[Itália] Contra a cidade dos patrões

Casa, solidariedade, acolhimento, autogestão

As lutas vivas vão às ruas

Cortejo H12 da Piazza Duca d’Aosta a Porta Venezia

No sábado, 6 de setembro, iremos às ruas contra o despejo do Leoncavallo para reivindicar o instrumento da ocupação e porque acreditamos que defender a memória militante do Leoncavallo significa defender os espaços e as lutas de hoje.

O encontro às 14h em Porta Venezia não pode ser suficiente. Como lutas vivas desta cidade, queremos apontar o dedo CONTRA A CIDADE DOS PATRÕES. Contra a arrogância deles, sua violência libertícida, sua sede de poder e dinheiro.

Queremos demonstrar que Milão não é toda como eles gostariam: uma cidade cinza de concreto, aço e vidro, feita sob medida para ricos. A Milão que convocamos para as ruas é viva, colorida e multitudinária. A Milão dos Espaços Sociais, uma Milão capaz de dizer em voz alta e sem medo: “De quem você acha que é esta cidade?”

Ocupar espaço na cidade de Milão é de vital importância, diante de um modelo de cidade cada vez mais excludente, transformado por décadas de violência especulativa e aumento dos aluguéis, de grandes eventos e agora acelerado pelas próximas Olimpíadas de Inverno. Diante do uso de zonas vermelhas, CPRs (Centros de Permanência para Repatriamento), deportações, exploração para expulsar a golpes de perfilamento e classismo pessoas racializadas e marginalizadas.

Ocupamos espaço para destacar as responsabilidades do governo Meloni, além da Junta Sala e de todas as Juntas do Mattone (construtoras), um governo que lança um ataque frontal contra as experiências essenciais de luta social e autônoma, único sujeito real capaz de propor uma alternativa concreta a um mundo feito de opressão e abusos.

Ocupamos espaço, então, para deter a violência da Direita, da Guerra, do Colonialismo, do liberalismo extrativista que em todo o mundo encontram frentes de Resistência.

Ocupamos espaço para lutar pelo direito à moradia, diante de aluguéis insustentáveis e habitações sem dignidade. Para denunciar quem vendeu as habitações populares, do alto de sua poltrona na Região da Lombardia ou na MM (Metrô de Milão), e não tem intenção de destinar as existentes.

Ocupamos espaço contra o “Modelo Milão” da junta Sala e das juntas anteriores, que avança com a especulação movida a propinas e subornos.

Ocupamos espaço contra a militarização de nossas cidades, e contra um governo que quer gerir as necessidades sociais com repressão e o DL Segurança (Decreto-Lei Segurança), criminalizando quem reivindica direitos e luta por uma vida digna para todos e todas.

Ocupamos espaço para socializar, estar juntos e praticar esportes, sem sempre ter que gastar dinheiro, sem ser servido nem servir, mas construindo comunidades autogeridas, onde qualquer pessoa possa se envolver, dar uma mão ou receber ajuda.

Ocupamos para subtrair espaço e dinheiro dos patrões da Cidade, que lucram com aluguéis breves e privatizam a Cidade Pública, contribuindo para a metrópole vitrine do turismo de luxo e dos proprietários.

Ocupamos espaço autônomo de partidos e de poderes que alimentam, em vez de combater, a exploração, o racismo, a violência de gênero e a transformação de nossos territórios em mercadoria da qual somos excluídos.

Ocupamos espaço para falar de luta anticolonial, em todos os idiomas em que quisermos fazê-lo.

Ocupamos espaço para organizar a solidariedade ativa às resistências do mundo, a partir das lutas pela liberação da Palestina: enquanto a Palestina não for livre, ninguém será.

Ocupamos espaço para dançar, mas sobretudo viver e existir sem ser molestadx, drogadx, estupradx.

Ocupamos espaço com nossos corpos para recomeçar a partir do desejo, feroz e irreprimível, para imaginar o inimaginável e virar tudo de cabeça para baixo.

Ocupamos o presente que querem nos tirar, para determinar nosso futuro sob o signo da solidariedade e do acolhimento, da ajuda mútua e da comunidade.

Ocupamos contra a cidade dos patrões.

Ocupamos para construir uma cidade diferente, uma alternativa real; ocupamos para que todos e todas possam viver bem.

Aqui estamos e aqui permanecemos.

Espaço social ocupado e de alternativa cultural.

Fonte: https://cox18.noblogs.org/post/2025/09/03/contro-la-citta-dei-padroni/

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

depois de horas
nenhum instante
como agora

Alexandre Brito

ABC Indonésia: Apelo internacional à solidariedade com os detidos, desaparecidos e mortos na revolta em curso

Palang Hitam Anarkis (Anarchist Black Cross-ABC, dahulu Palang Merah Anarkis) Indonésia pergunta se é possível organizar uma manifestação/ação de solidariedade nas embaixadas da Indonésia em países estrangeiros. Pedimos ajuda aos camaradas de vários países.

A revolta popular na Indonésia está enfrentando uma repressão severa. Dezenas de pessoas estão confirmadas como desaparecidas, pelo menos 6 pessoas foram mortas. Muitas estão feridas. Milhares de pessoas foram presas. A polícia tem atacado as universidades. Postos de controle da polícia e do exército estão sendo instalados em todos os lugares. Muitas pessoas estão sendo presas por transmissões ao vivo e blogs de contra-informação, e as redes sociais estão sendo rastreadas e camaradas presos. ONGs, sindicatos liberais/de esquerda e representantes sindicais estudantis estão ajudando na repressão.

