Notas sobre a luta de classes na Indonésia – de Paul O’Banion

06 de setembro de 2025

Menos de um ano após assumir o cargo, o presidente indonésio Prabowo Subianto enfrenta os protestos antigovernamentais mais combativos dos últimos anos. As recentes manifestações de rua são causadas pela incrível desigualdade do país e pelo domínio de uma classe política entrincheirada. A desigualdade na Indonésia é extrema, e a diferença entre ricos e pobres só aumenta. Enquanto a classe média encolhe, a elite fica cada vez mais rica e arrogante. Recentemente, o parlamento aprovou um aumento substancial nos subsídios mensais de moradia, elevando sua renda mensal total para mais de 100 milhões de rúpias, ou seja, mais de 6 mil dólares. Enquanto isso, o salário médio mensal dos trabalhadores em fevereiro de 2025 era de 3,09 milhões de rúpias, menos de US$ 200. A taxa de desemprego do país oscila em torno de 15%, sendo maior entre os jovens, e a mais alta do Sudeste Asiático.

Na manhã de quinta-feira, 28 de agosto, sindicatos se reuniram pacificamente em frente ao prédio do parlamento para pedir salários mais altos, reforma tributária e cumprimento das leis trabalhistas existentes. Depois que os trabalhadores se dispersaram, estudantes se reuniram em torno do prédio, exigindo o cancelamento dos novos subsídios de moradia dos políticos e a dissolução do parlamento. Naquela noite, Affan Kurniawan, motorista de Ojek (serviço online de entrega/táxi por motocicleta) de 21 anos, foi atropelado e morto por um canhão de água da polícia de 14 toneladas e um veículo de controle de distúrbios. Um colega seu sofreu fratura em uma perna.

Probowo, que foi um dos generais mais poderosos, há 30 anos, demitido do cargo por seu envolvimento no desaparecimento de ativistas estudantis pró-democracia, o presidente agora afirma estar “chocado e surpreso” com a morte do motorista de Ojek. Ele pede calma e ordenou uma investigação sobre questões “éticas” relacionadas à morte de Affan. A súbita eclosão de ações em toda a península o obrigou a visitar a família do motorista assassinado e prometer que receberiam apoio do governo pelo resto da vida. O cortejo fúnebre de Affan foi composto por centenas de motoristas de motocicleta Ojek vestindo uniformes verdes.

Esses trabalhadores marginalizados enfrentam diariamente a desigualdade gritante da Indonésia. Pegam comida em shoppings luxuosos e entregam em casas de classe média. A sua situação financeira é tão precária que, em 8 de dezembro de 2024, Darwin Mangudut Simanjutak morreu de fome em Medan enquanto esperava pelo pedido de um cliente. Na noite anterior à sua morte, havia reclamado a um amigo que não tinha comido porque não tinha dinheiro. Seis meses depois, em 20 de maio de 2025, milhares de motoristas que trabalhavam para a plataforma online Gojek foram às ruas em 18 cidades. O Sindicato dos Motoristas Online da Indonésia informou que pelo menos 12 morreram por fadiga, pois os trabalhadores às vezes ficavam 18 horas por dia no trabalho. Esses motoristas representam milhares de outras pessoas privadas dos benefícios do desenvolvimento econômico do país. Por muitos anos, lutaram por melhorias dos salários e das condições de trabalho, mas acabaram sofrendo com os recentes aumentos de impostos e reduções salariais.

Apesar do apelo do presidente à calma, as pessoas se recusaram a obedecer. Após o assassinato de Affan, grafites com a palavra “Pembunuh” (assassino) apareceram repentinamente nas ruas de muitas cidades. Uma importante organização estudantil convocou todos os cidadãos a se juntarem a eles nas ruas, observando que “uma instituição que deveria proteger se transformou em carrascos uniformizados, pisoteando a dignidade dos cidadãos civis”.

Manifestações e protestos aconteceram na sexta-feira, 29 de agosto, em todo o arquipélago. Os prédios dos parlamentos regionais foram incendiados e o parlamento nacional, em Jacarta, foi cercado e sitiado. Dezenas de estações de ônibus e metrô foram destruídas, assim como pedágios de rodovias e prédios da polícia cuidadosamente selecionados. O subsolo e o primeiro andar de uma grande delegacia de polícia a leste de Jacarta foram fortemente danificados pelo fogo. Centenas de manifestantes se reuniram ao lado de fora da sede da Brigada Móvel (Brimob) da Polícia de Jacarta, unidade responsável pela morte de Affan, jogando fogos de artifício enquanto a polícia respondia com gás lacrimogêneo. Um grupo determinado de manifestantes, gritando “Pembunuh”, tentou derrubar os portões da famosa unidade e arrancou uma placa da parte externa do prédio. Os protestos se espalharam para outras grandes cidades, incluindo Bandung, em Java Ocidental, Semarang, em Java Central, Surabaya, em Java Oriental, e Medan, em Sumatra do Norte. Em Yogyakarta, as pessoas cercaram a sede da polícia regional por cinco horas. Diversos veículos do governo, um centro de atendimento policial e um posto de trânsito foram incendiados. Barreiras de água também foram atacadas, forçando o fechamento do anel viário norte.

No dia seguinte, sábado, 30 de agosto, a raiva do povo continuou a se expressar. Grandes edifícios que abrigavam o parlamento regional e a câmara municipal em Makassar, Sulawesi, foram incendiados. Três funcionários do governo ficaram presos nos edifícios e saltaram do terceiro andar, encontrando a morte. Outra pessoa foi confundida com um espião da polícia e morreu, atacada pela multidão. Em Solo, cidade natal do ex-presidente Jokowi, o prédio do parlamento também foi incendiado. Em Jambi, a residência oficial do vice-governador, foi queimada. Em Martaram, manifestantes incendiaram o enorme parlamento regional. Em todo o país, dezenas de motocicletas, carros e ônibus foram queimados.

Em coletiva de imprensa televisionada, 30 de agosto, o chefe da polícia do país e o comandante do exército se recusaram a pedir desculpas pela violência estatal assassina. Em vez disso, culparam os anarquistas. Ao amanhecer, cidadãos atônitos observaram dezenas de carros queimados cercados por pedras e fragmentos de garrafas em muitas áreas urbanas. Enquanto as equipes de noticiários de televisão avaliavam os danos causados pelas brigas de rua, suas manchetes declaravam uniformemente: “anarquistas prejudicam o bem público”.

