[Chile] Indonésia, Nepal, França: A insurreição é uma linguagem comum – Rede de Luta e Propaganda

INDONÉSIA

Em 25 de agosto de 2025, na Indonésia, a raiva explode em múltiplas cidades contra os privilégios obscenos da classe política: subsídios parlamentares excessivos, um aumento de impostos sobre propriedade de até 250%, projetos de austeridade, corrupção e brutalidade policial. Um dos estopins foi a aprovação de um subsídio habitacional mensal para parlamentares de 50 milhões de rúpias, quase dez vezes o salário médio em Jacarta, o que desencadeou a indignação contra os privilégios da classe política.

As mobilizações derivaram em ataques violentos contra a polícia, saques de casas de parlamentares, destruição de edifícios governamentais, o que gerou como resposta uma forte repressão, incluindo ciberataques a páginas de contrainformação e meios alternativos. Em 28 de agosto, confirmou-se a primeira morte (um motociclista atropelado por um blindado policial), agudizando ainda mais o descontentamento.

NEPAL

Em 8 de setembro, desencadearam-se protestos massivos e violentos no Nepal, conhecidos como a “Revolução da Geração Z”. O estopim foi a proibição, por parte do governo, de 26 redes sociais (entre elas Facebook, Instagram, YouTube, WhatsApp, X e Signal), com o objetivo de controlar a organização juvenil e frear a difusão de críticas e convocações que escapavam de seu controle político. No entanto, o governo disfarçou isso como uma medida de “segurança nacional” e “proteção contra a desinformação”. Esta foi a faísca que acendeu um mal-estar mais profundo e acumulado durante anos: a corrupção sistêmica, o nepotismo político, as reformas neoliberais que privatizaram tudo, a precariedade e o aumento do custo de vida.

As mobilizações derivaram em marchas, barricadas, enfrentamentos com a polícia e rapidamente em uma insurreição materializada em ataques a edifícios governamentais, incêndios e assaltos a prisões com fuga de presos, funcionários fugindo em helicópteros ou pelo rio em meio aos distúrbios. A magnitude da violência derrubou o governo e o primeiro-ministro K.P. Sharma Oli renunciou, evidenciando uma profunda crise de legitimidade das classes políticas.

FRANÇA

Em 10 de setembro passado, na França, viveu-se uma grande mobilização convocada pelo movimento “Bloquons Tout” (“Vamos Bloquear Tudo”), em rejeição a um novo orçamento de austeridade para 2026, que corta bilhões de euros do gasto público, reduzindo pensões, gastos em educação e saúde, eliminando também feriados e benefícios trabalhistas. Cortando assim direitos sociais para equilibrar orçamentos e proteger os interesses do mercado. As mobilizações coincidiram com a chegada do novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu.

Bloquearam ruas, transportes e fábricas, levantaram barricadas e enfrentaram-se fortemente com a polícia. Esses protestos somam-se a um ciclo mais longo de descontentamento social na França: desde a revolta pela morte de Nahel Merzouk, um jovem de 17 anos morto pela polícia em junho de 2023, até a resistência contra as políticas de corte de gastos públicos.

Os protestos no Nepal, Indonésia e França, embora desencadeados por motivos distintos, são expressões de uma mesma crise global do capitalismo. Todos compartilham a raiva contra governos que se enriquecem às custas das necessidades básicas das pessoas, e a rua como único espaço de resistência capaz de fazer tremer o poder. No Nepal e na Indonésia, a revolta assumiu um caráter insurrecional que inclusive derrubou governos, mostrando que a possibilidade de transformação radical é real e contemporânea. Na França, o protesto é mais recorrente: não derruba o Estado, mas desgasta sua legitimidade e anuncia que novas revoltas voltarão.

Infelizmente, muitas vezes, quando se carece de organização, de coordenações, de projeção e não se constroem alternativas sustentadas, os movimentos se diluem no momento: a rua se apaga, a raiva se dispersa e o sistema não só continua quase intacto, como também aprende com as táticas empregadas pelo protesto para se blindar mediante novas leis e mecanismos de controle que buscam evitar futuros levantes.

A grande incógnita é se essas lutas ficarão em explosões momentâneas ou poderão se converter em lutas capazes de abrir novos horizontes. O certo é que as revoltas se replicam, se contagiam. Desde distintos estrondos sociais nos reconhecemos entre continentes, porque para além de qualquer fronteira sabemos que, enquanto os governos negociarem com nossas vidas, a raiva continuará encontrando caminhos coletivos para irromper nas ruas. Não é preciso entender as línguas quando a insurreição se converte em um idioma comum.

Rede de Luta e Propaganda

Setembro de 2025

Fonte: https://lapeste.org/indonesia-nepal-francia-la-insurreccion-es-un-lenguaje-comun-red-de-lucha-y-propaganda/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

de tantos instantes
para mim lembrança
as flores de cerejeira.

Matsuo Bashô

[França] Tanques da Segunda Guerra Mundial são alvo de pichações na Normandia

Pichações foram descobertas em tanques da Segunda Guerra Mundial na segunda-feira, 22 de setembro de 2025, em Lion-sur-Mer, ao norte de Caen (Calvados).

O incidente foi descoberto na segunda-feira, 22 de setembro de 2025. O tanque Churchill Avre localizado na saída de Lion-sur-Mer (Calvados), em direção a Luc-sur-Mer, na Côte de Nacre (Calvados), foi marcado, provavelmente na noite anterior.

Símbolos anarquistas e pacifistas

O veículo da Segunda Guerra Mundial trazia a inscrição “Nascido para Matar”, bem como o símbolo anarquista e o símbolo de “Paz e Amor”. O tanque localizado em Hermanville-sur-Mer teria sofrido o mesmo destino.

agência de notícias anarquistas-ana

No rosto do opressor,
o reflexo de mil espelhos:
ninguém é só um.

