adiante, Alberto Fidalgo, do partido municipalista asturiano Somos Carreño, apoiava as demandas da CNT: “Estamos aqui para defender nossos direitos. Se a pena for cumprida, criará um precedente perigoso para a luta sindical”.
 
Para ele, a pressão nas ruas é “essencial” para que a batalha judicial tenha efeito. “Temos que fazê-los agir, e o caminho é a união sindical que este caso gerou”. Ele foi à manifestação com seus dois filhos pequenos. “Educar também é mostrar como os golpes do sistema são combatidos com solidariedade. Eles precisam entender que a luta nunca é individual – assim não conquistamos nada. As vitórias sempre vêm do coletivo”, acrescentou.
 
A mobilização terminou em frente aos tribunais de Xixón. Por volta das 14h, os cantos se intensificaram: “Liberdade para as 6 da La Suiza”“Viva a luta da classe trabalhadora”“Se entrarem na prisão, Xixón vai pegar fogo”. Em seguida, foi lido um comunicado.
 
O texto, compartilhado sob o sol intenso, enfatizou que a união sindical é necessária diante desta opressão judicial. “Nos obriga a isso uma aliança retrógrada de poderes policiais, judiciais, empresariais e midiáticos que quer destruir direitos básicos da classe trabalhadora”, começou a diatribe.
 
A reivindicação denunciou o que sempre esteve claro: “A conivência entre um empresário explorador e um tribunal cúmplice transformou um problema trabalhista e a prática sindical em crimes inventados em escritórios para reprimir nossos direitos e semear medo”. Enquanto isso, dezenas de bandeiras vermelhas e negras pintavam o céu de esperança.
 
“A aliança oligárquica entre Judiciário, empresários e outros poderes quer que a negociação sindical seja crime de ‘obstrução à Justiça’ e que protestos virem ‘coação'”, repetiram. E deixaram claro: “Não ficaremos inertes diante de uma casta poderosa que, com decisões ilegítimas, tenta acabar com direitos conquistados após séculos de luta, esforço, dor e vidas perdidas”.
 
Essa é a vida pela qual Pérez disse que lutavam – uma vida de emancipação e autogestão, de ação direta contra o capital e seus males crônicos que assombram o cotidiano dos trabalhadores. “Quase oito anos se passaram desde que as 6 da La Suiza vivem – se é que se pode chamar de vida – sob a espada punitiva de uma suposta Justiça”, dizia o manifesto.
 
Os organizadores apostam no indulto como última chance de evitar a prisão. A medida depende principalmente do PSOE, a quem a CNT exige que se posicione contra o encarceramento de “seis pessoas boas, cujo crime foi, é e sempre será defender a classe trabalhadora”. Enquanto isso, a resposta nas ruas não cessará, agitando consciências, vozes e até olhares de quem não pode ficar impassível diante deste ataque ao sindicalismo. “Em todas as cidades, todos os dias, gritamos em uníssono: ‘Companheiras, vocês não estão sozinhas!'”
 
Quando esse dia chegar – quando a Justiça for justa para a classe trabalhadora e as 6 da La Suiza recuperarem suas vidas –, não há dúvida: seus nomes estarão marcados na história da emancipação operária. Somos uma, somos todas. Contra sua repressão, nossa solidariedade.
 
Fonte: https://www.cnt.es/noticias/mas-de-8-000-personas-abrazan-a-las-6-de-la-suiza-en-xixon-contra-una-alianza-retrograda-de-poderes-policiales-judiciales-empresariales-y-mediaticos/
 
Tradução > Liberto
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/06/23/espanha-pelas-6-de-la-suiza-em-xixon-pare-a-repressao-antissindical/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Pousado na cerca
bando de urubus espreita
o animal ferido
 
Eunice Arruda

[Portugal] Anarquia: a sua Filosofia e o seu Ideal – uma reedição

Com Anarquia: a sua Filosofia e o seu Ideal, uma edição prefaciada por António Cândido Franco, concluímos a reedição de dois ensaios em que Piotr Kropotkine procura dar a conhecer a “Filosofia da Anarquia”. Trata-se, no presente caso, como em O Estado e o seu Papel Histórico (Edições Bicho de Sete Cabeças, 2024), de um texto clássico de filosofia política que não deve faltar numa biblioteca do pensamento social e político contemporâneo.

Anarquia: a sua Filosofia e o seu Ideal

Piotr Kropotkine

ISBN 978-65-266-4116-3

Número de páginas 88

Edição 1 (2025)

Preço € 7,00

clubedeautores.pt

Editora Bicho de Sete Cabeças

As Edições Bicho de Sete Cabeças são, desde 2016, um projecto editorial com fins exclusivamente culturais vocacionado para a edição de Literatura, Ensaio e Ciências Sociais.

Edições Bicho de Sete Cabeças: https://editorabichodesetecabecas.wordpress.com/

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Surge da neblina
fatasmagoricamente
uma vela acesa.

Roberto Saito

[Espanha] Crônica: Jornadas de Ecosocialismo em Sabadell

Este evento confederal ocorreu nos dias 20 e 21 de junho, reunindo palestras, debates internos e espaços de convivência. O objetivo foi aprofundar nossos acordos sobre ecologia e economia alternativa. Todo o encontro aconteceu entre a sede da CNT Sabadell e seu Ateneu Libertário.

