[Espanha] Um mundo viciado em plástico

A cada ano se produz uns 430 milhões de toneladas de plástico, boa parte deles destinados a produtos de apenas um uso, que alimentam o sistema de “usar e jogar fora”, provocando enormes impactos ambientais.

Por Aurora M. Alcojor | 16/02/2025

Já faz algumas décadas, a proliferação de diferentes tipos de plásticos começou a mudar nossas vidas. O aparecimento deste material trouxe alguns benefícios tanto para as pessoas como para a indústria, facilitando o acesso a numerosos produtos. No entanto, seu uso e abuso se converteu em um problema de enormes dimensões que nem governos nem organismos internacionais sabem bem como abordar. Na atualidade se produzem uns 430 milhões de toneladas de plásticos por ano, segundo as Nações Unidas, e trata-se de um material que leva entre cem e mil anos para se decompor, dependendo de sua composição química.

O problema é que os plásticos são a linha de flutuação de um sistema que se baseia em usar e jogar fora e que tem um impacto ambiental de grande magnitude. Seja nos desertos mais áridos, nas profundezas marinhas ou no pico mais alto do mundo; ali aonde chegou o ser humano chegou o plástico, inundando tudo em forma de sacolas, resíduos ou qualquer tipo de utensílio descartável.

O resultado se pode ver nas enormes ilhas de plástico que proliferam nos oceanos, nos grandes aterros ao ar livre, na acumulação de microplásticos e nos animais marinhos que morrem sufocados ao ingerir resíduos plásticos. Estima-se que a cada ano são jogados nos oceanos ao menos 1,5 milhões de toneladas de plástico — ainda que outros estudos elevem a cifra até ao menos 4,7—, seja diretamente ou através dos rios. Uma vez que chegam ao mar, estes resíduos vão se decompondo em milhares de pedaços menores que são canalizados através das correntes marinhas e terminam provocando essas enormes concentrações que chamamos “ilhas de plástico” e das quais se identificaram até sete. A maior delas é a que se situa no Pacífico e seu tamanho é três vezes maior que toda a França.

Relação com a pobreza

Um estudo da WaterAid e outras organizações calculava em 2019 que até um milhão de pessoas poderiam morrer por ano nos países em desenvolvimento por viver em zonas contaminadas. A relação dos plásticos com a pobreza é chave, pois nos territórios mais empobrecidos estão se produzindo dois fenômenos simultâneos. Por um lado, um brutal desembarque de plásticos em forma de produtos vendidos em dose única — desde bebidas alcoólicas a minúsculas sacolas de frutas secas —, o que facilita a aquisição dos produtos para quem tem um menor poder econômico. Ao mesmo tempo, isto provoca a geração de numerosos lixos em um entorno no qual não existem serviços de coleta de resíduos. Ademais, existe um imenso circuito de comércio internacional, entre legal e ilegal, que não para de crescer — segundo assinala a própria Interpol — pelo qual os países mais ricos, Europa inclusive, enviam seus resíduos plásticos a outros lugares, como Turquia, onde já se registraram casos de trabalho infantil no setor.

Tudo isto provoca a acumulação de resíduos em qualquer lugar, formando lixeiras ao ar livre que, ou se perpetuam durante anos, ou terminam sendo incinerados, com o consequente perigo para a população e o meio ambiente. Em ambos os casos, o processo supõe a emissão de milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, que se somam às registradas pelas indústrias do plástico e petroquímica. Segundo o de informe Plastic & Climate: The Hidden Costs of a Plastic Planet, se ambas as indústrias continuarem sua trajetória de crescimento atual, em 2030 suas emissões alcançarão as 1,34 giga toneladas por ano, o que equivale a mais de 295 usinas de carvão de 500 megawatts.

Enquanto isso, apesar de algumas proibições, tanto na Europa como na Espanha os plásticos descartáveis seguem fazendo parte do dia a dia em forma de recipientes (copos, pratos, vasilhas para viagem), sacolas e envoltórios de todo tipo, cada vez mais demandados pelo comércio a domicílio. O problema, no entanto, é que não se reduz seu uso, mas, simplesmente, vão se substituindo — muito pouco a pouco —, por outros materiais que, embora possam ser mais aceitáveis para o meio ambiente, seguem sendo um enorme problema de gestão de resíduos.

A magnitude do problema é tal que, em fevereiro de 2022, a Nações Unidas começou um processo para pôr em marcha um tratado internacional — que em princípio deveria ser de caráter vinculante — para reduzir a contaminação por plásticos. O último dos encontros deste processo aconteceu em princípios de dezembro em Busan (República da Coreia). Lamentavelmente, entre pressões da indústria e de diferentes Governos, acabou em fracasso. O Tratado Global de Plásticos terá que esperar.

Fonte: https://www.elsaltodiario.com/carro-de-combate/mundo-viciado-plastico

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

De traje a rigor
os urubus em meneios
bailando nas nuvens.

Anibal Beça

[Chile] Primeiro de Maio Anárquico

Reivindicando as origens insurrecionais do Primeiro de Maio. Trazendo para o presente nossos companheiros mortos de ontem e de hoje, expandindo a memória para longe da historiografia e da vitimização. Convidamos para esta jornada política que se posiciona desde a vereda do confronto contra o Poder e pela Anarquia.

Teremos:

Bate-papo / Exposição fotográfica / Música ao vivo / Feira de livros e propaganda anarquista / Almoço vegano / Coleta vegana para prisioneiros / E mais a ser confirmado…

*Mais informações em breve

POR UM MAIO SEMPRE NEGRO!

Por Mauricio Morales e os companheiros insurretos de Chicago

Quinta-feira, 1º de maio de 2025

15h00

Santa Filomena 132, Barrio Bellavista. Santiago.

Metrô Patronato / Bellas Artes / Baquedano.

agência de notícias anarquistas-ana

Tudo levou o fogo –
Mas pelo menos as flores
Já haviam caído.

Tachibana Hokushi

Repressão contra antifascistas na Áustria

Buscas armadas e prisões em Graz após protesto contra baile de associações estudantis de direita

Rob Latchford ~

A polícia de Graz, na Áustria, prendeu sete antifascistas nas últimas duas semanas por ordem do Ministério Público. A operação começou na madrugada de 14 de março, quando cerca de 30 policiais fortemente armados, incluindo membros da unidade especial Cobra, invadiram um apartamento, apontaram armas para os moradores e obrigaram uma mulher seminua a deitar no chão. Celulares e roupas foram confiscados.

A polícia procurava especificamente pessoas envolvidas na organização de uma ação contra o tradicional Baile Acadêmico. O evento reúne associações estudantis (“Burschenschafts”) de perfil conservador ou de extrema-direita. Algumas dessas entidades defendem a unificação da Áustria com a Alemanha e a restauração do Reich Alemão, o que é explicitamente proibido pela constituição austríaca e foi uma das condições impostas para o fim da ocupação aliada após a Segunda Guerra Mundial.

