A visão de Mumia está se deteriorando a um ritmo alarmante.
Uma oftalmologista independente confirmou a progressão de sua doença ocular analisando seus exames oftalmológicos mais recentes. Ela informa que ele precisa de cirurgia e tratamento médico imediatamente ou poderá ficar cego permanentemente.
Sua visão caiu de 20/30 com óculos em 2024 (quase normal) para 20/200 hoje (legalmente cego) porque o Departamento de Correções (DOC) não monitorou adequadamente sua visão e atrasou seu tratamento médico e cirurgia urgentes.
O DOC da Pensilvânia sabia desde março de 2025, pelo menos, que Mumia precisava de cirurgia ocular. Os exames de 2024 e 2025 mostraram uma deterioração aguda que exigia intervenção imediata. No entanto, eles esperaram até julho para agir e marcaram a cirurgia para uma data ainda não especificada em setembro.
Mumia acredita que agora sofre de “diabetes retiniana”, uma condição que surgiu como consequência do coma diabético que sofreu em 2015 após receber esteroides inadequados para uma doença de pele. Nas suas palavras, Mumia afirma que o Departamento de Correções (DOC) está a “levá-lo lentamente à cegueira” em 2025 – mais um caso flagrante de negligência médica, danos médicos e incapacidade da prisão em atender às necessidades médicas de Mumia.
Os registros judiciais já documentam esse padrão: (a) negligência no monitoramento dos relatórios laboratoriais, o que levou ao coma diabético, e (b) negação e atraso deliberados em seu tratamento contra a hepatite C, que lhe causou cirrose.
Exigências
Libertar Mumia agora, sem condições, e colocá-lo sob os cuidados de seus próprios médicos, familiares e amigos. O DOC demonstrou, mais uma vez, que não é capaz de monitorar nem fornecer os cuidados corretivos urgentes de que ele necessita.
Agendar imediatamente a cirurgia ocular e o tratamento médico necessário para Mumia, sob a supervisão de seu oftalmologista independente, e que seja realizado pelo profissional externo mais próximo aprovado por esse oftalmologista.
Fornecer ao Dr. Ricardo Álvarez, médico designado por Mumia, todos os relatórios médicos da prisão e de qualquer outro médico externo que o tenha examinado em 2025.
freemumia.com
agência de notícias anarquistas-ana
Canção sem letra: assobios nos becos desafia hinos de Estado.
Celebra-se nestes dias em Vigo e em sua terra galega o centenário da morte de Ricardo Mella, um dos maiores pensadores libertários espanhóis que influenciou notavelmente o devenir do movimento anarquista e anarcossindicalista asturiano, já que, embora galego, viveu um longo período (quase uma década) em Astúrias por razões laborais.
São muitos os que consideram que Mella formou ideologicamente Eleuterio Quintanilla, Pedro Sierra (seu primeiro biógrafo), Marcelino Suárez e José M. Martínez, os mais destacados militantes ácratas dos anos trinta em Astúrias. As ideias de Mella se enraizaram com força nestas terras, onde esteve vários anos contribuindo com suas palestras e reuniões e desde o jornalismo operário para afastar definitivamente muitos trabalhadores do republicanismo e levá-los ao anarquismo.
Em 11 de junho de 1881 havia aparecido em Madrid La Revista Social, promovida pelo pensador e escritor Serrano Oteiza. Era uma publicação aberta na qual colaboraram N. Palacio (Hope), A. Orcal, S. Espí, Vanoncí, José García e outros. Da revista era assíduo leitor Ricardo Mella e, segundo contou ele mesmo, converteu-se ao anarquismo pelo que leu em suas páginas. Sua tiragem chegou a 20.000 exemplares até deixar de existir em outubro de 1885.
Mella chega a Astúrias
Mella chegou a Astúrias entre 1901 e 1902 como topógrafo de uma rede ferroviária secundária da região, estabelecendo relações com os grupos anarquistas asturianos. Um dos primeiros a conhecê-lo foi Eleuterio Quintanilla, que devia ter uns 16 anos. O encontro acontece na primavera de 1903 por motivo de uma conferência no Instituto Jovellanos intitulada As grandes obras da civilização. Junto com Pedro Sierra, Mella pôs em marcha por volta de 1908 o jornal Acción Libertaria, que seria posteriormente o principal cabeçalho anarcossindicalista asturiano.
Nascido em 1861 em Gamboa (Vigo), onde termina seus estudos primários, começa a trabalhar muito jovem, aos 14 anos, em uma agência marítima. Desde este momento e durante toda sua vida será um estudioso e chegará a aprender vários idiomas. Em 1887 adere ao Partido Republicano de Pi i Margall e em 1888 põe em marcha seu primeiro jornal La Verdad e depois La Propaganda. Influenciado por La Revista Blanca que se publica em Madrid. Logo vai se identificar com seu ideário anarquista e passa a defender o coletivismo.