Liberto Herrera

Medo Negro na Ásia: os governos culpam os “anarquistas” pelo descontentamento em massa

Levantes populares nas Filipinas, no Nepal e na Indonésia não precisam de ajuda para não terem líderes

Simoun Magsalin ~

Setembro de 2025 se tornou um mês de Primavera Asiática. Depois da Indonésia, o povo do Nepal se levantou em protestos espontâneos em massa, seguidos por tumultos anticorrupção nas Filipinas. Na esteira dessas revoltas, os governos iniciaram uma “onda de pânico” com o objetivo de perseguir “anarquistas”, independente da real orientação política ou “antipolítica”. Configurado por Trump, Prabowo e muitos outros, o espectro da anarquia causa medo nos corações de todos os governantes.

Embora houve anarquistas realmente participando dos protestos e ações violentas nesses países, continuamos sendo minorias. Não surpreende a ninguém que a grande maioria dos jovens detidos em Manila não tenha essa convicção anarquista. O objetivo do medo negro é simples: suprimir a amok massa (as massas em fúria). Intimidar a nossa classe, quebrar a solidariedade. Não se pode negar, contudo, que o medo desproporcional da invocação da anarquia atinja aos soberanos do mundo. A bandeira negra voa novamente na forma da bandeira pirata de palha do anime *One Piece*.

No Nepal, o repúdio popular à corrupção e decadência das coalizões governamentais maoístas e marxistas-leninistas que se sucederam só poderia significar que a orientação “antipolítica” incluiria a rejeição completa dos partidos comunistas. O Nepal é o país com mais “partidos comunistas” per capita, com partidos marxistas-leninistas e maoístas se alternando regularmente na liderança do governo. Anarquistas e comunistas não partidários começaram a se organizar de forma espontânea, com o objetivo de intensificar a insurreição. Os insurrectos nepaleses levaram as ações além dos incêndios em massa, apreendendo armas e causando o rápido colapso do governo. Quando os militares nepaleses assumiram o controle, começaram a culpar os “anarquistas” pela insurreição. A democracia liberal foi finalmente restaurada por meio da infame eleição Discord, quando outra onda de amok masa diminuiu.

Na Indonésia, onde as massas protestavam contra o regime cada vez mais corrupto e militarizado de Prabowo Subianto, o assassinato de Affan Kurniawan por uma viatura blindada da polícia desencadeou uma onda de amok masa. As insurreições na Indonésia foram marcadas por saques e incêndios de prédios governamentais, delegacias de polícia e mansões de políticos. Sendo o país do sul global com o maior meio anarquista, eles prontamente participaram e intensificaram as insurreições. No final de agosto e início de setembro, Prabowo condenou os “anarquistas”, ordenando uma temporada de caça aberta: uma onda de repressões e prisões de “anarquistas”, fossem quem fossem. Prabowo e as forças de segurança começaram a ver “anarquistas” em todos os lugares, detendo mais de três mil pessoas até meados de setembro, acusando os anarquistas de serem dalang (“mestre de marionetes”) orquestrando as insurreições. Espelhando o genocídio indonésio de 1965-66, o novo “medo negro” teve como alvo livremente anarquistas, insurrectos, estudantes, socialistas e progressistas.

Nas Filipinas, após décadas de desmoralização, a esquerda atingiu um grau quase histórico de baixa popularidade. Embora os atos de vandalismo amplamente divulgados e os confrontos de rua delimitados não tenham provocado uma onda de violência em massa no início de setembro, a insurreição indonésia e a revolução política no Nepal inspiraram muitas facções de esquerda, progressistas, liberais e de direita a programar vários protestos anticorrupção em todo o país, sendo o maior deles a Marcha do Trilhão de Pesos no último domingo (21 de setembro). Como de costume, os comícios contaram com a delimitação básica, policiamento pacífico e autoconfinamento de todas as facções da esquerda. Após o término dos programas de vários grupos, principalmente o BAYAN, de orientação democrática nacional, jovens não afiliados usando máscaras aparentemente começaram brigas de rua com a polícia na ponte Ayala e em Mendiola, historicamente a estrada literalmente disputada para Malacañan, o palácio presidencial. Essa ação direta resultou em uma segunda batalha de Mendiola, que se transformou em tumulto, resultando na prisão de centenas de jovens e transeuntes, sendo mais de noventa menores. Após repressão violenta, o secretário do Interior denunciou os supostos insurrectos como “anarquistas” e descreveu uma história fantasiosa de conspiração de financiadores estrangeiros e sabotadores locais, enquanto os advogados compilavam evidências de tortura.

Mesmo com esses agentes de engodo de vermelhos (ou de negros?) do Estado ou aliados da polícia da esquerda buscando sabotar a solidariedade entre os proletarizados para deslegitimar a insurreição, os asiáticos não se deixam levar. Hoje, o símbolo da rebelião é o pirata de chapéu de palha. Independente de onde sinais e símbolos específicos venham, o seu poder é inspirar, e invocar a anarquia, instilando medo nos corações da classe dominante. Esse medo de amok massa, o medo da anarquia ela mesma, declara ao mundo que a insurreição e a revolução continuam possíveis.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/09/25/black-scare-in-asia-governments-blame-anarchists-for-mass-discontent/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Canção sem letra:
assobio nos becos
desafia hinos de Estado.

Liberto Herrera

Apoie a ABC-Moscou na evacuação de anarquistas perseguidos da Rússia

Este ano, a ABC-Moscou realizou três evacuações bem-sucedidas de anarquistas que enfrentavam acusações criminais na Rússia. As forças de segurança queriam enviar esses militantes para centros de detenção provisória, mas, em vez disso, permanecem livres, embora forçados ao exílio.

Cada evacuação é difícil e cara. Envolve logística complexa: atravessar fronteiras, novos telefones e cartões SIM, transporte, alojamento, vistos e dinheiro para as primeiras semanas. Só nos últimos meses, isso custou cerca de 3.000 euros. Ainda é necessária mais ajuda — continuamos a receber pedidos de pessoas ameaçadas de processo judicial.