Todo mês de fevereiro, as Burschenschafts celebram o Baile Acadêmico num edifício na praça central de Graz, sob proteção da polícia austríaca, enquanto manifestantes protestam nas ruas. A repressão recente veio após um episódio, no mínimo, estranho: um homem de 60 anos, membro de uma Burschenschaft, alegou ter tido o chapéu roubado e ter sido empurrado ao chão. Nenhum chapéu foi encontrado, e tudo indica que o sujeito talvez estivesse bêbado.

Mesmo assim, a polícia austríaca indiciou ao menos dois dos antifascistas detidos por “roubo agravado” associado a uma “organização criminosa”, acusação que pode levar a até 15 anos de prisão. Isso apesar de a definição legal de roubo agravado exigir intenção de enriquecimento, o que claramente não se aplica.

O advogado de defesa, Florian Dablander, vê a ação como uma “criminalização do antifascismo”. Com o uso da acusação de “organização criminosa”, uma tipificação normalmente usada contra o crime organizado, as autoridades podem aplicar medidas especiais de vigilância e expandir as investigações para os círculos dos suspeitos.

Essa ampliação pode ser justamente o objetivo da repressão, suspeita Dablander. As Burschenschafts são um pilar do cenário de direita na Áustria. Mais de 30 políticos de alto escalão do partido FPÖ, que venceu as eleições deste ano, foram membros dessas associações. Na Estíria, estado onde fica Graz, o governador também é do FPÖ. “É preciso perguntar se certos grupos internos não se formaram dentro do próprio aparato de segurança”, disse o advogado.

Os presos seguem sob custódia.

>> Foto em destaque: A Federação Anarquista Tcheca manifestou solidariedade com os detidos.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/04/07/crackdown-on-anti-fascists-in-austria/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Tudo levou o fogo –
Mas pelo menos as flores
Já haviam caído.

Tachibana Hokushi

[Alemanha] Cartaz | Por mais ataques e ódio contra todo estado

Em fevereiro de 2025, o promotor público de Munique realizou novamente uma operação repressiva contra anarquistas, dessa vez na forma de batidas e prisões. O estado policial da Baviera, constrangido por publicações anarquistas e ataques anônimos, inventou acusações e saiu em busca de indivíduos suspeitos para incriminar. A agitação anarquista dos últimos anos alcançou um impacto subversivo difícil de estimar, mas certamente incontrolável. Ideias anarquistas divulgadas por meios impressos e colocadas em prática podem se mostrar uma mistura perigosa que contribui para a disseminação da revolta social.

Durante essas batidas, os policiais prenderam es camaradas N. e M., que ainda estão em prisão preventiva. O motivo: um processo em andamento que suspeita que N. e M. tenham feito parte de uma suposta equipe editorial, considerada uma organização criminosa, do jornal anarquista Zündlumpen. A invenção dessa acusação levou a várias batidas em 2022, ao confisco de uma gráfica inteira e ao fechamento da biblioteca anarquista Frevel de Munique. No entanto, dessa vez os motivos das batidas, realizadas com a típica arrogância bávara, foram diferentes. O primeiro tem como alvo um jornal agitador de edição única: Hetzblatt gegen den Windpark, que se volta contra a empresa química Wacker, responsável por envenenar a área ao redor de Altötting, na Baviera, com sua produção de microchips e painéis solares. Desta vez, o periódico supostamente justifica e até “recompensa” atividades criminosas. O segundo motivo foram seis ataques incendiários. Um deles foi contra o maquinário de uma usina geotérmica, que escava nossa terra e a suga para abastecer essa sociedade insana. Outras ações tiveram como alvo máquinas de extração de madeira e de trabalho em estradas, um veículo de manutenção ferroviária de 200 metros de comprimento e uma estação de energia eólica. Por fim, vários incêndios em uma usina de concreto interromperam temporariamente sua capacidade de tornar nossas vidas mais cinzentas.

Não nos importamos se as acusações e suspeitas contra es camaradas são “verdadeiras” ou não. Em todo caso, não há nada mais alheio à verdade do que o cérebro de um promotor público. O conceito de culpa e inocência é tão hostil para nós quanto a lógica da punição e do encarceramento. Apoiamos nosses camaradas afetades pela repressão, as ideias de anarquia selvagem e os ataques anônimos contra estruturas e pessoas no poder.

Em solidariedade a N. e M.: Continuemos a nos mobilizar contra o estado e o patriarcado. Contra o capital e a indústria e a tecnologia que estão destruindo nossas vidas e nossa terra! Sua infraestrutura e seu domínio se baseiam, em última análise, em uma rede que é vulnerável e pode ser atacada onde quer que seja. Sejamos transparentes: somente atacando diretamente os pilares da autoridade e seus responsáveis, por meio da recusa e da revolta individual e coletiva, poderemos encontrar um modo de vida diferente que não seja baseado na indústria, no capital e na dominação.

Para acabar com os horrores das prisões, manicômios, campos de concentração e todas as outras jaulas, não basta reformar essas instituições, pois isso apenas refinará seu funcionamento. Elas devem ser queimadas até o chão junto com o estado e a sociedade que as criaram. Porque somente a partir das ruínas dessas instituições uma vida em liberdade pode nascer.” Sociedade Prisional – Zündlumpen Nr. 035

Fonte: https://de.indymedia.org/node/502421

Tradução > acervo trans-anarquista

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agência de notícias anarquistas-ana

Ah, quanta inveja
Da maneira que termina
O namoro dos gatos.

Ochi Etsujin

[Espanha] Centenas de manifestantes exigem ao Governo de coalizão a libertação dos ‘6 de Zaragoza’

Centenas de manifestantes participaram neste sábado (12/04) do protesto convocado na capital aragonesa para exigir a libertação dos ‘6 de Zaragoza’, apelido dado aos jovens antifascistas condenados à prisão pelos distúrbios ocorridos em janeiro de 2017 nos arredores do campus San Francisco, durante uma manifestação contra a realização de um comício do partido Vox [partido de extrema direita].

A poucos dias do primeiro aniversário da prisão de vários dos condenados — cuja presença no protesto de 2019 nunca foi negada, embora tenham negado participação nos atos que levaram às suas detenções —, a plataforma organizou uma manifestação pelo centro de Zaragoza. A marcha começou na Glorieta Sasera e percorreu o Paseo de la Independencia e a rua Alfonso, entoando palavras de ordem contra o Governo central e exigindo a libertação e o indulto dos encarcerados. O ato terminou na Plaza del Pilar, em frente à Delegação do Governo, onde houve diversas intervenções e a leitura de um manifesto.

