[Itália] Livorno: Cinema abandonado é ocupado após manifestação contra o DDL 1660

Várias centenas de pessoas enfrentaram a chuva para se manifestar em Livorno contra o DDL 1660 [1] em 31 de outubro passado. A manifestação foi convocada pela Azione Livorno Antifascista, uma faixa que reunia várias siglas da cidade, incluindo o Collettivo Anarchico Libertario, a Federazione Anarchica Livornese e a Unicobas, abria a passeata. No final da manifestação, um cinema abandonado no centro da cidade foi simbolicamente ocupado.

O prédio é de propriedade de um certo Gonnelli, um empresário com tendências de extrema direita, que chegou às manchetes dos jornais locais nos últimos dias por causa das reclamações dos funcionários sobre as condições de trabalho e os salários que ele impõe.

Gonnelli pretende construir uma discoteca na área do antigo cinema, gerando protestos dos moradores do bairro.

Nota:

O Projeto de Lei (DDL) nº 1.660 foi apresentado à Câmara dos Deputados há mais de oito meses, em 22 de janeiro de 2024. Ele visa, entre outras coisas: o bloqueio de estradas passa a ser uma infração penal com penas até dois anos; protestos em prisões ou abrigos de refugiados podem ser punidos com até 20 anos de prisão e o mesmo se aplica a quem protestar contra grandes projetos de construção; prisão até sete anos por ocupar uma casa vazia ou simpatizar com ocupantes; 15 anos de prisão por resistência ativa durante as manifestações; quatro anos de prisão por resistência passiva; o direito de as forças policiais possuírem uma segunda arma pessoal, para além da arma de serviço e fora de serviço; as medidas acima referidas podem também aplicar-se a mulheres grávidas ou com filhos menores de um ano de idade; a utilização de celulares é proibida aos migrantes sem autorização de residência.

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agência de notícias anarquistas-ana

Para tricotar
Sento-me numa cadeira
De onde veja o relógio.

Toshiko Nishioka

[Alemanha] Kyriakos viveu para a luta e morreu lutando.

Nosso amigo e companheiro perdeu a vida em uma explosão em um apartamento em Atenas, em 31 de outubro de 2024.

Queremos nos lembrar dele como uma parte querida de todas as nossas vidas, que ele enriqueceu de muitas maneiras.

Kyriakos participou de lutas em todo o mundo e se levantou contra toda a opressão com todo o seu ser. Ficamos lado a lado nas ruas, em okupações e reuniões, para travar uma luta comum contra o Estado e o capital.

Juntos, nos posicionamos contra o racismo, o fascismo, as prisões e o patriarcado, cobrindo as costas uns dos outros e dando força uns aos outros para combater esse sistema explorador.

Sua solidariedade não tinha limites e podemos dizer com orgulho que pudemos lutar por um mundo melhor ao lado de uma pessoa tão maravilhosa.

Rimos e choramos com ele, nos agachamos e defendemos, gritamos e nos calamos, dançamos e cantamos, discutimos e pensamos, fumamos, tomamos café, colocamos cartazes, fizemos manifestações e muito mais.

Sentiremos sua falta em nossas vidas e lutas, mas o manteremos conosco em nossas lembranças, pensamentos, corações, mãos e em todas as nossas lutas.

No dia 9 de novembro, gostaríamos de convidá-los para sua despedida em Berlim. Queremos nos despedir, lamentar e lembrar dele coletivamente.

Data: 9 de novembro

Rigaer Straße 94 – Berlim

Programa: 17h30 Abertura das portas

18h Cerimônia

Em seguida, celebração aberta com música e comida. Você está muito convidado a trazer suas próprias lembranças.

Glória eterna ao nosso companheiro anarquista Kyriakos Xymitiris

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Uma flor que cai –
Ao vê-la tornar ao galho,
Uma borboleta!

Arakida Moritake

[Alemanha] Trocas internacionais contra o serviço militar e todo militarismo, 15-16 novembro

Na Alemanha e em muitos outros países, o militarismo está ganhando força diante das novas e antigas guerras e genocídios dos últimos anos, e as estruturas e ideias associadas a ele estão ganhando espaço em vários níveis.

Ao mesmo tempo, a indústria militar está florescendo. Além dos imensos subsídios para o Bundeswehr (exército alemão), uma das iniciativas concretas é a implementação de um novo serviço militar obrigatório na Alemanha. Depois que ele foi praticamente descontinuado em 2011, o plano dos iniciadores é introduzir um novo serviço com exames e sanções contra aqueles que não participarem desse procedimento. Mesmo que essa proposta inicialmente gire em torno de um número bastante limitado de recrutas e tente se pintar como moderada, ela deve ser vista como um abridor de portas e uma ferramenta importante do militarismo e da política alemã da OTAN. O número de recrutas é inicialmente baixo porque a infraestrutura necessária para o serviço militar, como locais para exames físicos com a finalidade de recrutamento, acomodação e treinamento, foi desmantelada após 2011. O modelo provavelmente também será no começo um teste, que será otimizado.

Seja qual for o modelo introduzido, como anarquistas rejeitamos o serviço em nome dos militares e do Estado e organizaremos a resistência contra ele.

No espírito do internacionalismo antiautoritário, queremos trocar ideias com companheiros de diferentes contextos sobre o serviço militar nos estados em que vivem, mas também sobre práticas de recusa e resistência.

Você e seu contexto estão convidados a participar dessa troca.

Os pré-requisitos são os princípios de solidariedade e um antimilitarismo antiautoritário, uma análise que se opõe à justificativa da guerra, aos danos colaterais e ao reconhecimento de estados e de qualquer outra autoridade.

Nos dias que antecedem a troca, há relatos ainda não confirmados de possíveis celebrações para marcar o aniversário da fundação da Bundeswehr, que poderia muito bem ocorrer em Hamburgo. Continuamos abertos para expressar nossa rejeição conjunta a esse evento – fique atento!

