[Itália] Atualizações sobre o anarquista Salvatore Vespertino “Ghespe”

Após meses em que conseguimos manter uma correspondência regular com o companheiro anarquista Salvatore Vespertino, atualmente preso no cárcere de Spoleto e sob aplicação de censura à sua correspondência, notamos um progressivo atraso na troca de cartas, tanto de entrada quanto de saída. Não sabemos se algumas cartas estão desaparecendo informalmente ou não, como acontece com outros companheiros, como no caso de Paolo Todde, prisioneiro no cárcere de Uta (CA), que atualmente só recebe cartas registradas. A partir da última carta de Salvatore, datada de 28/08 e que nos chegou em 08/09, ficamos sabendo que, no momento, ele tem 18 cartas bloqueadas formalmente, além de vários livros que são classificados como “pacote”, apesar de terem sido enviados como “P.L.” (impresso postal).

Considerando a situação atual, lançamos um apelo para o envio massivo de cartas postais comuns, devido ao baixo custo, para mostrar uma forte presença e proximidade ao companheiro, além de sobrecarregar o setor de censura. Também convidamos a enviar cartas preferencialmente de forma registrada. Considerando o bloqueio informal e arbitrário de livros, recomendamos o envio de um único livro por vez, usando o envelope padrão para impressos postais, sem embalagens caseiras com vários livros juntos, bem como o envio de revistas e jornais de todos os tipos (o companheiro gosta especialmente de revistas históricas). Obviamente, tudo deve ser enviado de forma registrada.

Para escrever ao companheiro:

Salvatore Vespertino 

C. D. R. Spoleto, Loc. Maiano 10

06049 Spoleto (PG) – Itália

Arquivo-Biblioteca Anárquica “G. Ciavolino” Assemini 

Círculo Anárquico “G. Bertoli” Assemini 

Fonte: https://sardegnaanarchica.wordpress.com/2025/09/11/aggiornamenti-sullanarchico-salvatore-vespertino-ghespe/

Tradução > Liberto

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Nos olhos da libélula
refletem-se
montanhas distantes.

Issa

[Itália] 22 de setembro: greve geral

Os sindicatos de base USI, USB, CUB, SGB e ADL proclamaram greve geral para o dia 22 de setembro, durante todo o dia, contra a escalada belicista que atinge uma fase dramática com o genocídio em curso em Gaza, o bloqueio de ajuda humanitária por parte do governo e do exército israelense, e os ataques à missão internacional de solidariedade civil da Frota Global Sumud. Uma guerra cada vez mais violenta e sangrenta, que é acompanhada por uma guerra interna feita de exploração, pobreza, desemprego, precariedade e cortes nos serviços essenciais. Uma guerra alimentada pela produção de armas e até por uma reconversão cada vez mais frequente do civil para o militar. A resposta dos trabalhadores é importante, dos transportes à logística e a todos os setores. Apoiamos a greve geral!

Redação – Umanità Nova

umanitanova.org

agência de notícias anarquistas-ana

Pessoas vieram
de lugares tão distantes…
Cerejeira em flor !

Carlos Martins

Perseguição e repressão contra anarquistas na Indonésia

  • O Presidente Prabowo ordena às Forças Armadas Nacionais da Indonésia (TNI) e à Polícia Nacional da Indonésia (Polri) que tomem medidas firmes contra as ações anárquicas em massa.
  • Uma operação repressiva em grande escala contra as redes anarquistas na Indonésia está em andamento após sua participação na revolta popular em massa nas últimas semanas. Dezenas de anarquistas (e outros) já foram presos, e mais prisões são esperadas.
  • Um aspecto crítico do atual clima de medo na Indonésia é que o Estado prende dezenas de pessoas por “anarquismo”, independentemente de sua orientação política. Para o Estado, a criminalização do “anarquismo” visa a todos.
  • 42 manifestantes foram acusados de participar em atividades anarquistas em Java Ocidental, com a polícia regional a investigar contas nas redes sociais e uma suposta “rede anarquista internacional”.

QUE A SOLIDARIEDADE ANARQUISTA ULTRAPASSE AS FRONTEIRAS!

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agência de notícias anarquistas-ana

Paz não é silêncio.
É o trovão que desaba
sobre tribunais.

Liberto Herrera

[Espanha] Conclusões da Conferência de Militantes no Encontro da CNT-AIT do Sudeste Peninsular

Conclusões da Conferência de Militantes sobre «A desestruturação do sistema político-econômico, consequências e respostas libertárias organizadas» no Encontro da militância da CNT-AIT do Sudeste Peninsular.

No encontro militante organizado pela CNT-AIT Albacete na Serra do Segura, de 27 a 31 de agosto, foi realizada uma Conferência de Militantes para analisar a situação estrutural do binômio capitalismo-Estado diante de suas limitações atuais e seu reflexo social e ambiental em nível global e regional. Compilamos as principais conclusões deste debate, do qual participaram pessoas de Alicante, Múrcia e Albacete.

Situação de colapso sistêmico: Não houve unanimidade na conclusão de estarmos em um processo completo de colapso da civilização industrial. Mas foi majoritária a conclusão de que nos encontramos em um ponto final do sistema de produção e consumo financeirizado, provocado pelo alcance dos limites energéticos, ecoclimáticos e redistributivos do “capitalismo social” representado pelos Estados de Bem-Estar Social nascidos após a Segunda Guerra Mundial, que se apoiavam em um forte crescimento econômico para se financiar. Não se vê o fim do capitalismo, mas sim uma grande mudança estrutural onde a produção será reduzida em muitos setores por falta de matéria-prima ou energia barata, com drásticas consequências trabalhistas, onde a capacidade de consumo necessário será cada vez mais limitada por escassez ou encarecimento, onde os sistemas estatais de previdência social acabarão por ruir, onde o autoritarismo e a repressão aumentarão para controlar o descontentamento social e onde o belicismo por recursos será a norma geopolítica. Um capitalismo “de feudos” formado por estados “ecofascistas” em busca de recursos, onde a maior parte das classes populares fica excluída e desprotegida.

Geopolítica atual, um eco a ser levado em conta nas lutas de base. Foram identificados vários pontos recorrentes sobre a situação internacional atual e os movimentos dos estados que indicam a decadência globalista tutelada pelos EUA. O maior peso econômico dos BRICS está superando a hegemonia mundial dos EUA, as estruturas internacionais criadas para dar legitimidade aos interesses imperialistas ocidentais perderam força, começa a se impor uma geopolítica de dois blocos que leva a uma maior pressão belicista sobre territórios de fronteira ou ricos em recursos. No entanto, este novo bloco, que desde algumas posições políticas é visto como “esperançoso”, não traz nada novo, continua baseando sua força na exploração capitalista das pessoas e do meio ambiente, além de se esquecer do sofrimento dos povos em todo este jogo.