O porta-voz da plataforma, Pablo Rochela, acusou a Polícia de ter detido “aleatoriamente” os seis jovens horas após os confrontos; ao Judiciário, por tê-los condenado com penas máximas “sem provas”; e ao Governo, “que não demonstra vontade política apesar de ter a capacidade e a obrigação de libertá-los, e que segue sem eliminar as leis que permitem que novos casos como esse ocorram”. “O único fato comprovado no julgamento é que os condenados participaram de uma manifestação, por isso estamos falando de presos políticos”, afirmou.

Rochela lembrou que a plataforma continua sem resposta ao pedido de indulto enviado ao Ministério da Justiça, que conta com o apoio de mais de 10 mil assinaturas de pessoas e organizações. Ele responsabilizou o Governo de coalizão, especialmente Pedro Sánchez, Yolanda Díaz e a ministra aragonesa Pilar Alegría, “por cada um dos dias que esses jovens passaram na prisão”. Essa responsabilidade, segundo ele, também recai “sobre todos os deputados e deputadas que sustentam o Governo, pois devem forçar a libertação, caso contrário serão cúmplices dessa injustiça”, concluiu.

Os quatro detidos maiores de idade foram condenados pela Audiência Provincial de Zaragoza a seis anos de prisão cada. Posteriormente, o Tribunal Superior de Justiça de Aragão aumentou as penas para sete anos, mas o Supremo Tribunal reduziu para 4 anos e 9 meses. Já os outros dois jovens, menores de idade, foram punidos com multa e um ano de liberdade assistida.

Na coletiva de imprensa da última quinta-feira, outra porta-voz da plataforma, Olga Belenguer, relatou o sofrimento que as famílias têm enfrentado com o caso, tanto emocional quanto financeiramente, devido ao “enorme custo da prisão, além das multas, que uma família da classe trabalhadora mal consegue sustentar”. Nesse sentido, ela mencionou o estado delicado da saúde mental de Imad, um dos jovens encarcerados. Belenguer informou que existe um laudo pericial sobre sua situação psiquiátrica e que os advogados da plataforma solicitaram o regime semiaberto (terceiro grau), para que ele possa receber tratamento específico fora da prisão. No entanto, “as instituições penitenciárias têm recusado sistematicamente, o que demonstra uma alarmante falta de sensibilidade e de humanidade”, criticou.

Fonte: https://www.elconfidencial.com/espana/2025-04-12/cientos-de-manifestantes-exigen-al-gobierno-de-coalicion-que-ponga-en-libertad-a-los-6-de-zaragoza_4108201/

Tradução > Liberto

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Pelo pé se sabe –
Primeira manhã de outono
Na varanda limpa.

Matsue Shigeyori

Vegan Salvaje: Revista Anarquista Internacional de Liberação Total

Esta revista contêm uma coleção de textos veganos aportados por anarconiilistas de todo o mundo.

Depois de manter conversações sobre nihilismo, anarquia, antiespecismo e veganismo, todos os autores destes textos decidimos recompilar nossos escritos em um fanzine multilíngue não só como expressão de solidariedade global, mas também como uma forma de tornar acessíveis ao mundo as ideias anarquistas antiespecistas.

Estas palavras, escritas com o rechaço a serem silenciadas pelas leis e os muros das prisões, representam um fogo selvagem que arde através das fronteiras para cada cidade…

Viva a liberação total

>> Baixe Vegan Salvaje aqui:
https://warzonedistro.noblogs.org/files/2025/03/Vegan-Wild_An-International-Anarchist-Journal-of-Total-Liberation-1.pdf
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Ah! Oh! É tudo
O que se pode dizer —
Monte Yoshino em flor.

Yasuhara Teishitsu

[Itália] Foram absolvidos os anarquistas processados por publicarem um jornal

Terminou com absolvição o julgamento em primeira instância dos quatro anarquistas acusados de incitação ao crime com finalidade de terrorismo pela publicação do jornal quinzenal Bezmotivny. Nove pessoas haviam sido presas em 9 de agosto de 2023 sob as acusações de associação com finalidade de terrorismo, incitação e apologia ao terrorismo e ofensa à honra e ao prestígio do presidente da República. Não se tratava de nenhuma ação concreta: apenas seus artigos, publicados em um jornal impresso distribuído publicamente. Durante cerca de um ano, os acusados foram submetidos a diversas medidas cautelares, desde prisão domiciliar e prisão em regime fechado, até restrições de domicílio e obrigação de assinaturas periódicas, apesar de a acusação de associação criminosa já ter sido descartada nas primeiras audiências.

O promotor Federico Manotti, da DDA (Direção Distrital Antimáfia e Antiterrorismo), havia solicitado, na audiência realizada em 1º de abril, penas de 7 anos de prisão para um, 6 anos para outro e 5 anos e 6 meses para dois dos réus. A essas penas foram somadas indenizações ao Estado de dezenas de milhares de euros. Penas altíssimas, talvez sem precedentes, para o que muitos consideram um crime de opinião. “Com Scripta Scelera [nome do processo, n.d.r.], o Estado quer atingir a agitação e a propaganda anarquista”, afirma um comunicado publicado pelos anarquistas logo após o pedido de condenação. “A escancarada vontade de silenciar as publicações revolucionárias, bem como de demonizar ações de ataque contra o Estado e o capitalismo, revelam o verdadeiro rosto permissivo do Estado e suas ‘liberdades de expressão’, especialmente em tempos de guerra.”

Nos últimos anos, a imprensa anarquista tem sido alvo de diversas promotorias em toda a Itália, que baseiam seus pedidos de medidas cautelares em supostos crimes de incitação ao crime com finalidade de terrorismo. Jornais e sites foram tirados do ar para impedir a circulação de textos, debates e atualizações ligados ao universo anarquista. Mesmo que, ao final, o processo resulte em absolvições ou pequenas condenações, entre apreensões e medidas restritivas, o objetivo parece ser silenciar as ideias e os argumentos daqueles que se opõem abertamente — e sem renunciar à violência — ao Estado e ao capitalismo.

A primeira instância da operação Scripta Scelera terminou com a absolvição de todos os réus de todos os crimes, exceto a condenação de um deles a 8 meses de prisão por ofensa à honra e ao prestígio do presidente da República, Sergio Mattarella. Talvez um “bom sinal”, embora a direção repressiva para a qual estamos caminhando pareça indicar novas restrições à liberdade de imprensa e de opinião. O novo decreto-lei aprovado pelo governo Meloni em 4 de abril, por exemplo, inclui um artigo sobre a Prevenção e o Combate ao Terrorismo Internacional e aos Crimes contra a Segurança Pública: o texto prevê de 2 a 6 anos de prisão para “quem adquirir ou possuir material contendo instruções para a preparação e uso de dispositivos bélicos letais, armas, substâncias químicas ou bacteriológicas e qualquer outra técnica ou método para a realização de atos com finalidade terrorista. Para quem divulgar ou promover esse material por qualquer meio, inclusive eletrônico, está prevista reclusão de seis meses a quatro anos”.

