[Grécia] O rebelde Nikos Paleokostas

por Dimos Vosinakis | 26 de abril de 2025


Nikos Paleokostas partiu hoje (26/04) para uma longa jornada com apenas 65 anos. Nikos, assim como seu irmão Vasilis, expressa o espírito orgulhoso e rebelde encontrado nas montanhas gregas de ladrões e armatoles, aqueles que não se submetem e nunca se rendem a nenhum conquistador. Ele nasceu em 1960 em Moschofyton, Trikala, e depois de algumas breves andanças pelo mar, decidiu se voltar para o crime, principalmente roubos, assaltos e sequestros. E ele se saiu muito bem.


Em junho de 1992, Nikos e Vasilis Paleokostas, juntamente com Kostas Samaras e outra pessoa, invadiram armados a agência do Banco Nacional em Kalambaka, que fica a 250 metros da delegacia de polícia. Sem dar um pio e sem colocar em risco nenhum funcionário ou cliente, eles pegaram aproximadamente 125.000.000 de dracmas [moeda grega antes do euro, em 2001] do cofre e desapareceram nas montanhas da região, onde esconderam partes iguais para serem coletadas vários dias depois. Foi um dos maiores roubos, se não o maior, que já ocorrera em território grego.


Desde 1998, ele estava na lista da Interpol dos dez criminosos mais perigosos do mundo, e o estado grego estava tentando encontrá-lo. A Polícia Helênica e seus especialistas usaram todos os meios possíveis e improváveis para chegar mais perto dos vestígios do infame fantasma, sem sucesso. Finalmente, Nikos foi preso na quarta-feira, 13 de setembro de 2006, em um posto de controle policial nos arredores da vila de Livadi, em Parnassos, uma área que ele conhecia como a palma da mão. O tribunal o condenou por uma série de crimes e sua sentença final foi de 197 anos e 376 meses.


Após 16 anos de prisão contínua e 13 pedidos de benefícios penais que foram rejeitados, apesar dos comprovados problemas cardíacos graves e insuficiência renal que enfrentava, Nikos foi libertado da prisão em outubro de 2021. A fúria vingativa do Estado e da mídia oligárquica, que sempre foram alvo dos irmãos Paleokostas, vão querer classificá-lo definitivamente como um “criminoso perigoso”. Não é por acaso que hoje todas as reportagens que noticiam sua morte trazem fotos dele aflito, ferido e algemado.


Para todos nós faria bem lembrar que, além de sua prolífica atividade criminosa, ele tinha instinto, ética, princípios, respeito e uma consciência de classe inata especial que é tão rara em nossa época. Tenha uma boa viagem, fantasma, e condolências a Vasilis, que continua aproveitando sua liberdade.


Fonte: https://www.alerta.gr/archives/37829


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Tarde de sol,
o armador da rede
range devagar.


Luiz Bacellar

[Chile] Santiago: Chamada para um “Maio Negro, Subversivo e Ativo” e um Bloco Negro Anarquista

Fazemos uma nova convocação a todos os luditas e iconoclastas neste Primeiro de Maio para que se concentrem como um único Bloco Antiautoritário e abram caminho pela artéria principal da metrópole para revidar, golpe a golpe, os símbolos da escravidão assalariada capitalista, a cada agressão infligida por eles. Não queremos ser cidadãos, tampouco queremos ser proletários.

Nos recusamos a implorar por mais alguns pesos ou pelo direito de trabalhar ao Pai Estado. A proposta aqui é abolir o trabalho assalariado e incendiar a mercadoria da produção em massa que devastou a terra e poluiu o mar. Para que a estrutura econômica contemporânea sobreviva, é necessária a devastação da terra, a extinção e a subjugação de outras espécies.

É necessário destruir todo produto da sociedade tecno-industrial que devasta a terra. Em algum momento ácratas mencionavam que devíamos usar todos os meios tecnológicos à nossa disposição, mas sem dúvida eles não viram todas as barbaridades causadas pelo desenvolvimento e pelo progresso.

Que tipo de consciência é a consciência de classe?

O chamado é para sabotar as engrenagens da máquina de dominação: em direção à ofensiva, desprezar o trabalho pelo qual o cidadão é dignificado, o escravo moderno não consegue ver a ternura do fogo abraçando as máquinas, este não é um chamado para conciliar com a instituição, é um chamado para a revolta contra o mundo das mercadorias, da escravidão e da exploração, contra seus promotores, defensores e seus falsos críticos. Para espalhar a revolta.

1º DE MAIO – 10 HORAS – BRASIL/ALAMEDA

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Escalo a colina
cheio de melancolia –
Ah, roseira-brava.

Buson

subMedia lança documentário sobre Estallido Social no Chile 

O primeiro de uma série de documentários, InterRebellium 01. The Estallido Social é uma história contada pelos olhos de participantes anarquistas e anticoloniais da revolta de 2019 nos territórios ocupados pelo Estado do Chile.


O Estallido Social (ou Explosão Social) foi uma revolta popular nos territórios ocupados pelo Estado chileno, desencadeada em 18 de outubro de 2019 por um aumento de 30 pesos na tarifa do transporte público. O que começou como uma campanha liderada por estudantes de pular as catracas do metrô rapidamente se transformou em uma revolta a nível nacional que abalou as bases da sociedade.


