Rifa do Centro de Cultura Social para manutenção do espaço, 2025

O Centro de Cultura Social (CCS) é um espaço anarquista fundado em 1933 como remanescente das organizações operarias do inicio do século passado. Esteve fechado nas duas ditaduras civis-militares no Brasil em 1945 e 1964. Em sua fase atual foi refundado em 1985, funcionou em vários lugares pela cidade, sendo que desde 2007 tem sua sede na Rua general jardim, nº 253, sala 22, Pç. Da Republica, SP/SP. Seus sócios e sócias contribuem financeiramente para manter o CCS.
 
Realiza atividades, geralmente aos sábados, como o GEAFM, grupo de estudos Anarquismo, Feminilidades e Masculinidades, o Cine Clube Chico Cuberos, palestras, debates, rodas de conversa, exposições, etc.
 
Tem uma biblioteca que esta aberta ao publico para consulta, um serviço de livraria, publica alguns títulos para divulgar o anarquismo. Todo material vendido como livros, camisetas, botons, adesivos, etc é utilizado na produção de outros materiais e manutenção financeira do espaço.
 
Devido a elevação dos custos para manutenção do espaço, estamos fazendo essa rifa, assim além de concorrer aos prêmios, livros, camiseta, cartaz, você ainda contribuirá para permanência do espaço aberto e oferecendo as mesmas atividades.
 
São 100 números, r$ 30,00 cada. Serão sorteados dois números. Gravaremos e exibiremos o sorteio que será feito eletronicamente em 15 de agosto de 2025.
 
Contribua com o CCS! Participe! Por favor compartilhe. Muito obrigado!!!
 
Centro de Cultura Social –  CNPJ. 54.220.108/0001-19
Banco do Brasil  –  Agência 1202-5, Conta Corrente 74010-1
PIX: CNPJ 54.220.108/0001-19
 
Por favor, envie o recibo do PIX e um número telefônico para contato em nosso e-mail, ccssp@ccssp.com.br.
Na medida que for vendendo iremos atualizando os números disponíveis.
 
Relação de prêmios:
 
|| 1ª pessoa sorteada ||
 
01 Camiseta Abolicionista penal, CCS. branca  
Lúcia Silva Parra. Leituras libertárias: cultura anarquista na São Paulo dos anos 1930. CCS. 2017. SP. 227 págs.
Maurice Joyeux. Hidra de Lerna, A. CCS. 2023. SP. 85 págs.
Oliveira, Antonio Carlos. Fanzines Contam Uma História Sobre Punks, Os. CCS.. SP. 2021, 171 págs.
Piotr Kropotkin.  Memórias de um revolucionário. CCS. 2021. SP. 405 págs.
Carlo Aldegheri & Marcolino Jeremias. Carlo & Anita Aldegheri: vidas dedicadas ao anarquismo. NELCA&CCS. 2017. Guarujá/SP. 115 págs.
 
|| 2ª pessoa sorteada ||
 
01 Camiseta CCS 90 anos, 1933 a 2023. CCS. Branca
Revista do Centro de Cultura Social n.1. Especial Kropotkin. CCS. 2021. SP.  60 págs.
Revista do Centro de Cultura Social n.2. Especial Ricardo Flores Magon. CCS.  2022. SP.  52 págs.
Revista do Centro de Cultura Social n.3. Especial CCS 90 anos. CCS. 2023. SP. 48 págs.
Revista do Centro de Cultura Social n.4. Especial Antifascismo. CCS. 2024. SP. 101 págs.
Cartaz antifascista 1934 a 2024. CCS. SP. 2024
 
https://www.facebook.com/centrodeculturasocialSP/
https://www.instagram.com/centro_de_cultura_social/
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agência de notícias anarquistas-ana
 
De uma casa branca
No meio da encosta da montanha
Sobe um fio de fumaça.
 
Paulo Franchetti

[EUA] “Sem Reis!”? Que tal “Sem Presidentes!”?

Por Ryan Only e Eric Laursen
 
Em 14 de junho de 2025, milhões de pessoas tomaram as ruas em uma poderosa demonstração de protesto contra a crescente consolidação de poder nas mãos de Donald Trump. Os protestos “Sem Reis”, realizados em mais de 2.100 cidades, foram uma resposta direta ao desfile militar do presidente Trump celebrando os 250 anos do Exército dos EUA, coincidindo com seu 79º aniversário.
 
Organizado por uma coalizão de mais de 200 grupos, o protesto reuniu participantes para afirmar que os Estados Unidos não toleram reis, e tampouco deveriam aceitar qualquer líder que busque centralizar o poder e minar instituições democráticas. Os protestos foram um chamado à ação, conclamando os cidadãos a garantir que o poder permaneça com o povo, não com um governante singular.
 
Mas se a monarquia é obsoleta, por que ainda toleramos presidentes? Figuras de autoridade revestidas de democracia, mas que manifestam hierarquia e centralização? O culto à presidência reproduz estruturas baseadas na obediência a um poder distante, fé cega na liderança e a ilusão de que a libertação pode ser concedida de cima.
 
“Sem Reis!”? Que tal “Sem Presidentes!”? Donald Trump não é um rei. Ele é um presidente e esse é o problema, em certos aspectos.
 
Muitas sociedades ainda têm reis e ironicamente algumas dessas sociedades oferecem um padrão de vida que os progressistas nos EUA costumam apontar como modelo. Países como Noruega, Suécia, Holanda e Dinamarca mantém monarquias constitucionais e ao mesmo tempo estão entre os mais bem classificados em acesso à saúde, igualdade de renda, educação e mobilidade social.
 
Essa contradição aparente revela uma verdade mais profunda: a presença de um monarca não equivale automaticamente à tirania, assim como a presença de um presidente não garante liberdade. De fato, isso expõe o vazio da distinção simbólica entre monarquia e democracia quando o poder real está concentrado em instituições de elite, independentemente do título do líder. Não é a coroa nem o cargo que determinam a justiça; é o fato de as pessoas terem ou não controle real sobre os sistemas que governam suas vidas.
 
À medida que o movimento “Sem Reis!” ganha força, liberais e outros ativistas nos EUA deveriam considerar a verdadeira questão: como chegamos até aqui e como podemos avançar, rompendo de vez com o autoritarismo de Trump. A questão não é monarquia versus presidência, mas o próprio mito da representação.
 
A política eleitoral nos EUA há muito promete dar voz ao povo, mas, na prática, falha continuamente em envolvê-lo nas decisões que moldam seu cotidiano. Votar a cada poucos anos em candidatos previamente aprovados por máquinas partidárias e financiados por interesses corporativos oferece pouco mais que a ilusão de escolha. Enquanto isso, o sistema econômico que sustenta essa estrutura política, movido pelo lucro, pela concentração de riqueza e pelas exigências implacáveis do capitalismo, torna quase impossível para as pessoas comuns exercerem influência significativa.
 
A maioria das pessoas está sobrecarregada com dívidas, insegurança habitacional, empregos precários e distrações da mídia de massa para conseguir se organizar de forma eficaz, quanto mais navegar pelos labirintos burocráticos projetados para despotencializá-las. Nesse cenário, a democracia se torna um ritual vazio, enquanto as decisões reais são tomadas em salas de diretoria, escritórios de lobby e reuniões a portas fechadas, longe de qualquer prestação de contas ao público.
 
Pode parecer esmagador, até ingênuo, imaginar um movimento popular capaz de transcender a ordem política estabelecida, especialmente quando fomos ensinados que mudanças só acontecem dentro dos limites estreitos das eleições e dos partidos. Mas a história nos lembra que houve um tempo em que a ideia de um mundo sem monarquia absoluta parecia igualmente impossível.
 
