Lula pacifista. Será?

Lula se diz “humanista”, “pacifista”, “paz e amor”, mas assistiu desfile militar na Rússia que envolveu milhares de militares, tanques, veículos para transporte de tropas, blindados, mísseis, sistemas de artilharia, jatos da força aérea russa etc.


E, ridículo, em sua recente viagem oficial à Rússia e à China, o “pacifista” ainda falou de fazer parcerias de “defesa e segurança” com ambos países.

Será que o “pacifista’ esqueceu que foi ele que inaugurou em maio de 2023 a linha de produção do caça Gripen, na fábrica da Embraer, na cidade de Gavião Peixoto, interior de São Paulo? Aliás, aviões (caças) comprados da empresa sueca Saab por mais de… 20 bilhões!!!

Será que o “pacifista” esqueceu que seu governo (Ministério da Defesa) comprou um lote de foguetes Skyfire 70 para o Exército? Isso sem falar de outros armamentos bélicos.

Será que o “pacifista” tem ciência que seu governo patrocina, apoia e participa de inúmeras feiras de “defesa e segurança” no Brasil, América Latina e em outras regiões do mundo? Leia-se feiras do “mercado da morte”.

Será que o “pacifista” sabe que suas Forças Armadas realizam regularmente exercícios de guerra em terra, mar e ar, e que tais simulações de combate contribuem significativamente para a poluição e as mudanças climáticas?

Será que o “pacifista” tem conhecimento que o Brasil lidera os gastos militares na América Latina?

Será que o “pacifista” sabe que todos os homens brasileiros, que completam 18 anos de idade, são obrigados a se alistar no serviço militar (as mulheres podem prestar o serviço militar por opção)?

Será que o “pacifista” também ignora que, enquanto prega diálogo e desarmamento em fóruns internacionais, seu governo negocia a exportação de tecnologia militar brasileira para regimes autoritários, incluindo aqueles acusados de crimes contra a humanidade? Não bastasse a hipocrisia de condenar guerras alheias, o Brasil, sob sua liderança, lucra com a venda de equipamentos que podem alimentar conflitos sangrentos em outras partes do globo. Uma contradição tão gritante quanto conveniente, onde o discurso de “paz” serve de cortina de fumaça para negócios que prosperam à sombra da morte.

E o tragicômico, o “pacifista” ainda sonha de ser laureado com o Prêmio Nobel… da Paz!!!

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agência de notícias anarquistas-ana

A abelha tristonha
— fauna e flora devastadas —
produz mel amargo.

Leila Míccolis

Manifesto de Inimigos do Rei

Maio de 2025

Por que falamos agora?

O jornal O Inimigo do Rei sobreviveu, de 1977 a 1988, como uma experiência alternativa e antiautoritária, mantendo-se como uma voz combativa em defesa do anarquismo e contra a ditadura em vigor, naquele momento. Seu objetivo sempre foi duplo: divulgar o pensamento libertário e incentivar a construção de organizações baseadas na ação direta, na solidariedade, no federalismo e na autogestão. Em suas páginas, rejeitávamos toda e qualquer forma de centralização do poder e denunciávamos as armadilhas da política institucional que buscam domesticar as forças vivas da transformação social. Hoje, trinta e sete anos após a última edição impressa, sentimos a necessidade urgente de nos manifestarmos novamente. O autoritarismo se espalha com uma velocidade avassaladora pelos quatro cantos do mundo, impulsionado pelo crescimento da extrema direita e por novas formas de controle e repressão. Ao mesmo tempo, a esquerda institucional e os movimentos progressistas seguem sendo seduzidos por soluções que reforçam a estrutura estatal e seus mecanismos coercitivos. Diante desse cenário, nós, ex-participantes de O Inimigo do Rei, reafirmamos nosso compromisso com a liberdade, a autogestão e a resistência contra toda forma de dominação.

O mundo que denunciamos

A expansão do autoritarismo não se dá apenas por meio de governos de extrema direita, mas também por meio de novas formas de controle digital, da militarização das sociedades e do aprofundamento das desigualdades econômicas. O capitalismo, em sua fase mais agressiva, segue devastando territórios, precarizando vidas e restringindo direitos, enquanto os Estados reforçam seus aparatos repressivos para conter qualquer forma de dissidência. Além disso, assistimos a um fenômeno preocupante: a escolha, por meio de eleições, da via autoritária como suposta solução para problemas como economia, imigração e governabilidade. Em diversos países, a extrema direita tem se apresentado como resposta ao caos social, seduzindo parcelas significativas da população com discursos de ódio, nacionalismo excludente e repressão brutal. Paralelamente, cresce a atração por um “novo” conservadorismo que, em muitos aspectos, revela-se tão ou mais estúpido que aquele da Era Vitoriana, reafirmando valores retrógrados e reforçando estruturas opressivas. No Brasil, a falsa polarização entre neoliberais e progressistas tem apenas aprofundado a dependência de mecanismos estatais, afastando cada vez mais a possibilidade de uma organização social verdadeiramente livre. O populismo autoritário avança tanto à direita quanto à esquerda, enquanto comunidades autônomas, movimentos populares e minorias continuam sendo silenciados e perseguidos.