A arrogância da elite provoca a reação popular

Depois que os estudantes pediram a dissolução do parlamento, Ahmad Sahroni, influente membro do parlamento, chamou essa perspectiva de “mentalidade tola… Esse tipo de pessoa é a mais estúpida do mundo”. Depois de repetir seu comentário, Sahroni partiu para Cingapura. Enquanto estava fora, centenas de pessoas indignadas invadiram a sua residência particular. Elas a saquearam enquanto os soldados ficavam parados, implorando para que não queimassem a casa. O exército assistiu enquanto as pessoas levavam a banheira, a geladeira, a máquina de lavar, os móveis e bolsas de grife caras. Um relógio avaliado em mais de US$ 300 mil estava entre os itens apropriados. Dólares e rúpias liberados foram jogados ao ar para que todos pudessem compartilhar o dinheiro expropriado.

Eko Patrio, outro membro do parlamento e influente nas redes sociais, foi DJ de uma festa dançante no parlamento após a aprovação dos aumentos salariais. A comemoração ostensiva levou as pessoas a se reunirem na sua residência. Ele interagiu com os manifestantes, alegando que “todos produzem conteúdo”. Depois de partir para a China, sua residência foi saqueada. As pessoas também invadiram a casa da ministra das Finanças, Sri Mulyani, e de Uya Kuya, levando todos os seus pertences.

Declarações públicas grosseiras feitas por altos funcionários do governo indonésio têm sido constantemente notícia. Quando o ministro do Desenvolvimento Humano, Pratikno, foi questionado por um jornalista sobre um grande verme que matou uma criança, ele riu publicamente. Pratikno apontou para os “olhos cansados” antes de cair na gargalhada. A criança de cinco anos, chamada Raya, tinha sido diagnosticada com tuberculose. Uma vez no hospital, um verme começou a sair pelo nariz. Após a morte, foram encontradas tênias com aproximadamente um quilo dentro do corpo. O ministro da Saúde do país afirmou posteriormente que a causa da morte tinha sido uma infecção, e não os vermes.

Embora ninguém saiba o que acontecerá a seguir, equipes de limpeza trabalham em ritmo frenético para limpar as ruas de veículos queimados e reparar a infraestrutura de transporte público. Das mais de 500 pessoas feridas, dezenas ainda hospitalizadas, conforme a Organização de Paramédicos de Rua. Negociações para a libertação de mais de 600 pessoas presas e para a punição dos policiais envolvidos na morte de Affan estão em andamento. Uma testemunha ocular do assassinato de Affan afirmou publicamente que o veículo da Brimob “de repente acelerou no meio da rua sem prestar atenção à multidão reunida”. Autoridades detiveram sete policiais da Brimob por questões “éticas” relacionadas à morte do motorista. Não é de surpreender que os investigadores do governo ainda nem tenham determinado quem estava ao volante.

Reformas políticas de pouca importância para os pobres foram rapidamente divulgadas. Probowo suspendeu os novos subsídios de moradia. Eko foi suspenso do cargo de secretário-geral do Partido Mandato Nacional (PAN). Aparentemente, a gota d’água foi quando as pessoas criticaram os membros do parlamento por dançarem para comemorar o aumento do subsídio de moradia. Eko postou um vídeo zombando das pessoas irritadas com a dança. Ahmad Sahroni também foi suspenso do parlamento pelo seu partido NasDem, alegando que suas declarações “ofenderam e feriram os sentimentos do povo”. Outra integrante do partido, Uya Kuya, foi mostrada dançando com uma legenda dizendo: “apenas dancem, vocês achavam que 3 milhões de rúpias por dia era muito”. Ela também foi suspensa.

Novas medidas repressivas também foram promulgadas. Probowo alertou que os protestos poderiam ser considerados “traição e terrorismo”. Agora, Jacarta é patrulhada por três patrulhas móveis recém-criadas, compostas por centenas de policiais fortemente armados. O chefe de polícia do país ordenou que os policiais atirassem com balas de borracha em qualquer pessoa que entrasse na sede da Brimob. A Universidade da Indonésia suspendeu todas as aulas presenciais e as substituiu por formatos online, pelo menos pela próxima semana. Ao mesmo tempo, relatórios preliminares indicam que os protestos continuam a eclodir em todo o arquipélago.

É evidente que as recentes manifestações nas ruas e os saques alimentaram o medo entre a elite e a classe média. A revolta também proporcionou nova energia e orgulho aos motoristas de Ojek e aos cidadãos marginalizados, uma mudança palpável que pode ser um dos seus resultados mais importantes. Prabowo cancelou uma viagem a Pequim, onde há muito planejava participar de uma cúpula de líderes de países que se opõem às ações imperialistas dos Estados Unidos. Embora tenha expressado simpatia pela família de Affan, ele também prometeu que respostas firmes serão dadas aos “atos anarquistas”, danos a instalações públicas e saques de propriedades públicas e privadas. Muitas pessoas temem que, se os protestos militantes continuarem, a violência estatal possa se tornar ainda mais assassina.

Fonte: https://voidnetwork.gr/2025/09/06/notes-on-class-struggle-in-indonesia-by-paul-obanion/

Tradução > CF Puig

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Num atalho da montanha
Sorrindo
uma violeta

Matsuo Bashô

Abolir o Parlamento! Atualização sobre a onda de rebelião na Indonésia

Esta onda de rebelião, que começou no final de agosto de 2025, foi causada pelo acúmulo de raiva em relação a questões políticas e econômicas. Não foi somente um problema. Tudo piorou com um aumento maciço dos impostos para habitação em toda a região, devido ao déficit orçamentário do governo. Ao mesmo tempo, os membros do parlamento receberam um aumento equivalente a dez vezes os salários. Isso foi exacerbado por declarações muitas vezes arbitrárias dos funcionários. Por exemplo, o Regente de Pati disse que os impostos não seriam reduzidos, mesmo que ocorresse manifestação em massa de 50.000 pessoas. Pati foi a primeira cidade a explodir com uma participação de cerca de 100.000 pessoas em 10 de agosto de 2025. Os protestos contra o aumento de impostos se espalharam para a cidade de Bone e depois a outras. Em manifestação em Jacarta, um trabalhador do transporte foi morto após ser atropelado por um veículo da polícia. No dia seguinte, as manifestações se espalharam por muitas cidades e continuam até hoje, enquanto atualizamos. Pelo menos dez civis foram mortos, as casas de muitos funcionários foram saqueadas e alguns escritórios da Câmara dos Representantes foram parcial ou totalmente queimados. Estávamos confiantes de que essa rebelião diminuiria, mas a raiva do público não.