Sobre esta questão geral, surgiram opiniões sobre se a militância também deve estar atenta a estas questões geopolíticas, quando nosso trabalho fundamental se baseia em atender a realidade operária mais próxima e imediata para abordar a luta a partir dessa base. E sendo evidente que deve ser assim, não podemos deixar de acompanhar os movimentos globais de forma atenta, porque suas tendências finalmente se transformam nas consequências mais próximas; levar em conta o devenir autoritário global pode nos ajudar a estar um pouco mais preparadxs, é em parte a ideia desta Conferência.

A decadência cultural. Houve concordância majoritária de que um sintoma do processo de colapso do sistema é a involução cultural. O triunfo do individualismo impulsionado pelas últimas décadas do capitalismo de consumo, junto com as novas tecnologias de comunicação, desenham um perfil social padrão baseado no egoísmo, na autorrealização e no hedonismo, onde os valores comunitários se perderam quase completamente, empurrando a sociedade para uma desorientação ética e moral que afeta as interações entre pessoas, já que o utilitarismo é o motor das novas relações humanas. A solidão, a depressão, a ansiedade, etc., são consequências da falta de inter-relação coletiva; os afetos, as empatias, os cuidados, o apoio, a solidariedade… se encontram tangivelmente nas relações coletivas. Os partidos políticos sufragistas e os sindicatos de estado também contribuíram para o individualismo ao absorver as reivindicações dos grandes movimentos de classe para a ação delegada, que não tardou a trocar o ideal emancipador pelo possibilista.

Sob este individualismo e a instabilidade econômica geral, dão-se as condições adequadas para a proliferação do populismo reacionário atual, onde a superficialidade de suas ideias se impõe como referente cultural, e é a partir dessa posição que abordam a tomada política. A crítica anticapitalista e antiestatalista ficou para trás na corrida cultural, primeiro ante o reformismo progressista e agora ante os criadores de opinião midiáticos, e no entanto é a proximidade com as práticas anarquistas o que mudaria completamente o rumo para o precipício em que nos encontramos.

O Apoio Mútuo como defesa. Sob um panorama político mais autoritário, repressivo e hierárquico, o Estado será cada vez mais militar e menos social, e previsivelmente sustentado por grupos neofascistas nas ruas, como já começa a ser observado atualmente. Este processo intimidatório que hoje está se concentrando principalmente na migração, e em coletivos LGBTIQ+, feministas, ou na condição de indigência, não tardará a superar o identitário ou o eventual para se centrar no vínculo geral, a pertença à classe operária, sobretudo se, chegando o momento, as reivindicações operárias perturbarem a hegemonia das classes dominantes. No conjunto, o que hoje são sinalizações, desumanizações ou escaramuças, se converterão cada vez mais em atos organizados de violência contra a classe operária e sua heterogeneidade.

A ação anarcossindicalista, que foi empurrada para a marginalidade pelo sindicalismo de estado e o reformismo em geral, se apresenta novamente como a melhor forma possível de organização coletiva ante as interferências reacionárias, já que seus componentes de Apoio Mútuo e Solidariedade se prestam à unidade de ação e resposta. Abrir estas formas de atuar a outros coletivos, agrupações ou pessoas não militantes entre as classes populares deve ser um objetivo dentro da autodefesa para chegar a certa capacidade de resposta ante qualquer agressão. As alianças ou vínculos devem surgir a partir do território, do bairro ou da cidade, no calor das lutas em defesa dos espaços e direitos coletivos atacados pelo capital-Estado (habitação, justiça social e ambiental, saúde, consumo necessário…) sob uma base mínima, a Assembleia, sem partidos nem aparatos corporativos, para conseguir uma Rede de Apoio Mútuo, estável e ampla em cada zona, que possa contra-atacar ofensivas e passar à ofensiva sobre as reivindicações operárias mais profundas.

A necessidade de ruptura com o capitalismo, o Estado e seus diferentes mecanismos de consenso social e de canalização dos conflitos, neutralização e integração, na verdade responde a uma crise cultural, que se baseia em uma falta de referentes e valores para a classe trabalhadora.

Neste sentido, a divulgação anarquista e anarcossindicalista se adaptou aos tempos, gerando todo tipo de conteúdos em diferentes formatos de divulgação para chegar a todos os níveis culturais da classe trabalhadora.

Diante do estado de emergência, subversão organizada. O Estado demonstra com cada catástrofe sua incapacidade de atender as necessidades imediatas das afetadas, apesar de o reformismo aludir à sua função de protetor; ele não está desenhado para tal fim, é um complemento introduzido após o desastre da primeira metade do século XX, mas que vai desaparecendo à medida que o capital reclama mais espaço. A função primordial do Estado é manter a ordem do privilégio, por isso sua matriz fundamental permanece inalterável (forças de ordem e sistemas punitivos) e assim continuará durante o processo de colapso, mas a parte protetora seguirá se debilitando. É necessário organizar as respostas às pequenas e grandes emergências que a instabilidade capitalista atual seguirá provocando cada vez com mais frequência.

Não se trata de nos organizarmos de forma preventiva, trata-se de fazer ao mesmo tempo que se vive, de gerar e estabilizar espaços autogeridos que cubram necessidades (coletividades de consumo ou trabalho agrícola, espaços de intercâmbio, etc.) junto com nossas vizinhas e vizinhos, companheiras e companheiros de trabalho, ou apoiar projetos deste tipo já criados, e a partir daí organizar e socializar a subsistência para que, aconteça o que acontecer, tenhamos certa autonomia e capacidade de resposta. Se a esta possibilidade se soma a ação do Apoio Mútuo organizado, podem-se chegar a planteamentos expropriadores de profundidade quando a necessidade apertar.

Desde o anarcossindicalismo e o anarquismo organizado se devem propor estas análises gerais entre a militância ante as perspectivas vindouras. Nesta Conferência de Militantes, apontamos majoritariamente para a necessidade de atender a vínculos sociais comuns e a partir daí construir a necessária subversão desta época.

cntaitalbacete.es

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

uma pétala de rosa
no vento
ah, uma borboleta

Rogério Martins

[Reino Unido] Enfrentando aqueles que reivindicam a bandeira

Para resistir à normalização, precisamos de um trabalho de base duradouro com as comunidades atacadas e de espaços para a elaboração de estratégias abertas.