Segue a história de camarada evacuado:

“Estava envolvido em atividades da militância e, por causa disso, agentes do FSB [Serviço de Segurança Federal] vieram revistar minha casa. Eles me levaram para a delegacia e, depois de interrogatórios, me colocaram [informalmente] em prisão domiciliar, sem fornecer nenhum documento oficial. No meu celular, encontraram correspondência com uma organização clandestina e fui acusado de ‘treinamento para atividade terrorista’.

Para evitar a prisão, ofereceram cooperação. Fingi concordar, mas não traí ninguém, enquanto secretamente me preparava para fugir do país.

Entrei em contato com a ABC, e fui instruído sobre como sair da Rússia com segurança. A fuga foi bem-sucedida, mas, no primeiro país a que cheguei, ainda havia o risco de ser preso a pedido da Rússia. A ABC pagou meu voo para um país mais seguro, me ajudou a encontrar moradia temporária, forneceu dinheiro e agora está me ajudando a obter um visto humanitário em um país da UE.”

No momento, não temos mais dinheiro para evacuações. Nossos fundos estão esgotados e acumulamos uma dívida de mais de 2.000 euros com apoiadores. Por isso, não podemos ajudar novos camaradas procurando suporte. Para continuar evacuando pessoas, precisamos de ajuda financeira urgente.

Cruz Negra Anarquista de Moscou

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Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

cumes
de cúmulos
se acumulam

Alberto Marsicano

Palestina-Israel: a solução de dois estados não é o caminho para a resolução do conflito

Com o recente reconhecimento por parte de vários países ocidentais, entre os quais Portugal, do Estado palestino, cabe perguntar qual a sua eficácia para resolver o conflito naquela zona do globo. Praticamente sem território autônomo, dada a colonização israelita da Cisjordânia e a destruição da faixa de Gaza, sem continuidade geográfica, a impossibilidade da construção de um Estado palestino, para além do seu simbolismo, é evidente.

Para os anarquistas, a solução só poderá passar por uma nova configuração que permita que todos os povos que ali vivem, independentemente da sua origem, religião ou filiação, possam viver em conjunto, com direitos iguais para todos. Isto não se fará com a existência nem da Palestina, nem de Israel, mas sim com uma nova entidade regional. É nesse sentido que vai o recente comunicado da Federação Anarquista Francófona, emitido após o reconhecimento do Estado palestino pelo governo de Macron, e cuja tradução para português publicamos.

“Palestina–Israel: O Estado é tão útil como um buraco na cabeça

Nesta segunda-feira, 22 de setembro de 2025, após várias procrastinações e adiamentos, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que a França reconhece o Estado palestino. Não nos deixemos enganar pelas agendas políticas e geopolíticas e pelas segundas intenções dos poderosos. Esta declaração, na qual Macron fala prontamente de “urgência absoluta” ou de “bombardeamentos em Gaza”, evitando convenientemente o termo genocídio, infelizmente não porá fim ao conflito israelense-palestino.

A situação em Gaza, na Cisjordânia ocupada, no Líbano, etc., deteriora-se dia a dia. Quando um exército como as Forças de Defesa de Israel (IDF) bombardeia, mata e fere dezenas de milhares de pessoas desarmadas sob o pretexto de aniquilar o Hamas, com um plano declarado de limpeza étnica, estamos de fato a testemunhar um genocídio. O termo é agora consensual entre ONGs e jornalistas sérios em todo o mundo.

Os habitantes de Gaza estão a morrer de fome porque o exército de ocupação está a impedir a entrada de ajuda humanitária. Inúmeros médicos relataram caso de “emagrecimento muito severo, com perda significativa de peso e massa muscular”. A Anistia Internacional confirmou num seu comunicado à imprensa de 18 de agosto de 2025 que Israel está a conduzir uma “campanha deliberada de fome” em Gaza. Até mesmo a ONU havia pedido, alguns dias antes, que Gaza fosse provida de ajuda alimentar para evitar a fome. Aqui, novamente, é necessário usar as palavras certas: o exército israelense está a usar a fome como arma de guerra.

As potências “vitoriosas” da Segunda Guerra Mundial estabeleceram, ao final desta, um novo equilíbrio de poder no mundo. Dividiram o bolo entre si.

A partir da Assembleia Geral das Nações Unidas e do Comitê Especial para a Palestina, desde 1947, que Israel e a Palestina têm tentado serem reconhecidos como Estados. Muito rapidamente, Israel foi reconhecido de jure pelos soviéticos e de fato pelos Estados Unidos; o Estado palestino, por sua vez, nunca viu a luz do dia. Apesar disso, pode-se dizer que um protoestado palestino existe desde 1988. De fato, em 15 de novembro desse ano, em Argel, o Conselho Nacional Palestino declarou unilateralmente a independência da Palestina, e quatorze Estados a reconheceram-no imediatamente. Só em 28 de maio de 2024 os primeiros Estados da Europa Ocidental reconheceram o Estado palestino. Foi o caso dos governos espanhol, norueguês e irlandês.

Hoje, a limpeza étnica continua sob o governo israelense de extrema direita. A 15 de agosto de 2025, o governo de Netanyahu discutia com o Sudão do Sul a possibilidade de deportar os habitantes de Gaza – cerca de 2 milhões de pessoas – para aquele país.

A situação atual no conflito palestino-israelense mostra que a formação de um Estado palestino é, pelo menos por enquanto, impossível. O reconhecimento desse Estado anunciado por Macron promete, como o reconhecimento da Espanha, Irlanda ou Noruega, não mudar nada neste quadro ou no destino dos palestinos.

O próprio triste personagem (Macron) refere que “o reconhecimento de um Estado por outros Estados não leva necessariamente à sua existência efetiva “.

Um Estado exclusivamente palestino ou árabe apenas exacerbaria os ódios e as tendências bélicas de ambos os lados e, dadas as forças políticas atualmente em ação, um Estado palestino não se sairia melhor do que seu vizinho em relação aos não palestinos que estariam em seus territórios.

Nesta terra chamada Palestina/Israel, a única solução, após tantos anos de conflito, é uma configuração que permita que todos os povos ali, independentemente de religião ou filiação, vivam juntos. Isso não se dará por meio de dois Estados nacionais, mas por meio de uma entidade única, reconhecendo direitos iguais para todos.