Fonte: https://radar.squat.net/en/node/494976

Tradução > anarcademia

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Árvore amiga
enfeita meus cabelos
com flores amarelas

Rosalva

[Alemanha] De Berlim a Atenas – estamos juntos em luto, com raiva e em solidariedade revolucionária

No dia 3.11, nos reunimos com amigos e companheiros de Kyriakos Xymitiris, Marianna M., Dimitra Z. e a quarta pessoa acusada mantida presa desde 1º de novembro, em consequência de uma explosão ocorrida na quinta-feira, 31 de outubro, em Ambelokipi, Atenas, e da repressão que se seguiu.

Cada um deles é um de nós e são amados e respeitados por quem são. Em todos os momentos que compartilhamos com eles, eles inspiraram nossas lutas diárias, nos fortaleceram diante da repressão, nos fizeram rir e nos deram o poder de acreditar em nossa força e em nossas ideias. É por isso que nos reunimos, lamentamos e choramos coletivamente, e também mostramos nossa solidariedade e cumplicidade nas ruas de Berlim.

As forças do Estado e a mídia tentam assumir o controle da narrativa, mas combatemos divulgando e defendendo nossas ideias de uma luta justa contra todos os tipos de opressão. Nossa raiva e tristeza se baseiam nos fatos reais e nas palavras de nossos companheiros, e não nas especulações dos policiais e da mídia.

Os próximos tempos não serão fáceis para ninguém e é por isso que estamos ao lado dos acusados e feridos. Enviamos abraços e beijos a todos os afetados, nossos companheiros, amigos e suas famílias. Isso também se estende especialmente aos companheiros na Grécia, nas assembleias, em frente ao hospital e nas ruas, fortalecendo uns aos outros nesses momentos difíceis e assumindo a responsabilidade coletiva pelo legado político que vivemos aqui e agora.

Eles fizeram e farão parte de nossas lutas, em nossos corações, e não nos calaremos até que o último preso seja libertado das jaulas.

Os corações revolucionários ardem para sempre!

A luta continua – Der Kampf geht weiter! (Rudi Dutschke para Holger Meins em 18.11.1974)

GLÓRIA ETERNA AO MORTO KYRIAKOS XYMITIRIS.

MÃOS FORA DA COMPANHEIRA ANARQUISTA MARIANNA.

LIBERDADE PARA O COMPANHEIRO ANARQUISTA DIMITRA.

LIBERDADE PARA A COMPANHEIRA PRESA.

LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS, PERSEGUIDOS E COMPANHEIROS FORAGIDOS.

Assembleia de Berlim em memória e solidariedade a Kyriakos Xymitiris, Marianna M., Dimitra e o quarto companheiro acusado

Fonte: https://kontrapolis.info/14266/

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Em morosa andança
Ao léu com meu ordenança —
Contemplação das flores.

Kitamura Kigin

[Chile] “Como uma fênix. Contra todas as probabilidades”.

Texto do Espaço Fénix em Santiago, um território ocupado pelo Estado chileno.

Em meados do ano de 2021, abrimos as portas de uma nova iniciativa anárquica, um projeto ambicioso que buscava a coletivização do conhecimento, a livre circulação de material antiautoritário e um verdadeiro ponto de encontro entre diversas vontades em conflito com o poder.

Assim nasceu o Espaço Fénix. Durante dois anos, funcionamos em frente a um parque e, sem a permissão de ninguém, semana após semana ocupamos esse lugar para dar filmes e palestras, organizar atividades, lembrar companheiros ou nos reunir em torno de livros e experiências de luta.

A contingência de um bairro que mudou com a chegada do novo presidente, mais as diferentes vicissitudes do prédio onde estávamos, acabaram pondo fim à nossa permanência naquele lugar. Rapidamente partimos em busca de um novo espaço que abrigasse todos os nossos projetos e nosso desejo irrefreável de viver aqui e agora como quiséssemos, de acordo com nossos valores e princípios anárquicos.

Assim, em agosto de 2023, abrimos um novo local, desta vez uma casa inteira para nós, onde poderíamos receber e abrigar diferentes companheiros, com diferentes histórias e jornadas.

Demos vida a uma nova casa e estávamos construindo diferentes atividades lá, de memória, de resistência e ofensiva. Trouxemos nossos companheiros presos para a rua, por meio de diferentes jornadas que sempre visavam ao enfrentamento da dominação.

Com uma série de filmes semanal e permanente, sempre abrindo espaço para discussão, circulando a palavra. Circulando material antiautoritário, escrevendo e produzindo o nosso próprio material. Mantendo uma biblioteca que, sem dinheiro algum, disponibiliza uma quantidade imensa de livros com uma longa história de memória e combate.

Tem sido cansativo, frustrante às vezes e também bonito, no caminho dessa jornada encontramos muito mais do que estávamos procurando no início.

Os caminhos do confronto nos cruzaram com companheiros queridos e nos separaram de outros, é assim que se caminha sem líderes, sem dirigentes, sem meias medidas, sem moderação.

Hoje é a nossa vez de dizer que temos que deixar o espaço físico que construímos, a situação econômica se tornou muito pesada para nós, e isso, juntamente com as mudanças em nosso ambiente, torna impossível continuarmos no mesmo lugar.

Certamente é frustrante, não é o que gostaríamos, especialmente nesta época de tantas mortes de companheiros valiosos, de sentenças de prisão perpétua ocultas, de isolamento na prisão e de acidentes de companheiros em ação. Este momento deve ser um momento para nos concentrarmos na memória e na solidariedade, dando espaço também para que as feridas sejam curadas por meio da ação anárquica, um caminho que abraçamos e com o qual aprendemos todos os dias. É aí que reside nossa força, é aí que encontramos os verdadeiros camaradas.

Faremos jus ao nosso nome, Fênix, o pássaro de fogo sempre emerge, não importa quão adversa seja a perspectiva, continuaremos a almejar a destruição do poder e da sociedade carcerária.

Encontraremos um novo local físico e reabriremos suas portas para nos reunirmos com nossos companheiros, para continuarmos a espalhar a semente negra de nossas vontades em guerra.

Novembro será nosso último mês no espaço que agora nos abriga, mas continuaremos unidos pelas mesmas cumplicidades, com a energia para encontrar um novo lugar.