Num momento histórico em que muitas ações e mobilizações que ocorrem na Itália — e até mesmo textos escritos — estão sendo tachadas de “com finalidade de terrorismo”, é preciso questionar como essa nova lei será utilizada.

Fonte: https://www.lindipendente.online/2025/04/09/sono-stati-assolti-gli-anarchici-processati-per-aver-pubblicato-una-rivista/

Tradução > Liberto

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Sob o céu de outono
o lago azul e cintilante —
Eco do silêncio

Masuda Goga

Tens andado de bicicleta?

Se é triste ver a sociedade transformada em chapas de aço, ainda mais o é quando essa chapa é responsável por tantas mortes, poluição, caos e falta de espaços públicos. Estamos nos referindo ao que muitos consideram o seu melhor amigo: o carro, máquina inventada pelo homem para que este pudesse se deslocar mais rapidamente, mas que nos dias de hoje nos impedem de nos deslocarmos com a rapidez desejada.

Alternativas de transporte não faltam; mais baratos e amigos da natureza e das pessoas. Pode usar os transportes públicos nos percursos mais longos ou andar a pé nos mais curtos. Levando em conta que as pessoas não podem andar todas penduradas nos transportes públicos, vamos te propor um veículo verdadeiramente inovador, visto que gasta 0 litros de gasolina, cabe em qualquer lugar da sua casa e dispensa aqueles exercícios forçados que a sociedade midiática sugere que façamos para perdermos algumas gordurinhas. Ao andar de bicicleta perderás pelo menos dois deles, e também perderás o vício de viver num ambiente condicionado, de ficar à espera que te saiam da frente e, quiçá, de xingar os outros, seja buzinando ou usando linguagem gestual e verbal. Da próxima vez que tiveres vontade de o fazer, diga simplesmente: “Deixa o carro em casa!” e verás que se todos seguirem o teu conselho, a cidade parecerá mais um espaço social, com mais ruas só para os pedestres, ar mais puro, mais espaços verdes, mais silêncio, mais paz, mais vida.

Para cada palavra deste texto que você ler haverá de ver centenas de anúncios de carros, gasolinas, pneus, amortecedores, seguros, estradas, lava-rápidos, produtos de emagrecimento, academias, agências funerárias… O que eles querem de você? Uma coisa não querem com certeza, é que escolha a bicicleta como meio de transporte no seu dia-a-dia, e todos eles hão de queimar as pestanas para que isso não aconteça. Resta saber se você vai deixar se seduzir ou se terá força para resistir.

A mudança para uma sociedade em que as bicicletas sejam usadas pela maioria da população, pode à primeira vista parecer utopia, mas se pensarmos bem chegaremos à conclusão inequívoca de que resolveria inúmeros problemas:

  • Contribuiria para aliviar o sufoco financeiro em que muitas pessoas vivem.
  • Beneficiaria a saúde não só pela prática do esporte como também pela menor poluição que existiria no ar.
  • Aumentaria o espaço público disponível, visto que um carro ocupa muito mais espaço de que uma bicicleta e necessita de muito maior espaço de segurança para circular.
  • Levaria as pessoas a saírem mais facilmente do seu bairro combatendo-se dessa forma a solidão e depressão que se apodera de grande parte dos habitantes das grandes cidades.
  • Diminuiria os acidentes e a própria pressão exercida nos pedestres pelos carros cujos motoristas muitas vezes se julgam donos do mundo.
  • Contraria a ostentação de riqueza que é cada vez mais apanágio daqueles que tem de recorrer a coisas materiais para tentar convencer os outros de que têm valor.

LUTE E PEDALE!

agência de notícias anarquistas-ana

Ciclistas passam
refletidos, com imagens
nas poças de lama.

Clenio Salviano

1ª Jornada Anarquista da Amazônia

Prezadas companheiras e prezados companheiros,
 
Como lembrete, e para aquel@s que possam estar interessad@s em se juntar a nós em nossa luta, a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025) está sendo organizada em nossa cidade este ano, e ficaremos felizes em receber tod@s @s ativistas libertári@s que queiram participar de atividades de protesto e denúncia da mais hipócrita das cúpulas destinadas a nos proteger das desgraças criadas pelos próprios organizadores do evento.
 
Teremos prazer em recebê-l@s e envolvê-l@s nos protestos planejados que estão sendo preparados no momento.
 
Agradecemos qualquer ajuda material que vocês possam nos fornecer (equipamentos de informática, áudio ou vídeo, por exemplo) e esperamos encontrar tod@s que queiram se juntar a nós na luta que promete ser particularmente acirrada nas terras devastadas pelo agronegócio na Amazônia.
 
Além disso, ajudar-nos pode ser feito (e muito) compartilhando para todos os seus contatos libertários estas informações. Isso pode nos permitir conseguir levantar um verdadeiro bloco anarquista durante os dias de protestos que Belém vai conhecer durante a COP30.
 
Visto que os nossos povos amazônicos já estão mobilizados contra as leis que o governador do Pará tentou implementar contra eles, esperamos que a militância do Brasil como um todo e vindo dos outros países e continentes se faça presente conosco.
 
Para realizar isso, pensamos em organizar na Ilha do Combu, frente ao Sul da cidade de Belém, perto do CCLA (Centro de Cultura Libertária da Amazônia), uma aldeia libertária para hospedar essa militância que esperamos ser numerosa (pensamos numa solução de hospedagem para 100 pessoas).
 
Portanto, para quem quiser se somar à nossa militância durante as atividades da anti-COP30, estamos organizando uma “jornada libertária anti-COP30”.
 
Pedimos a quem quiser participar e se juntar às nossas forças inscrever-se no formulário aqui. Juntamente a essa inscrição, você pode pagar a sua reservação com PIX (pagamentos no Brasil) ou por PayPal (pagamentos internacionais).
 
Por R$ 40, vocês serão hospedad@s em redário, com café da manhã e transporte de barco diário na ilha do Combu para Belém (ida de manhã – volta a noite).
 
E tem também possibilidade de tomar almoço no CCLA (incluído em pacote).
 