Não se trata de vasculhar nas profundezas de uma história fantasiosa que terá existido há 10, 100 ou 1.000 anos. Devemos nos colocar de acordo no sentido de que todos aqueles que vivem hoje nesta terra (seja qual for o nome que lhe dermos) possam viver juntos em paz. A conclusão do recente folheto da rede Makhno (“Terra Santa, Guerra Sem Fim: A Criação do Estado de Israel na Palestina, Sionismo e Utopias “, ed. du Monde Libertaire, 2025) é inequívoca: “A criação do Estado de Israel é um fracasso humano. Uma verdadeira revolução social e libertária pode resolver definitivamente o conflito israelense-palestino.”

Enquanto isso, e para que todos os palestinos, judeus, muçulmanos, cristãos e outros possam viver juntos, do rio ao mar, devemos continuar a luta para que o Estado israelense ponha fim às colonizações, massacres, exclusões, limpeza étnica, etc.

Devemos pressionar para que os palestinos tenham os mesmos direitos que os israelenses onde quer que vivam nesta terra.

Muito sangue já foi derramado. É preciso acabar com isto

Federação Anarquista Francófona

Segunda-feira, 22 de setembro de 2025″

Fonte: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2025/09/25/palestina-israel-a-solucao-de-dois-estados-nao-e-o-caminho-para-a-resolucao-do-conflito/

agência de notícias anarquistas-ana

saltitando
desconfiado sabiá
sabe onde pisa

Yara Shimada

A Muralha do Canto

Não ergam muros de concreto e medo,

Onde o pensamento é réu e é crime,

Onde o futuro é um projeto gélido,

E o passado, uma arma contra o vivo.

Vossa bandeira é um só coração,

Um peito nu contra a suja ilusão

De um líder forte, de um punho de aço,

Que tece teias de ódio e de embaraço.

.

Sois a muralha que não se constrói,

Sois o vento que a rua percorreu,

Sois a voz que o decreto não calou,

O pão que se repartiu, o grão que brotou.

Sois o sim que se nega a obedecer,

A mão que aprendeu a construir e a tecer

Laços de afeto, de apoio mútuo,

O sorriso livre, o canto que é bruto.

.

Eles têm tanques, fardas e temor,

Nós temos a praça, a estrofe, o amor

Feroz daquele que não se vendeu,

E por um mundo sem donos lutou.

Têm a mentira que a história corrói,

Nós a memória dos que não se dobraram,

E em cada esquina, sementes deixaram.

.

Não há cercas que prendam o voo do anseio,

Nem grades que calem o grito do desejo.

O fascismo é a noite, pesada e escura,

Mas é de raiva e luz a nossa procura.

E na fresta mais ínfima do dia,

A utopia teima, teima e arderia.

.

Que vossa força seja de enxada,

De livro aberto, de fala afiada.

Não seguiremos o passo da corja,

Nossa marcha é diversa e não corrói.

Somos o caos que gera a nova ordem,

Sem senhores, sem deuses, por dentro e por fora,

A antítese viva da vossa teia morta.

.

Pois contra o punho, erguemos a mão aberta,

Contra o decreto, a canção que é incerta

E livre como o rio que não pede licença

Para correr, para fertilizar a crença

De que um dia, sem rei e sem patrão,

A liberdade será a única lei e a única nação.

Liberto Herrera

agência de notícias anarquistas-ana

Um sopro de brisa —
A barra da cortina
suave, ondulando…

Guin Ga Eden

[Espanha] Alicia Valdés, Carlos Taibo, Noelia Bueno, Cristina Barrial e Dolors Marín nas jornadas “Agora Anarquia”

Os eventos acontecerão entre setembro e outubro em Navia, Candás, Xixón, Uviéu, Llanes, La Felguera e Mieres.

Alicia Valdés, Carlos Taibo, Cristina Barrial e Dolors Martín participarão das jornadas libertárias “Agora Anarquia” organizadas pela Coordenadora Anarquista Horizontal e pelo jornal Asturies.

O cientista político Carlos Taibo será o responsável por abrir os eventos em Xixón (Casa l´Pueblu, 26 de setembro) e La Felguera (CSA La Xusticia, 27 de setembro) com a apresentação de seus livros “Bakunin frente a Marx” e “Anarquia para jovens (e para quem não é tanto)”.

“A ideia de Emma Goldman e Kropotkin” será o título da conferência que a professora de filosofia da Universidade de Oviedo/Uviéu, Noelia Bueno, fará em 4 de outubro na sede da CNT em Oviedo/Uviéu.

Em 10 de outubro, a também professora de filosofia Alicia Valdés falará sobre o conceito de “posanarquismos” em Xixón. No dia seguinte, haverá uma excursão guiada aos cenários da batalha do Mazucu, em Llanes.

Dolors Marín, autora de “Visionárias, livre-pensadoras e espíritistas”, falará sobre um livro que percorre a vida e as contribuições de mulheres ativistas na Espanha durante o século XIX e início do XX. Se apresentará em La Casa Azul de Navia e La Llocura de Mieres.

As jornadas continuarão com um ato em 24 de outubro em Xixón sobre o movimento Rebelião Científica e a desobediência civil frente às mudanças climáticas, e concluirão com a apresentação do livro da jornalista e antropóloga Cristina Barrial “A trincheira doméstica”, sobre as trabalhadoras do serviço doméstico. Será no CSA La Xusticia de La Felguera.

O programa completo pode ser consultado aqui: https://asturies.noblogs.org/

Fonte: https://www.nortes.me/2025/09/17/alicia-valdes-carlos-taibo-noelia-bueno-cristina-barrial-y-dolors-martin-en-las-jornadas-libertarias-agora-anarquia

agência de notícias anarquistas-ana

Dia de primavera —
Pássaros de dobradura
Pra passar o tempo.

Teruko Oda

Governo Lula fará compra bilionária de helicópteros militares dos EUA

O governo brasileiro vai fechar um negócio bilionário na área militar com os Estados Unidos.