Existem muitas organizações, redes e grupos formulando demandas. Cada cidade tem as próprias demandas exclusivas. Há duas demandas revolucionárias: a primeira, do Perserikatan Sosialis (PS) e outra, livre, informal e descentralizada, que emitiu a Declaração da Revolução Federalista Indonésia de 2025, que pede a dissolução do Estado unitário e do sistema DPR e pede sua substituição por um Confederalismo Democrático de milhares de conselhos populares para a estabelecer democracia direta. Os liberais progressistas pedem um apelo mais reformista, a demanda 17 + 8. Anarquistas insurrecionais, individualistas e pós-esquerdistas se concentram em ataques e confrontos de rua, pedindo a destruição do Estado e da civilização, mas sem se preocupar com uma plataforma ou programa. Não há frente única, mas evitamos o sectarismo ideológico excessivo.

Embora não haja questão única, o discurso se concentra simultaneamente em três: aumento de impostos, violência policial e, o mais importante, a dissolução da Câmara dos Deputados. Nós, da Perhimpunan Merdeka ainda não nos posicionamos, mas participamos de todas as manifestações nas respectivas cidades, usando-as para expandir a rede. Convocamos a solidariedade dos movimentos populares globais para apoiar a nossa luta na Indonésia por meio de uma variedade de táticas e métodos.

Viva a revolução!

Perhimpunan Merdeka

Fonte: https://perhimpunanmerdeka.org/2025/09/02/statement-august-2025-protest/

Tradução > CF Puig

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Vermelho e negro
nas asas da andorinha:
cores sem fronteira.

Liberto Herrera

[Reino Unido] Utopias do futebol: dentro e fora do campo com o Republica e o Cowfolk

As equipes compartilham uma amizade única, baseada em prioridades antifascistas e ativistas, propiciando ambiente acolhedor para identidades que não se encaixam na trajetória esportiva típica.

Alice Hoole ~

Os Easton Cowboys and Cowgirls (Cowfolk) e a Republica Internationale foram fundados há 40 anos em Bristol e Leeds, respectivamente. Alguns dos membros originais eram punks, anarquistas, socialistas e squatters (membros de ocupações); identidades que oscilavam nas margens da sociedade, e nem sempre associadas ao esporte. Os fundadores queriam rejeitar muitas das características tóxicas do futebol, como a hipermasculinidade, a homofobia, o racismo, o nacionalismo, o capitalismo e a mentalidade esportiva típica de manter o domínio a todo custo.

Com a experiência em organização faça você mesmo, DIY, as equipes estamparam e costuraram os próprios uniformes, produtos e faixas; criaram os próprios torneios celebrando a amizade, a solidariedade e o amadorismo com troféus artesanais; e combinaram as identidades das equipes com as cenas políticas e musicais locais DIY.

Cada equipe tem história e cultura únicas, já documentadas por Mick Totten, Beth Simpson e Michael McMahon. Mas o que ambas têm em comum é a amizade singular baseada em prioridades antifascistas e ativistas, propiciando lar seguro para identidades que não se encaixam na trajetória esportiva típica.

Embora os fundadores de ambas as equipes sejam homens, muitas mulheres e jogadores de gênero diverso assumiram funções organizacionais importantes e ajudaram a construir esses clubes até o que são hoje. Como organizadora da Republica, tive o privilégio de entrevistar algumas dessas vozes para a minha pesquisa. Ao representar as suas vozes, podemos começar a corrigir o desequilíbrio representativo de mulheres e jogadores de gênero diverso nas discussões sobre futebol radical.

Como foi dito a mim por participante: “Você pode estar em um espaço de futebol, um espaço punk, um espaço anarquista e, às vezes, uma merda de clube só para homens. Mas se você se levantar, coletivamente, como no DIY, o “faça-junto” (Do It Together), dá para mudar isso. Nós também nos organizamos bem, às vezes, até melhor, e talvez possamos ajudar a tornar esse espaço um pouco melhor para todes” [gênero atribuído pela tradução].

Ativismo e cuidado

O ativismo é parte integrante do clube. Desde apoiar equipes formadas por refugiados, organizar refeições comunitárias e campanhas de arrecadação de roupas de inverno até manifestações antifascistas e bailes Queer para arrecadar fundos, esses grupos radicais de esquerda estão envolvidos em muito mais do que só futebol. “A política do clube”, diz um dos organizadores, “é a que somos um grupo de pessoas unidas porque todos queriam jogar futebol e, assim, um grupo de pessoas podia tomar medidas alinhadas a essas crenças”.

Além do ativismo comunitário local, tanto o Cowfolk quanto o Republica têm longa história de solidariedade internacional. Mais notavelmente, ambos os clubes fizeram diversas viagens juntos para a Palestina para mostrar solidariedade em face à ocupação. Um organizador comentou: “Assim como na viagem à Palestina, usamos o futebol para quebrar as barreiras entre nós. Obviamente, a vida das mulheres na Palestina é muito diferente da nossa vida aqui, mas usar essa partida de futebol é uma forma de dizer ‘isso é algo que todos nós amamos fazer e vamos fazer juntos’. Ou mesmo para dizer: ‘estas são algumas das dificuldades que enfrentamos como mulheres que tentam jogar futebol na Palestina’. Respondemos: ‘ah, sim, nós também temos esses problemas’. Encontramos semelhanças, boas ou ruins”.

Além do ativismo voltado para o exterior, alguns organizadores me falaram sobre o trabalho de gênero na criação de comunidades de cuidado. Como argumenta Ewa Majewska, as comunidades de cuidado e o trabalho emocional da ação antifascista e anarquista muitas vezes não são valorizados da mesma forma. “Se a história fosse contada por quem desempenhava os papéis, ela poderia parecer um pouco diferente”, aponta um organizador. “Mas isso não significa dizer que foram essas pessoas que fizeram o trabalho emocional”.