O que defendemos

Desde as edições de O Inimigo do Rei, sempre enfatizamos que liberdade e igualdade podem (e devem) caminhar lado a lado. Não buscamos utopias inatingíveis, mas apontamos para experiências concretas de autogestão e organização popular que demonstram a capacidade das pessoas de viver sem tutela do Estado e do capital. Reforçamos a capacidade autônoma da classe trabalhadora de gerenciar seus locais de trabalho, criando espaços livres de exploração e coerção. Acreditamos que a emancipação real só virá quando aqueles que produzem a riqueza também a administrarem coletivamente, sem patrões, sem burocratas e sem parasitas políticos. Além disso, alertamos para a necessidade constante de vigilância contra elementos sociais que possam se tornar entraves ao respeito e à tolerância mútua. A religião, por exemplo, não pode ser instrumento de opressão ou imposição de valores autoritários. Defendemos que a liberdade individual deve prevalecer sobre dogmas e que cada pessoa deve ter o direito de viver de acordo com suas próprias convicções, sem medo de repressão ou discriminação.

Chamado à ação

Este manifesto é um chamado para que se fortaleçam redes de solidariedade e resistência. A experiência de O Inimigo do Rei mostrou que é possível enfrentar as estruturas de poder com independência e criatividade, mesmo em um período ditatorial. Conclamamos todas e todos que não aceitam a submissão a se organizar, a se conectar e a fortalecer práticas libertárias em seus territórios.

Seguimos inimigos do rei, do estado e de qualquer forma de dominação.

Porque a luta pela liberdade não tem fim.

veiosdakombi.com.br

agência de notícias anarquistas-ana

Frio da manhã
— os pombos aglomerados
parecem mais cinzas

Marba Furtado

Manchados pelo petróleo: um histórico de derramamentos, impunidade e abusos na Amazônia do Peru, Colômbia, Equador e Bolívia

// No Peru e Colômbia, mais de 200 processos sancionadores por infrações ambientais contra 72 petroleiras nos últimos dez anos. No Equador e Bolívia, falta de transparência ou informação incompleta de parte das instituições governamentais. \\

De vez em quando, um cheiro intenso de óleo desperta repentinamente os habitantes indígenas da comunidade Kichwa de 12 de Octubre, na região amazônica de Loreto, Peru. Quando saem para verificar o que está acontecendo, se encontram com a mesma cena que se repete faz cinco décadas: uma mancha oleosa que vai se espalhando pela ravina na qual pescam, cozinham e se banham mais de cem famílias. Em 17 de março deste ano a comunidade denunciou um novo derramamento, um mais dos tantos reportados no lote petroleiro 192. Os habitantes das comunidades estão fartos: “Nunca melhora a situação, todas as empresas tiveram derramamentos desde OXY, Pluspetrol e Petroperú. Os tubos estão podres, tem anos instalados e por isso se está contaminando constantemente“, diz Natanael Sandi, monitor ambiental indígena que reporta os danos causados pelo petróleo.

Em Mongabay Latam reportamos problemas neste lote ao menos uma dúzia de vezes nos últimos seis anos. E a cifra se multiplica se incluímos outros países com influência de indústrias extrativas na Amazônia. Os temas se repetem: comunidades locais afetadas, empresas sancionadas, conflitos e impunidade. Qual é a magnitude desta situação? Quais são as empresas mais multadas ou sancionadas por faltas ambientais?

>> Para ler o texto em espanhol na íntegra, clique aqui:

https://noticias.imer.mx/blog/manchados-por-el-petroleo-un-historial-de-derrames-impunidad-y-abusos-en-la-amazonia-de-peru-colombia-ecuador-y-bolivia/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

café da tarde—
na mangueira em flor
farra de pardais

Nete Brito

[Chile] Santiago: Assumindo atentado explosivo contra Laboratórios Abbott – Recalcine

Maio Negro 2025.

As pobres se queixam,

Ninguém as escuta.

Usando armas,

Agora as ouvem

Mulheres formem grupos! Esta ação não é um ato de protesto nem muito menos de clemência, é deliberadamente um ato vingativo. Faz uns anos a distribuição de pílulas anticoncepcionais defeituosas por parte dos laboratórios Abbott – Recalcine ocasionou centenas de gestações não desejadas, ante esta situação as empresas responsáveis propuseram indenizar com $38.900 pesos, soma nem sequer próxima à metade do que nos custou armar este artefato explosivo, e ainda que muitos não estejam de acordo com o método de ação, convenhamos ao menos que a soma oferecida é uma zombaria, outra mais por parte da ditadura democrática empresarial.

Os laboratórios Andrómaco, Silesia e Abbott continuam fazendo destas práticas uma política da empresa: seguir distribuindo anticoncepcionais defeituosos. Nada novo em todo caso. Era esperado que, tanto os grupos empresariais como o Estado administrado pelo governo pluri-policial feminista de Boric e do violador Monsalve, guardassem silêncio. A eles só interessa a reprodução do ciclo da pobreza porque, em essência, o capitalismo administra a vida e a morte para a sistemática geração de riquezas sem importar os danos que possam ocasionar.