JORNADA INTERNACIONAL ANARQUISTA DA AMAZÔNIA
“Jornadas ANTI-COP30”
 
Data: 09 a 22 de novembro de 2025
Local: Ilha do Combu- Belém / PA – Brasil
 
Orçamento
 
14 dias
P/ 100 participantes
Pacote
Estadia-Redário/camping
R$ 10,00 (dia)
Café da manhã
R$ 15,00 (dia)
Traslados ida e volta Borari
R$ 15,00 (dia)
Almoço
R$ 15,00 (dia)
Total / dia
R$ 40,00 dia por participante com café da manhã
R$ 55,00 dia por participante com café da manhã e almoço
Total / pacote
R$ 600,00 (pacote por participante com café da manhã e pagamento em PIX
R$ 625,00 (pacote por participante com café da manhã e pagamento no PayPal))
R$ 800,00 (pacote por participante com café da manhã e almoço e pagamento em PIX)
R$ 850,00 (pacote por participante com café da manhã e almoço e pagamento no PayPal)
 
>> Acesso ao formulário de inscrição aqui:
 
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfPWRhVyYd8cY-_Ez_ecgBoFhawWaaej-58ZDygkNj6vN6xAQ/viewform
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2021/11/01/escocia-chamada-a-solidariedade-internacional-atraves-de-acoes-subversivas-acerca-da-cop26/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2021/10/12/belgica-manifestacao-em-bruxelas-contra-as-mudancas-climaticas-reune-milhares-de-pessoas/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Amanhece
Pela janela entreaberta
o aroma das peras
 
Sérgio Brown

[Grécia] Não há nada de “natural” em um acidente de trabalho.

Texto da Iniciativa de Solidariedade e Imigrantes Albaneses

01 de abril de 2025

Este mês, em poucos dias, três dos nossos concidadãos perderam a vida em acidentes de trabalho. Um motorista de táxi de 47 anos que foi atropelado por um motorista bêbado, um homem de 70 anos em um canteiro de obras e um homem de 75 anos também em um canteiro de obras devido a um choque elétrico. Primeiramente, gostaríamos de expressar nossas condolências às famílias. Antes de mais nada, porém, gostaríamos que esses incidentes e as dezenas de acidentes de trabalho que ocorrem todos os anos abrissem uma discussão necessária sobre as condições de trabalho de centenas de milhares de trabalhadores na construção civil, no campo, em serviços de entrega e em outros trabalhos manuais. Os trabalhadores trabalham em condições inseguras e arriscam suas vidas diariamente. Esse enorme segmento costuma ser mal remunerado, vive em constante precariedade e muitas vezes é múltiplo, pois grande parte é de origem imigrante.

Acidentes de trabalho são abordados na esfera pública com uma naturalidade que não deveria ser. Morrer trabalhando não é natural, é absurdo e desumano. Na grande maioria dos casos, esses acidentes ocorrem por dois motivos. Primeiro, porque os empregadores optaram por economizar dinheiro em equipamentos de proteção e/ou segundo, porque os funcionários ficam exaustos por horas extras ou múltiplos empregos, resultando em maior probabilidade de acidentes.

Mas o que mais nos chocou nos dois últimos casos foi a idade dos nossos dois colegas pedreiros falecidos. Por que pessoas com mais de 70 anos estavam trabalhando, especialmente em uma profissão tão exigente como a construção civil? Por que pessoas com mais de 70 anos ainda trabalhavam em uma profissão que, devido às suas exigências pesadas e prejudiciais à saúde, deveria permitir que elas se aposentassem aos 60 anos e desfrutassem de uma vida confortável e digna? Porque eles obviamente não tinham outra escolha para garantir seu sustento.

Dezenas de milhares de pessoas são forçadas a trabalhar até cair em ocupações pesadas, porque sua aposentadoria não garante um salário digno, em um momento em que os aluguéis e a inflação aumentaram. Além disso, muitas pessoas trabalham depois da idade de aposentadoria para poder complementar sua renda, já que o trabalho informal e não declarado é muito comum e não há controle e proteção necessários aos trabalhadores.

Infelizmente, isso faz com que pessoas que trabalharam nas profissões mais difíceis fiquem presas no mercado de trabalho precário até morrerem, sem poder se aposentar e aproveitar a vida de aposentados que merecem.

Essa situação sombria é algo que nos irrita e machuca diariamente, pois nossos pais, imigrantes após 30 anos de trabalho, não pensam na possibilidade de aposentadoria com expectativa, mas com medo de saber se receberão suas pensões e como viverão com suas parcas pensões. Nossos pais não pensam em se aposentar em suas casas de veraneio para aproveitar a aposentadoria, mas gostariam que seus corpos durassem até os 70 anos para que pudessem trabalhar como pedreiros, faxineiros, taxistas, etc.

Infelizmente, a desigualdade se estende do nascimento à morte, e se o debate de Tempe nos ensinou alguma coisa, é que não existem acidentes, apenas assassinatos premeditados para que o dinheiro possa ser economizado para empregadores e empresas.

Acidentes de trabalho devem ser tratados exatamente com a mesma lógica dos assassinatos hediondos e não como uma realidade com a qual nos conformamos como sociedade.

Fonte: https://www.alerta.gr/archives/37646

agência de notícias anarquistas-ana

Venerável
É quem não se ilumina
Ao ver o relâmpago!

Bashô

[Chile] A cinco meses sem Júlia Chuñil e Cholito, aumenta a desinformação e o ocultamento para com o principal suspeito

Por La Zarzamora


As ruas já se tornam raivosas para quem depois de cinco meses seguem reclamando o aparecimento da papay Julia Chuñil Catricura. Há raiva e frustração já que no transcurso deste tempo ocorreram diferentes fatos que claramente corroboram o funcionamento do Estado, das instituições e da polícia em completa cumplicidade com ricos e empresários latifundiários.

Este 8 de abril houve 10 detidos em Santiago após quatro horas de enfrentamento com a repressão. Dois deles passaram ao controle de detenção e um a prisão preventiva em Santiago 1, tornando-se indispensável a ativação da solidariedade inter-regional. Em Valdivia, se cortou o trânsito da ponte Pedro de Valdivia porque não faltam as desculpas e justificativas. Vão cinco meses nas ruas e pela via pacífica não acontece nada. Por outro lado, as forças repressivas deixaram em evidência ter quase completo poder e controle do povo com a violência. É inevitável que saia a raiva, é inevitável que as pessoas respondam à violência estatal, que se organizem e reclamem de diferentes formas, porque, ainda que queiram exterminar a rebeldia, desaparecendo pessoas, encarcerando manifestantes, não podem. Assim o corrobora a história, por mais que na Ditadura instalaram a doutrina do shock, os combatentes ou defensores da terra não se extinguem.

Dentro das irregularidades no processo partimos com que por mais que haja muitos testemunhos das ameaças, até o dia de hoje não foi feito nenhum mandado de busca ao principal suspeito, muito menos aos que poderiam ser seus cúmplices. O acusado pela família, e pela mesmíssima Júlia antes de desaparecer como um possível agressor de sua pessoa, omitiu qualquer informação e se recusou a dar qualquer declaração. Por outro lado, familiares já denunciaram como Conadi desde o início lhes infundiu medo de dizer ou fazer qualquer coisa por motivos da investigação. Também denunciaram a perseguição e terror psicológico que sentem após viver consecutivas tomadas de declarações, mais de cinco mandados com armamento de guerra, confiscando celulares, separando um menor de idade de uma mãe, e agora por último, restringindo-lhes a passagem à casa no prédio, onde está sua horta, suas coisas e animais, etc. Segundo eles porque essas terras seriam propriedade privada do suspeito. Por outro lado, pela terceira vez fizeram mudança de promotor, ficando Alejandro Ríos que já pediu novos 10 mandados que a família claramente teme que seja para eles.