Essa revolta nasceu de uma longa história de revolta no chamado Chile. Infelizmente, como nos lembra a participante Yza, as longas histórias de revolta geralmente se devem a longas histórias de repressão. A repressão nessas terras é anterior à formação do Estado chileno, à invasão e conquista espanhola. Mas a era moderna começa com o golpe de 1973 que instalou Augusto Pinochet como ditador. Anos de reformas neoliberais produziram uma classe trabalhadora desiludida e desarticulada. InterRebellium traça as raízes do levante de 2019 nos movimentos estudantis dos anos 2000 e nos movimentos feministas de meados dos anos 2010, bem como na resistência indígena ao longo da história da dominação colonial. O movimento também assimilou dicas e táticas das revoltas que ocorreram simultaneamente em Hong Kong e no Equador.


Durante meses, milhares pessoas travaram batalhas de rua com policiais e militares, organizaram redes de apoio a militantes da linha de frente, criaram assembleias de bairro organizadas horizontalmente, participaram de greves gerais e realizaram atos de incêndio e sabotagem contra símbolos do poder e corporações multinacionais.


O Estallido acabou sendo contido por meio de uma combinação de repressão brutal do Estado, promessas de reforma e de uma nova Constituição, além de uma mudança estética nos antigos símbolos do poder com a eleição do jovem Gabriel Boric, da nova esquerda. À medida que os protestos diminuíram e muitas pessoas se dispuseram a trabalhar dentro dos canais da burocracia estatal, Boric e a nova esquerda ficaram livres para fazer coalizão com as mesmas forças que estavam no poder antes do Estallido, deixando muitos dos piores perpetradores da repressão estatal em suas mesmas funções. Um punhado de presos políticos do Estallido permanece atrás das grades até hoje (abril de 2025).


InterRebellium cobrirá a onda global de revoltas de 2018 a 2020. O título vem do latim e significa “entre revoltas”. Acreditamos que é importante aproveitar esse tempo entre as ondas para relatar nossas experiências em escala mundial e estudar o passado para que estejamos mais bem preparadys para o futuro.


>> Assista o vídeo aqui:


https://sub.media/pt/interrebellium-01-o-estallido-social/


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a lua na rua:
um gato lentamente
torna-se minguante.


André Ricardo Aguiar

[Alemanha] Berlim: “Chegou a hora de intensificar” – Chamada para ações desde o 1º de Maio Revolucionário até o dia 15 de maio de 2025, data em que se comemora o Dia da Nakba

O slogan “Israel é um Estado terrorista” é gritado em quase todas as manifestações pró-Palestina. E, de fato, também houve mais algumas ações de escalada [crescimento de ações], como manifestações espontâneas, ocupações, abertura de faixas, ações pirotécnicas, destruição e queima [ações diretas] de militantes, pichações por toda Berlim e assim por diante.

Mas a maior escalada já veio das entidades belicistas e genocidas. Enquanto o horror do genocídio diário parece um apocalipse sem fim para os palestinos, as pessoas no ventre da besta que ousam resistir a essa máquina de morte sangrenta estão sendo fortemente criminalizadas e enfrentam espancamentos, prisões, doxxing, perda de emprego e moradia, ferimentos graves, julgamentos, deportações e muito mais.

Mais uma vez, quase todas as manifestações pró-Palestina são proibidas e os locais das manifestações são alterados pela polícia, não apenas para silenciar e esconder os protestos no espaço público, mas também para que os policiais possam espancar e prender as pessoas com mais facilidade. Em todas as manifestações e comícios registrados, sabemos que seremos atacados e que as pessoas serão feridas e prejudicadas de outras formas.

Mas todos nós já sabemos o que fazer, porque já previmos isso em tantas marchas e protestos: “Chegou a hora de intensificar”.

Como anarquistas e pessoas de círculos autônomos que lutam por uma Palestina livre, pedimos para participar de toda a manifestação do Primeiro de Maio Revolucionário – em todos os blocos – com mensagens pró-Palestina, para que os policiais não possam isolar apenas um bloco. E convocamos todos os grupos de afinidade anarquistas e autônomos a participarem da defesa do espírito de resistência. No ano passado, na manifestação do Primeiro de Maio em Berlim, era óbvio que os policiais já esperavam uma escalada (eles atacaram a manifestação por causa de cantos de “Do rio ao mar”, dos fogos de artifício e sinalizadores etc.). Vamos começar de novo com todas as nossas novas experiências e vamos perturbar o Estado de razão e o Estado de ordem.

Vamos todos intensificar nossos esforços e concentrar nossas energias criativas para desenvolver e realizar planos inteligentes que tirem os sorrisos vencedores e as máscaras desses aparatos nojentos.

Pelo menos agora, mais do que nunca, as pessoas que sofreram a violência da polícia durante os protestos contra o genocídio sabem disso: Como tudo é reprimido, a distinção entre “legal” e “ilegal” perdeu o sentido.

Portanto, vamos tentar fazer mais fugas, mais ações rápidas, marchas espontâneas, mais espetáculo e usar o elemento surpresa de forma criativa contra nossos inimigos.

Por isso, também pedimos todas as formas de ação criativa contra o genocídio em curso por “Israel” e todos os seus aliados, os especuladores e seus oradores – especialmente do Primeiro de Maio Revolucionário até o Dia da Nakba, 15 de maio. Mas, na verdade, todos os dias – até que a Palestina seja livre.