O fim da era da monarquia como ordem dominante não veio por meio de petições educadas ou do voto, mas sim por mobilizações massivas, recusas coletivas e ousadas reinvenções do próprio conceito de poder. Hoje, à medida que o poder presidencial cresce de forma cada vez mais descontrolada, a ameaça não é um retorno à monarquia, mas o aprofundamento do tipo de autoritarismo disfarçado de legitimidade democrática que nosso sistema atual de presidentes e “democracia representativa” tem nos conduzido.
 
Em vez de nos preocuparmos com um suposto retorno à era dos reis, deveríamos nos concentrar em construir um futuro no qual nenhuma pessoa, rei ou presidente, possa reivindicar o direito de governar milhões. Isso implica rejeitar a forma cada vez mais autoritária de governo sob a qual vivemos hoje e construir algo melhor, uma sociedade baseada na autodeterminação real, na tomada de decisões descentralizada e não hierárquica, e em uma economia cooperativa.
 
Só desmontando os mitos que sustentam nossa realidade política, como a liderança benevolente e a liberdade por meio da representação eleitoral, é que podemos começar a imaginar algo radicalmente diferente. Como os movimentos que paralisaram a OMC em 1999 ou ocuparam Wall Street em 2011, precisamos de protestos de massa que não apenas rejeitem Trump ou qualquer presidente individualmente, mas que confrontem todo o sistema que concentra o poder e pacifica o público com encenações e espetáculos. A verdadeira democracia não é concedida de cima, ela é construída e vivida de baixo. Um outro mundo se torna possível e inevitável, quando as pessoas deixam de esperar permissão para se autogovernar.
 
Fonte: https://anarchistagency.com/no-kings-how-about-no-presidents/
 
Tradução > Contrafatual
 
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agência notícias anarquistas-ana
 
Garoinha fina —
Alguns abrem, outros fecham
guarda-chuvas pretos
 
Tania D’Orfani

[Rússia] Gerente de Livraria de São Petersburgo é Multada por Venda de Livro de Memórias Anarquista

Na segunda-feira, um tribunal de São Petersburgo multou a gerente da livraria centenária Podpisniye Izdaniya em 20 mil rublos (US$ 254) por vender uma cópia do livro de memórias de um anarquista bielorrusso que está preso.

O Tribunal Distrital de Kuibyshevsky considerou Yelena Orlova culpada de participar das atividades de uma organização “indesejável”, informou o serviço de imprensa do tribunal.

A Podpisniye Izdaniya supostamente vendeu o livro de memórias de 2013 do anarquista bielorrusso Ihar Alinevich, “I’m Off to Magadan”, que as autoridades russas alegam ter sido publicado com o apoio da Federação Anarquista Cruz Negra [Black Cross Anarchist Federation], sediada nos EUA.

O Ministério da Justiça da Rússia designou a Federação Anarquista Cruz Negra como uma organização “indesejável” em fevereiro de 2024. A designação efetivamente proíbe a organização de operar dentro da Rússia e sujeita seus membros e afiliados a possíveis processos criminais.

Orlova disse a um juiz de São Petersburgo que a Podpisniye Izdaniya havia recebido “I’m Off to Magadan” antes de a Federação Anarquista Cruz Negra ser colocada na lista negra da Rússia, informou a mídia local. Seu advogado alegou que o livro foi retirado das prateleiras das lojas logo após a proibição de fevereiro de 2024.

Um porta-voz do tribunal contestou a alegação, dizendo que uma cópia do livro foi comprada na loja em dezembro de 2024.

A Podpisniye Izdaniya foi multada no início deste ano por vender livros que supostamente violavam as leis de “propaganda LGBT” da Rússia. Esses livros incluíam obras de autores como Susan Sontag e Olivia Laing.

Em abril, a Podpisniye Izdaniya foi obrigada a remover 48 livros de seu catálogo após as acusações.

Fonte: https://www.themoscowtimes.com/2025/06/16/st-petersburg-bookstore-manager-fined-over-sale-of-anarchist-memoir-a89458

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Manhã sem sol —
Rouba a cena do Encontro
a flor da pitanga.

Estela Bonini

[Grécia] Atenas: Informações sobre a nova acusação e processo judicial contra nós

A dignidade humana é um termo que encontramos no dicionário, e define a escolha de uma pessoa por agir com base na solidariedade, pontualidade, consciência e na luta intransigente contra os inimigos da liberdade.

A história de todas as sociedades até hoje é a história das lutas por dignidade, uma guerra social, de classes.

Homem livre e escravizado, patrício e plebeu, invasor e resistente, em uma palavra: opressor e oprimido estão em constante oposição uns aos outros. Uma luta contínua, expressa ora de forma velada, ora abertamente.

As classes dominantes de cada época usam a justiça e o sistema legal para neutralizar aqueles que, com sua luta, questionam o status quo dos que estão no topo, aqueles que escolhem reagir diante da injustiça.

A justiça é apenas a expressão de uma correlação de forças, e por isso sempre foi usada para silenciar revolucionários, prender rebeldes, obrigar insurgentes à renúncia.

A justiça burguesa é o resultado natural de uma sociedade composta por pessoas que desejam enganar o máximo possível, já que o engano é o único caminho rumo ao poder e à riqueza.

A ganância dos autoritários os conduz a atos horrendos: à pobreza, guerras imperialistas, genocídios, miséria e desamparo, violência patriarcal e sexismo. À luta cotidiana por moradia, eletricidade, aquecimento, alimento. À cultura da produção e ao terrorismo dos patrões.

A história, no entanto, nos mostrou que o lado dos oprimidos carrega lutas e sacrifícios imensos. Sempre houve pessoas que se colocaram como escudo contra a brutalidade. Das lutas operárias e feministas no cotidiano até revoltas, revoluções, resistências a invasões.

Sempre houve pessoas que se sacrificaram pela justiça da causa, pagando um alto preço por essa escolha.

Prisões, execuções, deportações, exílios. O objetivo de tudo isso é simples: o extermínio físico e moral dos militantes, e o uso de seus casos como exemplo. O prisioneiro é considerado um refém nas mãos do Estado, que visa a destruição gradual de sua vontade, sua personalidade, sua identidade política e suas emoções através do isolamento.

Por que este texto agora?

Em 29/01/2024, fomos convocados pela Segurança do Estado para uma entrevista preliminar na GADA sobre um caso de ataque incendiário ao Ministério dos Sistemas de Informação em Moschato, ocorrido em 10/10/2021. À época, ainda éramos considerados suspeitos e fomos chamados para dar explicações à polícia sobre o caso. Um ano depois, somos agora chamados como réus nesse processo, com julgamento marcado para 24/06/2025, acusados de posse e uso de artefatos explosivos, incêndio criminoso e provocação de explosão.

Naturalmente, a obsessão da polícia e das autoridades judiciais contra nós não nos surpreende. O Estado tenta nos aterrorizar, a nós e aos nossos companheiros, com essas práticas, esquecendo-se de que, ao contrário deles, nós escolhemos a dignidade como companheira de vida.

Como anarquistas, escolhemos escutar o instinto de vida.

Escolhemos estar ao lado dos que lutam por um mundo livre, sem exploração de pessoas nem da natureza.

É por isso que estamos sendo processados novamente.