Unidas pela afinidade e o interesse comum pela ação, organizamos nossas vontades no terreno prático da informalidade, longe de todo vitimismo e discursos pacificadores que posicionam a ação insurrecional fora das possibilidades da luta anárquica. É necessário tomar parte na ofensiva antiautoritária com as ferramentas necessárias que potencializem nosso projeto de liberação.

Nossas bombas foram confeccionadas e transportadas ainda quando a tormenta é forte e o céu está escuro. Os ataques clareiam o horizonte e então cai, repentinamente, a máscara da sociedade… Quem de vocês pode fazer julgamento da sabotagem? Os valores da ofensiva anarquista e a ação revolucionária enfrentam com convicção e integridade a alienação capitalista e aos que cobrem seu rosto com o véu da miséria.

Com este ataque recordamos o companheiro Mauricio Morales que a 16 anos de sua morte continua presente no avanço da guerrilha urbana anarquista. Neste Maio Negro, a memória e a ação se entrelaçam para que nem o tempo nem as distâncias deem passagem à acomodação e à negação da história de combate de nossos mortos.

Marianna, que o doce odor da dinamite atravesse os muros. Estaremos contigo até o final!

Honra, memória e ação pelo companheiro anarquista Kyriakos Xymitiris.

Em solidariedade com os presos anarquistas e antiespecistas. A arrebentar os muros dos cárceres!

A criar 1, 10, 100 células de ação, sigamos escrevendo com fatos nossa história de combate!

Pelo ataque em todas as direções, apostemos nossas forças na criação de um projeto internacional!

“Podes destruir a vida das pessoas, não conseguireis extinguir o pensamento e as práticas antiautoritárias. Não conseguireis romper a tensão revolucionária, não conseguireis apagar a anarquia.” – Anna Beniamino.

Células Revolucionárias Belén Navarrete – Nueva Subversión

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

No céu e no mar,
gaivotas brincam como eu
queria brincar!

Ziraldo

[França] Palestina: 77 anos de Nakba, 18 meses de genocídio

Enquanto Israel, há várias semanas, intensifica seu bloqueio a Gaza e usa a fome como arma genocida, e enquanto as bombas continuam a chover, Netanyahu anunciou na última segunda-feira sua intenção de “assumir o controle” da região. No domingo, 18 de maio, ele lançou uma grande operação terrestre batizada de “Carruagem de Gideão”, uma ofensiva final para esvaziar Gaza de toda vida palestina.

Há meses, a guerra genocida que Israel conduz no território palestino de Gaza, somada à sua ofensiva colonial na Cisjordânia, não enfrenta qualquer protesto real das grandes potências imperialistas. Recentemente, fingindo alarme com o uso da fome — que na realidade já se arrasta há muito tempo —, os governos ocidentais têm participado direta e indiretamente no apoio a esse genocídio: vendendo armas, oferecendo “apoio incondicional” diplomático e político, ou se recusando a cumprir os mandados de prisão da Corte Penal Internacional. Eles terão que responder perante a história.

A França não fica atrás: vendas maciças de armas da Thales para Israel, dissolução da organização Urgência Palestina a pedido do ministro do Interior, criminalização do apoio ao povo palestino, perseguição jurídica e policial contra organizações solidárias, manutenção de Georges Abdallah na prisão e, mais recentemente, a vergonhosa incapacidade de Macron de pronunciar a palavra “genocídio” durante seu desfile midiático em 13 de maio… A presença de Israel e suas empresas de armamento no Salão do Bourget, de 16 a 22 de junho, mostra que a suposta mudança no discurso francês não passa de fachada: Macron pode até falar em “drama humanitário” em Gaza, mas suas palavras não são seguidas por nenhuma ação concreta para impedir o genocídio.

Enquanto comemorávamos em 15 de maio os 77 anos da Nakba — a expulsão de 700 a 800 mil palestinos pelo Estado sionista, após uma limpeza étnica planejada —, a catástrofe nunca cessou. O genocídio em curso em Gaza e o plano de deportação implementado por Israel são mais uma etapa nos crimes do sionismo. A urgência não é apenas por um cessar-fogo: é por um verdadeiro processo de descolonização, que ponha fim, de uma vez por todas, à longa Nakba do povo palestino.

Nosso papel, aqui na França, é lutar sem descanso contra a cumplicidade de nosso próprio imperialismo e pelo isolamento político e diplomático de Israel. A luta contra o armamento surge como uma frente prioritária, e convocamos todos a fortalecê-la, participando das campanhas Stop Arming Israel e BDS, bem como de todas as iniciativas de solidariedade com o povo palestino.

A Palestina viverá, a Palestina vencerá!