A solidariedade é a nossa arma.

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

Nos olhos da libélula
refletem‑se
montanhas distantes.  

Issa

[Rússia] Apoie o anarquista Dmitry Osyagin, condenado a 15 anos por incêndio criminoso em prédio do tribunal e por comentários contra a guerra

O anarquista e ativista antiguerra Dmitry Osyagin, de Kazan, foi condenado a 15 anos de prisão por incendiar um prédio do tribunal. Ele foi acusado com base em três artigos: incitação ao “extremismo”, “terrorismo” e prática de “ato terrorista”.

Segundo os investigadores, em fevereiro de 2023, Dmitry incendiou o prédio do tribunal no distrito de Privolzhsky, em Kazan. O tribunal ficava no térreo de um prédio residencial. Conforme relatado pela mídia, o incêndio danificou apenas o canto da moldura de uma janela e foi rapidamente extinto. Inicialmente, o caso foi aberto sob o artigo de danos à propriedade, mas depois foi reclassificado como “ato terrorista”.

Além do incêndio criminoso, Osyagin foi acusado de fazer 17 postagens incitando a violência contra autoridades governamentais, incluindo o presidente da Rússia, e 27 postagens que, segundo os investigadores, continham retórica terrorista.

O comunicado do tribunal à imprensa observa que Osyagin se opôs à invasão da Ucrânia e era supostamente membro do grupo anarquista “Organização Anarco-Comunista de Combate” (BOAK), que assumiu a responsabilidade por ações de sabotagem em ferrovias e apoia militantes anarquistas. No entanto, os camaradas da BOAK não confirmam a filiação de Osyagin, afirmando:

Embora orgulhosamente chamemos o militante preso de camarada e pessoa com ideias semelhantes, não podemos explicar por que a mídia estatal o chama de membro da BOAK. Há duas possibilidades: ou ele realmente estava em contato conosco e agia como célula individual autônoma da Organização — não coletamos informações sobre participantes autônomos e, portanto, é difícil identificá-lo com precisão — ou o FSB, os promotores e o tribunal atribuíram falsamente a ele a filiação à BOAK para garantir a sentença mais longa possível.

Após a prisão, em 2023, Osyagin foi adicionado à “lista de terroristas e extremistas” da Rosfinmonitoring. Agora, além de 15 anos de prisão, o tribunal o proibiu de manejar qualquer recursos online por 4 anos após sua libertação.

A sentença foi proferida pelo juiz Alexander Raitskiy, do Tribunal Militar do Distrito Central, em 18 de junho de 2025. Osyagin está detido no Centro de Detenção No. 5 (SIZO-5) de Yekaterinburg.

Dmitry é uma pessoa versátil. Antes da prisão, trabalhava com paisagismo e construção de fontes. É interessado em tecnologia, TI, mineração de criptomoedas, videogames, história e literatura fantástica.

Se quiser escrever uma carta para Dmitry, escreva. Ele precisa do seu apoio agora mais do que nunca.

Endereço para correspondência:

Osyagin Dmitry Vladimirovich, 08.12.1987

SIZO-5, Elizavetinskoe Highway, 19,

620024, Yekaterinburg, Rússia

As cartas precisam ser escritas em russo. Você pode usar ferramentas de tradução online.

Na foto: Tribunal distrital de Privolzhk, em Kazan, após ataque incendiário.

Cruz Negra Anarquista Moscou

Fonte: https://avtonom.org/en/news/support-anarchist-dmitry-osyagin-sentenced-15-years-arson-court-building-and-anti-war-comments

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Na noite de inverno
o frio não é só no corpo:
as tábuas estalam.

Anibal Beça

[Santos-SP] 3ª Feira Anarquista da Baixada Santista — Programação!

Finalmente ficou pronta a programação completa da 3ª Feira Anarquista da Baixada Santista que acontecerá no dia 20 de setembro de 2025, a partir das 14 horas, no LAB Procomum, na rua 7 de setembro, número 52, no bairro da Vila Nova, em Santos.

DEBATES:

15 horas — Marcha da Maconha – Tema: “Marcha da Maconha da Baixada Santista: Abolicionista, Feminista & Libertária”;

16 horas — Frente Pela Legalização do Aborto da Baixada Santista – Tema: “Justiça Reprodutiva” + Oficina de panfletos sobre antiproibicionismo;

17 horas — Mães de Maio – Tema: “Contra o Terrorismo do Estado”;

18 horas — Debate Coletivos Anarquistas – Tema: “Possibilidades Para o Anarquismo na Atualidade”.

OFICINAS:

15:30 horas — Stencil para Crianças (e seus adultos) Rebeldes, por Willie 77;

17:30 horas — Oficina de Colagem Analógica com Resíduos, por Willie 77.