Blade Runner ~

No sábado, 13 de setembro, entre 110 mil e 150 mil pessoas foram às ruas em resposta ao chamado de Tommy Robinson, uma mobilização enquadrada como uma defesa da “liberdade de expressão”, mas impregnada de retórica nacionalista branca, islamofóbica e anti-imigrante. Diz-se que foi o maior protesto de extrema direita da história.

Na manifestação, juntaram-se a ele simpatizantes internacionais: Elon Musk apareceu por videoconferência, pedindo a demissão do governo e a dissolução do parlamento. Éric Zemmour, o político francês de extrema direita, invocou o mito da “grande substituição” em termos abertamente islamofóbicos.

A multidão marchou desde a South Bank e a ponte de Westminster até Whitehall, mas o fluxo de pessoas rapidamente se tornou avassalador. Milhares permaneceram na ponte e na Parliament Square, enquanto outros se congregaram na Trafalgar Square. A polícia passou a maior parte do dia canalizando e dispersando a multidão.

Os cantos eram dirigidos a migrantes e a Keir Starmer; Seven Nation Army foi adaptada para cantar “Keir Starmer é um imbecil” junto com o lema cooptado “De quem são as ruas? Nossas ruas”. Bandeiras do Reino Unido e cruzes de São Jorge estavam por toda parte, junto com bandeiras dos EUA e de Israel.

Esta mobilização segue um verão de indignação racista, coordenada online, amplificada especialmente por políticos trabalhistas e legitimada pela cobertura midiática. Já em junho, Londres recebeu uma manifestação massiva sob a bandeira “Football Lads Against Grooming Gangs / For Our Children” (Rapazes do Futebol Contra Gangues de Aliciamento / Por Nossas Crianças), outra marcha abertamente racista na qual um pequeno bloco antifascista foi encurralado “para sua própria proteção”.

No contraprotesto de sábado, cerca de 20 mil pessoas, organizadas por sindicatos locais e grupos de base, marcharam após uma concentração em Russell Square e terminaram atrás do palco da extrema direita. Elas foram cercadas e praticamente encurraladas por horas, com multidões hostis pressionando as linhas policiais. Um pequeno bloco negro ficou preso atrás das linhas da extrema direita antes de recuar para o bloco de esquerda. Garrafas de cerveja e outros projéteis foram lançados contra o lado antifascista.

A magnitude do protesto, impulsionado por trens e ônibus, inicialmente pegou a polícia de surpresa. Ao final do dia, a Polícia Metropolitana informou que 26 agentes ficaram feridos, quatro deles gravemente, e pelo menos 25 prisões por agressão e distúrbios violentos, a maioria contra participantes de extrema direita que tentavam romper os cordões. Os blocos antifascistas foram finalmente escoltados através de corredores estreitos no meio de multidões hostis.

Enquanto grande parte da esquerda se esconde atrás de suas rotinas, campanhas de causa única e ciclos de esperança eleitoral, derrota e desilusão, anarquistas e antiautoritários continuam se mobilizando, mas sem as estruturas necessárias para elaborar estratégias e construir resiliência. Assembleias abertas são escassas. Com demasiada frequência, desconectados das comunidades não brancas e marginalizadas nas quais deveríamos estar enraizados, nos apresentamos como atores externos.

Não podemos nos dar ao luxo de simplesmente reagir. A extrema direita está sendo normalizada como parte de uma estratégia nacional mais ampla de contrainsurgência. O Brexit e o mito da “invasão” são oferecidos de cima como a resposta à crescente lacuna entre os excluídos e as zonas de conforto do consumidor. Não se trata de força, mas de medo: uma classe dominante atormentada por revoltas passadas que luta para evitar o colapso do sistema com repressão interna e guerra no exterior.

Nesta situação, nossa tarefa é construir laços de confiança com as comunidades mais atacadas e forjar espaços de rejeição onde possamos elaborar estratégias abertamente e discordar sem nos fragmentar.

Precisamos de estruturas locais de defesa e apoio mútuo que perdurem além dos ciclos de notícias, enraizadas na vida cotidiana e não apenas no espetáculo. E precisamos da coragem de enfrentar não apenas o fascismo nas ruas, mas também o sistema mais amplo que o alimenta.

Sem esta base, a extrema direita continuará a dominar o espaço público e as ruas. Com ela, a próxima ruptura poderia abrir a oportunidade de atacar as raízes do próprio sistema.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/09/15/facing-down-the-flagshaggers/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

manhã
me ilumino
de imensidão

Giuseppe Ungaretti

Notícias sobre a repressão na Indonésia

Em resumo, em todo o país, 5.444 pessoas foram presas por causa da revolta. 583 estão sob investigação. Esse é o relatório recente da instituição de assistência jurídica [www.lbhbandung.or.id]. Em 3 de setembro, a mesma organização jurídica de esquerda divulgou informações de que 3.337 pessoas haviam sido presas, então podemos ver que a repressão está ganhando força. Centenas de anarquistas foram presos.

A unidade antiterrorista indonésia “Densus 88” é basicamente um esquadrão da morte e foi ativada pelo governo. A “Densus 88” está agora caçando os círculos insurrecionalistas anarquistas, niilistas e egoístas e se concentrando nos presos. Eles tentarão acusar os companheiros já presos e os procurados por terrorismo, o que será difícil de provar em tribunal, mas a repressão pode ser sangrenta e pedimos atenção internacional e solidariedade revolucionária. A unidade antiterrorista está oficialmente caçando o mesmo círculo em Makassar. É assim que o Estado indonésio tenta criar um clima de paranoia, o que não será muito bem-sucedido.

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agência de notícias anarquistas-ana

Nem heróis, nem vilões –
somos rede de vozes
tecendo o possível.

Liberto Herrera

[Cuba] Prisioneiros são forçados a trabalhar como escravos para produzir exportações para a Europa

Dezenas de milhares de prisioneiros estão sujeitos a trabalhos forçados, produzindo bens, como o carvão e charutos, para exportação.

Nas prisões cubanas, dezenas de milhares de reclusos são alegadamente submetidos a trabalhos forçados para a produção de bens de consumo destinados não só à economia interna, mas também à exportação, nomeadamente para a Europa.

A revelação está num relatório da ONG Prisoners Defenders, publicado esta segunda-feira (15/09). O relatório baseia-se em documentos oficiais de Cuba, verificados pelo Institute for Crime and Justice Policy Research da Universidade Birkbeck de Londres, em investigações no terreno e em testemunhos de atuais e antigos reclusos.