União Comunista Libertária – UCL

20 de maio de 2025

Fonte: https://unioncommunistelibertaire.org/?Palestine-77-ans-de-Nakba-18-mois-de-genocide

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

primeira manhã gelada –
na luz do sol, o hálito
do gato que mia

David Cobb

Licença para Destruir: O Capitalismo Avança sobre a Foz do Amazonas

Eis que o senado brasileiro aprovou, sem qualquer surpresa de nossa parte, regras que flexibilizam o licenciamento ambiental, abrindo caminho para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, representando mais um capítulo sombrio na história de destruição promovida pelo capitalismo.
 
Sob o pretexto de desenvolvimento e segurança energética, o Estado brasileiro, em conluio com corporações como a Petrobras, ignora os alertas de cientistas e comunidades tradicionais sobre os riscos socioambientais dessa empreitada. A criação de uma Licença Ambiental Especial, que permite a agilização de processos em casos de decisão política, evidencia, mais uma vez e independentemente de qual é o partido de ocasião, a subordinação das normas ambientais aos interesses econômicos imediatistas.
 
Essa medida é uma afronta à autonomia dos povos amazônicos e à integridade dos ecossistemas que sustentam a vida na região. A Foz do Amazonas, rica em biodiversidade e lar de inúmeras comunidades tradicionais, está sendo colocada em risco por decisões tomadas sem a devida consulta e consideração dos impactos a longo prazo. A flexibilização do licenciamento ambiental não apenas ameaça o equilíbrio ecológico, mas também perpetua a lógica colonial de exploração e expropriação dos recursos naturais em benefício de poucos.
 
A justificativa de que os recursos provenientes da exploração petrolífera serão utilizados para financiar a transição energética é falaciosa. Na prática, essa narrativa serve para mascarar a continuidade de um modelo econômico baseado na extração desenfreada e no consumo insustentável. Enquanto isso, alternativas verdadeiramente sustentáveis e respeitosas com o meio ambiente e as culturas locais são negligenciadas. A dependência de combustíveis fósseis, além de contribuir para as mudanças climáticas, reforça as desigualdades sociais e econômicas existentes.
 
Como anarquistas, devemos denunciar e resistir a essas políticas que colocam o lucro acima da vida. É imperativo fortalecer as redes de solidariedade com os povos da Amazônia, apoiar suas lutas por autodeterminação e promover modelos de desenvolvimento que respeitem a natureza e os direitos humanos. A verdadeira transição energética e social só será possível através da ruptura com as estruturas de poder que perpetuam a exploração e a opressão. A defesa da Amazônia é, portanto, uma luta contra o capitalismo e por um mundo mais justo e livre.
 
Liberto Herrera.
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
na folha orvalhada,
gota engole gota,
engorda, desliza e cai.
 
Alaor Chaves

Assuma seu lugar na luta contra exploração de petróleo na Foz do Amazonas!

No último dia 13, um deslizamento de terra rompeu um oleoduto e causou um dos maiores desastres ambientais das últimas décadas no Equador. Um líquido denso e escuro começou a se espalhar silenciosamente pela província de Esmeraldas, na costa norte. Em poucos dias, mais de 25 mil barris de petróleo cru correram pelos rios Caple, Viche e Esmeraldas, até desaguar no Oceano Pacífico. O rastro de destruição foi imediato, agravando ainda mais a crise humanitária em uma das regiões mais empobrecidas do país.

Diante dessa tragédia recente, o que nos garante que a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, aqui no Brasil, não seguirá o mesmo caminho? Quem pode assegurar que o meio ambiente e as populações indígenas e ribeirinhas da margem norte da bacia amazônica não serão devastadas?

Esse modelo de “progresso” nos arrasta para a destruição, e o pior: em silêncio.

Lutamos muito para impedir a criação de novos postos de petróleo na Foz do Amazonas, mas a verdade é que ainda é pouco, estamos gritando em um deserto sozinhos, porque entre nós há quem acredite em progresso a partir da exploração, entre nós que lutamos pela liberdade isso deveria ser inconcebível.

Poderíamos ter feito muito mais, se não estivéssemos tão distraídos, ou se tivéssemos, de fato, um compromisso real com a TERRA, com o meio ambiente e com o BEM VIVER.

A linha de frente contra a exploração precisa de mais vozes, o povo indígena não pode carregar esse fardo sozinho.

Assuma seu lugar nessa luta. Não há tempo a perder!

#DemarcaçãoJáSemConciliação #ForaGarimpo #MineraçãoAquiNão #BoicoteoAgro #ExploraçãoDePetróleoNoAmazonasNunca Ver menos

Autonomia Indígena Libertária (AIL)

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agência de notícias anarquistas-ana

as vozes da chuva
emudecem
as cigarras

Paladino

[Grécia] Rouvikonas vence outro julgamento importante, com grande apoio popular!


Boas notícias da Grécia!


NOVA VITÓRIA DO ROUVIKONAS EM UM JULGAMENTO IMPORTANTE, COM GRANDE APOIO POPULAR!

Em 28 de fevereiro, mais de dois milhões de gregos foram às ruas (20% da população) após a carnificina causada pela privatização do transporte ferroviário (57 mortos). Durante este dia de Greve Geral amplamente acompanhada, 25 ativistas do grupo anarquista Rouvikonas conseguiram entrar no prédio fortemente vigiado da companhia ferroviária helênica, então desfraldaram faixas e acenderam bombas de fumaça no telhado, com uma grande multidão delirante em todas as ruas ao redor do prédio.