EXPOSITORES:

Núcleo De Estudos Libertários Carlo Aldegheri, Centro de Cultura Social – SP, Biblioteca Terra Livre, Marcha da Maconha da Baixada Santista, Cultive Resistência, Ateliê Canudos, Livraria Nigra Koro Distro, Organização Socialista Libertária, Faísca Publicações Libertária, Movimento Mães de Maio, Comuna Aurora Negra, Frente Pela Legalização do Aborto da Baixada Santista, 100% Vegetal & Hângü Cozinha Livre.

Divulgue! Compartilhe! Compareça!

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

Sabiá quieto.
O silêncio da tarde
Pousa na antena.

Camila Jabur

[Espanha] Nova revista libertária: Esporas

Olá, compas:

Escrevemos para compartilhar uma notícia que nos deixa muito entusiasmados. Juntamente com várias editoras e amigas do setor, lançamos um novo projeto: Esporas, revista libertária de crítica literária.

Será uma revista totalmente colorida, com 60 páginas no formato A5. Queremos fazer uma tiragem ampla e, acima de tudo, que possa circular gratuitamente. Já estamos trabalhando há alguns meses e, se tudo correr bem, em setembro será lançada a primeira edição. A ideia é publicar duas vezes por ano (mas vamos ver se conseguimos). Também está prevista uma edição no continente americano.

Para que este projeto avance, precisamos do seu apoio. Lançamos uma pré-venda em três formatos, e participar dela nos ajudará a cobrir os custos iniciais e garantir que a revista chegue o mais longe possível.

O primeiro modelo custa 10 euros e te enviamos 5 revistas: https://calumnia.sumupstore.com/producto/preventa-5-ejemplares-revista-esporas

O segundo custa 20 euros e te enviamos 10 revistas: https://calumnia.sumupstore.com/producto/preventa-10-ejemplares-revista-esporas

E o último é 50 euros e te enviamos 20 revistas (este último é uma ajuda solidária): https://calumnia.sumupstore.com/producto/preventa-20-ejemplares-revista-esporas-apoyo-solidario

Você pode entrar em contato conosco para qualquer esclarecimento ou escrever para o e-mail da revista: revistaesporas@protonmail.com

Não é grande coisa, esperamos sinceramente que gostem da ideia e, especialmente, do conteúdo, que ficou muito legal. Quando tiverem o primeiro número, não hesitem em nos enviar material; será necessário.

Obrigado pelo apoio e pela divulgação.

Assembleia editorial da revista Esporas (editoras e individualidades libertárias).

agência de notícias anarquistas-ana

Selva de concreto:
as raízes quebram tijolos
para ver a lua.

Liberto Herrera

Memória | Grupo punk faz protesto contra o serviço militar

Deu na Folha de S. Paulo, 8 de setembro de 1994.

Os punks foram um espetáculo à parte no desfile da Avenida Tiradentes, em São Paulo. Com punhos cerrados, gritaram e exibiram faixas de protesto contra a obrigatoriedade do serviço militar e gastos do governo com armamentos.

Os cerca de 50 punks, com cadeados, correntes e principalmente desaforos a policiais, limitaram-se a se manifestar, no entanto, no trecho da Tiradentes perto do Jardim da Luz. Um cordão de policiais militares intimidou-os e eles se contentaram em desfilar em direção à Estação Luz.

Os manifestantes se classificaram como anarco-punks ou punks anarquistas. Desde 1985, o punk Carlinhos, de 23 anos, vai aos desfiles do 7 de Setembro. Sempre para protestar contra o serviço militar. Pedreiro por profissão, ele afirma que a efervescência anti-Collor não o abala. “Sou contra qualquer governo, protesto contra todos eles.”

O vendedor Ivan de Souza, de 23 anos, mostrava um habeas corpus antecipado para evitar que fosse preso, como no ano passado. “É o nosso direito de expressão”, afirmava.

Em Salvador, um grupo de 20 punks também organizou um protesto durante o desfile de 7 de Setembro. Com faixas e cartazes, os punks defendiam o voto nulo e criticavam as Forças Armadas. Não houve incidentes. Eles só foram incomodados por cabos eleitorais de partidos de esquerda, que queriam a retirada das faixas pedindo voto nulo.

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

Mosaico no muro.
O gato ensaiando o pulo.
Azuis borboletas.

Fanny Dupré

Gasto militar: Governo Lula 3 fecha negócio de 528 milhões de euros por submarino nuclear

O governo Lula 3 (Marinha) fechou contrato, sem licitação, com a Naval Group, para dois projetos ligados ao programa do submarino nuclear brasileiro, que será o primeiro da América Latina.

O custo total dos dois contratos assinados em agosto, segundo a instituição, é de 528 milhões de euros.

O grupo industrial tem sede na França, justamente o país com que o Brasil firmou, em 2008, a parceria que originou o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) para a construção de quatro submarinos convencionais e um submarino nuclear.

A Marinha brasileira espera iniciar a construção do veículo com propulsão nuclear ainda em 2025.

Fonte: agências de notícias

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

Madrugada fria.
A lua no fim da rua
vê nascer o dia.

Ronaldo Bomfim

[México] Chamado à Agitação pela Liberdade Absoluta de Miguel Peralta e do povo de Eloxochitlán de Flores Magón

Aos meios livres

Aos/às companheiros/as anarquistas, livres e autônomos/as

Às coletivas e coletivos de gráfica e diferentes expressões artísticas

Há mais de 10 anos a situação que se vive no povoado de Eloxochitlán de Flores Magón, na serra mazateca de Oaxaca, México, tem chamado a atenção de quem assume a autonomia dos povos e a defesa do território como algo legítimo e necessário.