A Aeronáutica anunciou recentemente a decisão de ampliar sua frota militar de helicópteros Black Hawk com a compra de onze aeronaves usadas do Exército norte-americano, modelo UH-60L. 

O contrato, sem licitação, é estimado em quase 230 milhões de dólares — cerca de R$ 1,2 bilhão de reais — e será realizado a partir do programa Black Hawk Exchange Sales Team do Exército dos Estados Unidos.

Além da compra dos novos helicópteros, o negócio envolve a modernização de 24 aeronaves já operadas pelas Forças Armadas brasileiras. 

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

Ao brilho suave
da lua de primavera
um vulto se aproxima.

Benedita Azevedo

[EUA] Tudo o que o Trump diz sobre a Antifa está errado

Na semana passada, a CNN noticiou que Donald Trump anunciou planos para designar a Antifa como uma “grande organização terrorista”, que descreveu como um “desastre doentio, perigoso e radical da esquerda” e apelou a investigações sobre os seus alegados financiadores. Ontem, Trump assinou uma ordem executiva tornando essa designação oficial. No site da Casa Branca, datado de 22 de setembro de 2025, em Ações Presidenciais, o governo destaca a ordem “Designando a Antifa como Organização Terrorista Doméstica”.

No entanto, a Antifa não é uma organização estruturada, nem mesmo uma organização não estruturada. Talvez seja mais bem descrita como um movimento vagamente afiliado ou mesmo uma ampla identidade cultural e política, tornando tal designação juridicamente obscura e conceitualmente equivocada. Os críticos argumentam que a medida é inconstitucional e politicamente motivada. Nosso projeto, Agency, trabalha para abordar a caracterização errônea das ideias e da organização anarquistas. Sabemos em primeira mão que quase tudo o que Trump diz sobre a Antifa é errado. Desde o primeiro mandato como presidente, Donald Trump tem caracterizado repetida e falsamente a Antifa como organização terrorista doméstica violenta. Trump culpou a Antifa por tudo, desde movimentos de protesto liberais moderados até revoltas urbanas, sem apresentar provas e, muitas vezes, indo em contra o consenso dos especialistas.

A Antifa não é uma organização

Uma das alegações mais persistentes e enganosas de Trump é que a Antifa é uma organização formal. Este recente anúncio do plano para designar a Antifa como organização terrorista não é único. Por exemplo, em tuíte de 31 de maio de 2020, Trump afirmou: “Os Estados Unidos da América designarão a ANTIFA como Organização Terrorista”.

Antifa significa antifascista. É uma ideia com a qual milhões e milhões de pessoas se identificam globalmente. Antifa também se tornou uma abreviação para um conjunto de táticas e abordagens organizacionais para confrontar organizações e manifestações fascistas, e as pessoas que resistem ativamente ao fascismo, à supremacia branca e outras formas de opressão. Como explica o historiador e autor Mark Bray em “Antifa: The Anti-Fascist Handbook” (Antifa: O Manual Antifascista), a Antifa não é uma organização, mas, sim, uma rede descentralizada e vagamente afiliada de indivíduos e grupos unidos pela oposição ao fascismo, à supremacia branca e ao autoritarismo. “Não existe um comando central da Antifa”, escreve Bray. “Não há cartões de filiação à Antifa. Não existe sede de Antifa. Antifa é um conjunto de táticas e princípios compartilhados ao longo do tempo e pelo espaço.”

A organização antifascista é uma prática popular. Aqueles que se organizam ativamente como antifascistas não têm financiamento profissional para esse trabalho, e o trabalho não tem vínculos com organizações formais; são voluntários, seu trabalho tende a ser muito local, descentralizado e em desacordo com abordagens profissionais de militância ou organização comunitária. Isso contradiz diretamente a imagem que Trump e aliados promovem de organização extremista obscura e bem financiada que sustenta uma vasta rede de organizações profissionais. Na verdade, Antifa é uma ideia ampla e multifacetada que assume muitas formas diferentes. Rotulá-la como organização terrorista é como declarar o punk rock ou o hip hop como organizações terroristas.

Bodes expiatórios criados

O desejo de retratar Antifa como o rosto da “violência de esquerda” tem sido uma estratégia conveniente para Trump, especialmente em momentos de crise nacional. Durante os protestos do Black Lives Matter, em 2020, Trump afirmou repetidamente que a Antifa era responsável por incitar a violência e os saques, mesmo quando investigações federais não encontravam evidências para sustentar essa alegação. Avaliações semelhantes foram feitas em outras cidades. No entanto, Trump continuou a promover essa narrativa falsa, tuitando em letras maiúsculas: “Anarquistas e saqueadores liderados pela ANTIFA estão tomando conta das nossas cidades”. Esse tipo de desinformação não só desvia a atenção das verdadeiras intenções de movimentos de protesto importantes, como alimenta a paranoia e abre caminho para repressões mais amplas à dissidência.

A jornalista e repórter trabalhista, Kim Kelly apontou os perigos dessa retórica. Escrevendo na Vice e na Medium, entre outros veículos, Kelly enfatiza que a obsessão da direita com a Antifa serve para distrair da ameaça muito maior representada pelos grupos supremacistas brancos e extremistas de extrema direita, responsáveis pela grande maioria dos ataques terroristas domésticos das últimas décadas. Um estudo do Instituto Nacional de Justiça americano, publicado em junho de 2024 e divulgado no site do Departamento de Justiça americano, afirma que “desde 1990, extremistas de extrema direita cometeram muito mais homicídios motivados ideologicamente do que extremistas de extrema esquerda ou islâmicos radicais, incluindo 227 eventos que tiraram mais de 520 vidas”. No entanto, esse estudo foi removido do site do Departamento de Justiça americano poucos dias após o tiro contra Kirk. O vice-presidente J.D. Vance, então, afirmou falsamente, no podcast de Kirk que, “as pessoas de esquerda são muito mais propensas a defender e celebrar a violência política… é um fato estatístico que a maioria dos lunáticos na política americana atual são membros orgulhosos da extrema esquerda”.