A n a r q u i s t a s

agência de notícias anarquistas-ana

um gato perdido
olha pela janela
da casa vazia

Jeanette Stace

[Grécia] Acidentes de Trabalho são Assassinatos

Evento na quarta-feira 30/04 às 18:30 na Faculdade de Direito de Atenas
 
O dia 28 de abril é o Dia em Memória dos Trabalhadores, estabelecido por sindicatos e organizações de direitos dos trabalhadores no final do século XX. É um dia dedicado à memória dos trabalhadores que morreram, ficaram feridos ou adoeceram no trabalho, um dia em que todos os anos as questões de segurança no local de trabalho são discutidas. Não é apenas um dia de lembrança e homenagem àqueles que perderam suas vidas em acidentes de trabalho, mas um dia de ativismo e luta pela saúde e segurança no local de trabalho.
 
Por ocasião deste dia e do Primeiro de Maio, mas principalmente vivenciando o assustador índice de acidentes e mortes no trabalho, a Iniciativa Anarcossindicalista Rocinante está organizando em 30 de abril de 2025 o evento “Acidentes de Trabalho são Assassinatos”.
 
Com a taxa de acidentes de trabalho aumentando e uma morte a cada dois dias no local de trabalho, fica claro que deveríamos falar sobre assassinatos relacionados ao trabalho. Esses fenômenos ocorrem em todos os campos de trabalho, com diferentes versões e causas variadas. Mas todas elas têm raízes profundas no capitalismo, que é um terreno fértil para a exploração estatal e a inconstitucionalidade patronal.
 
É dever de todos nós trazer de volta à tona a discussão sobre os efeitos do excesso de trabalho, da exploração patronal, da falta de infraestrutura e do papel reforçador do Estado com as flexibilidades legislativas que ele proporciona e o problemático monitoramento e registro de ocorrências.
 
Quarta-feira, 30 de abril de 2025, 18h30
Faculdade de Direito de Atenas

 
Falarão:

– Nikos Vasiliadis, Rocinante
– Michalis Kargakis, Especialista em Saúde Ocupacional
– Fotis Fotios, Técnico de Segurança
 
Nossos mortos, seus lucros
 
Iniciativa Anarcossindicalista Rocinante – Αναρχοσυνδικαλιστική Πρωτοβουλία Ροσινάντε
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/14/grecia-nao-ha-nada-de-natural-em-um-acidente-de-trabalho/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Voar sempre, cansa –
por isso ela corre
em passo de dança
 
Eugénia Tabosa

16 anos do PT (Partido dos Trabalhadores) no poder do país. E um massacre que não acaba…

[Chile] 1ª Feira do Livro Anarquista da Zona Sul

Convidamos à 1ª Feira do Livro Anarquista da Zona Sul, uma Iniciativa de projetos antiautoritários do setor sul de Santiago. 

Esta atividade faz parte da comemoração dos companheiros que participaram na greve pelas 8 horas em maio de 1886 em Chicago, alguns dos quais foram posteriormente assassinados pelo poder como castigo exemplar. 

Resgatamos o valor histórico e político deste processo para trazê-lo ao presente e reivindicar a importância da memória revolucionária.

Buscamos criar um espaço de propaganda anárquica que fomente o questionamento e o encontro entre companheiros mediante diversos meios, sendo os livros e textos a pedra angular da feira.

A feira contará com diversas atividades complementares para fortalecer a interação e nutrir nossa mente e coração com o fulgor e o amor próprio das ideias que buscam derrubar qualquer forma de autoridade em nossas vidas.

Atividade ao ar livre.

La Zarzamora

Tradução > Sol de Abril

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Sorri a vovó
com o presente da neta –
Muda de azaleia.    

Reneu do Amaral Berni

Iniciado o Arquivo Digital Danças das Idéias

Iniciamos um modesto arquivo digital, reunindo livros, jornais, revistas, panfletos e documentos diversos que reunimos ao longo de nossa existência. Já há uns 40 livros, jornais, documentos antigos e será abastecido com nossos materiais guardados. Aberto para contribuições livres e plena divulgação.

A dedicação de algumas pessoas em adquirir determinados materiais, abrindo mão de recursos preciosos para a necessidade básica, do tempo empenhado nos diversos corres e nas lutas diárias contra as opressões e explorações que nos assolam, muitas vezes perseguidas pelas forças da repressão, as vezes até por quem considerávamos pessoas companheiras de luta, que por um dogmatismo/fanatismo (crença em verdades absolutas e inquestionáveis, sem espaço para dúvida ou debate), algo extremamente distante da anarquia que tanto lutamos em defender, tornou a luta mais árdua do que já é.

Mas somos pessoas pacientes e levamos um novo mundo em nossos corações, como nos lembra sempre a pessoa companheira Durruti, e tantas outras pessoas que contribuíram na construção de nossa narrativa temporal e de identidade anárquica.

Acesse aqui o Arquivo Digital Danças das Idéias:

https://anarkio.net/index.php/arquivo-digital-dancas-das-ideias/

Na preservação da memória de luta e na luta somos dignas e livres!

agência de notícias anarquistas-ana

tantos outonos
em uma paisagem
chuva nos pinheiros

Alice Ruiz

[Vitória-ES] 1º de Maio de 2025: Chamado para o ato da Federação Anarquista Capixaba (FACA) no Parque Moscoso

Companheiras, companheiros e companheires!

Federação Anarquista Capixaba (FACA) convoca todas as pessoas insurgentes, trabalhadoras e lutadoras do Espírito Santo para ocuparmos o Parque Moscoso, no centro de Vitória/ES, no Primeiro de Maio de 2025, das 10h às 18h.