Há mais de uma década temos testemunhado a luta incansável do povo mazateco contra os poderes locais que se reforçam como caciques e como parte da estrutura governamental, os quais também não cessaram o roubo e o assalto à comunidade. Dentro dessa luta, nosso irmão Miguel Peralta, mazateco, anarquista e defensor comunitário, tem sido um dos muitos que sofreu duramente a repressão. Ele passou quase 5 anos preso no presídio de Cuicatlán e atualmente se encontra perseguido e afastado de sua família, seu território e sua comunidade.

Embora não seja o único caso do povoado, sua defesa legal teve um caminho diferente do resto dos/as companheiros/as perseguidos/as. Hoje nos encontramos em um momento crítico na luta pela liberdade absoluta de Miguel Peralta. Após a chegada do caso à Suprema Corte de Justiça no passado ano de 2023, e com uma possibilidade anulada de poder dar fim à perseguição política e conceder-lhe sua liberdade plena, a Suprema Corte de Justiça se limitou a emitir uma resolução em novembro de 2024 na qual o caso foi devolvido ao Primeiro Tribunal Colegiado de Oaxaca, limitando-se apenas a fazer recomendações vagas a dito tribunal sob o argumento de “revisar o caso com uma perspectiva intercultural e levando em conta especificidades culturais da comunidade indígena mazateca de Eloxochitlán”, assim como recomendou estudar se foram respeitados os direitos à livre determinação e à autonomia neste caso.

Tudo isso dito pelas autoridades, obviamente dentro da mesma teia que passa a responsabilidade para outras instâncias, nos levou a uma parte do processo que, embora seja verdade que toda essa perspectiva intercultural que agora é apontada foi ignorada, o fato de fazê-lo não nos garante que desta vez o resultado seja favorável para nosso irmão Miguel Peralta.

Um estudo sério do processo resultaria sem dúvida na liberdade absoluta de Miguel, no entanto, conhecemos o poder político dos responsáveis pela perseguição e criminalização em Eloxochitlán: a família caciquil-partidária Zepeda, especificamente o cacique máximo e ex-presidente municipal Manuel Zepeda Cortes e sua filha Elisa Zepeda Lagunas, atualmente deputada pelo Morena no Congresso do Estado de Oaxaca. Sabemos da influência que esta última tem nos juízos e tribunais, sabemos das relações que mantém com o governador do estado de Oaxaca, Salomón Jara, com a presidente da república, Claudia Sheinbaum, e agora inclusive com o novo presidente da Suprema Corte de Justiça da Nação, Hugo Aguilar Ortiz. Sabemos que, independentemente do partido político que esteja no poder e do seu discurso, o Estado busca reprimir a autodeterminação das comunidades indígenas.

Além do caso de Miguel Peralta, existem muitos mandados de prisão contra mais de 50 integrantes da comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón, entre eles Martha Betanzos e Martín Peralta (mãe e irmão de Miguel), todos perpetrados pela mesma família caciquil e respaldados pelo sistema nefasto de justiça. Não lhes basta estar em cargos de poder e utilizá-los para submeter a comunidade, querem seguir mantendo famílias inteiras deslocadas e sob a angústia de um dia serem detidas.

No passado mês de abril, David Peralta, irmão mais novo de Miguel e fotojornalista da localidade, se encontrava exercendo seu trabalho de documentação através do registro fotográfico da exploração e saque dos recursos naturais da comunidade pela empresa familiar dos Zepeda. David foi atacado e ameaçado por Manuel Zepeda e seu pessoal, que lhe roubaram suas ferramentas de trabalho e o perseguiram violentamente, argumentando que ele se encontrava em “propriedade privada”, o que era totalmente falso.

Por tudo isso, convocamos vocês a se solidarizarem e se somarem à Jornada de Agitação pela Liberdade Absoluta de Miguel Peralta Betanzos. Sugerimos a realização de atividades entre os meses de setembro e novembro deste ano de 2025, entendendo-se agitação e ação em suas diversas formas e modalidades, com o que a própria imaginação e ferramentas nos permitirem: desenhos, poemas, música, faixas, gráfica, dança, cartas, eventos e ações, tudo em solidariedade a Miguel Peralta e à comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón, exigindo mais uma vez sua LIBERDADE ABSOLUTA. Da mesma forma, convidamos vocês a ficarem atentos às próximas ações e a divulgarem o caso por todos os meios possíveis. É um momento crucial para que a Justiça do Estado decida pela sentença de liberdade absoluta a Miguel Peralta e para que ele possa voltar a caminhar pelas ruas, caminhos, montanhas, cânions e cafezais de sua comunidade.

Chega de perseguição às comunidades originárias!

Liberdade absoluta para Miguel Peralta!

Liberdade e Justiça para Eloxochitlán de Flores Magón!

Nem condenados/as! Nem perseguidos/as!

Grupo de Apoio em Solidariedade a Miguel Peralta

Amigos/as de Miguel Peralta e pessoas solidárias à comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón

Compartilhe suas propostas e/ou ações em:

E-mail: yalibreselox@riseup.net

FB: Libres Ya

IG: Libres.ya

Tradução > Liberto

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

Vermelho céu manchado
Sombras em seus lugares
Lua aparece.