Enquanto isso, viram o suspeito Juan Carlos Morstadt Anwandter, caminhando tranquilo pelo prédio acompanhado de policiais, mas não aparece em nenhuma parte da investigação. Após abrir-se a pasta da investigação, comprovaram que todo o trabalho se centrou principalmente na família Chuñil, com um claro sinal de montagem, racismo, classismo, terror psicológico desde as polícias e instituições e agora por último somando-se à montagem os meios de comunicação massivos, já que este mesmo 8 de abril, sai uma notícia em Mega Visión para estigmatizar e criminalizar seus filhos. Porque um deles se encontra preso, tratando de apontar à família como suspeita. Sabemos que esta notícia é tendenciosa, aparece com o objetivo de dividir, desmobilizar e desestimular a família de todo o trabalho de busca e pressão social que se encontram fazendo a nível nacional pelo aparecimento de sua Mãe, Avó e Tia, que lutava contra um latifundiário e sua empresa agroflorestal que lucra com a terra. Onde se destruiriam os únicos 900 hectares que sobram de bosque nativo no território. Estratégias midiáticas antigas para ocultar, desviar a atenção e invisibilizar a usura e poder que tem as pessoas ricas neste fundo.

A Família está desconcertada com a montagem racista que estão tentando armar contra eles, já que descaradamente todo o mundo está vendo a corrupção no $hile e como o Estado permite o encarceramento, a tortura, o sequestro, a morte e o desaparecimento para resguardar os interesses de empresários e políticos. Ainda assim, não baixaram os braços, se mantêm firmes nas mobilizações viajando a diferentes territórios para visibilizar a injustiça do $hile, e para que as manifestações se tornem ainda maiores até que apareça Júlia Chuñil Catricura.

Fonte: https://lazarzamora.cl/a-cinco-meses-sin-julia-chunil-y-cholito-aumenta-la-desinformacion-y-el-ocultamiento-para-con-el-principal-sopechoso/


Tradução > Sol de Abril


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agência de notícias anarquistas-ana

rua em que nasci
as crianças riem
o riso do velho


Ricardo Portugal

[Grécia]: Sob o concreto, algo está queimando

Título original: Κάτω απ’ το τσιμέντο, κάτι βράζει

Autor: Rasprava Squat, 2025

sob o concreto,

algo está queimando

Após o fim do evento “Memória revolucionária e perspectiva da luta” na rua Mesologgiou, uma multidão de companheiros desceu para as ruas Kolettis e Themistokleous em defesa da liberação do prédio.

A seguir, o comunicado introdutório da ocupação:

O silêncio da metrópole pesa como uma rocha em nossos ombros. As ruas estão cheias de olhares desgastados, corpos que se arrastam por hábito, por medo, por submissão. O mundo se movimenta por caminhos predeterminados, sem hesitar, modulando seus sonhos. Tudo é programado para funcionar exatamente como eles querem: trabalho, consumo, obediência. No entanto, sempre, sob a superfície, algo está fervendo.

A história não é escrita pelos obedientes. Alguns poucos optam por carregar o fardo da desobediência. Para quebrar o concreto da normalidade. Confrontar a mão invisível do poder que sufoca todos os aspectos de nossa vida. Recusar-se a se submeter não é uma mera postura. É um chamado para questionar, para derrubar, para retomar tudo o que nos pertence.

Somos companheiros, anarquistas de diferentes origens políticas e ideológicas, mas nos encontramos nas mesmas chamas de luta. É aí, onde nossas lutas comuns e experiências coletivas nos uniram, que reconhecemos a necessidade vital da criação de um espaço para reuniões, amadurecimento político1, troca de opiniões e fortalecimento organizacional.

Em um momento em que o isolamento é imposto e as comunidades de luta estão sendo desmanteladas pela repressão, a formação de tais espaços não é apenas necessária – é crucial.

Os golpes repressivos dos últimos anos não ocorreram por acaso. As autoridades estão tentando eliminar qualquer foco de resistência, esmagar qualquer forma de auto-organização e extinguir a chama da contestação.

Grandes conquistas foram perdidas, o movimento foi relegado à defensiva, a recessão já está no horizonte. Mas sabemos que a história é escrita por aqueles que não recuam, por aqueles que não têm medo de enfrentar a realidade.

Permanecer na defensiva é aceitar a derrota. E isso não vai acontecer.

Agora é hora de transformar palavras em ação, de passar da defesa para o ataque.

Portanto, vamos deixar claro que o inimigo não se livrará de nós tão facilmente.

Precisamos definir nosso próprio campo de luta, reivindicar nosso espaço e tempo.

Libertar territórios da dominação, criar um centro vibrante de resistência, uma célula radical de mobilização2 tanto na teoria quanto na ação.

Concebemos a ocupação como parte integrante do movimento e o movimento como um elemento orgânico da ocupação.

A existência de territórios de luta não é apenas uma questão prática, mas uma questão profundamente política.

As ocupações não são apenas lugares para passear, não são apenas lugares de hospitalidade.

São redutos de resistência, laboratórios de práticas radicais, rachaduras à normalidade que tentam nos impor.

E essa é uma realidade inegociável.

Cada bairro, cada rua, cada praça não é um terreno neutro. É um mapa vibrante de oposições, conflitos e reivindicações. As cidades são construídas com base na disciplina, no policiamento e na esterilização do espaço público. As praças estão cheias de câmeras de vigilância, as paredes são pintadas de cinza, os edifícios se tornam bastiões inacessíveis para aqueles que não podem pagar o preço da existência em um mundo onde tudo tem um custo.

A dominação está implementando um plano estratégico de controle universal das metrópoles, esmagando qualquer fonte de resistência.

Armado com propaganda obscura e guerra ideológica, ele tenta moldar a consciência, enquanto a degradação deliberada dos bairros por meio da disseminação do crime organizado e da expulsão violenta da população local está preparando o caminho para sua completa absorção pelo capital.

A repressão do estado atua como uma guarda armada dos empresários, as agências imobiliárias estão devorando terras, as casas se tornam mercadorias, os aluguéis sobem, os espaços públicos se tornam campos estéreis de vigilância e uniformidade consumista.

A praga da gentrificação e da ostentação está devorando as cidades, agindo como um mecanismo de subjugação e controle social.

Exarchia, um bairro que tem uma história vibrante de lutas, está na mira do estado e do ataque capitalista.