Este não é um dia de comemoração vazia, mas de luta, solidariedade e construção coletiva. Enquanto o sistema nos explora e o Estado nos oprime, nós resistimos criando alternativas de apoio mútuo e organização popular.

Vamos transformar o Parque Moscoso em um espaço de rebeldia e emancipação!

PROGRAMAÇÃO:
 
Música revolucionária – Arte que agita e inspira!
Teatro de rua – Denúncia e conscientização através da cultura.
Roda de conversa – Debates sobre autonomia, ação direta e horizontes libertários.
Assistência jurídica popular – Direito à defesa coletiva e combativa.
Serviços de saúde e bem-estar – Cuidado entre nós, sem custos!
 
TUDO GRÁTIS! TUDO FEITO PELO POVO, PARA O POVO!

Enquanto os patrões e governantes tentam apagar a história de resistência do Primeiro de Maio, nós a reescrevemos com greves, ocupações e ação direta. Convidamos coletivos, sindicatos autônomos, movimentos sociais e todos que desejam um mundo sem opressão a somar forças conosco.

Organize sua base, fortaleça a solidariedade e venha construir a luta popular!

1º DE MAIO NO PARQUE MOSCOSO!
 
Pela emancipação de todxs!
Anarquia e Liberdade!

FEDERAÇÃO ANARQUISTA CAPIXABA (FACA)
Ação Direta e Autogestão!

Local: Parque Moscoso – Centro de Vitória/ES
Data: 1º de maio de 2025
Horário: 10h às 18h
Traga sua voz, sua luta e sua rebeldia!


federacaocapixaba.noblogs.org

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/17/1o-de-maio-de-2025-comunicado-da-federacao-anarquista-capixaba-faca/

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O orgulho no rosto
Por estudar japonês —
Sabor de caqui.

Shônanshi Suzuki

[Itália] Os anarquistas na Resistência

Foram necessárias décadas para que a participação dos anarquistas e libertários na Resistência saísse da sombra em que as “grandes narrativas” do século XX a haviam ocultado. No entanto, em julho de 1943, os anarquistas eram, numericamente, o segundo grupo político presente no confinamento. Também não se deve esquecer que apenas para eles nunca chegou a ordem de libertação do governo Badoglio: todos foram transferidos para o campo de concentração de Renicci d’Anghiari, de onde se autolibertaram em massa em setembro de 1943.

Nesses anos de silêncio, apenas um pequeno grupo de historiadores e um número maior de ativistas trabalharam para reunir os testemunhos dos protagonistas dessa página da história. Em particular, foram coletadas algumas gravações de áudio nas décadas de 1970 e 1980, além de registros em vídeo nos anos 1990, pouco antes que aquela geração — que combateu o fascismo durante todo o ventênio, e não apenas na Segunda Guerra Mundial — desaparecesse por razões naturais. Aqui, damos a oportunidade de ouvir suas próprias vozes.

Dadas as circunstâncias fluidas e variadas, a participação dos anarquistas e libertários na luta armada contra o nazifascismo assumiu formas diferentes. Em algumas regiões, foram formadas unidades partisans autônomas, como o Batalhão Lucetti, na região de Carrara; em outras, como na Lombardia, as Brigadas Bruzzi-Malatesta se juntaram às Brigadas Matteotti, mantendo certa autonomia; já em áreas sem formações libertárias, os partisanos anarquistas se integraram às brigadas já organizadas por outras forças antifascistas (socialistas, comunistas e acionistas).

Também é importante lembrar que uma parte minoritária dos militantes anarquistas escolheu um caminho diferente por diversos motivos: alguns porque se recusavam a participar do que viam como uma guerra entre imperialismos; outros porque, após a trágica experiência da Frente Popular na Guerra Civil Espanhola, não queriam de forma alguma colaborar com as forças comunistas sob o comando de Stalin e Togliatti; e outros ainda porque, coerentes com seus princípios não violentos, não pegariam em armas. Isso, claro, não significa que não tenham participado da luta clandestina contra o nazifascismo, mas sim que o fizeram de outras maneiras.

Certamente, ainda há muito a ser investigado para reconstruir a história da Resistência anarquista e libertária na Itália — começando pelo papel das mulheres nas atividades clandestinas não armadas —, e nossa esperança é que os materiais reunidos aqui possam servir como base para pesquisas futuras.

Fonte: https://centrostudilibertari.it/it/anarchici-resistenza-ricerche

Tradução > Liberto

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velho sapato
lembra das caminhadas
solto no mato

Carlos Seabra

Associação de Trabalhadores de Base (ATB) ao povo

Nesse 1º de Maio, data histórica das lutas da classe trabalhadora, a ATB vem reivindicar seu lugar na barricada, sua posição nas frentes de batalha do povo periférico e das massas oprimidas. Vem se alinhar com todas as iniciativas que não se subordinem aos governos, patrões e autoproclamadas lideranças partidárias. Vem denunciar a falsa polarização eleitoral e os acordos de cúpula, todos eles celebrados à custa da miséria e incontáveis sofrimentos daqueles que realmente criam as riquezas na sociedade capitalista.

Desde 2019 quando foi criada, a ATB estabeleceu, através de seus princípios, os alicerces para uma caminhada que entende ser longa e que, por isso mesmo, precisa de referências claras e objetivas. O cerne das nossas postulações fundamenta-se assim no anticapitalismo, antissexismo, antirracismo, apoio mútuo, autogestão, internacionalismo, federalismo, autonomia e ação direta. Aspectos estes derivados da experiência popular que se reinventa cotidianamente e que tem suas raízes mergulhadas nas realizações da nossa ancestralidade.