Mais uma vez humilhadas e ridicularizadas pelos planos do grupo para entrar em qualquer lugar (ministérios, sedes de empresas e até mesmo no parlamento grego), as forças policiais foram particularmente violentas durante a prisão que se seguiu. E a empresa Hellenic Train imediatamente apresentou uma denúncia.
Após várias semanas de ações de apoio à libertação dos 25 acusados, em toda a Grécia, de Tessalônica a Creta, e às vezes em outras cidades da Europa, o julgamento finalmente ocorreu hoje (21/05) em Atenas. Uma grande multidão estava presente para apoiar os 25 acusados. Entre as testemunhas de defesa que foram apoiar o acusado estavam vários parentes das vítimas do acidente ferroviário de Tempi, bem como sindicalistas de diversas organizações, como os estivadores do porto de Pireu.

Veredito: todos saíram livres! O tribunal preferiu não ir mais longe e considerou os 25 acusados ​​inteiramente inocentes: nenhuma entrada em espaço privado, nenhuma ocupação do mesmo, nenhuma perturbação da ordem pública, nenhum uso de bombas de fumaça e sinalizadores… nada ou quase nada! Porque 18 dos 25 acusados ​​ainda receberam penas de prisão suspensas de seis meses por se recusarem a fornecer seu DNA, conforme exigido pela nova e cada vez mais autoritária legislação grega.

O grupo ROUVIKONAS agradece a todos os seus apoiadores na Grécia e em outros lugares, especialmente na França, Suíça e Bélgica. Saudações fraternais, em particular, a todos aqueles que ajudaram de várias maneiras a preparar as últimas caravanas solidárias, cujas entregas e apoio político e financeiro aqueceram o coração.

Obrigado novamente. “Esta vitória também é sua!”


Yannis Youlountas pelo comitê de apoio

Fonte: blogyy.net

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agência de notícias anarquistas-ana

brisa suave:
voejam borboletas
por todo jardim

Nete Brito

[Belém-PA] Nossa proposta inicial por uma anti-COP30 libertária na Amazônia

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO LIBERTÁRIO E REVOLUCIONÁRIO CONTRA A COP30
 
Introdução


A COP30, prevista para ocorrer em Belém (PA) em novembro de 2025, é apresentada como um marco da diplomacia climática. No entanto, por trás do discurso oficial, o evento serve para reforçar a lógica do capital verde, do extrativismo, da militarização e da gentrificação. Este plano tem como objetivo articular uma resposta autônoma, libertária e revolucionária, centrada na resistência popular e na construção de alternativas radicais.

A resistência à COP30 é uma oportunidade histórica de rechaçar a farsa da solução climática capitalista e fortalecer um horizonte de autonomia, cuidado e insurreição. O momento é de articulação, coragem e imaginação radical. Que Belém seja também o território da desobediência criadora e de renovação libertária para nossa Anti-COP30.

Análise de Conjuntura

A COP30 serve como vitrine para governos e corporações disfarçarem sua responsabilidade pela destruição ambiental.
Belém vive um processo de “higienização urbana”, expulsando populações pobres, militarizando espaços e favorecendo especulação imobiliária.
Povos tradicionais seguem marginalizados nas decisões sobre seus territórios.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://cclamazonia.noblogs.org/post/2025/05/21/nossa-proposta-inicial-por-uma-anti-cop30-libertaria-na-amazonia/

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/09/comunicado-1a-jornada-internacional-anarquista-da-amazonia-brasil-jornadas-anti-cop/

agência de notícias anarquistas-ana

Joaninha caminha
no braço da menina.
Olhar encantado.

Renata Paccola

[Itália] Olga Raccagni. Tchau, companheira!

Ela nos deixou poucos dias antes do 25 de abril. Sempre orgulhosamente antifascista, proletária e com um claro posicionamento de classe. Na juventude, foi comunista, mas, cruzando caminhos nas lutas, tornou-se anarquista.

No movimento No Tav [não trem de alta velocidade], era uma presença constante. E, no entanto, para ela não era nada fácil. Com uma perna afetada pela poliomielite, caminhava oscilando pela estrada da Clarea, apoiando-se em seu bastão com um pomo prateado.

Tinha uma coragem imensa. Lembramo-nos dela na República Livre da Maddalena e depois nos verões de luta na cabana autoconstruída de pedra, como um bastião contra a barbárie capitalista. Dormia em uma barraca de acampamento com o espírito de uma jovem, mesmo tendo já muitos anos de vida.

Algumas noites, ia até as cercas e desafiava os policiais e militares de guarda. Em cada ponto de resistência, ouvia-se com força o corolário de blasfêmias dirigidas aos homens e mulheres de uniforme. Não tinha papas na língua e sempre dizia o que pensava em qualquer ocasião: sempre mordaz, irônica, alegre.