Dos 90.000 reclusos e 37.458 condenados a cumprir penas de prisão em regime aberto identificados na ilha, o relatório estima que 60.000 – incluindo presos políticos – estejam sujeitos a trabalhos forçados, em condições próximas da escravidão.

O relatório apresenta uma panorâmica pormenorizada de um sistema de trabalho forçado em grande escala, organizado no âmbito de uma rede de 242 estabelecimentos penitenciários, incluindo prisões tradicionais, mas também os chamados “centros correcionais”, “campos” e “fazendas”.

As tarefas impostas aos prisioneiros são variadas e vão desde o trabalho agrícola, industrial e de construção até à coleta de lixo e à limpeza de ruas, hospitais ou delegacias de polícia.

Os testemunhos apresentados no relatório descrevem condições de trabalho penosas e um cotidiano repleto de privações, assédio e violência, tudo sob vigilância apertada.

“Obrigam-nos a trabalhar de manhã à noite, sob um sol escaldante, sem água nem comida suficientes. Se nos recusarmos, a violência é imediata. Vários dos meus colegas desmaiaram de exaustão, outros foram encerrados na solitária durante dias, só por terem falado”, recorda Jorge, um antigo preso político.

“Trabalhar descalço nos canaviais, à chuva e ao calor, é como ser escravo”, diz Maria, ex-reclusa de direito comum. “Não há indenização, não há respeito. É uma vida de sofrimento em que todos os dias nos perguntamos se vamos conseguir.”

Para além da falta de ferramentas adequadas e de condições mínimas de segurança, que resultam em numerosos ferimentos, uma grande maioria das testemunhas relata uma grave deterioração da própria saúde em resultado do trabalho forçado e da falta de cuidados médicos.

Algumas das atividades mais árduas impostas aos prisioneiros incluem a produção de cana-de-açúcar e, sobretudo, de carvão vegetal a partir da madeira de marabu, o principal produto agrícola produzido pelos prisioneiros, afirma o relatório.

“Para produzir o carvão, dormimos no campo, sem cama nem teto. Temos de construir cabanas improvisadas e só podemos dormir em cima de fardos de palha… Só podemos beber água suja de um bebedouro ou das vacas da fazenda vizinha”, confidenciou um recluso.

Carvão e charutos, um negócio opaco na prisão

Esta produção destina-se, em grande parte, à exportação, refere o estudo.

De acordo com o relatório da Prisoners Defenders, que cita dados do Observatório da Complexidade Económica (OCE) e do Banco Mundial, em 2023, “o carvão vegetal produzido por trabalho escravo foi o sexto produto mais exportado por Cuba”, tornando-se o nono maior exportador de carvão vegetal do mundo.

Os principais destinos incluem Espanha, Portugal, Grécia, Itália e Turquia, com o carvão vegetal produzido nas prisões cubanas presente em todos os países europeus, segundo as conclusões do relatório.

Outro sector lucrativo do comércio nas prisões envolve o tabaco, mais especificamente, a produção dos icónicos charutos Habanos.

“O trabalho forçado afeta o setor cubano de produção de tabaco e charutos de Havana, controlado pela Tabacuba, numa forma mista de trabalhadores civis especializados e prisioneiros sujeitos a trabalho forçado”, afirmou a Prisoners Defenders, com base em numerosos testemunhos e numa auditoria a sete prisões cubanas.

O relatório cita o exemplo da fábrica de charutos da prisão de alta segurança de Quivicán, onde trabalham 40 reclusos, supervisionados por dois civis especializados.

Os presos trabalham até 15 horas por dia, exceto aos domingos à tarde, sem pausas nem lanches. Recebem pouco mais de 6 euros por mês, contra cerca de 100 euros dos trabalhadores que não fazem parte do efetivo prisional.

De acordo com as informações recolhidas pela ONG, as fábricas de charutos situadas em muitas prisões cubanas são responsáveis por uma grande parte da produção de charutos cubanos para exportação.

A União Europeia é o maior mercado. A produção prisional de charutos cubanos, tal como o carvão vegetal de marabu, representa um negócio muito lucrativo para o governo cubano, cujas margens brutas são de quase 100% nas exportações para a Europa, sublinha o relatório.

Acabar com o silêncio internacional

É também um negócio lucrativo para os distribuidores e importadores estrangeiros, sobretudo europeus, que se beneficiam direta ou indiretamente do trabalho dos prisioneiros cubanos.

A opacidade das cadeias de abastecimento e dos canais de distribuição, que por vezes passam por subsidiárias ou parceiros comerciais locais, dificulta a rastreabilidade dos produtos e, consequentemente, a responsabilização das empresas estrangeiras.

A Prisoners Defenders pede à comunidade internacional que atue para pôr fim ao trabalho forçado, que é proibido pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, pela Organização Internacional do Trabalho e pela Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

Entre as medidas concretas recomendadas pela ONG estão o estabelecimento de um embargo direcionado aos produtos fabricados com trabalho forçado, em particular os exportados para a Europa, e a suspensão de quaisquer acordos comerciais ou de cooperação com Cuba enquanto o trabalho forçado persistir.

Mas, se tal não acontecer, as linhas de ação mudaram no seio das instituições europeias. Em novembro passado, o Conselho Europeu adotou um regulamento que proíbe a colocação no mercado, importação e exportação na União Europeia de produtos fabricados com recurso a trabalho forçado, independentemente do país de origem.

Este regulamento, que entrou em vigor em dezembro de 2024, está longe de ser concretizado. Os Estados-membros têm até dezembro de 2027 para começar a aplicá-lo.

Fonte: agências de notícias

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Sob a garoa fria
Vagam pelas ruas vazias
Um velho e o cão.

Hazel de São Francisco

[Rússia] Justiça de Putin condena integrantes do Pussy Riot à prisão por criticarem a guerra na Ucrânia

Cinco artistas receberam penas de 9 a 13 anos de reclusão; elas são acusadas de espalhar “informações falsas” sobre o regime de Putin

Cinco integrantes da banda feminista russa Pussy Riot foram condenadas nesta segunda-feira, 15/09, pelo Tribunal de Basmanny, em Moscou, acusadas de protestar contra as operações militares da Rússia na Ucrânia. A decisão foi tomada sem que o grupo tivesse direito à defesa.

Segundo o jornal Mediazona, Maria Alyokhina, Taso Pletner, Olga Borisova, Diana Burkot e Alina Petrova foram condenadas por disseminação de “informações falsas” sobre o exército russo e por cometer “atos obscenos” com o retrato do presidente Vladimir Putin. A Justiça russa alega que as ativistas espalharam fake news sobre o governo e sobre a incursão militar sobre a Ucrânia, que já dura três anos, em um videoclipe de dezembro de 2022 intitulado “Mamãe, não assista TV”.