Você está convidado a participar das atividades e dos dias que já programamos para novembro, teremos surpresas que esperamos que você aproveite conosco.

Pela proliferação e defesa dos espaços antiautoritários!

Vamos dar vida à Anarquia aqui e agora!

Seguimos em frente contra todas as adversidades!

ESPAÇO FÊNIX

Individualidades anárquicas

Biblioteca Antiautoritária Sacco e Vanzetti

Outubro de 2024

Tradução > Liberto

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Ao fim da fogueira
Apenas cinco cachorros
Dormindo ao redor.

Miyoko Namikata

[França] Toulouse: Abbé Pierre em ereção… Uma obra de arte para denunciar o silêncio da Igreja

Silentium – Sexta-feira e sábado, o artista de Toulouse James Colomina apresentou sua nova escultura no coração da igreja de Gesù

  • James Colomina é um artista de rua conhecido por suas esculturas de figuras vermelhas que coloca em espaços públicos para questionar a sociedade e a política.
  • No início de novembro, o artista de rua mudou todos os seus códigos ao apresentar uma obra numa igreja, toda de branco.
  • Este último representa o padre Abbé Pierre em ereção, escondido sob um lençol. O fundador da Emmaüs é acusado por diversas mulheres de abuso sexual.

Silentium, “silêncio” em latim, no coração de uma igreja… E um trabalho que é altamente atual. Na sexta-feira, 1º de novembro, e no sábado, 2 de novembro, cerca de 800 pessoas vieram ver a nova escultura do artista de Toulouse James Colomina, instalada na igreja dessacralizada de Gesù, em Toulouse. É uma escultura de Abbé Pierre com seus órgão genital ereto coberto apenas por um lençol.

“É uma pose que provoca uma reflexão profunda”, explica o artista à imprensa local, que queria usar sua escultura para denunciar o abuso sexual cometido por Abbé Pierre, mas também no mundo cristão em geral. “Durante muito tempo, pensei que os símbolos sagrados deveriam permanecer intactos, acima de qualquer questionamento. Mas por que fechar os olhos? Se a Igreja está escondendo essas realidades, cabe à sociedade levantar o véu e finalmente ver o que foi enterrado sob décadas de silêncio, e questionar as cicatrizes deixadas por esse passado”, acrescenta James Colomina.

Com “Silentium”, ele diz que procurou oferecer um espaço para um diálogo silencioso, íntimo, mas poderoso, convidando todos os visitantes a explorar temas de memória, justiça e humanidade. Desde julho passado, Abbé Pierre foi acusado por várias mulheres de agressão sexual entre 1950 e 2000.

Um primeiro trabalho em branco e em ambientes fechados

Embora esse não seja o primeiro trabalho “contundente” do artista, é o primeiro em termos de cor: James Colomina deixou de lado o vermelho para criar uma escultura totalmente branca… “Como artista, estou sempre procurando uma maneira de me expressar”, diz ele. “Sempre usei o vermelho em meus trabalhos de rua para enfatizar sua franqueza e impacto visual. O branco evoca o silêncio e a contemplação, um estado que se adequa a lugares mais solenes, onde o espectador já está preparado para mergulhar na arte”, explica o artista de Toulouse.

Quanto ao pau ereto de Abbé Pierre, a escultura ficou visível por apenas dois dias, o suficiente para causar um impacto no público? “Espero que essa obra tenha repercutido em todos e que continue a inspirar reflexões após sua descoberta.”

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

Fugiu-me da mão
no vento com folhas secas
a carta esperada.

Anibal Beça

Lucy Parsons é tema de debate no CCS-SP

Como uma das radicais anarquistas mais conhecidas dos Estados Unidos, Lucy Parsons dedicou mais de sessenta anos da sua vida à luta em prol da classe trabalhadora. Suas argutas reflexões, portanto, são endereçadas à população que mais sofre sob o jugo de um sistema capitalista, racista e patriarcal. Desmontando as falaciosas narrativas de progresso de um país imperialista envernizado sob as tintas da “democracia”, Lucy nos interpela: por que a pessoa trabalhadora, a mais responsável por erguer os pilares da vida material que nos sustenta, é também a mais subjugada? Ao inquirir sobre quais bases se erguem a chamada “civilização”, a anarquista nos convoca também a dinamitá-la e a reconhecer que a servidão colonial e escravizadora perdura através dos interesses industriais e de falsa representatividade das urnas. Lucy Parsons nos lembra que os grilhões ainda estão a ser rompidos…

No embalo dessa agitadora, sugerimos a leitura dos capítulos “Nossa Civilização” e “Estadunidenses! Despertem!”, libelos contra essa ideia de uma falsa libertação da humanidade que mascara os discursos nacionalistas. Esses textos compõem a coletânea de ensaios traduzidos e organizados pela Escurecendo o Anarquismo.

Para conhecer com mais detalhes a biografia de Lucy Parsons, também sugerimos o texto “Quem é Lucy Parsons? Mitologização e reapropriação de uma heroína radical”.

Links para os textos acessando tinyurl.com/GE1124.

Data: Sábado, 09/11/24 (16h-18h)

Local: Sede do Centro de Cultura Social de SP (Rua Gal. Jardim, 253, sl. 22, Vila Buarque – São Paulo)

⁠Infelizmente, não teremos intérprete de Libras.

⁠Os encontros do grupo são presenciais, gratuitos e abertos para todas as pessoas interessadas.

⁠⁠Crianças são bem-vindas ao CCS!

Traga algo para um lanche vegano coletivo, faremos café.

Lembrando que nos orientamos pelos princípios anarquistas, tais como autogestão, apoio mútuo, internacionalismo, anticapacitismo, anticapitalismo e não partidarismo. Não toleramos qualquer tipo de discriminação de raça, gênero ou sexualidade.

agência de notícias anarquistas-ana

Coruja, famosa
por excelente visão,
parece usar óculos.

Leila Míccolis

Canal do Betão, um canal anarquista no Youtube

A p r e s e n t a ç ã o

O Canal do Betão é um canal no Youtube com vídeos de opinião ou formativos, comentários de notícias e lives entrevistas de cunho anarquista.