Lambros Vougiouklakis

Panagiotis Vougiouklakis

Fotis Daskalas

Fonte: https://anarchistnews.org/content/athens-information-about-new-prosecution-and-court-case-against-us

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

casa na neve
odores vindos de longe
o céu como teto

Célyne Fortin

Chamada aberta para envio de materiais para a segunda edição da revista trans-libertária

Chamada aberta para envio de materiais para a segunda edição da revista trans-libertária (revista digital)
 
Enviar para o e-mail transanark@anche.no
Imagens devem ser enviadas em JPG ou PNG
Textos devem ser enviados em .doc, .docx ou .rtf (word ou LibreOffice)
 
Prazo de envio: 01/10/2025
 
Todas as informações podem ser encontradas no site: transanarquismo.noblogs.org
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/10/30/saiu-a-primeira-edicao-da-revista-trans-libertaria/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Jardim suspenso
A pureza das camélias
ao sabor do vento…
 
Hazel de S.Francisco

[São Paulo-SP] CCS, 05/07: É Crime, e daí?

No próximo encontro do GEAFM, questionaremos a ideia do “crime” como impeditivo de posicionamentos fascistas, tais quais o racismo, a homofobia, transfobia, sexismo etc. A partir do vídeo da Antimídia “É Crime, e daí – por que não podemos confiar no Estado para lidar com o discurso de ódio” e do texto “Crime e Criminosos”, de Lucy Parsons, discutiremos sobre a validade da lógica do encarceramento como solução para a ausência de uma organização social baseada na solidariedade.

A categoria “crime” sempre foi uma ferramenta utilizada para operacionalizar a dominação do Estado, do capitalismo e da igreja, tendo sido forjada com respaldo na letra da lei e em âmbito moral para que a servidão fosse introjetada pelas próprias subjetividades. Segundo essa narrativa hegemônica, a subserviência à autoridade seria respaldada pela vigilância em torno das pessoas que quebram o contrato social pautado no respeito à propriedade e ao espaço individual.  Proudhon já havia criticado isso em “A propriedade é um roubo”. 

Em nossa contemporaneidade, vemos a tentativa reiterada de empregar essa categoria como garantia de que os comportamentos das individualidades sejam éticos. Mas será que a lógica punitivista assegura uma conduta que deveria ser antes de tudo pautada pela organização coletiva e não por amparos legais e externos do Estado?

Para os materiais e orientações, acesse http://tinyurl.com/GE0725, ou link da bio.

Data: Sábado, 05/07/25 (16h-18h)

Local: Sede do CCS-SP (Rua Gal. Jardim, 253, sl. 22, Vila Buarque – São Paulo)

Infelizmente, não teremos intérprete de Libras.

⁠Os encontros do grupo são presenciais, gratuitos e abertos para todas as pessoas interessadas.

⁠Crianças são bem-vindas ao CCS!

Traga algo para um lanche vegano coletivo, faremos café.

agência de notícias anarquistas-ana

para quem haicais?
para mim, para o que faz
para o menos mais

Bith

[EUA] Emma Goldman, Alta Sacerdotisa da Anarquia, Visitou Milwaukee Muitas Vezes

Goldman visitou Milwaukee uma dúzia de vezes entre 1895 e 1920 e usou seu talento como escritora e oradora carismática para defender os direitos dos trabalhadores e a liberdade para as mulheres

Por Larry Widen | 14/05/2025

Menos de 300 pessoas compareceram à palestra da anarquista Emma Goldman no Pabst, um evento para vender exemplares de sua nova autobiografia. Durante o grande Red Scare [Medo Vermelho] 1919, o governo havia chegado ao fim de sua tolerância em relação à retórica feroz de Goldman e a deportou para a Rússia. Ela tentou viver na França ou na Inglaterra, mas foi rejeitada. Ela fez lobby para voltar aos Estados Unidos, mas foi impedida. Quinze anos depois, Goldman, 64 anos, não era mais temida pelo governo americano e foi autorizada a permanecer no país por 90 dias para acompanhar a turnê de seu livro. Embora o prefeito Daniel Hoan tenha recebido a garantia de que Goldman limitaria seus comentários a denunciar as ditaduras europeias, ele se recusou a apresentá-la no Pabst.

Duas décadas antes, os comícios de Goldman atraíam até 500 pessoas para locais como o Turner Hall ou uma sala acima da taberna agitada de Gerhardt, na 27ª com a Vliet. A presença de Goldman sempre exigia patrulheiros extras para manter a ordem, se necessário. Suas mensagens frequentemente acusavam o governo de usar a força, a violência e a coerção para conservar o poder. “Estamos em meio a uma revolução”, dizia ela. “A força só pode ser enfrentada com força”.

Goldman visitou Milwaukee uma dúzia de vezes entre 1895 e 1920 e usou seu talento como escritora e oradora carismática para defender os direitos dos trabalhadores, a liberdade para as mulheres e o amor livre. Os cartazes que anunciavam suas palestras eram destruídos, mas o boca a boca atraía o público mesmo assim. Regularmente presa, assediada e impedida de falar, Goldman lembrava aos ouvintes que seus direitos da Primeira Emenda desapareciam sempre que ela desafiava o governo.

Destrua o Sistema

“Os ricos querem manter a escravidão do trabalhador”, disse Goldman. “É hora de os trabalhadores destruírem o sistema que torna sua opressão possível.” Quando ela foi pendurada em efígie na 19th and Wells, a multidão era ordeira e não houve prisões. “Qualquer pessoa que pregue a anarquia e o derramamento de sangue deve ser observada com muito cuidado”, dizia um artigo em um dos jornais.

Em 1901, ela conheceu o trabalhador descontente Leon Czolgosz em um comício em Ohio. Claramente apaixonado por Goldman, Czolgosz a visitou na casa de um editor de jornais e tentou vê-la várias outras vezes. Pouco tempo depois, Czolgosz atirou e matou o presidente William McKinley em Nova York. Goldman foi presa e acusada de ter sido cúmplice do assassinato do presidente.

“Eu esperava que amigos trabalhassem em meu favor. Esqueci que a maioria deles está presa na rede de perseguição da polícia nacional”, disse ela. “Isso não importa. Eu mesma me encarregarei do caso.” Goldman foi liberada da prisão após duas semanas, pois não havia nenhuma evidência que a ligasse ao assassinato. Mesmo assim, ela era agora uma figura mais polêmica do que nunca.

Goldman intensificou sua retórica e discursou para multidões no Labor Union Hall, na N. Sixth Street, e no Freie Gemeinde Hall, na 12th and North. Não foram feitas referências à conspiração para matar McKinley.

Em dezembro de 1902, um grupo local de revolucionários planejou receber Goldman no South Side Turner Hall. O gerente Rudolph Zimmermann se recusou a permitir que ela entrasse no local e foi feito um arranjo apressado para Goldman no Turner Hall Downtown.

“O que a anarquista Emma Goldman vê em Milwaukee que a traz de volta com tanta frequência?”, perguntou o Sentinela de Milwaukee em 1914. Falando em hebraico para um auditório lotado no North Side Turner Hall, na Eight and Walnut, ela denunciou que os direitos de propriedade privada não eram respeitados e que o governo poderia confiscar a terra a qualquer momento.

Motim em Bayview

Em 1917, imigrantes italianos revoltados se reuniram em um salão na S. Wentworth Avenue, em Bayview. Quando os palestrantes incentivaram o uso da violência para realizar mudanças sociais, a sala explodiu em um levante que se espalhou pela rua. Uma saraivada de tiros deixou dois detetives feridos e dois homens sicilianos mortos por balas da polícia. Outros onze manifestantes foram presos quando os combatentes se dispersaram.