Chang Yi Wei

[Itália] Milão: sábado, 6 de setembro, manifestação nacional “Tirem as mãos da cidade” contra a reintegração de posse do Leoncavallo

O comunicado pós-assembleia do Leoncavallo Espaço Público Autogerido:

Tirem as mãos da cidade!

Sábado, 6 de setembro, ATO público nacional

Contra a reintegração de posse do Leoncavallo, contra o fascismo do governo, a gentrificação e a expropriação dos patrimônios públicos e autogeridos.

Defendemos os espaços sociais, a cultura livre, a arte subversiva e os movimentos de base. Queremos outra Milão!

Convidamos todxs a participar a partir da trajetória que começa hoje em direção ao ato do dia 6 de setembro e que envolve todos os coletivos milaneses que se importam com o destino da cidade. A manifestação coincide com as datas do festival antirracista Abba Vive, de 5 a 7 de setembro, no Parque Sempione. Um evento que representa a memória viva das novas gerações antirracistas e decoloniais que são o futuro de Milão.

Vamos construir juntxs um ato nacional contra a gentrificação e a democracia do metro quadrado pelo direito à existência dos espaços autogeridos e por uma democracia de base.

Tirem as mãos da cidade! Sábado, 6 de setembro, Ato Nacional

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

Margeando riacho
Tenras folhinhas brotam
No campo queimado.

Mary Leiko Fukai Terada

[Croácia] Feira Anarquista de Livros de Zagreb

Amigos e camaradas, boas-vindas!

Com alegria combativa, convidamos a todos para a Feira Anarquista de Livros de Zagreb que, este ano, vai acontecer em dois locais. No primeiro dia, 6 de setembro, a feira acontece na ocupação Postaja, em cooperação com o grupo autônomo anarco-queer Vrrrane, onde oficinas e debates aguardam a todos. No dia 7 de setembro, além de expositores de livros e uma rica seleção da literatura anarquista, debates, fóruns e oficinas aguardam no Centro da Juventude de Ribnjak. O tema geral da Feira Anarquista do Livro de Zagreb deste ano é “Antimilitarismo e Antifascismo”, e o subtema é “Esgotamento” (Burnout).

Todos os participantes da feira recebem um prato vegano. Tentaremos dar acomodação aos participantes (em ocupações de Zagreb, com particulares amigos de Zagreb, e recomendações de opções alternativas de acomodação, como albergues).

A feira se fundamenta nas ideias de antiautoritarismo, antifascismo e anticapitalismo, entre outros princípios anarquistas. Esperamos que esta feira, tal como outras feiras anarquistas, sirva de plataforma para nos conhecermos, estabelecer contatos, distribuir materiais e partilhar experiências da luta em comum. A feira é organizada horizontalmente, conforme princípios libertários e, por isso, custeada na base de doações e de benefícios.

Convidamos a todos a contribuírem com a feira deste ano através da sua participação.

Além disso, pedimos que encaminhem o convite a coletivos e distribuidores amigos. Queremos que os princípios anarquistas e a teoria da organização social e econômica, a filosofia e a ciência se aproximem de todos interessados. Vamos estender a luta contra todos os sistemas de dominação, da feira para as ruas, para os locais de trabalho, os apartamentos e casas, escolas e hospitais!

Nem escravos nem senhores, anarquistas!

Contato

Para informações adicionais, perguntas ou sugestões, entre em contato pelo email anarchistfair@riseup.net

www.zagrebask.org

Tradução > CF Puig

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

Pela madrugada,
Promessa de um dia claro.
Névoa no caminho

Manoel Menendez

[Espanha] Tudo pronto para o 8º Alcuentru d’Escritos Libertarios.

8 a 14 de setembro de 2025

Chegou a 8ª edição do Alcuentru d’Escritos Llibertarios (Encontro de Escritos Libertários), um evento cultural que já se consolidou na cidade como referência para a literatura anarquista e libertária crítica e comprometida. O evento, que acontecerá de 8 a 14 de setembro, reunirá autoras e autores renomados de diversas partes do mundo, desde Algeciras às Astúrias, passando por Valência, Cantábria e até mesmo pela América do Sul.

Ao longo destes dias, o público poderá desfrutar de uma programação diversificada que contará, como sempre, com teatro, sessões de cinema, palestras e apresentações de livros sobre temas variados.

Este evento busca fomentar o debate e a reflexão sobre questões sociais, culturais e políticas desde uma perspectiva crítica, sempre com o objetivo de promover o pensamento livre e alternativo.

|| Fiel ao espírito do Alcuentru, a ilustração escolhida como cartaz deste ano simula um tanque de guerra, mas de livros e lápis, armas reais nestes tempos onde o antimilitarismo deve estar bem presente ||

alcuentrullibertariollion.wordpress.com

agência de notícias anarquistas-ana

Flor esta
De pura sensação
Floresta.

Kleber Costa

[Espanha] Lançamento: “Processos de colonização e descolonização. Apontamentos históricos e recursos didáticos.”, de Julián Vadillo Muñoz

Estamos ante um ensaio histórico, enriquecedor tanto para estudantes como para qualquer pessoa ávida por conhecer a complexidade e transcendência dos processos nele desenvolvidos.