A ideia para um canal surge entre 2013 e 2015, quando voltei a ter uma atuação política mais séria com as Jornadas de Junho de 2013, a greve dos professores de 2015 e as ocupações de escolas no mesmo ano. Porém o primeiro vídeo do canal só começa em 2016 e a proposta inicial é ser um canal de História com comentários políticos, mas rapidamente se torna um canal de propaganda anarquista.

A proposta é ser uma tentativa de produzir conteúdo na internet de caráter anarquista com vistas a atrair mais gente de fora do anarquismo para conhecer o que propõe e o que é o Anarquismo. Sempre tentando fazer isso de uma forma didática, leve e bem-humorada.

>> Acesse o Canal do Betão aqui:

https://www.youtube.com/channel/UCewOwwsqD080d-PyuPxQ52w

agência de notícias anarquistas-ana

Ameixeiras brancas —
Assim a alva rompe as trevas
deste dia em diante.

Yosa Buson

[Espanha] “Não entendo por que parte da esquerda alemã apoia Israel e a OTAN”

Klaus Armbruster, um militante alemão baseado em Bilbao, apresentou em Astúrias “Ação antifascista. História de um movimento de esquerda radical”.

Por Diego Díaz Alonso | 28/10/2024

Klaus Armbruster (Stuttgart, 1956) esteve na CNT em Xixón e em La Llegra em Oviedo/Uviéu neste fim de semana para apresentar“Acción antifascista. Historia de un movimiento de izquierda radical”, um trabalho exaustivo do historiador e ativista Bernd Langer, do qual ele é tradutor e co-editor.

Militante de longa data de movimentos sociais anticapitalistas, ele vive em Bilbao há 25 anos, onde é membro da associação basco-alemã Baskale.

Como um jovem se torna politizado na República Federal da Alemanha na década de 1970?

Envolvi-me na militância um pouco depois das revoltas estudantis de 1968, no início da década de 1970, por meio do movimento juvenil. Naquela época, o que era chamado de Oposição Extra-Parlamentar estava começando a se dividir e as pessoas envolvidas estavam tomando caminhos diferentes. Por um lado, havia pessoas que foram para a luta armada, outras para organizações comunistas, outras optaram pela “longa marcha através das instituições” e se juntaram à ala esquerda do Partido Social Democrata ou fundaram os Verdes, e havia aqueles de nós que formaram o movimento autônomo.

Como esses jovens autônomos da RFA viam a República Democrática Alemã?

Com pouca simpatia. Não era o socialismo em que acreditávamos. Tinha muito autoritarismo e limites. Havia jovens do Partido Comunista na RFA que iam para a RDA de férias ou para fazer cursos, mas não estávamos interessados nesse socialismo, mesmo que não apoiássemos os EUA e a OTAN por esse motivo. Estive na RDA apenas uma vez, em 1989, pouco antes da queda do Muro.

O termo “autônomo” também era muito comum na Itália. Quais eram as semelhanças e diferenças entre a autonomia italiana e a alemã?

A Itália e a Alemanha tinham em comum a existência de organizações comunistas armadas na década de 1970, mas na Itália havia, acima de tudo, um movimento de trabalhadores muito radical, com uma base forte nas fábricas, algo que não existia na Alemanha, onde todo o sindicalismo era e ainda é organizado em uma central social-democrata. Na Alemanha, o movimento autônomo não tinha essa base da classe trabalhadora. Ele era antifascista, com tendências comunistas e anarquistas, e dava grande importância ao ambientalismo e à luta contra as usinas nucleares. O movimento antinuclear estava muito associado à luta contra o militarismo e a corrida armamentista, porque, por trás da energia civil, sabia-se que as armas nucleares estavam chegando. Se você tivesse a tecnologia civil, poderia fabricar as armas. O movimento era muito diversificado e estava envolvido em muitas coisas. Nas décadas de 80 e 90, havia até grupos de sabotagem e revistas clandestinas amplamente distribuídas que ensinavam como derrubar um poste de alta tensão.

Como era o movimento antifascista naqueles anos?

Os social-democratas de esquerda, os Verdes e os sindicatos estavam se manifestando contra o fascismo, mas a um quilômetro de distância. Nós, por outro lado, fomos até onde eles estavam e os confrontamos. Se eles quisessem realizar um congresso ou uma manifestação, nosso objetivo era ir até lá e impedi-los. Era um fascismo muito diferente do fascismo de hoje, que usa terno e gravata, está nas instituições e tem um ar de seriedade que não tinha nas décadas de 80 e 90.

Qual foi a leitura do fracasso do antifascismo alemão na década de 1930?

A Ação Antifascista foi fundada em 1932 pelo Partido Comunista Alemão, apenas um ano antes da vitória de Hitler. A esquerda alemã demorou a reagir ao que estava por vir. Os comunistas tinham razão em criticar os líderes social-democratas por sua repressão sanguinária à revolução alemã, mas ao chamar o SPD de “social-fascista”, eles também ofenderam e atacaram suas bases, o que tornou impossível a unidade contra os nazistas. Além disso, em 1939, Hitler e Stalin assinaram um pacto que desmoralizou os militantes remanescentes. Em 1944, houve uma tentativa de matar Hitler, mas por militares fascistas que viam a guerra como perdida e queriam se salvar fazendo a paz com os Aliados.

Em teoria, a Alemanha havia sido desnazificada, mas mais uma vez o fascismo está de volta…

Em teoria, o fascismo alemão terminou em 1945, mas hoje sabemos que não terminou. Houve um processo bastante sério de desnazificação em nível nacional, regional e local enquanto o país estava sob a supervisão dos Aliados, mas esse padrão foi rebaixado quando passou para as mãos dos alemães. Antigos nazistas, até mesmo da SS, estavam envolvidos na formação do exército, outros sobreviveram no judiciário e tivemos até mesmo dois chanceleres com histórico fascista. Agora as coisas mudaram, muitas pessoas acham difícil ver o novo fascismo porque ele ganhou muita respeitabilidade e fala muito parecido com a direita tradicional.