Em 1883 forma-se como topógrafo, profissão que não o abandonará em sua vida laboral e que culmina como diretor gerente da Companhia de Bondes de Vigo. Suas influências teóricas provinham de Proudhon, através de Pi i Margall. Imediatamente colabora em numerosas publicações ácratas e seus escritos foram solicitados por outras publicações tanto espanholas como estrangeiras. No período de 1890 a 1900, como disse dele Jose Prat “estava animado de uma força de paixão revolucionária que necessitava manifestar do modo para ele mais factível: no jornal e na revista, no folheto e no livro”. Um de seus principais trabalhos foi A coação moral de 1901, cuja primeira edição se esgotou e que publica justamente quando se instala em Astúrias, onde permaneceu 9 anos, de 1901 a 1910, uma década decisiva para a formação da consciência anarquista nos grupos de Gijón, La Felguera e Oviedo. Em Astúrias nasceram três de suas filhas: Alba, Luz e Alicia.
Sua primeira residência asturiana foi no concelho de Sariego, entre Siero e Villaviciosa. Ali participou como topógrafo nas obras de construção da ferrovia. Em 1902 publica em La Revista Blanca “A bancarrota das crenças” onde combate o sectarismo de alguns grupos anarquistas, suscitando uma ácida polêmica. Um ano depois se traslada com sua família a Sotrondio, no coração das bacias mineiras. A partir desta data se recolhe em um prudente silêncio e deixa de escrever artigos na imprensa libertária para evitar polêmicas, embora envie alguma colaboração a publicações italianas e argentinas e também a El País de Madrid contra a repressão pelos acontecimentos da Semana Trágica de Barcelona. Sua passagem por Astúrias conclui com suas colaborações (sem assinar) em Tribuna Libre de Gijón e Solidaridad Obrera. Quando vai embora em 1910 para Vigo, deixa como “herança” a criação de um jornal: Acción Libertaria, primeiro em Gijón e posteriormente em Vigo e onde, além de sua pena, participam José Prat e o próprio Anselmo Lorenzo.
O jornalista Antonio García Oliveros relata também o peso que Mella teve entre os núcleos anarquistas asturianos:
“Em 1908 Oviedo aparecia ganha pela preponderância socialista e Gijón pela do anarcossindicalismo. À frente desta doutrina, Astúrias conheceu Ricardo Mella, galego, homem de grande lucidez, como de bondade de coração. Mella, falecido em Vigo, fez discípulos em Gijón como Anselmo Lorenzo em Barcelona, que deram à ideologia anarcossindicalista um impulso notável. Entre os homens da nova geração preparada por Mella, destacou brilhantemente Eleuterio Quintanilla”.
Álvarez Palomo, por sua vez, considera que a presença em Gijón naqueles anos de Ricardo Mella foi decisiva porque deu legitimidade doutrinal «a uma minoria culta e instruída dentro do anarquismo local, para se pôr à frente de uma organização que se encontrava em plena transformação, desbancando em La Felguera os socialistas com a criação de uma pequena Federação local de sociedades do metal entre os operários da Duro-Felguera, com a qual mantiveram relações fraternais no futuro”.
Pode-se dizer que Mella foi o combustível ideológico do anarquismo asturiano. Suas ideias foram difundidas por seus discípulos nas oficinas e fábricas de Astúrias, enraizando-se com força em Gijón e La Felguera.
No marco comemorativo/combativo dos 03 anos da FACA, perguntamos: E se a liberdade começar no prato? E se a transformação social brotar das cores, dos traços e das vozes que ecoam nas ruas?
No dia 28 de agosto, às 20 horas, na Praça do Obanga, no Centro de Vitória, vamos ocupar o espaço público para dialogar, criar e resistir. Vamos discutir como o vegetarianismo e a arte se entrelaçam na luta por um mundo sem opressão — sem donos, sem amos, sem amarras.
Este não é um evento só sobre o que comemos ou sobre o que pintamos. É sobre como essas escolhas cotidianas desafiam estruturas de poder, crueldade e exploração. É sobre emancipação pela consciência e pela ação direta.
Traga sua voz, sua arte, suas ideias e sua fome de mudança. Vamos juntes semear reflexão, compartilhar sabores rebeldes e fortalecer laços de luta e solidariedade.
Data: 28 de agosto (quarta-feira) Horário: 20h Local: Praça do Obanga, Centro – Vitória Informações: (27) 99261-2210
Não espere liberdade — construa-a com as próprias mãos. Venha fazer parte dessa roda de conversa, intervenção e resistência!
Com a presença da companheira Samanta Colhado, autora do livro “Companheiras: mulheres anarquistas em São Paulo (1889-1930)” e Mix conversando um pouco sobre as contribuições das mulheres anarquistas para o feminismo, trazendo um paralelo entre Brasil e Espanha (a partir do Grupo Mujeres Libres).