O estado, por um lado, desencadeia ondas de repressão: as ocupações são evacuadas, a presença da polícia é reforçada, os espaços públicos são militarizados. Por outro lado, o capital está saqueando a memória coletiva, absorvendo símbolos de resistência e transformando-os em uma mercadoria turística. Nossas subculturas são forjadas e adaptadas a projetos comerciais “alternativos”, enquanto o bairro é alterado para atender à indústria do entretenimento e do estilo de vida [lifestyle].

Não permitiremos que transformem o terreno de nossas lutas em apenas mais uma atração ornamental. Estamos inaugurando a ocupação no bairro histórico de Exarchia por todos esses motivos.

Porque suas ruas não estão à venda.

Porque memórias não são comercializadas.

Porque a resistência viva não é uma atração turística, mas um campo de batalha.

As ocupações podem certamente ser ilhas de resistência no arquipélago da luta. Elas também são barricadas. São espaços onde a dominação perde o controle, onde o estado não é mais o regulador absoluto da vida. São oficinas de luta, pontos de encontro, centros de auto-organização e ação.

A cultura insurrecional e revolucionária não acontece por conta própria.

É cultivada.

Ela se desenvolve nos porões, nas praças, nos abrigos, nos olhos que não se curvam, nos corpos que não aceitam obedecer ao inimigo.

A ocupação não é um evento isolado.

Ela tem o potencial de se desviar na prática da negação, de nos lembrar constantemente de que não somos números nos registros do estado, não somos engrenagens nas rodas da produção, não somos peões no jogo de xadrez do poder.

Estamos aqui para tomar o que é nosso, para abrir brechas a partir das quais surgem novas possibilidades.

As circunstâncias, portanto, nos deixam intactos no que diz respeito à nossa consciência e ação anarquista. Não queremos nos alinhar com o terror que surge dos “tempos repressivamente duros”. Contra a retórica reformista, cuja expressão reside no conformismo político no campo da ação, estamos determinados a uma ruptura radical total e duradoura.

Nossa preocupação não é a repressão que existe e continuará existindo contra nós, mas a constante disputa entre nós mesmos para evitar estratégias políticas que levem um movimento a cair no esquecimento por meio de uma presença militante cada vez mais incompleta, tanto em termos de eventos como de estruturas.

Entendemos que, como movimento, a ausência de uma cultura militante nos enfraquece, nos torna vulneráveis e impotentes diante da investida do poder.

A inação é sinônimo de derrota.

Portanto, por meio dessa iniciativa, tentamos construir uma base sólida que impulsione uma perspectiva revolucionária/insurrecional, intensifique a ameaça contra os mecanismos opressivos do presente e cultive as consciências insurgentes do amanhã.

Pois a insurreição não é um esquema teórico. É prática, é fermentação3, é conflito constante.

POR QUE escolhemos e promovemos o REVOLUCIONÁRIO e o INSURRECIONÁRIO (AÇÃO DIRETA) como uma cultura?

  1. Porque é o único meio de confronto direto com o inimigo, aqui e agora. É a prática que cria “pontos zero”, quebrando as correntes da normalidade, permitindo que os indivíduos determinem seu próprio destino.
  2. Porque, em sua essência, a Anarquia é uma luta constante pela liberdade. Não é um slogan, não é uma teoria, é um conflito, é uma práxis.
  3. As relações de camaradagem da causa não são um conceito abstrato, mas relações vivas e inegociáveis entre os militantes. Elas são forjadas no fogo da batalha, lado a lado em cada crise, cada derrota, cada momento difícil. É lá que redescobrimos nosso eu-coletivo perdido.
  4. Porque ela leva os indivíduos a ultrapassarem seus limites, a romperem as correntes do medo, a questionarem o impossível.
  5. Porque a agressividade da ação direta não é uma violência aleatória, mas uma decisão estratégica.

Uma expansão da ação revolucionária, a ampliação do confronto violento com as forças do poder, é necessária para a demolição do estado e da estrutura capitalista e para a destruição das relações sociais de opressão.

É dever de todo ser humano militante enriquecer diariamente as ferramentas que, tanto em nível prático quanto teórico, o levarão à realização de seus ideais. Isso requer ousadia, risco, imaginação, organização, fé e consistência. A intenção não é suficiente, é preciso decisão. Por essas razões, portanto, a inauguração desta ocupação é para nós uma contribuição nessa direção.

RUMO À ANARQUIA

Juntos podemos fazer tudo, podemos jogar fora a visão do fim que parece muito próximo

Podemos viver como seres humanos orgulhosos e livres

Podemos destruir o muro e ver uma vida inteira de alegria esperando por nós!

Ocupação Rasprava

Rua Koletti e Themistocleous.

1 (πολιτικής ζύμωσης no texto original, significa literalmente fermentação política), o debate teórico dentro de um espaço político, social, etc. que prepara a mudança de uma situação.

2 (εστία ζύμωσης, no texto original, significa literalmente epicentro (ponto focal) de fermentação)

3 (Ζύμωση no texto original), o debate teórico dentro de um espaço político, social, etc. que propicia a mudança de uma situação, no mesmo contexto da nota de rodapé nº 1.

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Ao longo do muro
Flores de trapoeraba
E um banco vazio…

Tânia D’Orfani

Cartaz | 8 punhaladas CONTRA A DEMOCRACIA

A democracia é uma forma de GOVERNO, e, portanto, de dominação. Mais uma via da burguesia para administrar a exploração política, econômica e social da maioria da humanidade.

A democracia é o PARLAMENTARISMO, ferramenta de dominação da burguesia, que se legitima mediante o voto, a delegação e a representação.

A democracia é a LEI, instrumento que perpetua a ordem existente. Regula e castiga as consequências que o próprio capitalismo e o próprio Estado engendram.

A democracia é a PROPRIEDADE PRIVADA, eixo econômico, político e social. Uma minoria detentora dos meios de produção para explorar-nos, enriquecer-se e aproveitar nossa força de trabalho.

A democracia é o TRABALHO ASSALARIADO. A condenação e a obrigação de trabalhar para uma minoria em troca de um salário que permita sobreviver.

A democracia é a MERCADORIA. Tudo está submetido à lógica do mercado e do Capital, tudo se converte em objeto e tudo tem um Valor econômico.

A democracia é o CÁRCERE, instrumento para sequestrar, torturar, isolar e esconder as consequências que o próprio Sistema provoca.

A democracia é a POLÍCIA e as FORÇAS ARMADAS. Impõem mediante a tortura, o assassinato, a repressão e a guerra a Ordem do Capitalismo e dos Estados.

Contra o Estado e o Capital!

Pela Anarquia

Quem quiser o cartaz em formato PDF para impressão envie um e-mail para: a_n_a@riseup.net <

agência de notícias anarquistas-ana

Barranco da serra
As marias-sem-vergonhas
Colorindo a trilha.