Documentar e celebrar esses atos de cuidado foi considerado tão importante quanto criar uma comunidade radical. Dentro dos clubes, isso foi vivenciado por meio do cuidado coletivo das crianças, do cuidado físico ou da entrega de pacotes quando as pessoas estavam fisicamente ou mentalmente indispostas, do apoio mútuo em eventos pessoais e profissionais e do acompanhamento dos ciclos menstruais ou das mudanças da menopausa umas das outras. Como comentou uma organizadora:

“É a alegria da comunidade e esse tipo de união das Cowgirls. Às vezes, sinto que as Cowgirls, especialmente quando envolvemos as pessoas, somos quase como um clã. Somos um bando de bruxas. As bruxas eram as ‘outras’, sempre intergeracionais, alternativas e sempre cuidando das pessoas”.

Torneios e locais seguros

Tanto o Cowfolk quanto o Republica se desenvolveram em uma rede internacional de clubes de esquerda semelhantes, que se reúnem todos os anos para torneios. Esses torneios estão mais para festivais autônomos de três dias, com atmosfera carnavalesca de bandas punk, DJs e outros entretenimentos, com tanta importância quanto o futebol.

“Para mim é como criar um pequeno mundo independente, muito diferente da vida normal”, disse um dos organizadores. “Você tem muitas pessoas muito mais velhas e amizades intergeracionais, há algo definitivamente reconfortante nisso. Muitas vezes sinto que é isso que posso fazer para continuar me atuando assim pelo resto da minha vida, e tudo bem.”

Outro organizador comentou: “O torneio em rede é como se você estivesse em uma utopia. Para mim, é uma comunidade utópica, como uma bolha, e quando saio dela, penso: ‘Ah, estou na sociedade normal novamente'”. Muitos organizadores defenderam que as vozes das mulheres e das pessoas Queer fossem centrais na organização desses espaços.

Um organizador disse: “Acho que algumas das questões de espaços anarquistas mais seguros que surgiram anteriormente foram que as únicas regras são ‘não seja babaca’, ou seja, historicamente, principalmente os homens. Agora tem pessoas com mais diversidade de gêneros chegando, e precisa explicar melhor, o que significa não ser ‘babaca’ hoje em dia?”

“Acho importante ter vozes femininas mais velhas e mais altas em um espaço antifascista, porque acho que muitos homens cis consideram esse espaço garantido. Nunca enfrentaram as mesmas barreiras no futebol. Por isso, acho que há muito empoderamento em usar o espaço como veículo para a mudança social.”

Para muitas das organizadoras com quem conversei, fazer parte das comunidades de futebol mudou suas vidas. Para a maioria, jogar futebol pela primeira vez foi um ato político e queer-feminista, mas também repleto de alegria. Esse sentimento de orgulho e alegria foi o que sustentou o seu ativismo duradouro.

Foto superior: Republica jogando contra um time feminino da Palestina da Universidade Diyar em 2017

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/08/25/football-utopias-on-and-off-the-pitch-with-republica-and-the-cowfolk/

Tradução > CF Puig

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No meio da grama,
Surge uma luz repentina.
Vaga-lume acorda.

Renata Paccola

Solidariedade insurrecional com a Indonésia

Comunicado da FAI Indonésia:

Desde o dia 25, as chamas da rebelião têm queimado as forças opressoras na Indonésia, acendendo uma revolta feroz contra um regime que prospera com a violência e a subjugação. Este não é um momento passageiro; é o batimento cardíaco pulsante da resistência daqueles a quem há muito são negados os seus direitos. A perda de dez vidas nesta luta apenas aprofunda nossa determinação de enfrentar o Estado e seus capangas.

À medida que o governo desencadeia a brutalidade militar, sequestra ativistas e se envolve em uma sinistra guerra cibernética, somos lembrados: “A insurreição é a arma mais lógica das massas“. É hora de agir – nossa fúria deve se unir como uma força além das fronteiras!

Camaradas de todo o mundo, levantem-se! Ataquem os interesses indonésios onde quer que eles estejam. Interrompam a máquina da opressão com cada ato de desafio.

Juntem-se ao confronto, amplifiquem as vozes dos oprimidos e deixem claro: nossa resistência não conhece limites.

Juntos, podemos desmantelar a civilização tecnoindustrial!

Federasi Informal Anarkis

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É quase nada
a cara da libélula:
somente olhos. 

Chisoku

Novidade editorial: “Revolução, crime político e loucuras: os discursos criminológicos e o anarquismo no Brasil (1890-1930)”

Este será o primeiro livro publicado pela Editora Ácrata, marcando o início de seu projeto editorial.

Revolução, crime político e loucuras: os discursos criminológicos e o anarquismo no Brasil (1890-1930)

Eram loucos os anarquistas?

Por que foram vistos como perigosos, doentios, criminosos e degenerados sociais?

No livro, Bruno Corrêa de Sá e Benevides mostra como médicos, psiquiatras, juristas e magistrados da Primeira República brasileira construíram teorias que criminalizavam e patologizavam o anarquismo, a ideia de revolução e, num sentido mais amplo, o comportamento de insubordinação política.

Editora Ácrata

Contato: editora.acrata@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/p/DOIlfEKDlQd/?img_index=1

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Mata devastada

Vence a luta pela vida

Cachos do Ipê roxo

Kiyomi

[Chile] Santiago: Jornada de Comemoração por Claudia López – 6 de setembro

CLAUDIA LOPEZ
A 27 ANOS DO TEU ASSASSINATO


Neste 11 de setembro completam-se 27 anos da morte de Claudia Lopez pelas mãos da polícia (yuta), que covardemente atirou em suas costas enquanto ela participava, em 1998, de ações em La Pincoya que comemoravam os 25 anos do Golpe Militar.

Claudia foi assassinada justamente enquanto agia reivindicando a luta que sustentaram todos e todas que confrontaram a ditadura. Sua ação era contra o esquecimento, no meio de uma “transição” que fingia que um golpe era um governo militar, e que aqueles que se opunham a ele eram uns criminosos.

Nossa memória é negra, e não buscamos fazer da morte cerimônias solenes, mas manter vivas na ação as ideias insurgentes daqueles que morrem combatendo.

Abandonamos todo vitimismo, tampouco buscamos eleger mártires ou ídolos, nem mesmo aspiramos às migalhas daquilo que chamam de justiça. Lembramos nossos mortos e nossas mortas assumindo uma prática antagonista, com tudo o que isso implica.

Nossa memória é negra porque persegue sempre a liberação, resistindo àqueles discursos que buscam moldar bons cidadãos. Mais ainda, não apelamos para a memória como forma de definição identitária, pois a história não cai sobre nós como uma condena que nos reduz a ser produto.