Os italianos retaliaram colocando uma bomba perto da igreja de St. Ann, no Third Ward [Terceira Quadra]. Um funcionário da igreja levou o pacote de 20 libras para a delegacia de polícia na E. Wells Street. Os policiais reconheceram imediatamente que o dispositivo era uma bomba, mas o mantiveram dentro do prédio e o manipularam por uma hora. Eles estavam decidindo como descartar o pacote quando ele explodiu. Nove policiais e um civil morreram na hora. O homem-bomba nunca foi capturado, mas especialistas em explosivos disseram que a caixa havia sido embalada com dinamite, um pequeno frasco de ácido sulfúrico e três cápsulas de mercúrio. Quando a caixa foi aberta, a tensão de uma mola enroscada fez com que o ácido incendiasse os detonadores e detonasse a dinamite.

No julgamento dos manifestantes de Bay View, seu advogado declarou que eles não estavam defendendo a violência, mas sim pedindo aos apoiadores que se preparassem para uma revolução inevitável. Embora os réus estivessem sob custódia da polícia no momento em que a bomba explodiu, eles foram considerados culpados e condenados a 25 anos de prisão. Uma bomba foi colocada na casa do advogado de acusação Winfred Zabel, mas não explodiu.

Após o julgamento, Emma Goldman escreveu “The Milwaukee Frame-Up” (A Trama de Milwaukee), um longo artigo que sugeria que a polícia estava secretamente perseguindo os anarquistas. Ela pediu aos leitores doações para pagar os honorários advocatícios dos anarquistas condenados.

Emma Goldman morreu em Chicago seis anos depois de sua aparição no Pabst. Treze pessoas em luto realizaram um memorial em uma sala na W. Wells Street. Acenando para as cadeiras de madeira vazias no salão empoeirado, um homem que a conheceu no passado disse que a “vida de Goldman era muito solitária e frequentemente carente de amigos”.

Fonte: https://shepherdexpress.com/culture/milwaukee-history/emma-goldman-high-priestess-of-anarchy-visited-milwaukee-man/

Tradução > acervo trans-anarquista.

agência de notícias anarquistas-ana

manhã de vento
na caixa do correio
apenas uma folha seca

João Angelo Salvadori

[Cantábria] Nem aqui, nem em nenhum lugar | Contra as macroenergéticas, os megaprojetos e o mundo que os necessita

Mais uma vez, como tantas outras, empresas de diversos lugares do mundo querem destruir o território que habitamos — não apenas na Cantábria, mas em todo o planeta. O capitalismo esgota recursos fósseis, espoliando e degradando a natureza em seu interesse. Um interesse que se baseia na construção e manutenção de um mundo de dominação, exploração e acumulação de riqueza, um mundo de obediência e submissão sustentado pela violência do Estado. Este, que gerencia o capital através da democracia, fará o impossível para se manter de pé, e uma de suas necessidades básicas para preservar seu status quo é a energia. Precisa produzir em massa para abastecer não apenas nossas necessidades (com as quais lucra), mas toda uma estrutura de produção e consumo. Para sustentar fábricas, empresas, multinacionais… onde somos exploradxs, esmagadxs por horas a fio para enriquecer a classe dominante, que detém todos os meios de produção. Precisam de energia para manter suas escolas autoritárias, suas prisões, seus shoppings e comércios onde nós, exploradxs, entramos para consumir — quanto mais, melhor.

Por que somos contra as macroenergéticas?

Somos contra os moinhos eólicos, as usinas de biogás, as centrais nucleares e todos os projetos que ataquem o meio natural, porque o capitalismo não zela por nós nem pelo mundo que habitamos. Seu objetivo é mantê-lo e destruí-lo o suficiente para continuar lucrando.

Por isso, pouco importa onde esses projetos sejam instalados: perto de populações ou no meio do mato, não ligam se espécies animais ou vegetais sejam extintas. Se o mundo continua funcionando, se o lucro vem e eles seguem em seus tronos, tudo está “bem”.

Não nos opomos apenas a esses projetos — somos contra o capitalismo e o Estado que o gerencia e sustenta. A democracia manipula o espaço público conforme seus interesses. Esse espaço não existe para nosso uso e desfrute livre, mas para ser transitado sob suas leis, acordos e decisões. Se resistirmos, virão seus policiais para nos multar, prender e encarcerar. Se defendermos nossos territórios, a natureza e nossos interesses como exploradxs, teremos a repressão como resposta.

Não queremos esses projetos nem aqui, nem em lugar nenhum, porque rejeitamos esse sistema de dominação. Nos opomos à destruição onde quer que eles acreditem ser “bom” instalar suas indústrias energéticas. Nossa resistência não se limita à Cantábria — estende-se por todo o Estado Espanhol e pelo mundo.

Os argumentos usados até agora por alguns setores — como que os eólicos “destroem a paisagem” da Cantábria ou “afetam a saúde” — nos parecem frágeis. Precisamos afiar nossa crítica e escavar até a raiz do problema: o Estado e o capital. Acreditar que moinhos ou usinas de biogás são “necessários” em outros territórios (já saturados), mas não perto de casa, é ser cúmplice do espólio em curso. Isso não desmerece a luta de coletivos e assembleias que combatem, com unhas e dentes, a destruição de seus territórios.

Crítica aos políticos oportunistas

Também é essencial criticar partidos e políticos que se infiltram em mobilizações e convocações, tentando se apropriar de lutas que afetam nós, exploradxs. Políticos, seja qual for sua sigla, defendem e pertencem à classe dominante. Criam leis para beneficiá-la, e seu aparecimento nas lutas só visa lucrar com nosso sofrimento. É evidente: algumas áreas da Cantábria são “protegidas”, enquanto outras são declaradas “zonas de sacrifício” por gerarem lucros suculentos. E não são só eles que lucram — bancos e inúmeras empresas também.

A luta é nas ruas, não no parlamento!

Por isso, acreditamos que devemos lutar nas ruas, entre iguais. Usando a ação direta — resolvendo conflitos sem intermediários, enfrentando-os sem que ninguém transforme nosso sofrimento em bandeira para lucrar. Que a horizontalidade, o apoio mútuo, a solidariedade e a honestidade sejam nossa guia. Por isso e muito mais, gritamos com força:

Macroenergéticas: nem aqui, nem em nenhum lugar!

A luta está na rua, não no parlamento!

Texto recuperado para o boletim Briega em papel nº66, junho de 2025

briega.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Campos desnudados
Ainda resistem ao vento
fios de capim seco

Sérgio Dal Maso

Lançamento: “Haikais Libertos”, de Liberto Herrera

“Haikais Libertos” é um livreto com 100 haikais, todos de inspiração/conotação anarquista, escrito por Liberto Herrera. Haikai é um estilo de poesia curta, com apenas 3 versos.

Haikais Libertos

R$ 2,00

Formato: A6 (148x105mm)

Número de páginas: 28

Capa: Papel 120g

Encadernação: Dobra e grampo

www.imprimaanarquia.com.br

Amostras:

Sem coroa, o vento—

nas praças, vozes livres

tecem o amanhã.

.

Pão compartilhado

no asfalto rachado, brota

a primavera.

.

Cadeias quebradas:

o rio não pede licença

para correr livre.

.

Nenhum mestre escreve

o verso do malmequer

na terra sem dono.

.

Fogueira na rua—

o medo vira cinza,

risos no escuro.

.

Bandeira negra voa

onde o Estado não colhe

flores do caos.

.

Mãos que não se curvam

plantam jardins no concreto—

revolta em raízes.

agência de notícias anarquistas-ana

No livro rasgado,
ideias pulsam como estrelas
sem mapa no céu.

liberto herrera.

[França] Terra sem minas 2025

De 25 a 27 de julho, acontecerão 3 dias de encontros, debates e ações em torno das lutas antiextrativistas perto de Echassières e do projeto de mineração da multinacional Imerys.