Seguindo uma divisão territorial apresenta o período do colonialismo de finais do século XIX e detalha a atuação das potências industriais sobre tantas terras até então alheias às lógicas do domínio capitalista que acaba empurrando ao mundo, de maneira inabalável, até a Primeira Guerra Mundial.

Após décadas de exploração e subjugação, depois da Segunda Guerra Mundial, estes povos começam a liberar-se do jugo imposto pelas potências imperialistas de diversos modos: alguns se veem influenciados pelo contexto de Guerra Fria e seus antagonismos, outros pretendem uma emancipação autônoma não alinhada, no desenvolvimento da descolonização.

Trata-se, por fim, de um percurso pela geografia do conflito do mundo contemporâneo na periferia dos sistemas, atendendo às referências da resistência anticolonial. Um esboço histórico que nos conduz até a atualidade em muitos destes processos inconclusos.

Inclui uma eloquente seleção de fontes históricas e propostas didáticas que nutrem a aproximação a esta sugestiva realidade de povos e modelos na luta por sua liberação.

PROCESOS DE COLONIZACIÓN Y DESCOLONIZACIÓN. Apuntes históricos y recursos didácticos.

Julián Vadillo Muñoz

Volapük Ediciones, mayo 2025

288 páginas, 20×13

978-84-126537-2-4

16 euros

volapukediciones.blogspot.com

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

A flor
Sussurra ao vento
Sem aroma.

Maria Helena Camargo

Chamado para criar cartazes para a XV Feira Anarquista de São Paulo

Como forma de ampliar a divulgação e a participação das pessoas na construção da XV Feira Anarquista de São Paulo, que irá acontecer dia 06 de dezembro de 2025, estamos convidando artistas (amadores ou profissionais) para criar um cartaz para a divulgação da Feira.

As sugestões de temas para os cartazes deste ano são as seguintes:

  • 40 anos da reabertura do Centro de Cultura Social
  • 120 anos da morte de Elisee Reclus e Louise Michel
  • 130 anos do nascimento de Lucía Sánchez Saornil
  • 190 anos da Revolta dos Malês, Salvador/BA
  • 10 anos das ocupações secundaristas de SP
  • ⁠140 anos de nascimento do Adelino de Pinho
  • 120 anos de fundação da IWW
  • 30 anos do lançamento da Revista Utopia (Portugal)
  • 120 anos da primeira greve conjunta Brasil/Argentina/Uruguai
  • 25 anos de lançamento do documentário Ácratas
  • 80 anos da morte da Maria Lacerda

Mas são apenas sugestões! Não existe restrições a criação artística.

Para participar, envie seu trabalho para: feiraanarquista@gmail.com (coloque sua @ pra gente divulgar nas redes também).

Todos os trabalhos realizados e enviados para o e-mail – até outubro – serão exibidos em uma exposição realizada durante a Feira.

Formato do Cartaz:

– Impressão: A3 (29,7cm x 42,0cm ou 3508px x 4961px)

– Internet: 1080px x 1080px

Informações que devem constar no cartaz:

– Título: XV Feira Anarquista de São Paulo

– Data: 06 de dezembro de 2025

– Horário: 10h – 19h

– Local: ARCO Escola-Cooperativa, Rua Corinto, 652 – Butantã, São Paulo/SP

– Organização: Biblioteca Terra Livre | Centro de Cultura Social | Nelca

Atualizaçõeshttps://www.instagram.com/feiraanarquistasp/

agência de notícias anarquistas-ana

No parapeito
da velha janela
a gata espreita

Eugénia Tabosa

Revolta na Indonésia: “Erupção coletiva de raiva”

Os protestos continuam militantes, já que líderes estudantis e sindicais não conseguem controlar as bases

Cristina Sykes ~

Manifestantes em toda a Indonésia iniciaram mais um dia de manifestações confrontadoras, com a revolta que tomou conta do país nos últimos dias sem dar sinais de abrandar. Inicialmente contra os aumentos acentuados de impostos e contra generosos salários e despesas dos membros do parlamento, os protestos tomaram rumo militante depois que imagens brutais mostraram a polícia paramilitar atropelando um motorista de entrega na manifestação de 28 de agosto.

No dia seguinte, rebeliões eclodiram espontaneamente na capital, Jacarta, e diversas outras cidades, incluindo Makassar, Bandung, Yogyakarta, Medan e Pontianak. Os manifestantes atacaram postos policiais, delegacias e a sede da Câmara de Representantes (DPR). No fim de semana, os protestos também se espalharam para as casas particulares de membros da DPR e sedes de partidos políticos.

Desde então, mais seis manifestantes foram mortos, pelo menos, mais de 700 foram presos e houve centenas de feridos. No entanto, também surgiram imagens da polícia recuando rapidamente diante dos projéteis da multidão que avançava. Embora o governo não tenha recorrido a cortes totais de energia, tem havido cortes do sinal de telefone nos locais das manifestações, e interrupções no acesso à internet e ao fluxo de informações digitais.

“As manifestações surgiram organicamente do próprio povo, não mais da consolidação de organizações estudantis formais e sindicatos”, afirmaram anarquistas indonésios em correspondência online. “Além disso, o apoio a ações violentas aumentou, enquanto, no passado, nós, anarquistas, éramos sempre bodes expiatórios e o público, a imprensa e o governo nos culpavam”. 