Na sexta-feira, Alfredo Apilánez (autor do livro Os “Vícios” do Ecologismo) conduziu a primeira palestra, propondo um debate incômodo que não devemos ignorar. Ele questiona a tese do decrescimento — originária do movimento ecologista — por não resolver o problema central do capitalismo. Segundo Alfredo, o movimento ecologista e o movimento operário devem transcender suas pautas e se fundir, já que o operariado precisa superar a paradoxal defesa de sua classe versus a crítica ao trabalho em si (inerentemente ecocida). Sua tese principal é que tanto o operariado quanto o ecologismo não confrontam a contradição capitalista: a tendência de substituir trabalho vivo (mão de obra) por trabalho morto (máquinas). Ele propõe abandonar termos como “ecosocialismo” ou “decrescimento” e repensar o comunismo libertário.

No sábado, iniciamos com Damián, do ICEA (Instituto de Ciências Econômicas e da Autogestão), que explorou modelos econômicos alternativos com participação popular nas decisões. Discutimos sua aplicação em nossa atuação sindical. Em seguida, a ecologista e pesquisadora Erika González apresentou propostas ecosociais para o contexto de crise estrutural. Diferente de Alfredo, Erika debate o papel do Estado em transformações específicas, desde que não bloqueie alternativas transformadoras. Ela defende que a economia não deve encolher totalmente: setores como cuidados, assistência e sustentabilidade ambiental precisam crescer. Para ela, a prática constrói o imaginário — propostas só se concretizam quando aplicadas.

À tarde, após almoço no Ateneu Libertário, realizamos debates internos sobre como incorporar essas discussões em nosso programa. Fizemos dinâmicas de grupo e revisamos nossos acordos, incluindo o programa revolucionário “Agenda 2036”. Concluímos que nosso modelo oferece oportunidades relevantes para este contexto. Tudo está por fazer — e isso é uma oportunidade. As companheiras destacaram a importância de conectar o sindicato a projetos econômicos alternativos como tática, ou mesmo impulsioná-los.

Ao final, definimos propostas concretas:

• Criar planos organizativos para emergências climáticas (como a DANA), suprindo falhas do Estado via apoio mútuo.

• Atuar no campo com propostas de autoemprego e cooperativismo.

• Desenvolver essas áreas pelo GTC (Grupo de Trabalho e Consumo), buscando economistas, biólogos e sociólogos.

• Implementar planos de trabalho para disseminar essas mensagens nas seções sindicais.

O SPCC agradece profundamente o empenho do sindicato local da CNT Sabadell. Sem seu apoio, nada disso seria possível.

Lembramos que o grupo de trabalho “CNT Ecosocialismo” está aberto para filiação. Participem!

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/cronica-jornadas-de-ecosocialismo-en-sabadell/

Tradução > Liberto

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Inverno a meio —
A aranha tece a teia
entre as bromélias.

Guin Ga Eden

[Espanha] Celebrado uma nova homenagem a Valentín González

A CGT, CNT e a Plataforma pela Memória celebraram na quarta-feira, 25 de junho, uma nova homenagem à Valentín González, assassinado pela polícia durante a greve do Mercado de Abastecimento de Valência de 1979.
 
Na tarde da quarta-feira, 25 de junho se foi feita homenagem, um ano mais, a Valentín González Ramírez, que foi assassinado pela polícia durante a greve do Mercado de Abastecimento de 1979. A CGT, CNT e a Plataforma pela Memória do País Valência convocou ao redor de uma centena de pessoas no lugar onde morreu o jovem anarcossindicalista há 46 anos por um disparo a queima roupa de uma bala de borracha, por parte da polícia, quando ia socorrer seu pai que estava sendo golpeado por outro policial.
 
Quarenta e seis anos depois, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) segue recordando a figura de Valentín González, para além de manter viva sua memória, “reivindicar e homenagear a todas as vítimas da repressão durante uma etapa de nossa história, a Transição, que foi menos idílica do que os livros começam a contar às gerações mais jovens”, como explica Antonio Pérez Collado, veterano militante da CGT em Valência.
 
Antonio Pérez Collado recorda que “o mais emotivo daquele nefasto dia do recém-começado verão de 1979 foi a estrondosa resposta de solidariedade e condenação que deu a imensa maioria da sociedade valenciana, mais especialmente toda a classe trabalhadora e seus sindicatos”. Na greve de 27 de junho e na multitudinária manifestação em que se converteu o enterro de Valentín González, participaram a totalidade das organizações obreiras.
 
No ato de homenagem não faltou o acompanhamento musical de Estrela Roja de Benimaclet e de Faduval que fizeram soar “A las barricadas”, “Bella Ciao” e “La Muixeranga”, além de uma canção composta por Faduval por causa da homenagem ao mesmo Valentín.
 
Fonte: https://www.cgtpv.org/celebrat-un-nou-homenatge-a-valentin-gonzalez/
 
Tradução > Sol de Abril
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/07/04/espanha-inaugurado-o-monolito-em-homenagem-a-valentin-gonzalez-no-mercado-municipal/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Papagaio danado!
Canta, assobia e xinga o cão
e solta gargalhadas
 
Kingo Yamazaki

[Santos-SP] Em setembro, 3ª Feira Anarquista da Baixada Santista!

Esse evento que reunirá vários coletivos e editoras anarquistas, com palestras, oficinas e demais atividades gratuitas, acontecerá no LAB Procomum, na rua 7 de setembro, número 52, no bairro da Vila Nova, em Santos (SP), no dia 20 de setembro de 2025.

Em breve maiores informações!

Você acha que pode contribuir de alguma forma para a Feira Anarquista da Baixada Santista? Entre em contato, que analisaremos as propostas!

Divulgue! Compartilhe! Compareça!

Mais infos: nelca@riseup.net

# Fortaleça a Cultura Libertária (A)!

Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri (NELCA)

www.instagram.com/bibliotecanelca

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Agora é inverno
e no mundo uma só cor;
o som do vento.

Matsuo Bashô