Como você vê a evolução da esquerda alemã com o desmembramento do Die Linke (A Esquerda)?

O Die Linke está passando por uma crise muito profunda. Ele não tem uma posição comum sobre quase nada. Há setores que apoiam Israel e a OTAN na guerra da Ucrânia. Acho difícil entender que uma parte da esquerda faça isso. A divisão, o partido de Sahra Wagenknecht, afirma ser de esquerda, mas defende coisas sobre imigração que os fascistas da Alternativa para a Alemanha poderiam dizer. Atualmente, o anticapitalismo é uma corrente muito minoritária na esquerda alemã.

O apoio ao sionismo de grande parte da esquerda alemã é surpreendente do ponto de vista da Espanha.

Na Alemanha, há pessoas de esquerda que apoiam muito os curdos ou outros povos, mas que depois apoiam Israel. Isso não tem consistência. Uma parte da esquerda tem muito medo do antissemitismo e de um novo Holocausto, mas ao mesmo tempo tem uma completa falta de empatia pelo sofrimento do povo palestino. Parece que Israel tem o direito de falar em nome de todos os judeus e de todas as vítimas do Holocausto, e que qualquer um que discorde é antissemita. Até mesmo uma organização como a Judeus por uma paz justa no Oriente Médio, que se manifesta contra o regime de Netanyahu, foi acusada de antissemitismo e proibida de realizar algumas de suas atividades na Alemanha. O mesmo ocorre com a guerra na Ucrânia. Você pode condenar a invasão russa e se opor a Putin, mas não pode ignorar o papel da OTAN na preparação para a guerra. Tive problemas com velhos amigos que agora apoiam a OTAN.

Para encerrar, o que você acha do caso das mulheres sindicalistas em La Suiza?

É um escândalo. É um ataque a um direito fundamental que exigiu décadas de luta e muito sacrifício para ser conquistado. Os sindicatos precisam se mexer, porque isso é contra eles. Destruir os sindicatos é sempre o plano deles.

Fonte: https://www.nortes.me/2024/10/28/no-entiendo-que-una-parte-de-la-izquierda-alemana-apoye-a-israel-y-la-otan/?utm_campaign=twitter#google_vignette

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

a sombra da nespereira
mergulha
na frescura do poço

Rogério Martins

[São Paulo-SP] Sob a chuva e o olhar sanguinário da polícia, manifestantes exigem a liberdade do professor Adriano Gomes da Silva

São Paulo, 5 de novembro de 2024 – Na tarde desta terça-feira, um grupo de militantes sociais se reuniu nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo para exigir a libertação do professor Adriano Gomes da Silva, preso há 50 dias após ser condenado por um crime que não cometeu. Mesmo sob a constante vigilância da polícia e enfrentando uma chuva torrencial, os manifestantes não se intimidaram e seguiram firmes na defesa de Adriano, um preso político do Estado de São Paulo.

A manifestação começou pouco depois das 17h, com os ativistas posicionando-se discretamente entre as barracas de camelôs, tentando evitar o cerco da polícia, que já estava presente na área antes mesmo do ato começar. Em um gesto de resistência, os manifestantes aguardaram a retirada dos veículos policiais das escadarias do Teatro Municipal, momento em que tomaram o espaço e ergueram uma faixa com os dizeres: “LIBERDADE AO PROFº ADRIANO!”. Diante dos agentes repressores, venceram a unidade e a coragem.

Adriano Gomes é um preso político, vítima do Estado burguês que persegue e pune todo aquele e toda aquela que ousam se posicionar contra suas políticas desumanas!“, denunciou um dos participantes do ato. De acordo com os manifestantes, Adriano foi preso em 2018 após protestar contra a violência policial numa ação de despejo no Butantã, zona oeste de São Paulo, e acusado pela polícia de desacato. “Ainda que Adriano tivesse cometido desacato, crime pelo qual a justiça burguesa paulista o condenou há mais de 10 meses de prisão, por que o mantém preso em regime fechado se sua sentença é no semiaberto?”, questiona uma manifestante indignada.

“É sabido que quase ninguém cumpre uma punição por desacato em regime fechado! Exceto por ser pobre ou por enfrentar as políticas de desprezo do Estado. Adriano está nessas duas condições: é pobre e trabalhador que se posiciona contra um sistema social injusto. Há décadas ele vem somando forças em lutas coletivas contra as injustiças desse Estado burguês! É por isso que a prisão dele é resultado de uma perseguição política. Por que a justiça desse Estado burguês mantém o professor Adriano preso? Porque Adriano há tempos se posiciona contra uma sociedade de classes na qual quem manda na justiça é a burguesia! Tanto é que em 2020, essa mesma instituição (o Estado burguês) o demitiu de seu cargo de professor da rede pública de ensino do Estado de São Paulo, sob a mesma alegação de “crime de desacato”. Por que essa justiça não ofereceu alguma medida alternativa para Adriano cumprir por desacato ser considerado um crime de menor potencial ofensivo? Porque se trata da justiça burguesa e sua punição é sempre política, pois, só penaliza gente pobre e gente que luta contra as injustiças que esse sistema produz! É por isso que Adriano é um preso político” – fala de um dos participantes do ato.

Uma das militantes, lembrou o contexto de injustiça social que motivou o professor a se manifestar contra a ação de despejo, em 2018: “Como qualquer trabalhador explorado que luta para criar seus filhos, como qualquer pessoa indignada com esse sistema de exploração, como qualquer pessoa sem direito à moradia, à saúde e à educação, como alguém pode ficar em silêncio diante de tanta desigualdade promovida pelas classes dominantes? Lutar não é crime!“, exclamou, em tom de revolta.

Enquanto os manifestantes faziam sua manifestação, a polícia observava de perto, posicionando-se em frente ao teatro com suas viaturas, mantendo uma vigilância constante. Durante todo o ato, os agentes de repressão faziam rondas na área. Contudo, o grupo de apoiadores de Adriano não se dispersou, permanecendo firme em sua reivindicação pela liberdade do professor.