Desde 2019, a Indonésia tem passado por ondas de revoltas que vão e vêm. Os anarquistas sempre estiveram na vanguarda das batalhas de rua, além de serem influentes na organização da resistência a despejos e lutas por terras, movimentos estudantis e escolares, torcidas de futebol e na cena musical underground. 

A grande mídia noticiou que o presidente indonésio Prabowo Subianto cancelou viagem à China, enquanto partidos políticos concordam em cortar os benefícios dos legisladores, numa tentativa de acalmar a rebelião. 

“Não é só um protesto, é uma explosão coletiva de raiva contra o aumento dos impostos de habitação, a corrupção sem fim e os cães militares e policiais do Estado”, afirma outra declaração anarquista. “Normalmente, algum sindicato liberal ou partido da oposição controla as narrativas, mas não desta vez. Deixamos isso para os jovens. Só podemos estimulá-los a serem mais incontroláveis.” 

À medida que a situação continua a se agravar, os anarquistas arrecadam fundos¹ para estabelecer uma rede de abrigos seguros para manifestantes e ativistas da linha de frente em risco. Uma página mantida pelos amigos da Organise Magazine² reúne as últimas declarações dos manifestantes, além de artigos com informações sobre o contexto todo. 

[1] https://www.firefund.net/indonesiansafehousenetwork 

[2] https://safenet.or.id/2025/08/statement-on-digital-repression-during-the-august-2025-indonesian-protests/ Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/09/01/indonesia-uprising-a-collective-eruption-of-rage/ 

Tradução > CF Puig

 agência de notícias anarquistas-ana 

Nem heróis, nem vilões –
somos rede de vozes
tecendo o possível.

 Liberto Herrera

A Vida como Trincheira: Laços e Caminhos para um Mundo Novo.

A luta pela libertação não é um evento futuro agendado para uma revolução distante, mas um exercício diário de negação e construção. O capitalismo e o Estado não são monstros que dormem à espera de um único golpe fatal; são hidras que se regeneram todos os dias através da nossa passividade, da nossa obediência e da nossa assimilação. Portanto, a resistência deve ser igualmente cotidiana, um fermento constante que corrói os alicerces podres deste mundo. É nas pequenas recusas e nas microafirmações que preparamos o terreno para a grande transformação. Ignorar o hoje em nome de um amanhã glorioso é cometer o mesmo erro dos que adiam a vida para um paraíso após a morte: é negar a própria possibilidade da mudança real.

Reverenciar o ontem não é um culto mortuário ao passado, mas um ato de reconhecimento e aprendizado. Os mártires de Chicago, os guerrilheiros da Ucrânia livre, as mulheres livres da Espanha, todos aqueles que ousaram desafiar o Leviatã em suas épocas, não nos legaram um roteiro a ser seguido, mas um espírito a ser encarnado. Suas lutas, seus erros e seus acertos são a matéria-prima da nossa própria práxis. Eles nos mostram que a história não é feita por forças invisíveis, mas pela ação corajosa de pessoas comuns. Honramos sua memória não com monumentos de pedra, mas com ações de carne e osso, continuando onde eles pararam, adaptando sua coragem às nossas próprias realidades.

É precisamente nesta resistência do presente, na recusa em pagar ainda mais caro em um ônibus, na ocupação de um terreno ocioso, na greve selvagem, no apoio mútuo durante uma crise, que encontramos os verdadeiros caminhos. A teoria desce das nuvens e ganha materialidade nas ruas. Descobrimos o que funciona e o que não funciona não em manuais dogmáticos, mas na prática coletiva. A rua vira nossa universidade, e a ação direta, nosso método de pesquisa. Cada confronto, cada espaço autogerido, cada estrutura horizontal que erguemos é um laboratório onde testamos e vivemos os princípios da sociedade futura, aqui e agora.

Mais importante ainda: é nessa prática quotidiana que encontramos nossos camaradas. Laços forjados na luta concreta são infinitamente mais sólidos do que aqueles construídos em discussões intermináveis em salas fechadas. A confiança nasce do apoio mútuo em um piquete, da solidariedade em uma manifestação, do trabalho coletivo em uma horta comunitária. Esses laços são o tecido conjuntivo da nova sociedade dentro da velha. São estes vínculos de afeto, confiança e propósito comum que formarão a base resiliente necessária para enfrentar os desafios maiores que virão, impedindo que nossas estruturas reproduzam a hierarquia e o autoritarismo que juramos destruir.

Portanto, a transformação rumo ao fim do capitalismo, do Estado e de todas as formas de dominação não será um evento singular, mas o acúmulo e a generalização dessas práticas quotidianas de resistência e autogestão. O amanhã livre não é um destino ao qual chegaremos, mas um caminho que construímos a cada passo dado hoje. A nova sociedade não será proclamada num dia, mas gestada todos os dias nos espaços que roubamos ao poder, nas relações que libertamos da lógica do mercado e do Estado.