Já a segunda acusação tem a ver com uma apresentação do grupo feita em Munique, na Alemanha, em abril de 2024, em que uma das integrantes urinou em uma foto do líder russo. As cinco receberam penas que vão de nove a 13 anos de cadeia. As sentenças devem passar a valer quando as rés forem extraditadas para a Rússia. 

O jornal The Moscow Times informou que as defesas das cinco jovens rejeitam as acusações, alegando que as sentenças foram motivadas por uma perseguição política.

Fonte: agências de notícias

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agência de notícias anarquistas-ana

Vidraça quebrada –
o reflexo do opressor
se esvai em estilhaços.

Liberto Herrera

[Alemanha] Ataque ao Consulado Honorário da Indonésia

Na noite de segunda-feira (15/09), anarquistas picharam tinta preta em uma extensão de aproximadamente 30 metros na entrada e nas paredes externas do Consulado Honorário da Indonésia, no distrito de Überseestadt. Segundo a imprensa local, eles escreveram “Tantang Tirani” na parede.

Autoridades estimam os danos em cerca de € 5.000. A área de entrada e as paredes externas do Consulado Honorário da Indonésia foram pichadas. Além do ataque, uma carta reivindicando a responsabilidade foi publicada online, a qual a polícia está analisando. Segundo a carta, “Tantang Tirani” significa “combater a tirania” em inglês.

A Indonésia testemunhou recentemente protestos antigovernamentais em massa. Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram na capital, Jacarta, e em outras partes do país contra a introdução de altos subsídios para membros do parlamento – enquanto, ao mesmo tempo, medidas fiscais e inflação sobrecarregam muitos cidadãos.

agência de notícias anarquistas-ana

Sem juízes, sem leis –
o conflito se resolve
em olhos nos olhos.

Liberto Herrera

A Lição da Rua: Por Que os Evangélicos Estão na Frente?

Recentemente saí para caminhar, era domingo e chovia levemente. O asfalto reluzia sob a luz tênue das seis horas da manhã, e a cidade, ainda adormecida, pertencia aos desassistidos e aos fervorosos religiosos. Foi quando os avistei: uma pequena banca improvisada onde quatro indivíduos, ensopados e determinados, distribuíam panfletos e literatura evangélica. Aquela cena, aparentemente corriqueira, impactou minha consciência. Enquanto aqueles seguidores de Cristo, munidos apenas de sua fé, ocupavam as ruas em um horário em que a maioria de nós ainda repousa, questionei-me: onde estão os nossos?

Ora, onde estão os anarquistas? Onde estão aqueles que defendem a libertação “mundana”, e não uma salvação ultraterrena? Nós, que deveríamos ser a voz audível nas comunidades periféricas, nos aglomerados subalternos, entre os relegados deste sistema, frequentemente nos confinamos em coletivos restritos, em debates teóricos infindáveis e em redes sociais que ecoam apenas para nosso próprio grupo. Enquanto isso, os evangélicos, com sua mensagem de conformidade e resignação, estão presentes. Eles compreendem o que nós, em nossa arrogância vanguardista, negligenciamos: a transformação social não se efetiva apenas por meio de textos complexos, mas mediante presença constante, contato humano direto e capilaridade efetiva.

Essa capilaridade, camaradas, não é alheia ao anarquismo! Fomos nós que, no suor das fábricas e na privação dos bairros operários, estabelecemos escolas livres, sindicatos de resistência e iniciativas mutualistas. Estivemos ao lado do povo, não como salvadores, mas como companheiros de luta. Nossa ideologia florescia no solo fértil da necessidade concreta. Esse espaço, conquistado com esforço pela classe trabalhadora, foi paulatinamente abandonado por nós e avidamente ocupado por duas forças perniciosas: os fundamentalistas religiosos e a nova direita reacionária.

Os pastores e seus seguidores oferecem um ópio moderno, uma promessa de recompensa pós-morte em troca de submissão na vida presente. Eles colonizam as mentes dos marginalizados, incutindo-lhes a aceitação da fome, da violência e da exploração, sob a alegação de que seu reino não é deste mundo. Paralelamente, os propagandistas da nova direita, com sua retórica anti-sistema espúria e seu nacionalismo tóxico, canalizam a ira legítima do povo para o ódio ao diferente, ao imigrante, ao pobre ainda mais vulnerável. Eles oferecem bodes expiatórios, enquanto nós oferecemos, muitas vezes, apenas discursos digitais?

Trata-se de uma falha histórica! Deixamos o campo aberto para que o adversário doutrine nossos irmãos de classe. Enquanto nos perdemos em disputas doutrinárias e em um purismo ideológico que não dialoga com a linguagem popular, eles distribuem sopa, consolo alienante e um senso de comunidade – ainda que seja uma prisão dourada. Eles fornecem respostas imediatas, ainda que ilusórias, para problemas prementes. Nós, não raro, oferecemos apenas ausência e silêncio.

Basta de lamentações! Aquele grupo na chuva de domingo pela manhã é a lição mais evidente que poderíamos receber. Eles não são mais potentes, são mais dedicados à sua causa – por mais nefasta que seja. A rua convoca-nos. A periferia reclama nossa presença. É hora de abandonarmos o conforto do gueto militante e ir até onde o povo está. Não para pregar, mas para ouvir, para organizar, para apoiar lutas concretas, para reconstruir a confiança erosionada. A ação direta, o mutualismo, a educação popular são nossos instrumentos. Precisamos estar lá, incondicionalmente, não para distribuir panfletos de salvação, mas para edificar, coletivamente, a liberdade aqui e agora. A rua é nossa! Resta-nos, tão somente, reassumi-la.

Liberto Herrera.

agência de notícias anarquistas-ana

morro alto
sobre o som do mar
o som do grilo

Ricardo Portugal

[Alemanha] Em Berlim, sabotagem a complexo militar causou grande apagão

Um apagão paralisou por várias horas a zona sul de Berlim ontem. O incêndio criminoso — de acordo com as primeiras investigações da polícia — de duas torres de alta tensão deixou casas e lojas sem energia, totalizando 40 mil conexões. O complexo militar-industrial localizado no bairro de Adlershof, um dos maiores parques tecnológicos da Europa, também foi forçado a parar.