O protesto durou cerca de uma hora, sendo encerrado pouco antes das 19h. Apesar da presença da polícia, os manifestantes se retiraram tranquilamente, mas deixaram claro que a luta pela liberdade de Adriano Gomes da Silva continua.

A ação foi uma demonstração de resistência contra um sistema opressor, que tenta silenciar e pune aqueles que ousam questionar suas práticas.

lutafob.org

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agência de notícias anarquistas-ana

tatalou e caiu
com onda espiralada
fragor de entrudo

Guimarães Rosa

[Espanha] Dana, dor, raiva e solidariedade

Coletivo Redes Libertárias

Para aqueles que pensam que a mudança climática é uma enteléquia, e para aqueles que, apesar de reconhecerem sua nocividade desastrosa, ainda não admitem que o modo de vida no qual o capitalismo nos imerge aumenta exponencialmente as catástrofes produzidas por essa mudança. Os recentes acontecimentos no Mediterrâneo, especialmente na província de Valência, são a pior prova do custo de vidas humanas e não humanas, da destruição de áreas naturais, agrícolas, industriais e de infraestrutura, de sua abordagem negacionista e de sua aceitação do modo de vida capitalista. Também gostaríamos de destacar a coordenação ineficaz dos recursos regionais e estaduais, juntamente com o aparecimento dos carniceiros habituais para lucrar com a tragédia humana e material.

É necessário enfrentar a realidade das mudanças climáticas e a depredação capitalista do território em todas as esferas, incluindo as esferas comunitárias que demonstraram com sua agência a importância da solidariedade, do apoio mútuo e do cuidado em um momento em que o sofrimento das vítimas desse DANA deve ser uma prioridade em nossas abordagens libertárias e anarquistas.

2 de novembro de 2024

redeslibertarias.com

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Muitos ventos sopram.
Dentro e fora de mim uivam
lobos que não sou.

Urhacy Faustino

[Belém-PA] 20N: Dia da Consciência Negra no CCLA + campanha pela mudança de nome de rua

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA NO CCLA + CAMPANHA PELA MUDANCA DE NOME DE RUA, DE GENERAL GURJÃO PARA BRUNO DE MENEZES¹, ESCRITOR E POETA NEGRO.

PROGRAMAÇÃO DO ATO

12:00 às 14:00 – Abertura da FEIRA CRIATIVA/almoço FEIRA CRIATIVA – EXPOSITORES

CARDÁPIO VEGANO

  • PF VEGANO
  • SAMOSA
  • FEIJOADA
  • ACARAJAZZ (PETISCOS)

BEBIDAS

  • SUCOS
  • CERVEJA
  • CAIPIRINHA

14:00 às 16:00- Roda de Diálogo “Bruno de Menezes e a Consciência Negra”

16:00 às 23:00 – Arte

Intervenções poéticas/música

23:00 às 00:00 – Desmontagem do evento em autogestão e com apoio mútuo.

Localização do CCLA

Rua General Gurjão 301 – Bairro Campina – Belém do Pará.

cclamazonia.noblogs.org

[1] https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Bruno_de_Menezes

agência de notícias anarquistas-ana

vela acesa
testemunha olhares
sobre a mesa

Carlos Seabra

[Grécia] Atenas: Aqueles que caem no calor da batalha nunca morrem

Em 31 de outubro, o anarquista Kyriakos Xymitiris foi morto por uma explosão em um apartamento no bairro de Ambelókipi, em Atenas.

Somos os únicos que podemos falar por nosso companheiro. Todos nós que estivemos com ele em assembleias, ações, manifestações e conflitos.

Durante anos, Kyriakos esteve constantemente presente em projetos de solidariedade com prisioneiros, no movimento internacionalista contra a guerra, em ações para defender o bairro de Exarchia, em lutas universitárias, na defesa de espaços liberados e ocupados e em todas as lutas sociais e de classe. Ele deu tudo de si nessas lutas, sempre buscando descobrir juntos suas possibilidades mais insurrecionais. Ele não só defendeu teoricamente a luta multifacetada pela liberação social, como também foi sua encarnação mais autêntica.

Kyriakos escolheu lutar até o fim, usando todos os meios para combater o mundo do poder, o estado, o capital, o racismo e o patriarcado. Ele escolheu lutar ao lado dos oprimidos e dos rebeldes, por um mundo melhor, por um mundo de solidariedade, igualdade e liberdade.

Sua perda deixa um grande vazio em sua família e entre seus amigos, entre os compas que estavam próximos a ele, mas também na própria luta, que ele marcou tanto por sua atitude quanto por suas palavras.

O lutador anarquista Kyriakos Xymitiris era um de nós. Defenderemos sua memória e a manteremos para sempre em nossos corações e em cada momento de nossa luta.

“Sei que vocês os consideram inúteis porque o tribunal está armado; mas […] eles devem ser considerados muito, sempre que se considerarem tudo. Eles chegaram a esse ponto: eles mesmos estão começando a considerar seus exércitos como nada, e o mais lamentável é que a força deles consiste em sua imaginação; e pode-se realmente dizer que, ao contrário de todos os outros tipos de poder, quando eles chegam a um certo ponto, podem fazer qualquer coisa que pensem que podem. [1]

Companheiro, nós nos encontraremos novamente nas estradas de fogo, onde você viverá para sempre…

Marianna [2], forte até o ponto da liberdade!

Honra eterna ao companheiro anarquista Kyriakos Xymitiris.

Solidariedade com aqueles que estão sendo processados nesse caso.

anarquistas / comunistas

Assembleia em solidariedade aos lutadores presos, foragidos ou perseguidos

Notas:

[1] Citação de Mémoires du Cardinal de Retz (ed. J. Delon, Paris, Honoré Champion, 2015, tomo VIII, p. 487). Aqui ele está falando com o Príncipe de Condé, no início da Fronde, sobre o povo. Essa citação apareceu em um pôster anarquista popular na Grécia nas décadas de 70 e 80.