Pelo contrário, a reivindicamos na medida em que nos abre caminhos de luta e rebeldia contra um esquecimento forçado. Esse esquecimento que pretende sobrescrever com sua história oficial de marcos e heróis todo rastro insurgente, para gerar bons cidadãos amantes da pátria, da democracia e do Estado.

Por tudo isso comemoramos Claudia, por sua vida de confrontação em momentos de pós-ditadura onde se buscava silenciar toda dissidência. Ergueremos seu nome nos territórios que habitou, para nos lembrar que a partir das periferias emerge o fogo da insurreição.

AS RUAS POR ONDE ANDASTE NÃO TE ESQUECEM

Fonte: https://lapeste.org/santiago-jornada-de-conmemoracion-por-claudia-lopez-6-septiembre/

Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/06/28/chile-a-25-anos-do-assassinato-de-claudia-lopez-nem-um-minuto-de-silencio-toda-uma-vida-de-combate/

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no mesmo banco
dois velhos silenciam
no parque deserto

Carol Lebel

[Itália] Contra a cidade dos patrões

Casa, solidariedade, acolhimento, autogestão

As lutas vivas vão às ruas

Cortejo H12 da Piazza Duca d’Aosta a Porta Venezia

No sábado, 6 de setembro, iremos às ruas contra o despejo do Leoncavallo para reivindicar o instrumento da ocupação e porque acreditamos que defender a memória militante do Leoncavallo significa defender os espaços e as lutas de hoje.

O encontro às 14h em Porta Venezia não pode ser suficiente. Como lutas vivas desta cidade, queremos apontar o dedo CONTRA A CIDADE DOS PATRÕES. Contra a arrogância deles, sua violência libertícida, sua sede de poder e dinheiro.

Queremos demonstrar que Milão não é toda como eles gostariam: uma cidade cinza de concreto, aço e vidro, feita sob medida para ricos. A Milão que convocamos para as ruas é viva, colorida e multitudinária. A Milão dos Espaços Sociais, uma Milão capaz de dizer em voz alta e sem medo: “De quem você acha que é esta cidade?”

Ocupar espaço na cidade de Milão é de vital importância, diante de um modelo de cidade cada vez mais excludente, transformado por décadas de violência especulativa e aumento dos aluguéis, de grandes eventos e agora acelerado pelas próximas Olimpíadas de Inverno. Diante do uso de zonas vermelhas, CPRs (Centros de Permanência para Repatriamento), deportações, exploração para expulsar a golpes de perfilamento e classismo pessoas racializadas e marginalizadas.

Ocupamos espaço para destacar as responsabilidades do governo Meloni, além da Junta Sala e de todas as Juntas do Mattone (construtoras), um governo que lança um ataque frontal contra as experiências essenciais de luta social e autônoma, único sujeito real capaz de propor uma alternativa concreta a um mundo feito de opressão e abusos.

Ocupamos espaço, então, para deter a violência da Direita, da Guerra, do Colonialismo, do liberalismo extrativista que em todo o mundo encontram frentes de Resistência.

Ocupamos espaço para lutar pelo direito à moradia, diante de aluguéis insustentáveis e habitações sem dignidade. Para denunciar quem vendeu as habitações populares, do alto de sua poltrona na Região da Lombardia ou na MM (Metrô de Milão), e não tem intenção de destinar as existentes.

Ocupamos espaço contra o “Modelo Milão” da junta Sala e das juntas anteriores, que avança com a especulação movida a propinas e subornos.

Ocupamos espaço contra a militarização de nossas cidades, e contra um governo que quer gerir as necessidades sociais com repressão e o DL Segurança (Decreto-Lei Segurança), criminalizando quem reivindica direitos e luta por uma vida digna para todos e todas.

Ocupamos espaço para socializar, estar juntos e praticar esportes, sem sempre ter que gastar dinheiro, sem ser servido nem servir, mas construindo comunidades autogeridas, onde qualquer pessoa possa se envolver, dar uma mão ou receber ajuda.

Ocupamos para subtrair espaço e dinheiro dos patrões da Cidade, que lucram com aluguéis breves e privatizam a Cidade Pública, contribuindo para a metrópole vitrine do turismo de luxo e dos proprietários.

Ocupamos espaço autônomo de partidos e de poderes que alimentam, em vez de combater, a exploração, o racismo, a violência de gênero e a transformação de nossos territórios em mercadoria da qual somos excluídos.

Ocupamos espaço para falar de luta anticolonial, em todos os idiomas em que quisermos fazê-lo.

Ocupamos espaço para organizar a solidariedade ativa às resistências do mundo, a partir das lutas pela liberação da Palestina: enquanto a Palestina não for livre, ninguém será.

Ocupamos espaço para dançar, mas sobretudo viver e existir sem ser molestadx, drogadx, estupradx.

Ocupamos espaço com nossos corpos para recomeçar a partir do desejo, feroz e irreprimível, para imaginar o inimaginável e virar tudo de cabeça para baixo.

Ocupamos o presente que querem nos tirar, para determinar nosso futuro sob o signo da solidariedade e do acolhimento, da ajuda mútua e da comunidade.

Ocupamos contra a cidade dos patrões.

Ocupamos para construir uma cidade diferente, uma alternativa real; ocupamos para que todos e todas possam viver bem.

Aqui estamos e aqui permanecemos.

Espaço social ocupado e de alternativa cultural.

Fonte: https://cox18.noblogs.org/post/2025/09/03/contro-la-citta-dei-padroni/

Tradução > Liberto

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depois de horas
nenhum instante
como agora

Alexandre Brito

ABC Indonésia: Apelo internacional à solidariedade com os detidos, desaparecidos e mortos na revolta em curso

Palang Hitam Anarkis (Anarchist Black Cross-ABC, dahulu Palang Merah Anarkis) Indonésia pergunta se é possível organizar uma manifestação/ação de solidariedade nas embaixadas da Indonésia em países estrangeiros. Pedimos ajuda aos camaradas de vários países.

A revolta popular na Indonésia está enfrentando uma repressão severa. Dezenas de pessoas estão confirmadas como desaparecidas, pelo menos 6 pessoas foram mortas. Muitas estão feridas. Milhares de pessoas foram presas. A polícia tem atacado as universidades. Postos de controle da polícia e do exército estão sendo instalados em todos os lugares. Muitas pessoas estão sendo presas por transmissões ao vivo e blogs de contra-informação, e as redes sociais estão sendo rastreadas e camaradas presos. ONGs, sindicatos liberais/de esquerda e representantes sindicais estudantis estão ajudando na repressão.