A sabotagem foi rapidamente reivindicada por “alguns anarquistas”, que assinaram um comunicado publicado no Indymedia, onde se lê: “Pedimos aos residentes afetados que sejam indulgentes, não era de forma alguma nossa intenção. No entanto, consideramos este dano colateral justificável, em contraste com a destruição da natureza e a submissão muitas vezes mortal das pessoas, da qual muitas das empresas sediadas aqui são responsáveis dia após dia”.

A partir das três da manhã de terça-feira, milhares de residências e estabelecimentos comerciais em Berlim ficaram sem energia, com falhas nos serviços relatadas durante a maior parte do dia. Com semáforos e bondes inoperantes, o tráfego entrou em colapso, dificultando a circulação. Durante várias horas, o parque tecnológico de Adlershof, na zona sul da capital alemã, deixou de funcionar. O complexo militar-industrial estende-se por uma área de 4,6 quilômetros quadrados, abrigando mais de 1.300 empresas e institutos de pesquisa dedicados a diversos setores, incluTI, robótica, biotecnologia, aeroespacial, inteligência artificial e armamentos. Aparentemente, o parque tecnológico de Adlershof teria sido alvo de uma sabotagem realizada por anarquistas, que reivindicaram o incêndio das duas torres que causou o apagão em Berlim.

“Os seus slogans publicitários de inovação, sustentabilidade e progresso — lê-se na carta assinada por ‘alguns anarquistas’ e publicada no Indymedia — não são mais do que uma manobra enganosa para distrair do fato de que, na realidade, constroem instrumentos de morte e destruição. Cada modelo de negócio presente no parque tecnológico de Adlershof funciona como estabilizador do sistema e é, além disso, um produto de interesses militares. As suas tecnologias são a garantia da sobrevivência da máquina capitalista da morte. Portanto, são todos alvos da nossa ação”. A polícia alemã confirmou a natureza criminosa do incêndio e está investigando as declarações dos anarquistas.

A sabotagem do complexo militar-industrial berlinense não é um caso isolado. Na Europa, aumentam os casos semelhantes, especialmente em apoio ao povo palestino e contra Israel, que continua a receber armas de parceiros europeus, incluindo a Alemanha — líder no continente e atrás apenas dos Estados Unidos em carregamentos militares vendidos ao Estado judeu.

Fonte: https://www.lindipendente.online/2025/09/10/a-berlino-il-sabotaggio-del-complesso-militare-ha-causato-un-grande-blackout/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Um alegre toque
na fria tarde do bosque —
Flores de ipê roxo.

Alberto Murata

[EUA] Artista indígena corrige mural racista na Piedmont Avenue

Atualizações no mural incluíram representações da resistência indígena à violência colonial

O mural racista na rua 41st e na Piedmont Avenue, em Oakland, foi finalmente corrigido. Os vizinhos se abraçaram de alegria ao comemorar a alteração artística, que incluiu representações da resistência indígena à violência colonial. Intitulado “A Captura do Sólido, Fuga da Alma”, o mural foi originalmente pintado pelo artista não indígena Rocky Rische-Baird em 2006, sob protestos ruidosos e persistentes da comunidade indígena local.

O mural foi alterado com recortes de papel e tinta vermelha para retratar flechas sendo disparadas contra os colonizadores, e para retratar o resultante derramamento de sangue.

Após décadas de protestos liderados por indígenas, o mural ganhou notoriedade novamente no noticiário local após a divulgação de que a administradora imobiliária SG Real Estate Co. prometeu removê-lo. A figura central do mural, um homem nu, retrata uma imagem estereotipada de um “índio” e é considerada por muitos como culturalmente insensível e ofensiva. Quando a comunidade em geral tomou conhecimento da notícia, muitos condenaram a possível remoção da obra, reduzindo críticas culturais válidas feitas por povos indígenas a uma controvérsia sobre nudez pública.

Fonte: https://www.indybay.org/newsitems/2025/09/11/18879765.php

Tradução > Lagarto Azul / acerto trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

vôo de borboletra
do mundo das coisas
pro mundo das letras

Alexandre Brito

[Grécia] Manifestação pelo 12º aniversário do assassinato do antifascista Pavlos Fyssas

12 ANOS DO ASSASSINATO DO ANTIFASCISTA PAVLOS FYSSAS

Que foi morto pela facada do fascista Roupakias em 18 de setembro de 2013, após um ataque de um batalhão de assalto paraestatal do A.A [Aurora Dourada].

VAMOS ESMAGAR O FASCISMO E O SISTEMA ESTATAL E CAPITALISTA QUE O GERA E O ALIMENTA

Sem ilusões de que o Estado e o paraestado possam ser derrotados por meio de instituições, parlamentos e tribunais, a luta antifascista não pode deixar de ser parte da luta geral contra o Estado e o capital.

NEM FASCISMO, NEM DEMOCRACIA,

ORGANIZAÇÃO E LUTA PELA ANARQUIA

MANIFESTAÇÃO ANTIFASCISCA-ANTIDEMOCRÁTICA-ANTICAPITALISTA

Quinta-feira, 18 de setembro, Keratsini (Atenas), Pavlou Fyssa 60, 17h30

agência de notícias anarquistas-ana

É quase nada
a cara da libélula:
somente olhos.

Chisoku

Prisioneiro anarquista libertado da Bielorrússia

O regime deportou 52 prisioneiros políticos em troca de alívio nas sanções

Nikita Ivansky ~

O anarquista Nikolai (Mikola) Dziadok estava entre os 52 prisioneiros políticos libertados e deportados da Bielorrússia para a Lituânia em 11 de setembro último, após negociações entre o ditador Alexander Lukashenko e o enviado dos EUA, John Colae. Em troca, os EUA suspenderam as sanções contra a companhia aérea estatal Belavia e renovaram os apelos para reabrir a embaixada em Minsk, uma das maiores libertações de prisioneiros desde a revolta de 2020.

Dziadok enfrentava até 13 anos de prisão pela acusação de organizar a “Ação Autônoma Bielorrússia”, considerada pelo regime como grupo criminoso. Após cumprir 5 anos de pena, de 2010 a 2015, foi um dos últimos presos do período a ser perdoado. Embora a sua libertação estivesse prevista para abril, um novo processo foi aberto contra ele, prolongando a detenção em condições de tortura e isolamento quase total.

Como outros dos libertados, Dziadok foi levado de ônibus da fronteira da Lituânia e expulso. Oficiais da KGB bielorrussa rasgaram o seu passaporte, como fizeram com diversos prisioneiros naquele dia, deliberadamente complicando as suas vidas no exílio. A maioria dos deportados não têm estatuto legal na União Europeia, embora a Lituânia tenha concedido vistos temporários a eles.