Por tudo isso estaremos sempre agindo em apoio aos terceirizados, precarizados, desempregados e informais com ênfase na questão organizativa, anunciando um tipo específico de associacionismo inspirado nas Bolsas de Trabalho, no sindicalismo revolucionário e nos núcleos populares de produção. Em comum acordo com tal atitude destacamos o papel das cooperativas de crédito, trabalho e consumo como elementos de inegável utilidade para a emancipação dos explorados.

Assim pensando, a ATB vem propor a ruptura com todas as formas de exploração, substituindo-as pelas relações horizontais e igualitárias, estas sim as únicas capazes de engendrar um mundo novo sem patrões e toda a espécie de parasitas.

Viva o 1º de Maio!!!

Viva a Luta da Classe Trabalhadora!!!

Associação de Trabalhadores de Base – ATB

atbrj.wordpress.com

comunica.atbrj@protonmail.com

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Ao ser perseguido,
O vagalume /
Se esconde na lua!

Ryôta

1º Maio – Memória e Luta. Avançar na Combatividade e Confrontar o Peleguismo

O dia 01° de maio é importante para marcarmos a memória dos mártires de Chicago, trabalhadores anarquistas, que foram assassinados pelo Estado dos EUA e seus capitalistas. No entanto, além da importância de lembrar dos operários que foram condenados à morte e prisão perpétua como Samuel Fielden, Michael Schwab, Oscar Neebe, Adolf Fischer, Albert Parsons, August Spies, Ludwig Lingg e George Engel em um processo que se caracterizou desde o início como irregular e injusto, é fundamental relembrarmos essa data com muita luta.

No passado estes trabalhadores e trabalhadoras lutaram para diminuir a jornada de trabalho, que nos EUA passava de 16 horas diárias. A exploração era enorme. No Brasil, quando esses eventos ocorreram, o país ainda vivia sobre o regime da escravatura. Passado mais de 100 anos, a luta por melhores condições de vida e trabalho continuam.

A Exploração e Dominação que Sustenta o Poder: A Urgência da Luta Sindicalista Revolucionária no Brasil

O Brasil é um país construído sobre a superexploração da classe trabalhadora, onde o capitalismo racista, patriarcal e colonial extrai lucros gigantescos enquanto condena milhões à miséria. Os salários de fome, a precarização avassaladora e a violência estrutural do Estado revelam a face brutal de um sistema que só se mantém porque oprime, assassina, divide e escraviza a classe trabalhadora.

No caso brasileiro, a redução da jornada de trabalho para 44h semanais só atingiu uma parcela da classe trabalhadora, ficando grande parte da classe ainda no trabalho informal que ganhou novas roupagens, com as tecnologias e os discursos de empreendedorismo. Hoje, a luta imediata da classe trabalhadora é: 1) pela redução da jornada de trabalho com o fim da escala 6×1, com 30 horas semanais em 4 dia da semana sem redução do salário/remuneração; 2) pelo aumento da remuneração das empresas de aplicativos; 3) contra violência nas favelas e periferias; 4) por terra e liberdade e 5) pelos direitos sexuais, reprodutivos e econômicos da mulher e população LGBTQIA+

Além disso, os trabalhadores e trabalhadoras negros sofrem ainda mais com a violência estatal que assola as periferias das cidades brasileiras com o genocídio dos jovens negros. As mulheres trabalhadoras por sua vez sofrem diretamente com a falta de direito à reprodução pela sua condição de duplamente, triplamente explorada, com duas, três ou mais jornadas diárias, sem que seu trabalho doméstico seja valorizado e pago e ainda com seu corpo controlado e vigiado.

Trabalhadores e trabalhadoras LGBTQIA+ também são perseguidos e perseguidas, subjulgadas (os) e mortas (os). Homens e mulheres Trans tem expectativas de vida baixíssima e na grande maioria dos casos realizam seus trabalhos em péssimas condições.

Os camponeses, quilombolas, povos ribeirinhos, caiçaras, pescadores e povos indígenas têm seus modos de vida ameaçados com a violência estatal e da burguesia do agro que avançam sobre seus territórios. Não por acaso, todos os anos dezenas são assassinados por pistoleiros e policiais à mando da classe dominante e de políticos.

A destruição ambiental promovida pelo avanço do capitalismo já produz alterações climáticas que tem impactado, sobretudo, as e os trabalhadores mais empobrecidos. O avanço do agronegócio, o latifúndio modernizado, tem destruído o Pantanal, os pampas, a mata atlântica, a Amazônia, a caatinga e o cerrado para produção de comoditties agrícolas. O assassinato de animais e a destruição desses biomas tem avançado todos os anos, ainda que trabalhadores do setor ambiental façam um trabalho hercúleo para impedir tal destruição. A classe dominante está criando uma extinção em massa dos animais e impossibilitando a vida na terra.

Salários de Miséria: A Farsa da “Recuperação Econômica”

Hoje, enquanto o governo Federal do PT e seus aliados celebram números frios de empregos, 60% dos trabalhadores brasileiros sobrevivem com até 2 salários mínimos – menos de R$ 3.000 em um país onde o custo de vida não para de subir. O trabalhador negro recebe 30% menos que o branco, e as mulheres, mesmo mais escolarizadas, ganham 20% a menos que os homens pelo mesmo trabalho. Além disso, 39% de trabalhadores estão na informalidade, totalmente desprotegidos e desassistidos. Se por um lado o governo celebra a situação de superexploração do trabalho, o empresário quer mais exploração e continua atacando a classe trabalhadora, agora propondo o congelamento do salário mínimo.