[2] Uma companheira, Marianna, ficou gravemente ferida na explosão. Ela está atualmente no hospital sob prisão. Também em conexão com a explosão, outro companheiro, que não estava presente no apartamento, foi preso, e um quarto companheiro está sendo procurado pela polícia.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1632529/

agência de notícias anarquistas-ana

Em meio ao capim
de onde sopra o vendaval,
lua desta noite.

Miura Chora

[Espanha] A 100 anos do assassinato de Gregorio Suberviola

Em 13 de março passado, completaram-se 100 anos do assassinato de Gregorio Suberviola Baigorri, Torinto, em Barcelona, nas mãos da polícia.

Gregorio, membro de uma família humilde dedicada à construção, nasceu em Morentin, localidade Navarra da Merindad de Estella, onde viveu até que em 1919, após realizar o serviço militar em Lizarra, abandonou o domicílio familiar rumo a Donostia, onde trabalhará na construção do grande cassino Kursaal Donostiarra. Logo se filiará ao Sindicato da Construção da CNT e começará a participar nas lutas obreiras do setor junto a outros militantes libertários como Buenacasa.

Em 1920, Suberviola participa na criação do grupo “Los Justicieros”, junto a Buenaventura Durruti (que acaba de chegar à capital Gipuzkoana após seu exílio na França), Pablo Ruiz (alfaiate e libertário nascido em Estella), o bilbaino Aldabaldetrecu e o vallisoletano Marcelino del Campo.

O propósito inicial de Los Justicieros é executar Regueral, o governador de Bizkaia, por sua implacável repressão contra o anarcossindicalismo. Não obstante, seus planos se veem modificados ao serem acusados de um suposto atentado contra o rei Alfonso XII em sua visita a Donostia no final de 1920. Esta situação os obriga a escapar transladando-se a Zaragoza, para o qual contam com o apoio de Inocencio Pina.

Em Zaragoza, o grupo projeta a criação de uma federação anarquista de alcance peninsular que seja capaz de acelerar a revolução. Também realiza assaltos a entidades bancárias com o fim de adquirir armamento. Ademais, durante estes anos, Torinto, assim como o resto do grupo, faz um importante esforço em sua formação teórica e participa em intensos debates dentro do movimento libertário.

Como resultado destes debates, em 1922, o grupo toma o nome de Crisol e passam a compô-lo Suberviola, Durruti, Torres Escartín, Marcelino del Campo e Ascaso.

Em agosto, se transladam a Barcelona, onde apesar de sofrer todo tipo de dificuldades, pouco a pouco conseguem reforçar o grupo com militantes que frequentavam o sindicato confederal da Madeira, até constituir em outubro o grupo “Los Solidarios”.

O grupo Los Solidarios volta a propor-se impulsionar a criação de uma federação anarquista revolucionária em todo o estado. Do mesmo modo, iniciam uma série de ações espetaculares como o assalto ao Banco de Espanha em Gijón. Em março de 1923 Suberviola foi detido em Zaragoza e quiseram envolvê-lo em um crime do Sindicato Livre, não obstante consegue escapar do cárcere em 8 de novembro desse mesmo ano.

Com a implantação da ditadura de Primo de Rivera, as atividades dos grupos de ação enfrentam renovadas dificuldades e o cerco policial se estreita. Descobrem-se arsenais cuja finalidade é um levante insurrecional, após o qual começa a caça a Los Solidarios, até que no início de 1924 foi localizado pela polícia o domicílio de Suberviola em Barcelona e por causa do enfrentamento, em 24 de fevereiro, cai assassinado Marcelino del Campo e Suberviola, inicialmente ferido, falece em 13 de março.

Não podemos saber se Suberviola participou realmente no justiçamento de Regueral, o assalto ao Banco de Gijón ou outras ações as quais sua memória fica associada. No entanto, fica claro que sua biografia é uma clara mostra dos sacrifícios que realizou toda uma geração de militantes libertários surgidos do seio do proletariado, que deram suas vidas para derrubar os violentos obstáculos que o Estado e a burguesia impunham para frear o avanço da classe trabalhadora organizada na CNT, para a revolução social.

Ao reivindicar sua figura, não o fazemos com a finalidade de recriarmos em tempos passados ou gerar novos mitos. A classe trabalhadora vive tempos de atomização e derrota enquanto a burguesia nos dirige para o abismo. É um trabalho imprescindível manter os fios que nos unem com as lutas revolucionárias do passado e aprender destas, para que uma vez mais possamos avançar “até o triunfo total da classe trabalhadora”.

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/a-100-anos-del-asesinato-de-gregorio-suberviola/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

flor na tapera
ruína
produzindo primavera

Joaquim Pedro

[Espanha] Processo geral contra o anarcossindicalismo, CNT-AIT Fraga

O sindicato de Fraga da CNT/AIT, entra no “processo geral” promovido pela elite que lidera a “CNT (CIT)” contra o anarcossindicalismo.

Comunicado da CNT/AIT Fraga

Processo geral contra o anarcossindicalismo

Uma organização é, no final das contas, nada mais do que um meio para um determinado fim. Quando se torna um fim em si mesma, ela mata o espírito e a iniciativa vital de seus membros, estabelecendo a regra da mediocridade que é característica da burocracia.

Rudolf Rocker

A liberdade não é confortável; é um estado de tensão constante, uma conquista contínua de territórios internos e externos, um risco de cada minuto.

Luce Fabri

Mais de trinta sindicatos da CNT/AITestão sendo denunciados perante a Audiência Nacional, processos movidos por aqueles que lideram a atual CNT (CIT), um sindicato com o qual, até menos de 10 anos atrás, formávamos uma única organização. O processo judicial que estamos sofrendo é semelhante à perseguição franquista perpetrada contra os opositores antifascistas com essa “causa geral” – “processo geral”.

Com os processos, pretendem nos obrigar a deixar de usar “o nome Confederação Nacional do Trabalho, a sigla CNT e, como se isso não bastasse, estão pedindo 50 mil euros por cada sindicato denunciado”. Todo um absurdo com consequências previsivelmente catastróficas, inclusive para o movimento libertário como um todo.