A solidariedade é a nossa arma.

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Nos olhos da libélula
refletem‑se
montanhas distantes.  

Issa

[Rússia] Apoie o anarquista Dmitry Osyagin, condenado a 15 anos por incêndio criminoso em prédio do tribunal e por comentários contra a guerra

O anarquista e ativista antiguerra Dmitry Osyagin, de Kazan, foi condenado a 15 anos de prisão por incendiar um prédio do tribunal. Ele foi acusado com base em três artigos: incitação ao “extremismo”, “terrorismo” e prática de “ato terrorista”.

Segundo os investigadores, em fevereiro de 2023, Dmitry incendiou o prédio do tribunal no distrito de Privolzhsky, em Kazan. O tribunal ficava no térreo de um prédio residencial. Conforme relatado pela mídia, o incêndio danificou apenas o canto da moldura de uma janela e foi rapidamente extinto. Inicialmente, o caso foi aberto sob o artigo de danos à propriedade, mas depois foi reclassificado como “ato terrorista”.

Além do incêndio criminoso, Osyagin foi acusado de fazer 17 postagens incitando a violência contra autoridades governamentais, incluindo o presidente da Rússia, e 27 postagens que, segundo os investigadores, continham retórica terrorista.

O comunicado do tribunal à imprensa observa que Osyagin se opôs à invasão da Ucrânia e era supostamente membro do grupo anarquista “Organização Anarco-Comunista de Combate” (BOAK), que assumiu a responsabilidade por ações de sabotagem em ferrovias e apoia militantes anarquistas. No entanto, os camaradas da BOAK não confirmam a filiação de Osyagin, afirmando:

Embora orgulhosamente chamemos o militante preso de camarada e pessoa com ideias semelhantes, não podemos explicar por que a mídia estatal o chama de membro da BOAK. Há duas possibilidades: ou ele realmente estava em contato conosco e agia como célula individual autônoma da Organização — não coletamos informações sobre participantes autônomos e, portanto, é difícil identificá-lo com precisão — ou o FSB, os promotores e o tribunal atribuíram falsamente a ele a filiação à BOAK para garantir a sentença mais longa possível.

Após a prisão, em 2023, Osyagin foi adicionado à “lista de terroristas e extremistas” da Rosfinmonitoring. Agora, além de 15 anos de prisão, o tribunal o proibiu de manejar qualquer recursos online por 4 anos após sua libertação.

A sentença foi proferida pelo juiz Alexander Raitskiy, do Tribunal Militar do Distrito Central, em 18 de junho de 2025. Osyagin está detido no Centro de Detenção No. 5 (SIZO-5) de Yekaterinburg.

Dmitry é uma pessoa versátil. Antes da prisão, trabalhava com paisagismo e construção de fontes. É interessado em tecnologia, TI, mineração de criptomoedas, videogames, história e literatura fantástica.

Se quiser escrever uma carta para Dmitry, escreva. Ele precisa do seu apoio agora mais do que nunca.

Endereço para correspondência:

Osyagin Dmitry Vladimirovich, 08.12.1987

SIZO-5, Elizavetinskoe Highway, 19,

620024, Yekaterinburg, Rússia

As cartas precisam ser escritas em russo. Você pode usar ferramentas de tradução online.

Na foto: Tribunal distrital de Privolzhk, em Kazan, após ataque incendiário.

Cruz Negra Anarquista Moscou

Fonte: https://avtonom.org/en/news/support-anarchist-dmitry-osyagin-sentenced-15-years-arson-court-building-and-anti-war-comments

Tradução > CF Puig

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Na noite de inverno
o frio não é só no corpo:
as tábuas estalam.

Anibal Beça

[Santos-SP] 3ª Feira Anarquista da Baixada Santista — Programação!

Finalmente ficou pronta a programação completa da 3ª Feira Anarquista da Baixada Santista que acontecerá no dia 20 de setembro de 2025, a partir das 14 horas, no LAB Procomum, na rua 7 de setembro, número 52, no bairro da Vila Nova, em Santos.

DEBATES:

15 horas — Marcha da Maconha – Tema: “Marcha da Maconha da Baixada Santista: Abolicionista, Feminista & Libertária”;

16 horas — Frente Pela Legalização do Aborto da Baixada Santista – Tema: “Justiça Reprodutiva” + Oficina de panfletos sobre antiproibicionismo;

17 horas — Mães de Maio – Tema: “Contra o Terrorismo do Estado”;

18 horas — Debate Coletivos Anarquistas – Tema: “Possibilidades Para o Anarquismo na Atualidade”.

OFICINAS:

15:30 horas — Stencil para Crianças (e seus adultos) Rebeldes, por Willie 77;

17:30 horas — Oficina de Colagem Analógica com Resíduos, por Willie 77.

EXPOSITORES:

Núcleo De Estudos Libertários Carlo Aldegheri, Centro de Cultura Social – SP, Biblioteca Terra Livre, Marcha da Maconha da Baixada Santista, Cultive Resistência, Ateliê Canudos, Livraria Nigra Koro Distro, Organização Socialista Libertária, Faísca Publicações Libertária, Movimento Mães de Maio, Comuna Aurora Negra, Frente Pela Legalização do Aborto da Baixada Santista, 100% Vegetal & Hângü Cozinha Livre.

Divulgue! Compartilhe! Compareça!

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Sabiá quieto.
O silêncio da tarde
Pousa na antena.

Camila Jabur

[Espanha] Nova revista libertária: Esporas

Olá, compas:

Escrevemos para compartilhar uma notícia que nos deixa muito entusiasmados. Juntamente com várias editoras e amigas do setor, lançamos um novo projeto: Esporas, revista libertária de crítica literária.

Será uma revista totalmente colorida, com 60 páginas no formato A5. Queremos fazer uma tiragem ampla e, acima de tudo, que possa circular gratuitamente. Já estamos trabalhando há alguns meses e, se tudo correr bem, em setembro será lançada a primeira edição. A ideia é publicar duas vezes por ano (mas vamos ver se conseguimos). Também está prevista uma edição no continente americano.

Para que este projeto avance, precisamos do seu apoio. Lançamos uma pré-venda em três formatos, e participar dela nos ajudará a cobrir os custos iniciais e garantir que a revista chegue o mais longe possível.