Grande cozinheira vegana, oferecia sua arte em apoio às nossas lutas. Enquanto pôde, estava na linha de frente no 25 de abril, no 1º de maio e em tantas outras manifestações.

Quando nos deixou, o município levou quase dez dias para encontrar um lugar para ela no cemitério. Mesmo depois de mortos, os pobres têm que esperar na fila. Temos certeza de que ela teria dado uma boa gargalhada com isso.

Sobre o caixão, a prefeitura colocou uma cruz que as companheiras e companheiros logo fizeram questão de remover. No funeral, na véspera do Primeiro de Maio, éramos muitos. Bandeiras anarquistas e No Tav. Recordações e canções.

Mais um pedaço de nós se foi: nossa comunidade de ideias, afetos e lutas se uniu no compromisso de continuar e fazer melhor, com a força que nos deixa quem partiu.

Adeus, Olga.

Como esquecer seu dedo do meio erguido para padres e policiais? Seu desafio zombeteiro ao mundo em que somos forçados a viver?

As companheiras e os companheiros da FAT – Federazione Anarchica Torinese

Fonte: https://umanitanova.org/olga-raccagni-ciao-compagna/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Paz. Forte em ruínas,
E na boca de um canhão
Um ninho de pássaros.

Luís Antônio Pimentel

[Grécia] 9º Festival do Livro Anarquista e Subversivo de Patras

O Espaço Autogerido Epi ta Proso está organizando o 9º Festival do Livro Anarquista e Subversivo em Patras, nos dias 22, 23 e 24 de maio, na Praça Pantanassa.

De fato, desde maio de 2014, conseguiu se consolidar como um evento de 3 dias, com debates, apresentações, exposições, atividades culturais e promoção de livros e publicações. Este ano, realiza-se a 9ª edição, com o objetivo de confirmar mais uma vez a utilidade de um evento tão periódico para a promoção de publicações e ideias libertárias/anarquistas, do pensamento subversivo e da necessidade de diálogo no espaço público.

O objetivo do festival é destacar a riqueza dos conceitos anarquistas, antiautoritários e libertários, disseminar projetos anarquistas na sociedade e especialmente entre os jovens da cidade em um período em que predomina a propaganda estatal contra aqueles que resistem de forma auto-organizada e de baixo para cima.

Este ano, no festival de 3 dias, realizaremos apresentações de livros, discussões, encontros, exibições de documentários, um show de stand-up comedy, um show de marionetes e noites musicais sobre diversos tópicos.

Nossa lógica é criar um espaço livre do Estado e da mercadoria, um espaço de encontro, discussão e crítica, onde qualquer contrapartida esteja lá para servir ao autossustento financeiro dos vários empreendimentos que compõem o festival.

Todos os 3 dias a partir das 18h com exposição de livros e publicações, impressos do movimento anarquista/antiautoritário e discografia de produtores musicais independentes”.

anarchistbookfairpatras.wordpress.com

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/06/04/grecia-8o-festival-do-livro-anarquista-de-patras/

agência de notícias anarquistas-ana
 
O corpo é um caminho:
ponte, e neste efêmero abraço
busco transpor o abismo.

Thiago de Mello

Convocatória 2025: III Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre (RS)

CONVOCATÓRIA DE MATERIAIS AUDIOVISUAIS, FEIRA, OFICINAS E APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS

Envie para o e-mail: festivaldecineanarquistapoa@tutanota.com

Estamos recebendo envios de materiais audiovisuais de cunho anárquico em todas as suas vertentes e também materiais que de alguma forma tenham relação com a luta anarquista. Videoclipes, filmes, curtas-metragens, longas-metragens.

Também recebemos inscrições para apresentações artísticas, banca de materiais e oficinas.

Nós aceitamos propostas de todas as partes do mundo.

COMO ENVIO? – MATERIAIS AUDIOVISUAIS

Envie o material em uma plataforma de drive ou de uma maneira que possamos fazer o download, com uma descrição (sinopse), o trailer se tiver, e um flyer de divulgação.

Se você não estará presente nos dias, pedimos um vídeo – não necessita ser de rosto- para apresentar o material no dia do evento.

Pedimos que os materiais audiovisuais que forem enviados na língua ESPANHOL E INGLÊS que, se possível, já venham com legendas em português. Nós também passamos os materiais que estão na língua PORTUGUÊS para o espanhol, para acessibilizar às pessoas imigrantes e visitantes de outras partes de Abya Yala que possam entender os filmes.

BANCA DE MATERIAIS

Envie o que você vai expor, e se possui ou não mesa. Sinalize se você precisar. Comidas veganas e espaço livre de álcool.

OFICINAS

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LEMBRA QUE VAI SER NOS DIAS 19, 20 y 21 DE SETEMBRO DE 2025!

agência de notícias anarquistas-ana

A velha ponte –
No pó ajuntado entre as tábuas,
Brota o capim.

Paulo Franchetti

[Espanha] I Jornadas “Mulheres Livres” (Vigo. Maio e Junho 2025)

Desde a CNT-VIGO apresentamos a primeira edição das jornadas “Mulheres Livres” com a finalidade de dar visibilidade às diversas lutas e problemáticas específicas protagonizadas por companheiras.