Precariedade como Política de Estado

O trabalho intermitente, os falsos PJs e os contratos terceirizados são armas do patronato para negar direitos, enfraquecer contratos permanentes de mais longo prazo, como da própria CLT, e transformar o trabalhador em mercadoria descartável. A aprovação do novo teto de gastos do governo federal tende a favorecer ainda mais esse processo de terceirização, uma vez que áreas como saúde, educação, cultura e meio ambiente demandam de cada vez mais investimentos e contratações e o novo teto de gastos de Haddad/Lula não permite isso. O governo, inclusive na figura do seus Presidente, Luís Inácio Lula da Silva, e o judiciário, como o STJ, legislam a favor do empresariado, criminalizando greves, impedindo e sufocando a livre organização sindical.

A Violência Contra a Classe Trabalhadora

Não é apenas o salário que mata. São as jornadas exaustivas, o assédio moral no ambiente de trabalho, a falta de justiça reprodutiva, a falta de segurança no trabalho, o transporte público lotado e a negação do direito à saúde e à moradia digna. Nós trabalhadoras e trabalhadores estamos cada dia mais adoecidos fisicamente e mentalmente. Todo dia, um trabalhador morre em acidente evitável. Todo dia, uma mulher é assediada no emprego. Todo dia, um jovem negro é exterminado pela polícia nas periferias.

A Resistência é a Única Saída: Destruir o Sindicalismo Propositivo de Resultado

O cenário é devastador. Novas epidemias aparecerão. Mas ao mesmo tempo é preciso que o velho sindicalismo propositivo de resultados, de ocupação de cargos públicos e fóruns tripartites e de ação parlamentarista, caracterizado nos últimos 30 anos pelo seu peleguismo, dê lugar ao novo, que rompa com o legalismo e a conciliação de classe, marca de centrais sindicais como CUT e CTB, vinculado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido Comunista do Brasil (PCDoB), sem contar as outras centrais que são contrárias aos interesses dos trabalhadores, como UGT e Força Sindical.

Assim, a Federação das Organizações de Base (FOB) tem como proposta justamente o rompimento com as práticas burocráticas e parlamentaristas. Apostamos na ação direta, nós por nós mesmos, e na auto-organização da classe trabalhadora criando uma política dos trabalhadores de ação e ruptura, para criação de um mundo novo enquanto lutamos, e treinamos, para conseguir sobreviver de forma digna. Só temos um caminho a trilhar: da revolução social. Para chegar lá é preciso treinar e vencer cada partida, até vencermos o campeonato.

Só esse ano já tivemos importantes demonstrações do poderio e força da classe trabalhadora. A unidade da luta dos povos indígenas e professoras no Pará; o breque dos APPs em todo o país e a campanha pelo fim da Escala 6×1. Sem contar as centenas de mobilizações e greves que se espalham apesar de todas dificuldades atuais.

A história nos mostra: nenhum direito foi concedido de boa vontade. A CLT, o 13º salário, a licença-maternidade e a redução da jornada foram conquistados com sangue, greves e ocupações. Mas a burocracia sindical peleguista, aliada aos patrões e ao Estado, tenta domesticar nossa luta.

Por isso precisamos de:

Sindicatos e organizações Autônomas, classistas e de base, independentes do Estado e dos patrões.

Greves gerais que parem o país, unindo trabalhadoras e trabalhadores, camponeses, povos indígenas, quilombolas;

Ações diretas contra a precarização, ocupando fábricas e bloqueando portos, rodovias e aeroportos

Organização antiracista e feminista, porque não há revolução sem derrubar o machismo e o racismo.

O Sistema Tem Medo da Classe Trabalhadora Organizada!

Enquanto os ricos lucram, nós sangramos. Mas nossa força está na produção – e sem nós, o Brasil para. Neste sentido, é fundamental fortalecer nosso trabalho nos locais de atuação, apoiar a auto-organização do povo, ampliar as práticas de apoio mútuo e onde for possível construir e participar de atos de primeiro de maio com caráter classista, autônomo e combativo.

A hora é agora: por salários dignos, por emprego estável, pelo fim da terceirização e por uma sociedade sem patrões!

Pelo Fim da Escala 6×1

Pelo Fim das Opressões nos Bairros Proletários

Pela Liberdade de Associação

Por Justiça Reprodutiva

Em Defesa da Greve Geral

lutafob.org

agência de notícias anarquistas-ana

Vultos
Ciscos cegos
No olho da rua.

André Vallias

Ação de 1° de Maio na Zona Leste de São Paulo (SP)

Salve camaradas!

Neste Primeiro de Maio vamos somar juntos nessa atividade na região de São Matheus na Zona Leste de São Paulo. Estaremos concentrados na frente da saída do monotrilho da linha 15-Prata de São Matheus, depois seguiremos ao entorno, buscando a comunicação com quem está circulando e trabalhando. 

Nos organizarmos e mobilizarmos é fundamental nesse momento de acirramento da luta pelo fim da escala 6×1, dialogar com a população nas ruas é o que podemos fazer para ganharmos força popular, e assim podermos combater a exploração de classe que se agrava entre nós que obriga trabalharmos mais e mais pelo lucro da burguesia nacional e internacional. 

É urgente posicionarmos a favor da classe trabalhadora e contra os patrões e todos exploradores do povo, lutemos pelo fim dessa maldita escala e por uma mudança imediata que não prejudique mais quem mais sofre, a população pobre. 