O foco, é claro, estará na luta contra o projeto de extração de lítio da EMILI, cuja conclusão está prevista para 2030 em Echassières. Mas o desafio também será estabelecer conexões ou fortalecer as lutas já existentes que se opõem à retomada da indústria de mineração, tanto na França quanto internacionalmente. Questões relacionadas ao desenvolvimento da sociedade digital, à chamada “transição” energética, ao rearmamento europeu e à guerra no Congo serão abordadas, bem como à poluição e à proteção de nossos espaços de vida, tanto aqui quanto em outros lugares.

No domingo, 27 de julho, também será organizada uma manifestação para marcar nossa oposição aos projetos mortíferos da indústria de mineração. Nem aqui nem em nenhum outro lugar, em solidariedade às lutas em Portugal, Níger, Mongólia, Argentina, Sérvia, Congo, Alemanha e em todos os outros lugares, a terra deteriora-se para alimentar o apetite daqueles que defendem a exploração incessantemente dos recursos naturais e das populações que deles dependem.

A programação final está chegando, manteremos vocês informados! Um grupo de apoio também será criado algumas semanas antes do evento. Também precisaremos de ajuda com várias tarefas ao longo desses 3 dias, então contamos com vocês.

Todas as informações já estão reunidas neste site e serão atualizadas assim que estiverem disponíveis:

https://nominesland2025.wordpress.com

agência de notícias anarquistas-ana

soluços
um tronco oco
um grilo

Paladino

Ajuste Fiscal do Governo Lula: Um Ataque as Trabalhadoras e Trabalhadores

Por Coordenação Nacional

Desde o início do governo Lula a FOB tem denunciado que as regras fiscais de ajuste permanente adotadas pelo governo iriam impactar no corte de recursos para as áreas sociais. O novo ajuste fiscal levado a cabo pelo Governo Lula-Alckmin (PT-PSB) sobre a gerência de Haddad, Simone Tebet e Esther Dweck provocariam no curto e médio prazo o corte de recursos para áreas como educação e saúde, mesmo que houvesse aumento da arrecadação e crescimento econômico.

O que estão em jogo é a disputa do orçamento estatal pelas forças da classe dominante e pelo parlamento brasileiro. Isenções fiscais, dívidas de grandes empresas, pagamento da rolagem da dívida e emendas parlamentares são inegociáveis. Os tecnocratas do governo, principalmente do ministério da fazenda, gestão e inovação e do planejamento, já tem anunciado que pretendiam acabar com os pisos constitucionais das trabalhadoras e trabalhadores da Educação e Saúde como forma de adequar o orçamento ao novo teto de gastos. Depois de apresentar a proposta de aumento do IOF, o congresso através do presidente da Câmara e do Senado e  abrir negociação sobre o tema apresentaram a proposta de desvinculações dos benefícios previdenciários ao salário-mínimo e dos pisos constitucionais da saúde e educação. Essa posição tem acordo com os tecnocratas dos ministérios da Fazenda, Gestão e Inovação e Planejamento, bem como de seus ministros, aprofundando ainda mais o ajuste fiscal permanente e agradando o setor patronal, principalmente do mercado de serviços e do setor financeiro.  Isso porque como o novo teto de gasto tende a continuamente limitar investimento do estado na área social aprofunda a política de parcerias públicas privadas aumentado terceirização e privatizações, sejam permanentes ou por concessões. `Por hora está tudo parado porque o presidente da Câmara, Hugo Motta, que foi apoiado pelo governo na sua eleição, estão chantageando o executivo para pressionar o STF para combater as medidas de controle sobre as emendas parlamentares.

Essa medida, longe de ser uma “necessidade econômica”, é uma traição às demandas históricas da classe trabalhadora e uma submissão aos interesses do capital financeiro e das elites empresariais. O que não é nenhuma surpresa nós. Enquanto o governo insiste em manter privilégios para o agronegócio, o setor bancário e grandes corporações — beneficiados por isenções fiscais e generosos subsídios —, os mais pobres são penalizados com o desmonte de políticas públicas que garantem direitos básicos. O corte de verbas para programas sociais em um país marcado por desigualdades brutais não é apenas um erro: é um crime de classe.

Fica evidente o caráter de classe uma vez que por exemplo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) teve menos de 10% de contingenciamento de um orçamento de 14 bilhões enquanto o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) seu orçamento caiu de R$ 4,9 bilhões em 2023 para R$ 1,2 bilhão em 2024). Sem contar os enormes subsídios do Plano Safra e as isenções fiscais para exportadores foram mantidas.

Fica evidente o que a hegemonia da classe dominante se mantém no governo Lula. Os dados mostram que o governo prioriza o pagamento de juros aos bancos e mantém privilégios da classe dominante e suas frações, como financeira, do agro e das grandes corporações como mineração e montadoras, enquanto corta verbas vitais para o povo. A justificativa de “equilíbrio fiscal” esconde a opção política de não taxar grandes fortunas e não reduzir gastos com o capital, principalmente como o mecanismo de refinanciamento da dívida, principalmente com um banqueiro, indicado por Haddad, para comandar o Banco Central.

O sistema tributário que por si só massacra o povo é mais injusto para os trabalhadores e trabalhadoras, que pagam mais impostos proporcionalmente a sua renda dos que os membros das classes dominante e seus acionistas que lucros e dividendos isentos, assim como o agronegócio. Além disso, o mecanismo de rolagem da dívida com os juros nas alturas atende diretamente as frações do capital financeiro interno e internacional.  O que se avizinha para esse ano e 2026 é mais uma reforma administrativa e previdenciária nos marcos da hegemonia neoliberal.

Resistência popular é urgente!

A FOB denuncia veementemente essa política de austeridade, que segue os mesmos passos dos governos anteriores, inclusive o de Bolsonaro. Não há justificativa aceitável para retirar recursos da população que mais precisa enquanto o Estado continua abrindo mão de tributar lucros e dividendos, além de manter um mecanismo da dívida pública que serve apenas para enriquecer especuladores.

Exigimos a imediata revogação desses cortes e a implementação de um projeto radical de reforma tributária que taxe as grandes fortunas e o capital, além do fim dos superávits primários que asfixiam o investimento social.

A luta contra o ajuste fiscal é a luta pela sobrevivência dos trabalhadores mais empobrecidos, dos desempregados e dos explorados. A FOB convoca todos os setores organizados do movimento sindical, popular e revolucionário a ocupar as ruas, pressionar o governo e construir greves e mobilizações capazes de frear esse ataque.

A classe trabalhadora não pode pagar pela crise que não causou!

Exigimos:

Taxação de grandes fortunas e heranças;

Taxação de lucros e dividendos;

Fim das isenções para o agronegócio e exportadores.

Fora com os cortes!

Pelo fim da austeridade fiscal!

Federação das Organizações de Base (FOB)

lutafob.org

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Cinza chumbo
de cara fechada:
nuvem de inverno!

Bianca Shiguefuzi

Do Irã ao Brasil: Nem Bombas, Nem Tanques! Pela Desmilitarização e Autogestão!

Como anarquista, é impossível não ecoar e fortalecer o grito dos diversos coletivos iranianos neste momento: a guerra e o militarismo são ferramentas de dominação que esmagam os povos em benefício de Estados e capitalistas.

O recente aumento dos gastos militares do Brasil — que superou R$ 142 bilhões em 2025, enquanto serviços públicos definham — expõe a hipocrisia de um governo que prioriza tanques em vez de pão, fuzis em vez de escolas. Essa lógica perversa, igual à denunciada pelos camaradas no Irã, sacrifica vidas trabalhadoras no altar do lucro e do controle estatal.