Já que um dos objetivos destas jornadas é também fazer um trabalho de difusão histórica da prática organizativa que por diversos motivos consideramos afim, procuramos programar dentro das nossas possibilidades uma escolha daquelas lutas e conquistas organizativas passadas e presentes à margem da sua transcendência e atualidade.

Deste jeito queremos tratar de fazer um trabalho de difusão das lutas e materiais de divulgação de diversas índoles que possam servir para gerar cultura militante e a sensibilidade social necessária para favorecer o apoio e germe destas e outras lutas que esperamos que saiam à luz e sejam protagonizadas e organizadas pelas nossas companheiras.

Nesta primeira edição das Jornadas Mulheres Livres tocaremos diversas temáticas passando pela organização obreira, ou antifranquismo, as problemáticas especificas do carcerário que afetam à população feminina, a atualidade do genocídio e as problemáticas das mulheres na Palestina e a organização revolucionária protagonizada e organizada por mulheres em Rojava.

Desde a CNT-VIGO vos convidamos, pois a difundir e participar destas e futuras Jornadas de Mulheres Livres.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Gota de orvalho
na coroa dum lírio:
Jóia do tempo.

Érico Veríssimo

[Espanha] Publicado o Guia-mapa da Granada Libertária

Descubra a memória viva do anarquismo que existia no povo de Granada, da rebeldia antiautoritária de suas ruas e espaços, da solidariedade e do amor de seus habitantes.

Olivo del Búho e Corazones Blindados publicaram o Guia-mapa da Granada Libertária, um mapa desdobrável com pontos localizados, juntamente com um livro que explica acontecimentos, episódios, enclaves e, acima de tudo, muita vizinhança e memória, além de uma generosa galeria de imagens de todos os tipos, de um passado ligado ao nosso presente, que este guia reúne em ambos os casos.

O preço é de 6 euros e esperamos que você goste!

Contato: granada [at] cntait.org

agência de notícias anarquistas-ana

Ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante.

Matsuo Bashô

[Rússia] 31 de maio é o aniversário de Vasily Kuksov

De acordo com a mensagem da Anarchist Black Cross Moscou, ele completará 37 anos de idade.

Vasily Kuksov foi condenado a 9 anos de prisão no chamado Caso Rede, acusado de participar das atividades de uma “organização terrorista anarquista” e de posse de armas. Espera-se que ele seja libertado em outubro de 2026.

Enquanto estava em prisão preventiva, Vasily foi diagnosticado com tuberculose. Ele foi submetido a um longo tratamento no hospital da prisão e conseguiu vencer a doença. Atualmente, ele está cumprindo sua sentença em uma colônia correcional de regime geral na região de Nizhny Novgorod.

Vasily trabalhou como engenheiro de design e foi voluntário em abrigos de animais. Desde seus anos de estudante, ele é apaixonado por música, participou do festival de cantores e compositores “Khoper” e se apresentou na Filarmônica Regional de Penza. Ele adora a natureza e fazer caminhadas. Seus pais idosos estão esperando que ele volte para casa.

Endereço para correspondência: Kuksov Vasily Alekseevich, nascido em 1988, Instituição Correcional Federal IK-16 da Federação Russa, vila Prosek, Zavodskaya St., Prédio 50, Região de Nizhny Novgorod, 606246, Rússia.

Observe que os cartões postais e as cartas devem ser escritos em russo – você pode usar ferramentas de tradução on-line gratuitas para isso. O peso máximo das cartas é de 100 gramas.

Dados bancários para apoiar financeiramente os pais de Vasily (somente de dentro da Rússia): cartão bancário 2202 2002 6519 9776 (Sberbank, Alla Sergeevna).

Mais informações sobre o Caso Rede podem ser encontradas em rupression.com.

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/07/12/russia-duas-novas-detencoes-no-ambito-do-caso-rede/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/02/09/russia-sao-petersburgo-piquetes-contra-a-fabricacao-do-caso-de-uma-rede-terrorista/

agência de notícias anarquistas-ana

com um traço
a desenhista faz
o vôo do pássaro

Eliakin Rufino

[Reino Unido] Reclaim The Streets: Uma Retrospectiva

Este ano marca o 30º aniversário da primeira ação de grande destaque do fenômeno festa e protesto na Camden High Street em 1995 e, para marcar o evento, ele estará de volta em 17 de maio.

Anon ~

Embora o Reclaim The Streets (RTS) já existisse de forma embrionária há alguns anos antes de maio de 1995, aquela ação marcou uma escalada nas táticas, no número de participantes e na publicidade.

Várias centenas de pessoas compareceram, e a ação captou o espírito do momento, com uma mistura atraente de anticapitalismo, cultura anti-carro, viajantes new age radicalizados nos cinco anos anteriores e a cena rave/party livre, tudo isso integrado em uma ação direta em uma área urbana. Quando ocorreu o terceiro evento, pouco mais de um ano depois, mais de 5.000 pessoas fecharam a M41 no oeste de Londres com uma festa massiva que rompeu as linhas policiais, danificando notoriamente a superfície da estrada com perfuratrizes escondidas sob um carro alegórico de estilo carnavalesco.