Violência: enquadramento enganoso

Trump cita muito a violência como justificativa para rotular a Antifa como grupo terrorista. Aponta os confrontos em protestos ou destruição de propriedade como evidência de campanha violenta organizada. Mas essa interpretação é enganosa e hipócrita.

Embora alguns ativistas que se identificam como antifascistas realmente se envolvam em táticas de confronto, incluindo destruição de propriedade e autodefesa contra extremistas de extrema direita, essas ações geralmente não são preventivas ou em grande escala. Bem diferente disso, são, na maioria das vezes, respostas a ameaças fascistas percebidas, como comícios neonazistas ou eventos de discurso de ódio. Como explica Mark Bray, “a abordagem da Antifa se baseia na ideia de que o fascismo deve ser confrontado e detido antes que se transforme em algo mais perigoso”.

A maior parte do trabalho feito sob a bandeira Antifa, deve-se ressaltar, inclui monitorar grupos de extrema direita, expor neonazistas e as ameaças que representam para impedir que recrutem novos membros e aumentem a capacidade de praticar violência, além de se opor à violência nas ruas e às demonstrações de força. Essa organização é uma forma de defesa comunitária e ajuda mútua. Bray enfatiza que a atividade militante expressa é uma pequena parte de um conjunto muito maior de atividades focadas em resistir ao fascismo em todas as suas formas. Retratar o movimento como violento não é só impreciso, é intelectualmente desonesto.

Basta comparar com a violência documentada de grupos de nacionalistas brancos com organizações reais, com liderança formal e financiamento, como os Proud Boys ou os Oath Keepers, ambos com membros envolvidos na insurreição de 6 de janeiro. Trump não só se recusa a condenar esses grupos, ele concedeu perdões amplos e libertou os seus membros da prisão.

Quem se beneficia com a demonização?

É importante perguntar por que Trump e outras figuras da direita investiram tanto em demonizar a Antifa. O governo e os líderes republicanos americanos têm os recursos de inteligência para entender o que realmente a Antifa é. Eles sabem que não é a vasta organização obscura que descrevem. Perpetuar essa narrativa desonesta, entretanto, tem utilidade política. Pintar Antifa dessa forma permite que políticos com mentalidade autoritária justifiquem a expansão da vigilância, dos poderes policiais, a repressão aos movimentos sociais e uma miríade de ataques aos direitos civis e à liberdade de expressão.

Ao invocar o espectro da Antifa, Trump recorre a uma longa tradição de perseguição aos comunistas e propagação do medo, que lembra o macarthismo. Isso serve como apelo velado aos eleitores de extrema direita que veem os movimentos de esquerda como inimigos, encorajando ainda mais aqueles inclinados à violência política. Também oferece aos centristas e liberais do regime uma oportunidade de se insinuarem junto ao partido no poder, tornando-se cúmplices involuntários do poder da extrema direita.

A real ameaça

A real ameaça à segurança e à democracia nos Estados Unidos nunca foi uma rede antifascista mal organizada. A real ameaça é a normalização da supremacia branca e o uso do poder estatal para silenciar a dissidência política. A fixação de Trump com a Antifa não tem a ver com proteger ninguém do terrorismo. Tem a ver com distrair e proteger a ascensão do fascismo, que exatamente aquilo que fez com que a Antifa surgisse e fizesse resistência.

As mentiras de Trump sobre a Antifa revelam mais sobre suas próprias tendências autoritárias do que sobre o movimento. Como acadêmicos, jornalistas e até mesmo órgãos de segurança pública deixaram claro, a Antifa não é a ameaça que ele afirma ser. Além disso, muito pouco ou nada do que ele diz sobre a Antifa é remotamente verdadeiro. A verdade é que, se o governo considera o antifascismo como terrorismo, então, acredita que o fascismo é aceitável. Esta é uma forma real de terror, que nos mostra que Antifa é necessária, agora mais do que nunca. O maior terrorista doméstico do nosso tempo é Donald Trump, precisamos resistir a ele e ao seu regime de todas as formas que pudermos.

Fonte: https://anarchistagency.com/everything-trump-says-about-antifa-is-wrong/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

As marcas do tempo
apenas em meu rosto —
Lua de primavera!

Teruko Oda

[Itália] Não às feiras-mercado de guerra e morte

Na perspectiva da luta contra as fábricas de armas, todos os exércitos e todas as guerras, aderimos ao contingente do coordenamento antimilitarista de Carrara na manifestação de 27 de setembro em La Spezia contra a feira naval-militar Seafuture, e ao cortejo de 29 de novembro em Turim contra a feira-mercado de armas Aerospace and Defense Meetings.

Federação Anarquista Italiana – FAI

Conferência de Empoli, 20-21 de setembro de 2025

Eis o artigo de apresentação do cortejo de La Spezia.

No coração de La Spezia, cidade historicamente ligada ao mar e à construção naval, prepara-se a nova edição da SeaFuture 2025, um evento que, de feira civil da economia azul, transformou-se em um salão militar naval pleno, totalmente dedicado ao comércio bélico internacional.

Patrocinada pelas empresas líderes na produção de guerra – incluindo Leonardo, Fincantieri, MBDA, Elettronica Group, Intermarine – e apoiada pela Marinha Militar italiana, a SeaFuture hospedará mais de 150 delegações militares de todo o mundo, inclusive de regimes autoritários e países envolvidos em guerras. Não se falará de paz, mas de guerra eletrônica, ciberdefesa, produção e venda de armamentos, incluindo os chamados “de uso dual”, ou seja, tecnologias civis facilmente convertíveis para uso militar.

No meio de uma escalada bélica global e do genocídio do povo palestino diante dos olhos do mundo inteiro, La Spezia se prepara para receber um evento que normaliza e celebra o mercado de armas, uma escolha que parece, além disso, em claro contraste até mesmo com o artigo 11 da constituição italiana, que sancionaria a repudia à guerra como meio de resolução de controvérsias internacionais.