Dia: 30/08 às 15h. Marque na agenda e vem!!!! Café colaborativo! Sorteio de livro
No Projeto Meninos e Meninas de Rua Rua Jurubatuba, 1610 – São Bernardo do Campo-SP
E, aproveitamos para convidar a todos e todas para a Feira de Livros Anarquista no PMMR em 28/09!
É a gentrificação a única solução viável para os bairros abandonados? Alguns setores envolvidos repetem este argumento como um mantra
Que a gentrificação constitui a única solução viável para os bairros abandonados é um argumento que desde alguns setores envolvidos se repete como um mantra, legitimando assim um dos principais mecanismos contemporâneos de gestão urbana neoliberal, mascarada sob conceitos ambíguos como regeneração, revitalização ou renascimento. A indústria cultural e a criatividade, na mão de políticas de controle sobre o espaço público, são a perfeita isca para o turismo, a atração de investimentos e o negócio de lucrativos mercados imobiliários. As novas classes medias, atraídas por fenômenos como a mescla social, a cena alternativa ou o imaginário da cultura popular, escolhem estes bairros previamente desvalorizados convertendo rapidamente a deterioração urbana em um produto chic. Sua cara oculta é a expulsão, a segregação e o deslocamento daqueles que já não se consideram rentáveis. Nos últimos anos, a turistificação, alimentada pelo crescimento do capitalismo de plataforma que converte moradias em hotéis, é um dos maiores desafios atuais na hora de repensar a cidade. Complemento ou antítese da gentrificação, este “turismo depredador” faz com que a cidade se converta em um grande museu, onde a paisagem comercial tradicional de algumas zonas urbanas tende a “disneyficarse e franquiciarse”, provocando profundas mudanças sócio culturais, desigualdade urbana e novas precariedades.
Nosso projeto nasceu em Lecco, no verão de 2020, do encontro de sete pessoas unidas por uma sensibilidade libertária e pelo desejo de construir uma realidade de trabalho autogestionada, fundamentada em dinâmicas relacionais e decisórias horizontais e igualitárias, pautadas pela ajuda mútua e pela atenção às necessidades individuais.
Trabalhamos com café produzido por pequenas comunidades agrícolas organizadas em associações ou cooperativas, importado para a Itália e Europa por projetos de solidariedade, segundo critérios orientados para a proteção dos produtores e do meio ambiente.
Aos(às) agricultores(es) são garantidos um preço superior ao de mercado e relações comerciais estáveis e duradouras, frequentemente centradas na prática do pré-financiamento do café verde, que assegura um adiantamento sobre a receita do produto exportado antes da colheita.
// Contra a mercantilização do ser humano e a exploração intensiva dos recursos naturais, experimentamos a autogestão, o mutualismo e a solidariedade! \\
O que torna esta Torrefação especial?
O trabalho de importação, processamento e distribuição de café baseia-se em quatro pontos consensuais, princípios fundamentais que diferenciam nossa ação — inclusive econômica — das tendências dominantes em nossa sociedade:
Organização horizontal e compartilhada do trabalho
Propomos construir relações pessoais e profissionais igualitárias, pautadas pela ajuda mútua e pela atenção às necessidades individuais. Para isso, conduzimos o projeto através de uma frequente prática assemblear baseada no método de consenso, entendido como processo de debate contínuo e constante, voltado para o compartilhamento coletivo das escolhas que realizamos.
As funções desempenhadas por cada um(a) de nós são definidas coletivamente, priorizando as vontades e capacidades individuais. Buscamos garantir especialmente a equidade, entendida como reconhecimento de oportunidades iguais — não como anulação das diferenças individuais.
Propriedade coletiva dos meios de produção
Optamos por nos organizar como cooperativa de produção e trabalho, uma forma que institui (ainda que parcialmente) uma propriedade coletiva independente da participação individual, capaz de garantir reconhecimento equitativo do papel de todas as pessoas envolvidas no projeto. Para evitar dinâmicas hierárquicas e autoritárias, estabelecemos que todos(as) os(as) trabalhadores(as) assumam responsabilidades iguais na gestão da cooperativa, tornando-se sócios(as) da mesma.
Processamento de matérias-primas produzidas em condições de trabalho dignas e com respeito ao meio ambiente
Temos plena consciência da distância que nos separa de quem cultiva o café que bebemos, e da dificuldade em garantir condições de trabalho e sociais dignas para todos(as) envolvidos(as) nesta cadeia. Por isso, buscamos desenvolver relações o mais diretas possível com os produtores de café que utilizamos, priorizando cooperativas de pequenos produtores que compartilham nosso compromisso de defender suas comunidades dos efeitos desastrosos de um sistema econômico cada vez mais injusto.