Em 19 de setembro passado, começaram os julgamentos contra 16 sindicatos da CNT-AIT; agora, no mês de outubro, mais 17 sindicatos, incluindo o sindicato Fraga, estão pendentes de julgamento. Não entraremos em detalhes sobre as razões dessa situação, o que já foi feito há 3 anos em um texto intitulado “Contra o vento e a maré” (1), bem como no comunicado “Sobre os julgamentos na Corte Nacional contra a CNT/AIT”, tornado público em setembro deste ano (2).

O objetivo dessa ação não é apenas prejudicar os militantes dissidentes, mas também fechar todas as portas para qualquer tentativa de reunir posições ideológicas divergentes, em um exercício político excludente que nada tem de libertário.

Queremos salientar que a gravidade dos fatos revela e evidencia a personalidade de quem que provocou essa situação e controla a chamada CNT(CIT), com traços autoritários, comparáveis ao comportamento de quem lidera qualquer partido stalinista ou seita religiosa.

Longe está o ano de 1918, quando um grupo de trabalhadores fundou o Sindicato Único de Fraga, mas desde então o anarcossindicalismo tem feito parte da sociedade de Fraga e das terras baixas de Cinca. Com maior ou menor repercussão, mas com momentos de extraordinária relevância histórica e com mais de cem anos de presença, que nem a repressão da ditadura de Franco, nem as tentativas de “demolição controlada” da “democracia”, nem o entrismo perpetrado a partir do autoritarismo marxista e partidário conseguiram interromper ou extinguir.

Gostaríamos também de dizer que a discordância ideológica e humana é com os que lideram a atual CNT(CIT) e com as pessoas que os apoiam e justificam, de qualquer forma, sempre haverá uma mão estendida aos que sofrem exploração, prevalecendo a solidariedade de classe sobre ideologias e/ou crenças. Lembramos que, para a militância da Confederal Fraga, a luta por dignidade e justiça social sempre andou de mãos dadas com as ideias anarquistas, sendo parte ativa da luta dos trabalhadores e de nossa forma de nos organizarmos, integrando-as também, na medida do possível, em nossa caminhada pela vida e assim continuaremos a fazer no futuro.

Vida longa ao anarcossindicalismo!

De Fraga e da região de Bajo/Baix Cinca, na zona rural de Alto Aragão.

Sindicato de Ofícios Vários de Fraga da CNT/AIT

Fraga, 28 de outubro de 2024

(1) https://www.cntait.org/cnt-ait-contra-viento-y-marea/

(2) https://www.cntait.org/a-proposito-de-los-juicios-en-la-audiencia-nacional-contra-la-cnt-ait/

Fonte: https://www.cntait.org/causa-general-contra-el-anarcosindicalismo-cnt-ait-fraga/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

cantam os pássaros
aqui e ali; deito na rede
e começo a roncar

Rafael Noris

Atividades XII Feira do Livro Anarquista Porto Alegre 2024

Sábado 9 de novembro:

09:00 horas – Inicio do FLASH TATTOO SOLIDÁRIO // Montagem das bancas e faixas

10:00 horas – Anarquistas na Palestina e a solução sem estado: A base da conversa serão os zines “Vozes da Linha de Frente Contra a Ocupação” da Black Rose/Rosa Negra International Relations Committee e “Solução sem estado” de Mohammed Bamyeh e Shuli Branson’s, traduzidos pela Pandemia Distro

10:30 horas – Atuar Anárquico em contextos de crise: Potencializar o colapso do projeto civilizador.

11:15 horas – Internacional Anarquista e o Movimento Anarquista no Brasil

12:00 horas – Almoço

14:00 horas – Foda-se Black Friday, lançamento do zine e conversa.

14:00 horas – Oficina bolhas de sabão gigantes. Com materiais disponíveis e autonomia cada criança irá criar seu próprio brinquedo artesanal. Desenvolvendo capacidade motora, atenção, movimento, paciência, encantamento.

Com brinquedo pronto, vamos aprender como fazer as bolhas de sabão gigantes.

Adultos são bem vindos!

14:45 horas – Apresentação da publicação: Esse colapso não é de hoje. Dani Eizirik / Jambalú, editora Riacho

15:20 horas – Diante de cada encruzilhada nosso caminho é a Anarquia!

Uma provocação a constante luta contra as imposições do poder e da autoridade, e a consequente tensão por trilhar e ler o mundo com o agir antiautoritário

16:00 horas – Apresentação de livros da Barricada de Livros:

De Luto em Luta. Uma antologia de textos, poemas e contos de Louise Michel

Uma Casa Viva, Andrea Staid

17:00 horas – Troca de ideias: Para nascer novos mundos é preciso abortar mundos não desejados: Alerta para as políticas partidaristas em todos os territórios ocupados pelo capitalismo, um olhar desde nossos ventres e nossa terra.

18:00 horas – Vídeo Debate: A expansão da fronteira digital: Agronegócio, agronegocinho e resistência camponesa ao avanço do capitalismo de vigilância

19:00 horas – Encerramento

Domingo 9 de novembro:

10:00 horas – Montagem das bancas

14:00 horas – Trilhas de autonomia: Desde as serras, território explorado pelo estado uruguaio. O caminhar como fundamento da autonomia humana

15:00 horas – Oficina bombas de sementes

16:00 horas – Marcando a cidade.

Breve recorrido e intervenção em alguns pontos da cidade marcados por eventos de ímpeto anárquico.

17:00 horas – Roda de encerramento

18:00 horas – Apresentação Crua

O almoço de sábado está garantido pelo Aurora Restaurante Vegano

Também teremos os lanches vegetarianos e veganos de Mãos Livres – cozinha criativa e Arackno

Contaremos com várias bancas de livros e materiais anarquistas assim como uma banca de sementes crioulas.

Sábado desde as 09:00 horas, na Sede da Escola de Samba Acadêmicos da Orgia, Avenida Ipiranga 2741

Domingo desde as 10:00 horas, na Praça do Aeromóvel, em frente ao Gasômetro.

agência de notícias anarquistas-ana

nas noites de frio
um bom vinho, um edredon
dois corpos no cio

Cristina Saba