Gravíssimo o envolvimento das escolas locais, convocadas a participar com projetos, visitas, competições e atividades de PCTO (percursos de competências transversais e orientação, equivalente a estágios) que envolvem os jovens das escolas da província. Esta participação arrisca militarizar ainda mais a escola e distorcer seus percursos formativos, expondo os estudantes a uma mensagem implícita que legitima o conflito armado e a indústria bélica.

O evento chega num momento em que a União Europeia aprova planos de rearmamento de centenas de bilhões de euros e a OTAN pede aos países membros que destinem 5% do PIB para despesas militares, enquanto faltam recursos para saúde, escola e meio ambiente.

Tudo isso está acontecendo numa cidade que tem um arsenal ainda por descontaminar, um litoral interditado à população porque ocupado pela Marinha Militar, que subtrai o acesso ao mar dos seus próprios habitantes. Uma cidade que arrisca tornar-se um emblema de guerra e de morte com a presença crescente de fábricas de armas e da organização de eventos como a SeaFuture.

Contra tudo isso, pede-se a reconversão da SeaFuture numa feira civil orientada à sustentabilidade; o fim do envolvimento das escolas em eventos de caráter bélico; o apelo convoca ainda pela interrupção da cooperação militar com Israel e por sanções pelas violações dos direitos humanos.

Queremos a desmilitarização de La Spezia e a reconversão da indústria bélica e dos espaços militares para uso social.

Queremos um futuro de paz, de justiça e solidariedade internacional.

MANIFESTAÇÃO DIA  27 DE SETEMBRO ÀS 15:30H

PRAÇA BRIN – LA SPEZIA

CONSTRUAMOS A PRESENÇA LIBERTÁRIA ANTIMILITARISTA NO CORTEJO

Reconvertamos a SeaFuture – Coordenação Antimilitarista

Fonte: https://umanitanova.org/no-alle-mostre-mercato-di-guerra-e-morte/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

O vaso da varanda
exala um doce perfume —
Uma flor-de-cera…

Tania Alves

[Internacional] Defenda os detidos de Manila

Em solidariedade ao povo das Filipinas, anarquistas e antifascistas internacionais devem se unir e apoiar a atual revolta anticorrupção e os jovens na linha de frente.

Atualmente, o governo está reprimindo ferozmente o movimento majoritariamente impulsionado por jovens, prendendo-os e ameaçando-os com longas penas de prisão, na tentativa de reprimir suas ações e a revolta. Além disso, o Estado tenta bloquear o acesso dos jovens a advogados e violar seus direitos civis.

Enquanto os jovens e seus apoiadores combatem a repressão estatal nas ruas, a necessidade de fundos para cobrir custos legais e ajudar as famílias dos jovens presos só aumenta.

Anarquistas e antifascistas internacionais podem apoiar a revolta e os jovens que sofrem intensa repressão estatal doando diretamente para as seguintes contas do PayPal e Ko-fi.

PayPal: cavite.mutualaid@gmail.com

Ko-fi: ko-fi.com/duriandistro

Solidariedade a todos que lutam contra o Estado!

agência de notícias anarquistas-ana

Sente-se, por favor
no banquinho do jardim,
Primavera-San…

Teruo Hamada

[Itália] Roma: Os Cinco Anarquistas do Sul

Na noite de 27 de setembro de 1970, há 55 anos, cinco jovens da Calábria que viajavam para Roma foram massacrados em um acidente de carro forjado nas proximidades de Ferentino.

Mucky (Annelise), Gianni, Angelo, Luigi e Franco, companheiros anarquistas, foram assassinados porque possuíam documentos e fotos que revelavam o envolvimento do governo, da polícia e de grupos fascistas nos ataques terroristas e na promoção de ódio e medo social que ocorriam desde o Massacre de Estado (Strage di Stato) em diante: a revolta de Reggio Calábria com a conivência da máfia e a bomba no trem Freccia del Sul, que causou 6 mortes e 70 feridos.

O dossiê preparado por eles identificava nomes de mandantes e executores, com fotos dos responsáveis ao lado de notáveis e políticos.

Para lembrá-los mais uma vez, no sábado, dia 27, nos encontraremos com a irmã de Gianni Aricò, Roberto Gargamelli, Rocco Palamara e, por videoconferência, com Fabio Cuzzola e Pino Vermiglio, às 19h, no Grupo Anarquista M. Bakunin. Em seguida, haverá jantar e apresentação musical dos Cialtroni no palco.

A ocasião também marcará os 80 anos da sede anarquista na Via Vettor Fausto, 3.

Grupo Anarquista Mikhail Bakunin – FAI Roma e Lácio

agência de notícias anarquistas-ana

Vovô, venha ver!
Nossa árvore não morreu!
Tem folhas novas!

Neide Portugal

[Espanha] Hackmeeting

26~28 de setembro

CSO Kike Mur, Zaragoza

Hackmeeting é o encontro anual das contraculturas digitais da Península Ibérica, das comunidades que analisam criticamente os mecanismos de desenvolvimento das tecnologias na nossa sociedade. Mas o Hackmeeting não é só isso, é muito mais. Vamos contar-lhe ao ouvido, não diga a ninguém, o Hackmeeting é apenas para verdadeiros hackers, para aqueles que querem gerir a sua vida como querem e lutam por isso, mesmo que nunca tenham visto um computador na vida.

Três dias de palestras, jogos, festas, debates, troca de ideias e aprendizagem coletiva, para analisarmos juntos as tecnologias que usamos todos os dias, como elas mudam e como podem impactar nossas vidas, tanto reais quanto virtuais. Um encontro para investigar qual papel podemos desempenhar nessa mudança e nos libertar do controle daqueles que querem monopolizar seu desenvolvimento, quebrando nossas estruturas sociais e nos relegando a espaços virtuais cada vez mais limitados.

O evento é totalmente autogestionado: não há organizadores nem assistentes, apenas participantes!

es.hackmeeting.org

agência de notícias anarquistas-ana

Nenhum grão de areia
pede licença ao deserto
para ser dunas.