Assim como os ataques israelenses ao Irã, o complexo industrial-militar brasileiro serve aos interesses imperialistas globais. Nosso governo financia a indústria da morte ao comprar armas dos EUA e Europa, enquanto apoia tacitamente genocídios como o de Gaza. Cada avião de caça comprado com nosso suor poderia alimentar milhões, curar enfermos ou libertar terras indígenas. A “segurança nacional” que propagandeiam é, na verdade, segurança da burguesia contra o povo explorado.

A classe trabalhadora brasileira, tal como a iraniana, é duplamente vitimizada: pela repressão interna e pela cumplicidade de nosso Estado com guerras externas. Enquanto o orçamento militar cresce, assistimos à criminalização de movimentos sociais, à violência policial nas periferias e ao desmonte da previdência social. Os R$ 20 bilhões destinados a novos blindados em 2025 são um roubo descarado — poderiam erradicar a fome que atinge 33 milhões de brasileiros.

Rejeitamos a ilusão de que governos ou instituições internacionais trarão paz. A ONU acoberta massacres, e o Estado brasileiro, seja sob qual bandeira for, mantém uma máquina de opressão. Nossa luta é pela autogestão popular, pela solidariedade direta entre explorados, como nas ocupações de terra e nas greves selvagens. O exemplo das mobilizações “Mulher, Vida, Liberdade” no Irã nos inspira: só a ação direta desarma os poderosos.

Exigimos o fim imediato dos investimentos bélicos e a redistribuição desses recursos às comunidades. Que os quartéis virem cooperativas; as fábricas de armas, escolas livres. Nossa paz não virá de generais ou diplomatas, mas da organização horizontal, do apoio mútuo e da insurreição permanente contra este sistema que nos mata por lucro. Nem Irã, nem Israel, nem Brasil: nenhuma pátria vale um só trabalhador morto!

Pela desmilitarização do mundo!
Pela revolução social!

Liberto Herrera.

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agência de notícias anarquistas-ana

Jardim de inverno —
Pousada na vidraça
frágil borboleta.

Hazel de S.Francisco

[Espanha] Encontro do Livro Anarquista de Salamanca, 8 e 9 de agosto de 2025

Continua o Encontro do Livro Anarquista de Salamanca, com este já será a décima sétima edição, desde seu início em 2008. Permanecemos com a ideia de construir um espaço de ação e teoria que, pouco a pouco, foi se consolidando dentro da rede anual de feiras do livro que se organizam em diferentes lugares.

Os dias programados para esta edição: sexta-feira, 8, e sábado, 9 de agosto. 

Agradecemos resposta se tens intenção de participar, tanto para poder calcular as mesas para montar, assim como calcular os almoços e jantares e inclusive possível lugar de alojamento.

Sexta-feira, 8 de agosto: Passeio Libertário às 19h30 em Zamora.

Será um percurso ameno, por lugares emblemáticos do movimento libertário histórico zamorano.

Confirma tua participação mandando um correio a: encuentrosalamanca@gmail.com

Sábado, 9 de agosto: Plaza de Barcelona (frente à estação de trem) – Salamanca

Às 11h00 início da feira de livros, fanzines, jornais, revistas…

Programação ainda por fechar. No momento, podemos informar que será um ano carregado de mobilizações e experiências de auto-organização relacionadas com a moradia. Enfrentamos um momento incerto e emocionante, onde a ideia da greve de aluguéis irrompeu com força entre os coletivos de inquilinas .

Mas, o que é uma greve de aluguéis e como se faz? Quem faz uma greve de aluguéis e com que objetivo? Que outras greves acompanham as inquilinas?

Devemos abrir o debate e para isso é fundamental atualizar experiências como a greve de aluguéis de 1931 que, apesar das diferenças de contexto e momento histórico, podem nos ajudar a pensar as lutas do sindicalismo social e revolucionário no presente.

Manel Aisa, autor de “La huelga de alquileres y el comité de defensa econômica”, nos contará o que nos distancia e o que nos aproxima daquelas lutas.

Também, no norte de Portugal, especificamente em Covas do Barroso (Boticas), existe uma forte resistência contra a mineração de lítio, em relação com o projeto da mina de Barroso de Savannah Resources Plc, que poderia ser a maior mina de lítio da Europa ocidental. A população local se organizou através de reuniões, manifestações e ações diretas como bloqueios para opor-se à mineração, apesar das promessas da empresa de criar empregos. A situação se estende a mais entornos e contaremos com pessoas do norte de Portugal, que nos exporão esta situação e o dia a dia.

Em breve, mais detalhes.

Para mais informação: www.encuentrosalamanca.blogspot.com

Todas as atividades serão na Plaza de Barcelona, realizando-se todas ao ar livre e com sombra.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Um alegre toque
na fria tarde do bosque —
Flores de ipê roxo.

Alberto Murata

Comunicado dos Coletivos Independentes Iranianos Contra a Guerra e as Políticas Militaristas

Diante da situação instável e perigosa que atualmente existe no Irã e na região, os coletivos abaixo-assinados consideram seu dever assumir uma posição unificada.

As classes trabalhadoras do Irã – trabalhadorxs, professorxs, enfermeirxs, aposentadxs e outrxs assalariadxs – nunca se beneficiaram da guerra, nem jamais se beneficiarão da crescente militarização, dos bombardeios ao país ou das políticas de exploração dominantes.

Os ataques militares por parte de Israel e o bombardeio de centenas de alvos em várias regiões do Irã – incluindo infraestruturas, locais de trabalho, refinarias e áreas residenciais – fazem parte de um projeto militar cujo custo é suportado pelas pessoas comuns, especialmente a classe trabalhadora, em termos de vidas, bens e segurança perdidos.

A afirmação do Estado de Israel de que não é hostil ao povo iraniano nada mais é do que mentira e propaganda política. Apenas ontem, o ministro da defesa israelense ameaçou “reduzir Teerã a cinzas”. As constantes ameaças de Trump e outros líderes estadunidenses, juntamente com o apoio total dos governos ocidentais a tais ações, só têm exacerbado as tensões, a insegurança e a devastação na região.

Os governos de Israel e dos Estados Unidos são diretamente responsáveis pelo genocídio em curso em Gaza e por muitos outros crimes cometidos na região e no mundo. As Nações Unidas e outras instituições internacionais, que hipocritamente se apresentam como defensoras da paz enquanto permanecem em silêncio diante desses crimes, são elas mesmas parte dessa estrutura de domínio. O sistema capitalista global, com sua lógica movida pelo lucro e seus poderes imperialistas, é uma causa das guerras, das catástrofes humanitárias e da destruição ambiental.

A classe trabalhadora iraniana não apenas nada ganha com a guerra, como é diretamente visada. A continuação das sanções econômicas, os enormes gastos militares e as restrições às liberdades só causam mais pobreza, repressão, fome, morte e deslocamento para milhões de pessoas.

Nós, ativistas populares e sindicais independentes, e coletivos do Irã, não nos iludimos que os Estados Unidos ou Israel nos trarão liberdade, igualdade ou justiça – assim como não temos ilusões sobre a natureza repressiva, intervencionista, aventureira e anti-trabalhadora da República Islâmica.

Há anos, xs trabalhadorxs iranianxs lutam pelos direitos e condições de vida mais básicos pagando preços extremamente altos: detenção, tortura, execuções, demissões, ameaças e agressões físicas. Ainda somos privadxs do direito de nos organizar, fazer assembleias e nos expressar livremente. Trabalhadorxs em todo o país têm todos os motivos para estar indignadxs e cansadxs da República Islâmica e dos capitalistas que, por mais de quatro décadas, acumularam riquezas imensas às custas de nossa precariedade e falta de direitos. Todas as autoridades e instituições responsáveis pela repressão e assassinato de trabalhadorxs, mulheres, jovens e outras pessoas oprimidas no Irã devem ser responsabilizadas e julgadas pelo próprio povo.