Os anarquistas do grupo bielorrusso Pramen descrevem as deportações como “uma nova punição: em vez de tempo na cadeia, enfrentam, agora, exílio por tempo indeterminado em países da União Europeia. O regime de Lukashenko está tentando se livrar não só dos prisioneiros, mas das suas famílias, filhos e pessoas próximas, forçados a sair da Bielorrússia depois de 5 anos lutando contra as prisões”.

Nem todos aceitam o acordo. O líder da oposição, Mikola Statkevich se recusou a sair da Bielorrússia ao ser levado à zona “neutra” de fronteira, conforme relatório revelador de agentes da KGB: “Não me importa o seu líder Kolkhoz”, em alusão ao passado soviético de Lukashenko. Passadas muitas horas, homens mascarados o levaram de volta à Bielorrússia. O seu destino é desconhecido.

Diálogos sobre troca de prisioneiros políticos por sanções circularam por meses. Círculos liberais de oposição no exílio até discutem um acampamento temporário na Lituânia para hospedar futuros libertos. Hoje, na Bielorrússia, mais de 1300 continuam aprisionados, incluindo 24 anarquistas e antifascistas.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/09/12/anarchist-prisoner-released-from-belarus/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

de momento em momento
tudo que eu digo
se choca com o vento

Camila Jabur

[Espanha] Reflexões sobre as propostas anarquistas (ou libertárias ou autogestionárias ou como queiramos chamá-las)

Por Capi Vidal

Lanço algumas reflexões sobre as propostas anarquistas no século XXI, tentando fugir de clichés e distorções, e recordando a visão libertária sobre uma autogestão social na qual, como não poderia ser diferente, a solidariedade é um valor inegociável. Nunca é demais, diante do que vemos, esclarecer muitas coisas sobre o anarquismo, sem que minhas palavras sejam tomadas como definitivas (são reflexões baseadas em um conhecimento, obviamente limitado, mas sempre realizadas diante de um horizonte libertário). É preciso aceitar que, se formos rigorosos com a etimologia da palavra anarquismo (“ausência de princípio”), o tema parece convidar à polêmica desde o início. Como é lógico, o anarquismo não nega de forma alguma o poder, mas sim sua concentração; nem mesmo se pode dizer que seja contra o poder político, mas sim contra o Estado, ou seja, contra aquela concentração de poder que implica uma divisão rígida entre quem manda e quem obedece. O mesmo ocorre com a ideia de autoridade, que não é negada pelo anarquismo, pois reconhece uma autoridade natural baseada no saber e na capacidade dos indivíduos.

Portanto, desmontamos esses clichés (pobres, baseados no desconhecimento ou destinados a desacreditar as ideias libertárias): em nenhum caso se nega a autoridade e o poder por si só. Lembremos, em primeiro lugar, que nas sociedades chamadas “primitivas”, onde não existia o Estado, existia o poder político e a autoridade, entendida como simples competência; quem mais sabe sobre um assunto exerce sua autoridade, mas sempre de forma parcial, temporária e sem que isso implique qualquer dominação sobre a execução da tarefa social em si (ou seja, a autoridade começa e termina na própria tarefa, como pode ser a caça ou a construção de uma casa).

Atenção: dito isso, não quero que esta reflexão seja confundida com qualquer tendência primitivista ou reacionária no anarquismo. Se observamos sociedades do passado, é precisamente por sua confiança em modos de vida e organização melhores. Existe confiança, esperança ou otimismo, se quisermos definir assim, de que as relações humanas podem e devem melhorar. Portanto, há um projeto radical para transformar a sociedade que, obviamente, nada tem a ver com o autoritarismo. Na verdade, é lógico pensar que muitos pensadores contemporâneos, embora próximos do anarquismo, têm sido cautelosos em proclamá-lo devido à influência perniciosa do socialismo autoritário. Este contribuiu enormemente para que muitas pessoas vejam qualquer ideia radical e utópica como um perigo para a humanidade; acredito que os reacionários e conservadores, de um tipo ou outro, se beneficiaram disso.

Não deveríamos temer ser chamados de ingênuos ou mesmo crédulos, nós anarquistas; o verdadeiro crédulo e lamentável, além de conformista e tolo, é acreditar que o mundo deve permanecer como está. Os anarquistas sempre foram e são os grandes inimigos de todo autoritarismo, por isso não podemos permitir que o liberalismo invoque esse perigo para justificar o status quo. O anarquismo, apesar de ter convicções claras sobre a humanidade, rejeita qualquer forma de dogmatismo, algo que se resume muito bem nesta frase de Malatesta: “Eu acredito na infalibilidade da ciência tanto quanto na infalibilidade do Papa”. É por isso que a vigência do anarquismo é, podemos dizer, atemporal; suas propostas, entendidas como uma elevada aspiração moral das sociedades humanas, nunca podem ser consideradas ultrapassadas. O anarquismo se baseia, em grande medida, na afirmação de valores éticos que são supra-históricos.

O projeto radical do anarquismo pode ser resumido na seguinte mudança de paradigma: a vinculação entre ética e política. Nas sociedades contemporâneas, e há vários séculos, há uma clara separação entre esses dois campos. É um projeto difícil, muito difícil, nunca se negou isso, mas sua construção começa aqui e agora, na sociedade em que estamos, e não há negociações de classe que transgridam esses valores. Entenda-se: não estou falando de incoerências, provavelmente inerentes ao ser humano e até muito saudáveis quando ocorrem (deixemos a perfeição e o fundamentalismo para outras ideias), mas sim de um projeto ético e político com propostas e convicções muito claras.

Aproveito para apontar o que considero uma falácia idealista: a necessidade da “mudança interior” do ser humano para transformar a sociedade. Não acredito que, de uma perspectiva libertária, devamos cair nesse idealismo simplório, mas sim nos esforçar pela mudança em todos os âmbitos, pois, do meu ponto de vista, trata-se de um processo de interação (uma vida amplamente moral do indivíduo só é possível se houver a moralização da sociedade). Traços anarquistas existem em muitos movimentos sociais, e a ausência de sectarismo fez com que não se limitassem ao mundo operário (embora, é claro, a autogestão econômica seja um objetivo principal). Se conseguirmos conectar todos esses movimentos antiautoritários (Redes Libertárias é um exemplo desse esforço), nos quais a solidariedade pode se tornar o valor principal, qualquer forma de autoritarismo encontrará verdadeiros obstáculos para se desenvolver. Apesar do desprestígio da palavra democracia, por motivos óbvios, eu acredito que o anarquismo está dentro de uma tradição democrática em um sentido muito profundo. A grande alternativa atual ao que hoje se chama democracia, que não passa de submissão às grandes oligarquias liberais, pode estar nesse projeto anarquista ou libertário: se quisermos, podemos chamá-lo, na economia, de socialismo autogestionário ou libertário, mas sem perder de vista o ideal anarquista no horizonte.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/07/18/reflexoes-sobre-as-propostas-anarquistas-ou-libertarias-ou-autogestionarias-ou-como-queramos-chamalas/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Algo de dança
nas algas,
quase canção dos corais.