Essa mobilização precisa tomar corpo e assim conquistaremos nossos objetivos. Pelo fim do capitalismo e do Estado. Autogestão e Revolução mais nenhuma forma de dominação e opressão. Viva o socialismo libertário.

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O ar a tremular —
A cada golpe da enxada
O cheiro da terra.

Rankô

[Espanha] 29-A: Não somos números, nem mais uma morte! Paremos as mortes no trabalho

Nos dois primeiros meses de 2025, 98 trabalhadores morreram e houve um total de 91.950 acidentes de trabalho. Diante desses números devastadores e inaceitáveis, pedimos que você participe da concentração que a Federação local da CGT València está convocando para a terça-feira, 29 de abril, às 11h30, na Plaza Manises (em frente ao Palácio da Generalitat), para denunciar esses fatos e lembrar que não somos números. Nem mais uma morte! #AcidentesdeTrabalho #CGT #València

Paremos as mortes no trabalho

Nos dois primeiros meses de 2025, 98 trabalhadores morreram e houve um total de 91.950 acidentes de trabalho. Diante desses números devastadores e inaceitáveis, convocamos os delegados, delegadas e afiliados da Federação Local de Valência a participarem da manifestação que ocorrerá na terça-feira, 29 de abril, às 11h30, na Plaza Manises (em frente ao Palácio da Generalitat) para denunciar esses fatos e lembrar que não somos números, nem mais uma morte!

Se a responsabilidade pela organização do trabalho for do empregador e as mortes ocorrerem como consequência do trabalho – contratos precários, trabalho por peça, ritmos frenéticos e estressantes, tempos de viagem cada vez maiores, pressão e violência (moobing) na organização do trabalho, autoritarismo e falta de democracia no local de trabalho, … – há apenas uma pessoa responsável: OS EMPREGADORES.

ACIDENTES DE TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL

Desde a Confederação Geral do Trabalho (CGT), nos perguntamos: para que serve ao trabalhador morto a dor fictícia de seu patrão ou a dor mais real de seus companheiros, de sua família ou da sociedade?

O trabalho assalariado é uma necessidade para milhões de pessoas que estão empregadas, trabalham, têm um emprego ou estão procurando um. Trabalho que produz bens e riquezas para a sociedade.

Todos os dias, uma média de 2 trabalhadores têm suas vidas ceifadas em várias atividades. Centenas de milhares de pessoas sofrem acidentes graves ou muito graves e lesões incapacitantes todos os anos pelo simples fato de irem trabalhar.

A Lei, o Estatuto dos Trabalhadores, a Lei de Prevenção de Riscos Ocupacionais, obriga os empregadores a proteger a saúde e a vida de milhões de funcionários. Essas garantias são desrespeitadas diariamente ao serem condicionadas à lógica da eficiência econômica e dos lucros das empresas.

A sociedade aceita a morte nos “trabalhos” como um fato “normal”, pois a lógica da eficiência econômica capitalista é abençoada a ponto de nos fazer acreditar que ela é imutável e, além disso, inevitável. Como prova disso, basta dar uma olhada nas estatísticas oficiais de cada ano.

A Lei do Mercado funciona como uma máquina que tritura direitos e vidas, e as mortes, doenças e acidentes causados por essa lei têm nome e sobrenome: os empregadores, seus gerentes, seus diretores, os políticos e legisladores.

É uma guerra em que, a cada dia, dois trabalhadores morrem, ou seja, são “assassinados legalmente”, seja por acidente ou por doença ocupacional. Nessa guerra, não há direitos de refúgio, pelo contrário, as políticas são antiproativas na proteção dos direitos dos trabalhadores.

Fonte: Gabinete de Comunicación de la Confederación General del Trabajo del País Valenciano y Murcia

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casca oca
a cigarra
cantou-se toda

Matsuo Bashô

Três Vivas Pelos Atos Pela Juventude Trans.

Há muito o que comemorar neste 24/04. O esforço para realizar manifestações em favor dos direitos e da juventude trans em todo país, fortemente puxado pelo Coletivo Antiordem, que está no mesmo grupo que nós (o Lunária) e o Coletivo Chama, foi um enorme sucesso.

Através das cinco regiões do Brasil, em metrópoles e em alguns casos no interior, os atos reuniram pessoas dispostas a lutar por seus direitos e contra a transfobia do CFM (Conselho Federal de Medicina), além de terem demonstrado que a comunidade LGBTQIA+ é materialmente capaz de se organizar pelo país inteiro.

Talvez o detalhe mais bonito desses atos tenha sido a expressividade, em Belo Horizonte houve cartazes e um desenho, em Franca bandeira colocadas lá pela comunidade (inclusive as bandeiras anarquistas do Antiordem e do Anarco-Comunismo), no Rio de Janeiro houve discursos poderosos, apenas para citar alguns exemplos.

E quem quer que seja que afirmar que os atos não incomodaram ou não vão fazer a diferença é mentiroso. O CFM de várias cidades fechou o prédio e as janelas, a polícia foi chamada de forma unânime, e a direita se fez presente num caso bem irônico:

Lucas Pavanato, sujeito cuja altura pequena só é maior que o pequeno caráter, tentou atrapalhar a manifestação em São Paulo, e só teve “coragem” de aparecer porque foi protegido por vários policiais: uma clara demonstração que o Estado serve para proteger os privilegiados.