O primeiro modelo custa 10 euros e te enviamos 5 revistas: https://calumnia.sumupstore.com/producto/preventa-5-ejemplares-revista-esporas

O segundo custa 20 euros e te enviamos 10 revistas: https://calumnia.sumupstore.com/producto/preventa-10-ejemplares-revista-esporas

E o último é 50 euros e te enviamos 20 revistas (este último é uma ajuda solidária): https://calumnia.sumupstore.com/producto/preventa-20-ejemplares-revista-esporas-apoyo-solidario

Você pode entrar em contato conosco para qualquer esclarecimento ou escrever para o e-mail da revista: revistaesporas@protonmail.com

Não é grande coisa, esperamos sinceramente que gostem da ideia e, especialmente, do conteúdo, que ficou muito legal. Quando tiverem o primeiro número, não hesitem em nos enviar material; será necessário.

Obrigado pelo apoio e pela divulgação.

Assembleia editorial da revista Esporas (editoras e individualidades libertárias).

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Selva de concreto:
as raízes quebram tijolos
para ver a lua.

Liberto Herrera

Memória | Grupo punk faz protesto contra o serviço militar

Deu na Folha de S. Paulo, 8 de setembro de 1994.

Os punks foram um espetáculo à parte no desfile da Avenida Tiradentes, em São Paulo. Com punhos cerrados, gritaram e exibiram faixas de protesto contra a obrigatoriedade do serviço militar e gastos do governo com armamentos.

Os cerca de 50 punks, com cadeados, correntes e principalmente desaforos a policiais, limitaram-se a se manifestar, no entanto, no trecho da Tiradentes perto do Jardim da Luz. Um cordão de policiais militares intimidou-os e eles se contentaram em desfilar em direção à Estação Luz.

Os manifestantes se classificaram como anarco-punks ou punks anarquistas. Desde 1985, o punk Carlinhos, de 23 anos, vai aos desfiles do 7 de Setembro. Sempre para protestar contra o serviço militar. Pedreiro por profissão, ele afirma que a efervescência anti-Collor não o abala. “Sou contra qualquer governo, protesto contra todos eles.”

O vendedor Ivan de Souza, de 23 anos, mostrava um habeas corpus antecipado para evitar que fosse preso, como no ano passado. “É o nosso direito de expressão”, afirmava.

Em Salvador, um grupo de 20 punks também organizou um protesto durante o desfile de 7 de Setembro. Com faixas e cartazes, os punks defendiam o voto nulo e criticavam as Forças Armadas. Não houve incidentes. Eles só foram incomodados por cabos eleitorais de partidos de esquerda, que queriam a retirada das faixas pedindo voto nulo.

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Mosaico no muro.
O gato ensaiando o pulo.
Azuis borboletas.

Fanny Dupré

Gasto militar: Governo Lula 3 fecha negócio de 528 milhões de euros por submarino nuclear

O governo Lula 3 (Marinha) fechou contrato, sem licitação, com a Naval Group, para dois projetos ligados ao programa do submarino nuclear brasileiro, que será o primeiro da América Latina.

O custo total dos dois contratos assinados em agosto, segundo a instituição, é de 528 milhões de euros.

O grupo industrial tem sede na França, justamente o país com que o Brasil firmou, em 2008, a parceria que originou o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) para a construção de quatro submarinos convencionais e um submarino nuclear.

A Marinha brasileira espera iniciar a construção do veículo com propulsão nuclear ainda em 2025.

Fonte: agências de notícias

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Madrugada fria.
A lua no fim da rua
vê nascer o dia.

Ronaldo Bomfim

[México] Chamado à Agitação pela Liberdade Absoluta de Miguel Peralta e do povo de Eloxochitlán de Flores Magón

Aos meios livres

Aos/às companheiros/as anarquistas, livres e autônomos/as

Às coletivas e coletivos de gráfica e diferentes expressões artísticas

Há mais de 10 anos a situação que se vive no povoado de Eloxochitlán de Flores Magón, na serra mazateca de Oaxaca, México, tem chamado a atenção de quem assume a autonomia dos povos e a defesa do território como algo legítimo e necessário.

Há mais de uma década temos testemunhado a luta incansável do povo mazateco contra os poderes locais que se reforçam como caciques e como parte da estrutura governamental, os quais também não cessaram o roubo e o assalto à comunidade. Dentro dessa luta, nosso irmão Miguel Peralta, mazateco, anarquista e defensor comunitário, tem sido um dos muitos que sofreu duramente a repressão. Ele passou quase 5 anos preso no presídio de Cuicatlán e atualmente se encontra perseguido e afastado de sua família, seu território e sua comunidade.

Embora não seja o único caso do povoado, sua defesa legal teve um caminho diferente do resto dos/as companheiros/as perseguidos/as. Hoje nos encontramos em um momento crítico na luta pela liberdade absoluta de Miguel Peralta. Após a chegada do caso à Suprema Corte de Justiça no passado ano de 2023, e com uma possibilidade anulada de poder dar fim à perseguição política e conceder-lhe sua liberdade plena, a Suprema Corte de Justiça se limitou a emitir uma resolução em novembro de 2024 na qual o caso foi devolvido ao Primeiro Tribunal Colegiado de Oaxaca, limitando-se apenas a fazer recomendações vagas a dito tribunal sob o argumento de “revisar o caso com uma perspectiva intercultural e levando em conta especificidades culturais da comunidade indígena mazateca de Eloxochitlán”, assim como recomendou estudar se foram respeitados os direitos à livre determinação e à autonomia neste caso.

Tudo isso dito pelas autoridades, obviamente dentro da mesma teia que passa a responsabilidade para outras instâncias, nos levou a uma parte do processo que, embora seja verdade que toda essa perspectiva intercultural que agora é apontada foi ignorada, o fato de fazê-lo não nos garante que desta vez o resultado seja favorável para nosso irmão Miguel Peralta.

Um estudo sério do processo resultaria sem dúvida na liberdade absoluta de Miguel, no entanto, conhecemos o poder político dos responsáveis pela perseguição e criminalização em Eloxochitlán: a família caciquil-partidária Zepeda, especificamente o cacique máximo e ex-presidente municipal Manuel Zepeda Cortes e sua filha Elisa Zepeda Lagunas, atualmente deputada pelo Morena no Congresso do Estado de Oaxaca. Sabemos da influência que esta última tem nos juízos e tribunais, sabemos das relações que mantém com o governador do estado de Oaxaca, Salomón Jara, com a presidente da república, Claudia Sheinbaum, e agora inclusive com o novo presidente da Suprema Corte de Justiça da Nação, Hugo Aguilar Ortiz. Sabemos que, independentemente do partido político que esteja no poder e do seu discurso, o Estado busca reprimir a autodeterminação das comunidades indígenas.