Conclamo, pois, a que não esperemos por um momento messiânico. Que nossa vida seja nossa principal trincheira. Que cada gesto de insubordinação, por menor que pareça, e cada ato de solidariedade, por mais local que seja, seja um tijolo na construção do mundo novo. O amanhã será apenas o eco do hoje que ousamos viver em luta. É na resistência do presente que honramos o passado e forjamos o futuro. Porque a revolução não é um ponto no calendário; é um modo de existir.

Liberto Herrera.

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

No bosque encantado
Um filhote de coruja
Passeia tranquilo.

Camille Cristina Ostoulk

[Espanha] Devolvem à família os restos mortais de Ignacio Francisco Caneda, fuzilado em Ezkaba

21/08/2025

Ignacio Francisco Caneda Deza, fuzilado em 1936 após uma tentativa de fuga do presídio de San Cristóbal, onde estava encarcerado por ser anarquista, recuperou hoje a «dignidade» após quase 90 anos enterrado em uma vala comum. Será enterrado em O Grove, junto à sua família.

O estadunidense de origem galega Ignacio Francisco Caneda Deza, fuzilado em 1936 após uma tentativa de fuga do presídio de San Cristóbal, onde estava encarcerado por ser anarquista, recuperou hoje a «dignidade» após quase 90 anos enterrado em uma vala comum e foi «devolvido ao calor da sua família».

Isso ocorreu em um ato emocionante organizado em Berriozar, em cujo cemitério seus restos repousaram durante décadas, até que no ano passado puderam ser confrontados com os de seus familiares e identificados como os do jovem estadunidense com família tanto em Nova York quanto em O Grove (Galiza), em cujo cemitério será definitivamente enterrado neste fim de semana junto a seus pais e irmãos.

A chuva obrigou a transferir o ato do cemitério da aldeia velha de Berriozar, onde estava previsto, para um espaço ao ar livre, embora coberto, para onde haviam chegado uma emocionada Mauricia Caneda e sua filha Rosa González Caneda, por sua vez sobrinha e sobrinha-neta de Ignacio Francisco Caneda Deza.

Após décadas sem conhecer o paradeiro de seu familiar, embora soubessem que ele havia morrido em algum momento da Guerra de 36 após ser preso por uma revolta em 1934, a casualidade fez com que no ano passado familiares de O Grove lhes enviassem uma nota de um jornal galego na qual o Instituto Navarro da Memória pedia para entrar em contato com eles.

A família recebe os restos mortais com «grande emoção»

A sobrinha-neta, Rosa González Caneda, expressou o sentimento da família, a «grande emoção» com a qual recebem hoje os restos de seu tio-avô e o «profundo reconhecimento» às instituições e pessoas que «tornaram possível este dia tão esperado e significativo para nós».

«Profissionalidade, rigor científico e sensibilidade humana» são os três pilares com os quais atuaram tanto cientistas quanto políticos e membros das associações memorialistas nestes «meses de esperança e expectativa» até que a identidade dos restos foi confirmada.

De uma família extensa e espalhada, já que Ignacio Francisco – a quem chamavam “Frank” – nasceu nos Estados Unidos, foi filho, junto com vários irmãos, de pais emigrantes galegos, embora, após a morte da mãe lá, tenha voltado por volta de 1920 para a Galiza, onde seu pai se casou novamente e teve mais filhos.

Caneda trabalhou como marinheiro e conectou-se com as ideias anarquistas. Foi detido e encarcerado na Galiza em 1934, e em 1936 ingressou no Forte de San Cristóbal, onde seu paradeiro foi perdido, embora seus irmãos e irmãs «tenham mantido viva sua lembrança através de seus relatos a filhos e netos».

«A memória familiar conserva a dor, o sofrimento do nosso bisavô – e pai de Frank – a angústia que o consumiu por não poder encontrar seu filho após sua prisão no ano de 1934», disse a sobrinha-neta, que lembrou que, dada a dupla nacionalidade de seu tio, na época chegou a intervir a embaixada dos Estados Unidos, sem sucesso.

Cumprir um anseio familiar e descansar

Por isso, para as sobrinhas, «poder compartilhar este momento transcendental representa o cumprimento de um anseio familiar que durante quase 90 anos guardamos em nossos corações: a recuperação dos restos de nosso querido tio».

«Para nós, isso transcende o ato de brindar-lhe a dignidade de um enterro apropriado. Representa a reunião espiritual daquele pai que morreu com a angústia de não saber o destino de seu filho, o reencontro na vida eterna que tanto ansiou. Depois de quase 90 anos de separação e dor, Ignacio Francisco será finalmente sepultado na mesma tumba que seu pai e dois de seus irmãos em O Grove, onde finalmente poderá descansar».

Será «na paz que tanto mereceu e que durante décadas lhe foi negada», destacou para mostrar seu «agradecimento eterno» a quem tornou possível «este momento de justiça, dignidade e reencontro familiar».

Seu emocionante discurso foi corroborado depois pela dança de um aurresku em sua homenagem e pela entrega dos relatórios de exumação e dos restos mortais de seu tio, que ela e sua mãe abraçaram em uma caixa com seu nome e que enterrarão neste sábado em O Grove.

Fonte: https://www.naiz.eus/es/info/noticia/20250821/devuelven-a-su-familia-los-restos-de-ignacio-francisco-caneda-fusilado-en-ezkaba

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Pipa quando chove
Se apaga
E morre.

Leandro Seraim