Depois do sucesso dessas manifestações o dia 24/04 é a mais nova data comemorativa da esquerda e comunidade LGBTQIA+ brasileira.

Um brinde!

Fonte: https://novaplebe.com/tres-vivas-pelos-atos-pela-juventude-trans/

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lua n’água
entre pétalas
alumbra o abismo

Alberto Marsicano

[Áustria] Conectando as lutas emancipatórias – Vá para as ruas no dia 1º de maio!

MAYDAY / MAYDAY

1º de maio, 15:00, S-/U-Bahn Simmering

As pressões impostas pelas estruturas da sociedade estão constantemente impondo desafios. A alta inflação, o aumento dos aluguéis e o domínio dos investidores no mercado imobiliário são um problema. Aqueles que não têm acesso a moradias municipais ou ao mercado de aluguel seguro enfrentam contratos de curto prazo e aluguéis exorbitantes. Muitos não podem mais se dar ao luxo de morar em Viena. Nós nos opomos a isso e saímos às ruas por uma cidade para todos!

Isso é necessário à luz da crescente violência da direita nas ruas de nossa cidade. Globalmente, as estruturas feministas e queer estão sob ataque, e o número de feminicídios está aumentando. Recentemente, uma rede de extrema direita na Áustria foi exposta, tendo como alvo homens homossexuais e indivíduos queer. As pessoas que se opõem consistentemente à ideologia de direita, especialmente os antifascistas, estão se tornando cada vez mais alvos de medidas autoritárias do Estado. Seja Maja, na Hungria, que enfrenta uma sentença de 24 anos de prisão, vários antifascistas envolvidos no caso de Budapeste que estão enfrentando punições igualmente draconianas, ou a severa repressão que está ocorrendo atualmente em Graz contra ativistas antifascistas.

Onde quer que os partidos de direita consigam entrar no governo, eles começam a implementar sua ideologia na prática. Não precisamos olhar para os EUA em busca de exemplos – isso também está acontecendo na Áustria. Recentemente, na Estíria, o governo conservador de direita substituiu os conselhos consultivos existentes para o financiamento da cultura por indivíduos de sua escolha, mesmo antes do término de seus mandatos.

No entanto, as iniciativas e os espaços culturais são vitais para a coesão social. Esses espaços fornecem uma base fundamental para combater a polarização da sociedade e lutar pela solidariedade. Atualmente, muitos desses espaços estão ameaçados, e defendemos a preservação de espaços livres como o St. Mar, que corre o risco de ser demolido.

Não são apenas o antifascismo e o trabalho cultural que estão sob ameaça. O antissemitismo e o racismo estão em ascensão. Desde o dia 7 de outubro e a guerra que se seguiu, tanto a propaganda islâmica quanto a de extrema direita aumentaram, afetando nossos movimentos. O número de ataques antissemitas – incluindo aqueles provenientes de círculos supostamente de esquerda – aumentou drasticamente, juntamente com um aumento de incidentes racistas e antimuçulmanos.

As pessoas que são vistas como “diferentes” sofrem exclusão cotidiana. Aqueles com nomes percebidos como “não alemães” enfrentam grave discriminação no mercado imobiliário. A discriminação no local de trabalho devido à origem (percebida) também é desenfreada, sem mencionar as lutas dos indivíduos que não têm acesso ao mercado de trabalho. Aqueles com direitos de trabalho limitados, como os solicitantes de asilo, geralmente acabam trabalhando como autônomos subcontratados em setores precários, como entrega de alimentos e pacotes. Atualmente, esse setor está sofrendo reveses significativos – recentemente, a Lieferando demitiu 1.000 motoristas empregados, mudando totalmente para contratos freelance. Esse é um ataque direto aos direitos dos trabalhadores, que nós, como esquerdistas e movimentos emancipatórios, não podemos ignorar!

O trabalho precário geralmente leva a condições precárias de vida e saúde. Apartamentos muito caros, às vezes sem aquecimento ou eletricidade. Altos custos de saúde para indivíduos sem seguro. Muitas vezes, as pessoas afetadas precisam se organizar contra essas condições desumanas – enfrentando repressão severa, às vezes até a perda do emprego. Todos esses são sintomas da lógica do lucro capitalista e da marginalização.

Estamos vivendo em um mundo de múltiplas crises e guerras, que não podem ser resolvidas com respostas simplistas e retórica de direita. Uma crise que a política dominante continua a ignorar é a mudança climática. Desde as enchentes do último outono, ficou claro: a crise climática chegou à Áustria. Devemos reconhecer que muitas regiões – especialmente no Sul Global – são afetadas de forma desproporcional. O que vivenciamos até agora é apenas uma prévia do que está por vir. Está ocorrendo uma organização local, como a “Wir fahren gemeinsam”, em que motoristas de ônibus, sindicatos e ativistas ambientais unem forças para pressionar por uma transição do nosso sistema de transporte.

Para nós, a questão é como construir um modo de vida diferente – livre da guerra, da opressão estatal, do capitalismo, do racismo, do antissemitismo, do fascismo e do patriarcado; livre da dominação e da exclusão.

É hora de unirmos nossas lutas e desenvolvermos soluções coletivas. O mundo de amanhã deve ser melhor – livre de todas essas restrições!

Em resposta à exclusão, construímos solidariedade! Por essa visão, sairemos às ruas em 1º de maio! Junte-se a nós às 15h00 no S-/U-Bahn Simmering para uma manifestação militante pelo 11º distrito.

MAYDAY / MAYDAY

www.mayday.jetzt