Liberto Herrera

Indígenas iniciam Greve Nacional no Equador

O Equador vive nesta terça-feira (23/09) o segundo dia consecutivo de Greve Nacional convocada por organizações indígenas e sociais em repúdio ao decreto do presidente Daniel Noboa que elimina o subsídio ao diesel. Já há mais de 50 pessoas detidas no contexto das manifestações.

No primeiro dia, em Otavalo, Imbabura, houve um dia violento, com protestos e a queima do Quartel da Polícia. As vias permanecem fechadas na Panamericana Norte, onde ocorreram vários focos de confronto entre manifestantes e forças da ordem.

A questão do fim do subsídio é que detonou o movimento. Todos os produtos aqui são transportados por caminhões, inclusive os alimentos, que vão ficar muito mais caros. Com o fim do subsídio o preço do diesel fica atrelado ao mercado externo que com o tempo vai subir ainda mais. Isso vai significar fome e desnutrição para a população pobre. Mas junto a isso vem as demandas dos indígenas contra mineradoras e em defesa das matas. No Equador, boa parte da produção de alimentos é feita por eles, com exceção dos amazônicos que vivem na floresta. Aqui greve geral não é brincadeira“, explica uma companheira anarquista brasileira de passagem pelo Equador.

Gás lacrimogêneo brasileiro é usado contra manifestantes

Armas produzidas pela empresa brasileira Condor estão sendo usadas para reprimir manifestantes que protestam no Equador. Fotos divulgadas pelas redes sociais mostram bombas de gás lacrimogêneo com a marca da Condor. A Condor é a maior fabricante de munições não letais do Brasil e do mundo, como gases pimenta e lacrimogêneo e balas de borracha, granadas de fumaça e produtos relacionados vendidas para todas as polícias militares e civis brasileiras e muitas do resto do mundo.

agência de notícias anarquistas-ana

A cerca desaba.
O gado, agora livre,
pastoreia a si mesmo.

Liberto Herrera

[Itália] Relato: Greve e Manifestação – Roma, 22 de setembro de 2025, contra o genocídio do povo palestino

Uma greve geral convocada por sindicatos de base obteve índices altíssimos de adesão, inclusive em locais de trabalho onde o sindicalismo combativo tem pouca ou nenhuma presença. Além da greve, houve manifestações massivas em mais de 80 cidades italianas, numa mobilização de caráter nacional.

Esta foi a resposta popular à cumplicidade institucional com o genocídio em curso em Gaza.

Também em Roma, o protesto encheu as ruas e paralisou a cidade como não se via há muito tempo.

Os manifestantes reuniram-se em diferentes horários em 8 pontos de concentração espalhados por várias zonas da capital (estação Quattro Venti, estação de metrô Piramide, Praça Indipendenza, Praça dell’Immacolata, Praça Sempione, Ponte Lungo, estação de metrô Pigneto.

Em seguida, marcharam até a estação Termini, onde se reuniram num ato de protesto antes de desfilarem numa única e imensa manifestação que percorreu Roma ao grito de PALESTINA LIVRE.

Cerca de 100.000 pessoas, um número altíssimo para um protesto municipal, superior até mesmo aos números de muitos protestos nacionais mais celebrados e divulgados.

Uma presença notável e majoritária de jovens e adolescentes, sinalizando a vontade de recusar um futuro já escrito de guerra, miséria e opressão por parte dos estudantes.

Entre a multidão, destacou-se nosso contingente, com um grande e claro banner: “NEM DEUS, NEM ESTADO, NEM GUERRA, LIVRES TODES EM TERRA LIVRE

Atrás deste banner, bandeiras anarquistas negras e vermelho-e-negras ondularam altivas. Uma cena que falava não apenas de solidariedade com o povo palestino, mas de uma posição radical: a ruptura com toda forma de patriotismo, nacionalismo e religião autoritária. Nossa mensagem foi inequívoca: apoio a Gaza, mas nenhuma adesão a identidades que erguem muros entre os povos ou justificam o ódio com “identidades sagradas”.

Hoje começou o outono: esperamos que seja um outono quente do ponto de vista do conflito social!

Grupo Anarquista Mikhail Bakunin – FAI Roma & Lazio

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Palma da mão —
A joaninha percorre
A linha da vida

Alvaro Posselt

Biblioteca Social Fábio Luz promove Seminário no Rio de Janeiro | “Anarquismo e Lutas Sociais Contemporâneas: 20 anos do Núcleo de Pesquisa Marques da Costa”

O Núcleo de Pesquisa Marques da Costa (NPMC), a Biblioteca Social Fábio Luz (BSFL) e o Instituto de Teoria e História Anarquista (ITHA) tem o prazer de convidar todos e todas ao Seminário “Anarquismo e Lutas Sociais Contemporâneas: 20 anos do Núcleo de Pesquisa Marques da Costa”. Um evento interdisciplinar que busca apresentar diferentes pesquisas que tem como objeto o anarquismo, assim como refletir sobre a relevância desta ideologia para as lutas sociais contemporâneas. O evento tem o apoio do Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro (AMORJ), do Sindicato dos Músicos do Estado do Rio de Janeiro (SINDMUSI) e do Laboratório de Geografia do CTUR-UFRRJ.

Neste primeiro seminário, teremos a participação de diferentes pesquisadores/as, apresentando as seguintes temáticas:

  • Samanta Colhado Mendes – As Mulheres Anarquistas no Brasil da Primeira República.
  • Kauan Wilian dos Santos – Anarquismo e Antifascismo no Brasil.
  • Renato Ramos – Centenário de Ideal Peres: fio condutor de uma geração do Anarquismo no Rio de Janeiro.
  • Rafael Viana da Silva – O Anarquismo na ditadura militar Brasileira.
  • Milton Lopes – Coordenação da Mesa.

Seminário Anarquismo e Lutas Sociais Contemporâneas

Data: 02 de Outubro de 2025.

Horário: 17h.

Local: Sala 109 (sala amarela) do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Largo de São Francisco (centro do Rio de Janeiro), 1.

Inscrições no link abaixo:

agência de notícias anarquistas-ana

Sol de primavera…
Apenas um pardalzinho
Canta…Canta…Canta…

Irene Massumi Fuke