Yeda Prates Bernis

[Grécia] 12 anos do assassinato do antifascista Pavlos Fyssas | Mobilizações em Atenas e Tessalônica

MORTE AO FASCISMO, AO ESTADO E AO CAPITALISMO
12 anos do assassinato do antifascista Pavlos Fyssas

Em 18 de setembro de 2013, um batalhão de assalto paraestatal do A.A. realizou um ataque assassino em Keratsini, do qual o antifascista Pavlos Fyssas caiu morto, esfaqueado no coração pelo membro do Aurora Dourada, G. Roupakias. O assassinato de Pavlos Fyssas foi mais um episódio sangrento na lista de ações assassinas da gangue paraestatal do A.A. contra ativistas anarquistas e de esquerda, sindicalistas, refugiados, imigrantes e espaços de luta ocupados e autogestionados. Diante da perspectiva de expressar a raiva social acumulada após o assassinato de P. Fyssas, o Estado encaminhou o A.A. a julgamento como uma organização criminosa, buscando se apresentar como o único órgão de justiça e garantidor da ordem social. Com o fiasco do julgamento, o “antifascismo” institucional tentou desvalorizar a luta antifascista, consolidar a teoria dos dois extremos e neutralizar tanto as ações de gangues neonazistas quanto o próprio Estado, o principal orquestrador dos ataques fascistas-paraestatais. Em outubro de 2020, o A.A. foi condenado como organização criminosa, a maioria das figuras importantes foi condenada por liderança e apenas 11 membros dos batalhões de assalto foram temporariamente presos, recebendo as penas mínimas. Em 15 de junho de 2022, teve início o julgamento do A.A., que deverá ser concluído – com alguns fascistas, no entanto, já tendo sido libertados da prisão devido às penas baixas.

No entanto, a festa da lavagem do Estado e da luta organizada antifascista não muda a realidade. O Estado e o capital sabem quem realmente enfiou os fascistas, seus fantoches leais, em seus buracos. Das barricadas de solidariedade internacionalista e das mobilizações antifascistas de todos os anos anteriores, aos locais de trabalho, escolas, universidades e bairros, as resistências sociais e de classe coletivas se opõem ao fascismo, que teimosamente continua a lutar contra o racismo, a intolerância, a repressão e a exploração do homem pelo homem e a erguer barreiras aos apetites do poder, do Estado e do capitalismo. Assim, nas atuais condições de crise sistêmica e no quadro do totalitarismo moderno, o sistema dominante de exploração mais uma vez convoca sua reserva essencialmente contrarrevolucionária (gangues fascistas, formações neonazistas, partidos de extrema direita, etc.) para funcionar como um freio contra aqueles que ainda resistem, para interromper as lutas sociais e de classe e para aterrorizar aqueles que continuam a participar delas.

É por isso que o fascismo não desapareceu para sempre com a condenação em primeira instância do A.A. Ele se aninha nas rachaduras que o sistema dominante de exploração causa na sociedade como um todo, por meio da difusão do ódio em todas as suas formas, para que, no momento certo, quando o Estado e o capital precisarem, possa aparecer e funcionar como um complemento a eles. Dos ataques de gangues fascistas a antifascistas e estruturas de luta e dos pogroms contra imigrantes; dos assassinatos estatais em delegacias de polícia daqueles que o Estado considera populações excedentes; da política anti-imigração mais ampla promovida em todo o Ocidente, por meio da negação de asilo, dos sequestros e deportações de refugiados e imigrantes, até sua prisão em campos de concentração e seu assassinato aos milhares nas águas sangrentas do Mediterrâneo; do acobertamento de estupradores e redes de tráfico; da criminalização da luta antifascista e antiestatal, da repressão a manifestações e greves, das remoções de ocupações, da perseguição a ativistas, ao apoio descarado, por parte dos Estados ocidentais, a Israel, máquina de morte definitiva e modelo de expansionismo e militarização modernos, buscando silenciar as vozes solidárias que demonstram o genocídio que atualmente ocorre na Palestina, Estado, capital e fascistas caminham de mãos dadas com o objetivo de aterrorizar os de baixo e esmagar todo centro de resistência e solidariedade.

Diante dos contínuos crimes de Estado contra a plebe e a natureza, da guerra e da barbárie que se pretende instaurar como o novo normal em todos os cantos do mundo, dos constantes ataques repressivos contra a luta anarquista, das ocupações e das resistências sociais e de classe até o reaparecimento das gangues fascistas, neonazistas e assassinas, e da propaganda dominante que promove o racismo, o nacionalismo e a intolerância, dando origem a crimes canibais, a única perspectiva realista, vista de baixo, é a organização e a luta pela Revolução Social. Sem ilusões de que o sistema de exploração e opressão possa ser embelezado, sem ilusões de que qualquer governo ou instituição estatal possa constituir uma barreira ao monstro do fascismo, propomos a solidariedade social e a ajuda mútua entre os oprimidos. Promovemos a organização de base, a humanidade, a ética anarquista, os valores atemporais da anarquia e do comunismo libertário, por um mundo de igualdade, justiça e liberdade.

CONTRA O ESTADO E A BARBÁRIE CAPITALISTA DA GUERRA, DO FASCISMO, DA EXPLORAÇÃO E DA REPRESSÃO

ORGANIZAÇÃO E LUTA PELA REVOLUÇÃO SOCIAL, ANARQUIA E COMUNISMO LIBERTÁRIO

PAULO VIVE,
NÃO ESQUECEMOS – NÃO PERDOAMOS

Manifestações antifascistas, antiestatais e antirrepressivas, quinta-feira, 18 de setembro

Atenas: Keratsini (Pavlou Fyssa 60), 17h30 | Tessalônica: Kamara, 18h00

Organização Política Anarquista – Federação de Coletivos

agência de notícias anarquistas-ana

Um sol transparente
e um mar azulão
brilhando na areia quente

Winston