Nossa luta como classe trabalhadora é uma luta social e de classe. Ela continuará contando com nossa força, impulsionada pelos movimentos populares recentes – como Pão, Trabalho, Liberdade e Mulher, Vida, Liberdade – e com a solidariedade da classe trabalhadora internacional e de todas as forças humanistas, libertárias e igualitárias.

A continuação do atual caminho de guerra não trará nada além de mais destruição, danos ambientais irreversíveis e a repetição de tragédias humanas. A classe trabalhadora iraniana e as pessoas oprimidas – como os povos oprimidos de outros países da região – estão entre as principais vítimas desta situação.

Nós, os coletivos abaixo-assinados, convocamos todas as organizações trabalhistas, grupos de direitos humanos, movimentos de paz, ativistas ambientais e forças anti-guerra em todo o mundo a erguer uma voz unida exigindo o fim imediato da guerra, dos bombardeios, dos massacres de pessoas inocentes e da destruição ambiental – e a apoiar as lutas do povo do Irã e da região pelo fim da guerra.

Os povos do Oriente Médio precisam que as tensões devastadoras entre potências regionais e globais cessem e que seja estabelecida uma paz duradoura – uma paz em que as pessoas possam determinar seus próprios destinos através da organização de base, do protesto de massa e da participação coletiva direta.

Não à guerra – Não ao militarismo!
Um cessar-fogo imediato é nossa exigência urgente.

Assinado por:

Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Ônibus de Teerã e Subúrbios
Sindicato dos Trabalhadores da Companhia de Cana-de-Açúcar Haft Tappeh
Trabalhadores Aposentados do Khuzestan
União dos Aposentados
Comitê de Coordenação para Ajudar a Formar Organizações dos Trabalhadores
Grupo Sindical de Aposentados

17 de junho de 2025

Fonte: https://umanitanova.org/comunicato-dai-collettivi-indipendenti-iraniani-contrari-alla-guerra-e-alle-politiche-militariste

Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/06/24/feministas-iranianas-se-manifestam/   

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Beira da lagoa.
Só, borboleta de inverno
e o meu pensamento.

Zuleika dos Reis

[Itália] “Enquanto existir o Estado, não haverá paz”. Declaração da assembleia “Sabotemos a Guerra” sobre a guerra entre Israel e Irã

O ataque lançado por Israel contra o Irã na noite de 12 para 13 de junho representa um ponto de virada dramático rumo à globalização da guerra. Após mais de três anos de guerra entre a OTAN e a Federação Russa na Ucrânia, e dois anos de genocídio em curso em Gaza, as fortes tensões na Ásia Ocidental estão dando origem a uma nova guerra entre potências regionais – ambas possuidoras de armas de alta tecnologia e indústria nuclear –, desencadeada imediatamente por um ataque criminoso e sem escrúpulos contra instalações nucleares iranianas. De um lado, está o Irã, que não possui armas nucleares nem há provas de que esteja construindo-as, e que se submete aos controles das agências internacionais. De outro, Israel, que possui armas nucleares sem declará-las, não respeita tratados nem aceita controles, e habitualmente realiza ataques militares sem limites éticos.

Embora o direito internacional e as organizações que o representam tenham tido a função de garantir a ordem mundial – isto é, as relações precisas de poder e dominação entre os Estados –, o fato de que hoje sejam questionados, principalmente por Israel e Estados Unidos, é um sinal claro da crise global, da ruptura dos equilíbrios anteriores e do retorno à guerra como meio de resolver rivalidades interestatais.

O Irã foi atacado pouco após submeter-se a controles em suas instalações nucleares e durante negociações com os EUA sobre enriquecimento de urânio. A intenção de Israel de descarrilar as negociações e qualquer hipótese de resolução política dos desacordos é evidente.

Os países aliados agiram imediatamente para repelir o contra-ataque iraniano, derrubando dezenas de foguetes e drones, enquanto existe grave risco de participação direta de países ocidentais (começando pelos EUA) nos bombardeios. Isso representaria um agravamento ainda mais drástico da crise.

Os EUA travaram a chamada “guerra infinita” nos últimos trinta anos – uma série ininterrupta de guerras, ataques militares e operações de desestabilização (do ataque ao Iraque à mudança de regime na Síria). Seus objetivos agora se expandem em várias frentes: a russa, toda a Ásia Ocidental e, em perspectiva, o Indo-Pacífico. Os conflitos em curso se ampliam e outros surgem, numa tendência rumo a uma guerra mundial que, diante da situação atual, parece imparável. No pano de fundo, pairam tensões políticas e militares entre EUA e China.

Enquanto isso, nos países ocidentais, especialmente na potência dominante norte-americana, ocorrem crises sociais gravíssimas que, por vezes, parecem assumir características de guerra civil. Sabemos que, historicamente, os Estados resolvem suas crises internas mais graves com a guerra.

Voltando aos acontecimentos recentes, a responsabilidade por esta nova e gravíssima escalada recai sobre a iniciativa criminosa do Estado de Israel. Uma entidade fundada no colonialismo de assentamento, na supremacia racista, no fanatismo religioso, na militarização da sociedade, e vanguarda em tecnologias de controle testadas na população palestina colonizada, deportada e exterminada. A ação de 7 de outubro de 2023, entre as diversas contradições que abriu, inclui sem dúvida a de ter desmascarado a verdadeira face dessa entidade. Israel comete um genocídio, mas não consegue derrotar a resistência de um povo – contradição que tenta sublimar relançando-se em novas aventuras: da invasão do Líbano às inúmeras provocações (inclusive terroristas) e aos eventos de sexta-feira à noite. Portanto, devemos reafirmar com firmeza: um genocídio está sendo cometido em Gaza. Precisamos garantir que esta nova guerra não sirva para ocultar sua consumação.

Israel é, por um lado, a ponta de lança do imperialismo ocidental e o ator que por décadas fez o trabalho sujo em nome de EUA e Europa; por outro, sua liderança política descontrolada pode influenciar as políticas das potências ocidentais em seu benefício. Nossos líderes são plenamente corresponsáveis pelas atrocidades de Israel; sem o apoio dessas potências, Israel não poderia realizar suas aventuras militares e talvez nem sobreviver.


Nossa oposição inflexível ao projeto sionista não nos leva a apoiar a República Islâmica do Irã – uma potência regional com uma oligarquia petrolífera e indústria altamente desenvolvida (incluindo a militar). Não se trata apenas de uma teocracia odiosa que tortura e enforca opositores e oprime especialmente as mulheres (elemento que a propaganda liberal ocidental se deleita em enfatizar). Trata-se de um regime que coloca seu poder obscurantista a serviço de sua própria burguesia para reprimir trabalhadorxs pelo terror. Consideremos, entre muitos, o caso da sindicalista Sharifeh Mohammadi, condenada à morte por coordenar greves radicais que abalaram o país nos últimos anos.

Desde 2005, mais de 500 sindicalistas foram presxs, encarceradxs ou, em alguns casos, condenadxs à morte e expulsxs por criar organizações sindicais independentes e realizar atividades sindicais dentro de acordos e normas trabalhistas internacionais.