Além do caso de Miguel Peralta, existem muitos mandados de prisão contra mais de 50 integrantes da comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón, entre eles Martha Betanzos e Martín Peralta (mãe e irmão de Miguel), todos perpetrados pela mesma família caciquil e respaldados pelo sistema nefasto de justiça. Não lhes basta estar em cargos de poder e utilizá-los para submeter a comunidade, querem seguir mantendo famílias inteiras deslocadas e sob a angústia de um dia serem detidas.

No passado mês de abril, David Peralta, irmão mais novo de Miguel e fotojornalista da localidade, se encontrava exercendo seu trabalho de documentação através do registro fotográfico da exploração e saque dos recursos naturais da comunidade pela empresa familiar dos Zepeda. David foi atacado e ameaçado por Manuel Zepeda e seu pessoal, que lhe roubaram suas ferramentas de trabalho e o perseguiram violentamente, argumentando que ele se encontrava em “propriedade privada”, o que era totalmente falso.

Por tudo isso, convocamos vocês a se solidarizarem e se somarem à Jornada de Agitação pela Liberdade Absoluta de Miguel Peralta Betanzos. Sugerimos a realização de atividades entre os meses de setembro e novembro deste ano de 2025, entendendo-se agitação e ação em suas diversas formas e modalidades, com o que a própria imaginação e ferramentas nos permitirem: desenhos, poemas, música, faixas, gráfica, dança, cartas, eventos e ações, tudo em solidariedade a Miguel Peralta e à comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón, exigindo mais uma vez sua LIBERDADE ABSOLUTA. Da mesma forma, convidamos vocês a ficarem atentos às próximas ações e a divulgarem o caso por todos os meios possíveis. É um momento crucial para que a Justiça do Estado decida pela sentença de liberdade absoluta a Miguel Peralta e para que ele possa voltar a caminhar pelas ruas, caminhos, montanhas, cânions e cafezais de sua comunidade.

Chega de perseguição às comunidades originárias!

Liberdade absoluta para Miguel Peralta!

Liberdade e Justiça para Eloxochitlán de Flores Magón!

Nem condenados/as! Nem perseguidos/as!

Grupo de Apoio em Solidariedade a Miguel Peralta

Amigos/as de Miguel Peralta e pessoas solidárias à comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón

Compartilhe suas propostas e/ou ações em:

E-mail: yalibreselox@riseup.net

FB: Libres Ya

IG: Libres.ya

Tradução > Liberto

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Vermelho céu manchado
Sombras em seus lugares
Lua aparece.

Chang Yi Wei

[Itália] Milão: sábado, 6 de setembro, manifestação nacional “Tirem as mãos da cidade” contra a reintegração de posse do Leoncavallo

O comunicado pós-assembleia do Leoncavallo Espaço Público Autogerido:

Tirem as mãos da cidade!

Sábado, 6 de setembro, ATO público nacional

Contra a reintegração de posse do Leoncavallo, contra o fascismo do governo, a gentrificação e a expropriação dos patrimônios públicos e autogeridos.

Defendemos os espaços sociais, a cultura livre, a arte subversiva e os movimentos de base. Queremos outra Milão!

Convidamos todxs a participar a partir da trajetória que começa hoje em direção ao ato do dia 6 de setembro e que envolve todos os coletivos milaneses que se importam com o destino da cidade. A manifestação coincide com as datas do festival antirracista Abba Vive, de 5 a 7 de setembro, no Parque Sempione. Um evento que representa a memória viva das novas gerações antirracistas e decoloniais que são o futuro de Milão.

Vamos construir juntxs um ato nacional contra a gentrificação e a democracia do metro quadrado pelo direito à existência dos espaços autogeridos e por uma democracia de base.

Tirem as mãos da cidade! Sábado, 6 de setembro, Ato Nacional

Tradução > Liberto

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Margeando riacho
Tenras folhinhas brotam
No campo queimado.

Mary Leiko Fukai Terada

[Croácia] Feira Anarquista de Livros de Zagreb

Amigos e camaradas, boas-vindas!

Com alegria combativa, convidamos a todos para a Feira Anarquista de Livros de Zagreb que, este ano, vai acontecer em dois locais. No primeiro dia, 6 de setembro, a feira acontece na ocupação Postaja, em cooperação com o grupo autônomo anarco-queer Vrrrane, onde oficinas e debates aguardam a todos. No dia 7 de setembro, além de expositores de livros e uma rica seleção da literatura anarquista, debates, fóruns e oficinas aguardam no Centro da Juventude de Ribnjak. O tema geral da Feira Anarquista do Livro de Zagreb deste ano é “Antimilitarismo e Antifascismo”, e o subtema é “Esgotamento” (Burnout).

Todos os participantes da feira recebem um prato vegano. Tentaremos dar acomodação aos participantes (em ocupações de Zagreb, com particulares amigos de Zagreb, e recomendações de opções alternativas de acomodação, como albergues).

A feira se fundamenta nas ideias de antiautoritarismo, antifascismo e anticapitalismo, entre outros princípios anarquistas. Esperamos que esta feira, tal como outras feiras anarquistas, sirva de plataforma para nos conhecermos, estabelecer contatos, distribuir materiais e partilhar experiências da luta em comum. A feira é organizada horizontalmente, conforme princípios libertários e, por isso, custeada na base de doações e de benefícios.

Convidamos a todos a contribuírem com a feira deste ano através da sua participação.

Além disso, pedimos que encaminhem o convite a coletivos e distribuidores amigos. Queremos que os princípios anarquistas e a teoria da organização social e econômica, a filosofia e a ciência se aproximem de todos interessados. Vamos estender a luta contra todos os sistemas de dominação, da feira para as ruas, para os locais de trabalho, os apartamentos e casas, escolas e hospitais!

Nem escravos nem senhores, anarquistas!

Contato

Para informações adicionais, perguntas ou sugestões, entre em contato pelo email anarchistfair@riseup.net

www.zagrebask.org

Tradução > CF Puig

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Pela madrugada,
Promessa de um dia claro.
Névoa no caminho

Manoel Menendez