A organização londrina existiu por cerca de seis anos antes de eventualmente se dissolver. Nesse período, a mensagem evoluiu de uma festa de rua que reivindicava o espaço dos carros para uma análise mais ampla do capitalismo e das estruturas de poder. Essa mudança relativamente rápida levou a ações mais confrontativas, como o evento J18 em 1999, cujo objetivo expresso era interromper as atividades da City. A visibilidade do grupo também atraiu organizações de esquerda mais tradicionais e sindicalistas, como os estivadores de Liverpool e os motoristas do metrô de Londres. A construção de pontes entre sindicatos e grupos ambientais mais radicais era inédita na época e, só por isso, o nível de “ameaça” do RTS pelas autoridades foi elevado a severo.

Há muitos motivos por trás do colapso do RTS Londres, e se você perguntar a dez pessoas diferentes, obterá dez respostas diferentes. As tensões entre um grupo central “interno” que sabia onde e quando a ação ocorreria e as reuniões públicas abertas, que repentinamente atraíam um grande número de novos participantes entusiasmados que queriam participar das decisões, mas se sentiam excluídos, nunca foram resolvidas.

Isso é frequentemente apontado como uma razão para a dissolução, mas há outras, incluindo esgotamento, dinâmicas interpessoais e divergências, especialmente sobre táticas, além de um sentimento de falta de direção. O clima pós-11 de setembro de 2001 também teve um efeito desestimulante.

Anos após o fim das ações do RTS, incluindo algumas ações remanescentes em espaços ocupados e na praia de Southbank, foi revelada a verdade sobre um de seus principais ativistas, Jim Boyling/Sutton. Boyling era membro da unidade SDS da polícia metropolitana, cujo objetivo era se infiltrar em organizações ambientais, de direitos dos animais e outros grupos de esquerda. Boyling foi um coordenador chave do RTS desde o início, muitas vezes direcionando as conversas para territórios mais radicais e coordenando as ações no dia. Ele também facilitava a entrega e condução de carros antigos usados como artifício publicitário para sinalizar o início de uma manifestação. Outros ativistas nunca desconfiaram da toupeira, apesar de centenas de policiais estarem presentes e preparados exatamente no local da M41 quando os participantes saíram da estação de trem. Boyling também manteve um relacionamento íntimo com uma ativista enquanto estava infiltrado, causando grande trauma quando sua verdadeira identidade veio à tona.

Então, por que, após quase um quarto de século de ausência, o RTS está voltando a Londres? A ideia principal por trás do movimento nunca morreu: de que os carros ocupam muito espaço urbano e que são os carros que causam a interrupção da vida, não os festeiros, e se espalhou pelo mundo como uma franquia, com algumas cidades mantendo uma presença mais permanente do RTS, como Sydney. Os coordenadores dessa ação em Londres para marcar o 30º aniversário de Camden High Street divulgaram um longo chamado, uma versão atualizada de um manifesto anterior, que foi impresso em um “zine pôster” fotocopiado e distribuído em centenas de espaços radicais pela cidade.

O chamado expressa frustração com a cultura do carro, mas também lamenta o afastamento das interações humanas devido à saturação tecnológica, afirmando que a rua é o último lugar livre de cookies e mineração de dados, onde as pessoas podem interagir de forma genuína e libertadora.

Os autores afirmam: “Em alguns aspectos, o mundo é diferente, mas, ao raspar a superfície de várias camadas de libertação e comunidade, por meio das conexões de plataformas tecnológicas altamente regulamentadas e controladas, os problemas subjacentes de isolamento e monetização das relações humanas permanecem os mesmos…”

Muitas coisas mudaram politicamente desde as ações do RTS nos anos 1990. As revisões de 2023 da Lei de Ordem Pública concedem à polícia e aos juízes considerável poder para prender manifestantes que considerem violar a Seção 7, “Interferência com Infraestrutura Nacional Crítica”, que inclui estradas. Outras revisões incluem descrições vagas e discricionárias, como “criar risco de incômodo sério” e “obstrução intencional da via pública”. Essas revisões têm sido usadas para condenar ativistas pacíficos a longas penas de prisão, intensificando a repressão a grupos como Just Stop Oil e Youth Demand.

Ainda assim, é fácil esquecer que um clima semelhante existia nos anos 1990, quando o RTS começou, com a introdução da CJA pelo governo de John Major, que criminalizava estilos de vida alternativos que coexistiam com a sociedade convencional há décadas.

Nos últimos dois meses, um grande número de cartazes e adesivos têm aparecido em espaços públicos promovendo o evento. A primeira parte do dia começará com uma Bicicletada, que se encontrará com a festa de rua mais tarde. Poucos detalhes adicionais foram divulgados até agora, mas há um canal de transmissão no Telegram onde informações serão liberadas, incluindo o local no dia do evento.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/05/11/reclaim-the-streets-a-retrospective/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

na rua deserta
brincadeira de roda
vento se sujando de terra

Alonso Alvarez