Mary Terada

Justiça francesa rejeita extradição de antifascista Gino para a Hungria

Juíza cita “risco de violações de direitos garantidos” contra tortura e a um julgamento justo em Budapeste

Por Scott Harris

A câmara de extradição da Corte de Apelação de Paris rejeitou hoje (9 de abril) o pedido de extradição para a Hungria de Rexhino “Gino” Abazaj, antifascista albanês de 32 anos acusado de suposta violência contra neonazistas em Budapeste. Preso em novembro de 2024, Gino já havia sido libertado no final de março sob supervisão judicial, agora suspensa. Caso fosse extraditado, ele poderia enfrentar até 24 anos de prisão. O caso gerou ampla mobilização entre ativistas, sindicatos e políticos.

A presidente da corte citou “riscos de violação” de direitos garantidos por artigos da Convenção Europeia de Direitos Humanos, especialmente os que proíbem tortura e asseguram o direito a um julgamento justo. Gino comemorou a decisão como “muito positiva”, tanto para ele quanto para outros militantes. “Há outros antifascistas perseguidos pela Hungria, outros já presos, mas a França mostrou hoje que não deve se curvar às exigências de um país autoritário e neofascista como a Hungria”, afirmou.

A prisão de Gino se deu por sua suposta participação em confrontos durante o evento da extrema-direita “Dia da Honra”, realizado em Budapeste em 2023. Outras 17 pessoas foram presas no mesmo caso, incluindo a eurodeputada italiana Ilaria Salis, que passou 15 meses em prisão preventiva, Maja T, extraditada para a Hungria no ano passado, e Johann G, detido em novembro. Em janeiro, mais sete antifascistas procurados se entregaram.

Enquanto as autoridades húngaras acusam os antifascistas de integrarem uma “organização criminosa” e cometerem atos violentos, os neonazistas envolvidos nos mesmos confrontos foram liberados sem qualquer processo. Durante o julgamento de Gino, as promessas vagas do governo húngaro sobre condições carcerárias e garantias de um julgamento justo foram duramente criticadas, e a defesa apresentou relatos alarmantes de “tortura branca” nas prisões húngaras, incluindo isolamento permanente e vigilância 24 horas por dia.

Gino ainda pode ser preso se viajar para outros países da União Europeia. Seus apoiadores agora pretendem anular o mandado de prisão europeu expedido a pedido do governo de Viktor Orbán.
 
Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/04/09/french-court-rejects-antifascist-gino-extradition-to-hungary/
 
Tradução > Contrafatual
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Em meio ao capim
de onde sopra o vendaval,
lua desta noite.
 
Miura Chora

[Espanha] CGT 1º Maio: Ofensiva anarcossindicalista

Comunicado do Secretariado Permanente do Comitê Confederal da CGT ante o Primeiro de Maio de 2025.

Uma renovada estratégia imperialista está mudando o cenário internacional e nacional. O investimento em armamento por parte dos Estados é agora uma prioridade para o capitalismo mais agressivo e desumanizado. Este gasto suporá aumentar a dívida pública, com elevados interesses que acabarão afetando as questões sociais. Estamos nas mãos de uma minoria oligárquica que tem o controle do planeta e da vida da população mundial.

Por isso, desde a CGT temos a obrigação moral e ética de nos opormos nas ruas. Historicamente as guerras buscam o espólio, o endividamento e o enfrentamento entre os povos. Querem nos enganar com o discurso da “segurança nacional”, quando o que se fortalece é o rearmamento.

A CGT rechaça a proposta do Governo espanhol de aumentar o orçamento para a guerra. Desde a CGT defendemos relações internacionais baseadas na equidade, na justiça social e na solidariedade entre os povos. As armas e os exércitos são totalmente o contrário. Não à OTAN, Bases Fora. Destruição de todos os armamentos e reconversão da indústria armamentista em atividades de desenvolvimento humano.

Ante a crise do meio ambiente e os desastres ecológicos, provocados pelo capitalismo selvagem que assola nosso planeta, a CGT demonstrou na gestão das terríveis consequências da DANA em Valência, que somos uma organização anarcossindicalista com capacidade de resposta, que podemos nos organizar para apoiar a classe trabalhadora e as famílias afetadas. E que também sabemos denunciar os culpados exigindo responsabilidade e consequências legais para os mesmos. Ante a morte das 225 vítimas mortais, a CGT foi o único sindicato que conseguiu a imputação de altos cargos responsáveis pela gestão da DANA e a violação dos direitos laborais.

Não ao genocídio do povo palestino!

Nem guerra entre povos, nem paz entre classes!

Internacionalismo anarcossindicalista entre os povos!

Fonte: Gabinete de imprensa do Comitê Confederal da CGT

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Ao sol da manhã
deslizando sobre a folha
a gota de orvalho.

Alberto Murata

[Grécia] Karditsa: concentração e marcha no contexto da greve geral 

Na quarta-feira, 9 de abril de 2025, foi realizada uma concentração e uma marcha no contexto da greve geral nacional. Durante a manifestação, um grupo de companheiras e companheiros do Espaço Autogerido de Karditsa se aproximou do prédio da Câmara de Comércio de Karditsa e pendurou no telhado do prédio uma faixa gigante sobre os assassinatos cometidos pelo Estado nos últimos anos.

Os bastardos mercenários uniformizados da cidade, os guardas de segurança miseráveis, os cães de guarda da SW (EBE) e outros lacaios fizeram o que sabem fazer para agradar primeiro seus princípios estatistas e depois seus apetites, já que não passam de um bando de rufiões subservientes, intolerantes e fascistas.

Os canalhas dos policiais, com a interferência dos cães da Câmara, intimidaram e ameaçaram os camaradas com prisões, mas só se contentaram em verificar as evidências após a intervenção das pessoas que estavam na concentração. Para pendurar uma faixa que falava de almas assassinadas pelo estado assassino da ND [Nova Democracia] e dos respectivos governos, essa operação foi montada como uma farsa.

Mais uma vez o mundo da luta, da solidariedade, da resistência, da auto-organização, da vida e da liberdade foi atingido pelo mundo do obscurantismo, do fascismo, da repressão, do terrorismo e da morte, o mundo do Estado e de seus bastardos mercenários uniformizados.

Escolhemos lados e nos unimos como um punho para quebrar as correntes da subjugação e, com lutas multiformes, esmagar o Estado e o capitalismo que devastaram nossas vidas e construir um mundo de nós para nós, um mundo de auto-organização, solidariedade e liberdade.

ATAQUE O ESTADO ASSASSINO COM TODOS OS MEIOS, NENHUM CRIME FICARÁ IMPUNE

RESISTÊNCIA – AUTO-ORGANIZAÇÃO – SOLIDARIEDADE – ATAQUE

Espaço Autogerido de Karditsa

agência de notícias anarquistas-ana

A lua minguante
procura com quem falar
na boca da noite

Ronaldo Bomfim