Numa guerra entre regimes tão odiosos, os únicos heróis são os desertores. Como anarquistas e revolucionárixs, desejamos a queda do governo teocrático do Irã – regime opressor que surgiu ao asfixiar sangrentamente uma geração de companheirxs revolucionárixs. Ao mesmo tempo, sabemos que um regime deve cair sob os golpes de um levante genuinamente popular, enquanto mudanças de regime planejadas por capitalistas ocidentais (como ensina a história recente) apenas substituem um opressor por outro ainda mais feroz, subordinado a potências estrangeiras, transformando países inteiros em infernos. Com isso em mente, convidamos todxs xs revolucionárixs e pessoas de boa vontade a estarem atentxs a uma possível convulsão no Irã (atual principal alvo estratégico de Israel), distinguindo com cuidado o joio do trigo e evitando cair em false flags – armas preferenciais do poder brando ocidental há mais de uma década para corromper e cooptar dissidências, levando-as ao terreno altamente compatível dos “direitos” liberais. Mesmo que surja um autêntico movimento de classe (nada impossível num país onde aiatolás chegaram ao poder encarcerando e enforcando revolucionárixs), isso não deve abalar em um milímetro nossa oposição intransigente ao sistema de Israel e a todo o imperialismo ocidental que o alimenta.

Em geral, numa guerra entre Estados – especialmente entre potências regionais com aliados internacionais importantes –, xs oprimidxs não têm aliadxs nem amigxs entre governos, sendo apenas carne para canhão em suas guerras sujas. Convencidxs de que “enquanto existir o Estado, nunca haverá paz”, nossa postura permanece internacionalista: contra todo Estado, começando pelo nosso. Portanto, da nossa posição, não podemos ignorar as responsabilidades do governo italiano nem de seus patrões, que têm as mãos manchadas de sangue palestino. Não esqueçamos que a marinha italiana lidera a Operação Aspides, coordenando uma coalizão de sete países da UE: o objetivo é combater a ação iemenita que, ao atacar navios, bloqueou por longo tempo uma rota comercial vital e causou enormes danos à economia mundial – implementando uma das formas mais efetivas de apoio e solidariedade ao povo de Gaza.

O governo italiano oferece a Israel apoio político incondicional. Os exércitos italiano e israelense estão cada vez mais integrados, militares treinam-se mutuamente, a indústria bélica italiana é a terceira maior exportadora para Israel (após EUA e Alemanha), enquanto a Itália compra sistemas de armas de alta tecnologia de seu aliado sionista. Até instalações do “Bel Paese” são escolhidas por Israel para “descompressão” de soldados após combates.

Os serviços secretos italianos compartilham informações e tecnologias com o aparato israelense, como recentemente demonstrou o caso Paragon. Não esqueçamos como o poder judiciário italiano está alinhado com a repressão israelense – como mostra o escandaloso julgamento em curso em Áquila contra Annan Yaeesh, que tenta apresentar a resistência armada palestina (legítima até pelo direito internacional) como terrorismo. A Itália apoia a logística militar israelense (como o desembarque em portos italianos de navios da ZIM) e a pesquisa tecnológica para supremacia militar (em inúmeras universidades).

Hoje, na mídia italiana, é quase impossível obter informações que não sejam propaganda de guerra descarada. Esses veículos são parte integral da máquina de guerra – afirmação reforçada ao considerarmos que, na atual estratégia bélica ocidental, o espetáculo determina cada vez mais as decisões no campo de batalha.


Apesar da propaganda incessante, xs exploradxs em geral se opõem à guerra; em particular, o genocídio em Gaza chocou profundamente a opinião pública. Mas a rebelião das consciências não basta. Além disso, as classes mais pobres das sociedades ocidentais já pagam caro o custo da guerra: da inflação à repressão. Recentemente, o chefe da OTAN, Rutte, declarou que se xs europeus não quiserem cortar gastos com saúde em favor de gastos militares (a meta declarada é 5% do PIB!), “terão que aprender russo”. Por outro lado, as políticas repressivas cada vez mais brutais de nossos governos – das quais o pacote de segurança recém-aprovado (que reprime bloqueios de estradas, piquetes sindicais, protestos em prisões – mesmo pacíficos – e introduz o chamado “terrorismo do mundo”) é apenas o resultado mais recente – devem ser interpretadas em todos os aspectos como verdadeiras políticas de guerra, também à luz das tensões sociais mencionadas.

Nos próximos meses, será crucial que anarquistas e simpatizantes conectem a resistência contra essa ofensiva (bem como a solidariedade com nossos companheirxs perseguidxs) à luta geral contra a guerra, da qual essas operações são a manifestação na frente interna.

A propaganda cada vez mais parcial e onipresente, o cerceamento tecnológico das faculdades críticas, as derrotas históricas do movimento operário e certo autoisolamento de minorias ativas pesam sobre a sensação de impotência e resignação. O próprio nível tecnológico da guerra travada – da confrontação aérea e balística entre Israel e Irã às tecnologias da OTAN e Rússia na Ucrânia – induz à sensação de inevitabilidade, dada a aparente impossibilidade de forças humanas dos exploradxs detê-las. No entanto, a variante humana e de classe é decisiva:

São as ferramentas dos estivadores que carregam armas em navios rumo a Israel – e essas armas, como nos mostraram no Marrocos, Marselha e Gênova, podem decidir parar. São os corpos de proletárixs russxs e ucranianxs que são jogadxs nas trincheiras para se massacrarem mutuamente pelos interesses das classes dominantes russa e estadunidense (enquanto Putin e Trump conversam amigavelmente ao telefone) – mas esses corpos podem desertar, e o fazem aos milhares.

A resistência armada do povo palestino – sem aliados entre grandes potências – consegue com sua vontade e ação opor-se a uma das máquinas de guerra mais terríveis e avançadas do planeta. Israel possui domínio tecnológico exorbitante, mas vemos combatentes palestinos reciclarem bombas não detonadas do inimigo para fabricar artefatos caseiros. A imaginação dxs oprimidxs não tem limites. E xs oprimidxs, como disse Errico Malatesta, estão sempre em legítima defesa; os meios a usar, desde que coerentes com os objetivos de igualdade e liberdade para todxs xs seres humanos, são apenas questão de oportunidade.

Do nosso lado, nas múltiplas frentes, lutamos pela derrota de nosso próprio campo: pela derrota da OTAN, pela destruição do sionismo. Transformemos a guerra dos senhores em guerra contra os senhores!

Assembleia “Sabotemos a Guerra”

Fonte: https://informativoanarquista.noblogs.org/post/2025/06/24/italia-mientras-exista-el-estado-no-habra-paz-declaracion-de-la-asamblea-sabotear-la-guerra-sobre-la-guerra-entre-israel-e-iran/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Papagaio danado!
Canta, assobia e xinga o cão
e solta gargalhadas

Kingo Yamazaki

Meu caminho é a ANARQUIA, meu destino a REVOLUÇÃO

Tenho nojo do jogo podre do poder.

.

Desprezo os demagogos,

populistas de direita e esquerda,

comunistas, liberais, fascistas e

reformistas.

.

Todos falam a linguagem do Estado,

perpetuam hierarquias e desigualdades

em nome de um povo que falta.

.

Tenho gosto em lutar, questionar,

em ousar querer um mundo novo

contra toda forma de conformismo, servidão e opressão.

.

Afirmo aos quatro ventos o princípio da autogestão,

da autonomia e do apoio mútuo.

.

Defendo o direito a rebelião,

nossa vocação é a revolta,

a insurreição.

.

Meu caminho é a anarquia,

meu destino a revolução.

Carlos Pereira Junior

agência de notícias anarquistas-ana

Manhã gelada —
Duas borboletas azuis
voam pelo jardim.

Guin Ga Eden