Diálogo e colaboração com iniciativas que praticam e promovem autogestão, solidariedade e mutualismo
Embora nosso projeto seja laboral, sua essência é ideal e valorativa. A autogestão, a solidariedade e o mutualismo constituem a estrutura deste projeto — são os parâmetros pelos quais avaliamos constantemente seu desenvolvimento, seus êxitos e limites. Justamente pela importância que atribuímos a esses valores, acreditamos ser fundamental dialogar e colaborar com indivíduos e coletivos que os compartilham, ampliando assim sua difusão teórica e prática.
Todos nós já presenciamos a devastação dos incêndios florestais. O desaparecimento gradual da fauna e da flora não é uma ferida que logo será sarada, mas o resultado de um efeito dominó que afeta hábitats e ecossistemas inteiros por décadas e muito do dano causado é irreparável.
Nós nos recusamos a ser indiferentes com a destruição das florestas.
Nosso time (ΟΔΕ) é uma unidade de organização autônoma de combate aos incêndios florestais em Atenas, operando a dois anos a fim de combater os incêndios florestais e suas consequências de maneira segura, consistente e responsável.
Nós precisamos da sua contribuição para cobrir as necessidades básicas da nossa equipe, como equipamentos descartáveis (mascaras respiratórias, cordas, etc.), renovar nossos equipamentos antigos (ferramentas, capacetes, etc.), manutenção de equipamentos, e pequenas despesas resultadas do combate ao fogo. Até então conseguimos manter nossos custos com a contribuição dos nossos membros e com toda ajuda de todos que se solidarizam com a conservação da natureza.
Há quase três anos, plantamos uma semente de resistência no solo capixaba. No dia 11 de setembro de 2025, a FACA – Federação Anarquista Capixaba completa 3 anos de organização, luta e construção popular no Espírito Santo.
Três anos de coragem, três anos de rebeldia, três anos tecendo redes anticapitalistas, antipatriarcais e antirracistas em meio ao domínio do Estado e do capital.
Para marcar essa trajetória de confronto e construção, organizaremos uma série de atividades por todo o território capixaba — de norte a sul, das periferias aos centros — com rodas de conversa, cineclubes, formação política, articulação e ação direta nas ruas.
E abriremos nosso calendário de lutas com:
“A ARTE E O VEGETARIANISMO COMO FERRAMENTAS DE EMANCIPAÇÃO ANARQUISTA”
28 de agosto | 20h | Praça do Obanga, Centro – Vitória
Essa é só a primeira de muitas ações que virão. Nosso objetivo é claro: fortalecer a organização popular, difundir a ideia anarquista e construir um mundo novo e horizontal desde baixo.
Fiquem atentos às redes e aos chamados! A luta não para — e não pede licença.
Início das atividades: 28 de agosto
Ciclo de lutas: Durante todo o mês de setembro e além!
As comunidades mapuches da província argentina de Neuquén estão em alerta para defender os lagos Mari Menuco e Los Barreales, localizados em uma área entregue ao megaprojeto Vaca Muerta, iniciativa para a exploração de hidrocarbonetos não convencionais (extraídos pela técnica de fracking) na formação geológica Vaca Muerta, zona de importantes fontes de água da Patagônia norte argentina.
Nesta quarta-feira, 13 de agosto, a petrolifera estatal argentina YPF anunciou a decisão de iniciar o desenvolvimento de uma locação de fracking no istmo que une os reservatórios Los Barreales e Mari Menuco, após meses de tensões no território ancestral.
Em Loma La Lata, líderes da comunidade Kaxipayiñ reiteraram aos funcionários da YPF que não permitirão que trabalhem até que o governo provincial cumpra o compromisso de realizar uma consulta prévia à população. Tem-se que a empresa entre na área por meio de repressão letal contra os guardiões dos lagos.
“A YPF vai criando condições para conseguir o aval da justiça e entrar à força no território comunitário. Responsabilizamos o presidente da YPF, Horacio Marin, pelas consequências”, afirmou a Confederação Mapuche de Neuquén.
A exploração de hidrocarbonetos no território onde se encontram os reservatórios que armazenam água do rio Neuquén faz parte da expansão de Vaca Muerta em Neuquén, autorizada pelo governador Rolando Figueroa. O crescimento do projeto também compreende a construção de 800 quilômetros de oleodutos e instalações em reservas marítimas em outras províncias do país.
“Este é um nível de aproximação inédito, querem perfurar a lagoa. Excluíram a consulta prévia, não há estudos de impacto ambiental. Em Vaca Muerta não há qualquer regulação, políticas de conservação. No Rio Negro havia uma norma para que não se explorem hidrocarbonetos, anularam-na”, declarou à Avispa Mídia Leonora Jáuregui, integrante do Observatório Petrolero Sul.
Personalidade jurídica indígena
Há algumas semanas, uma manifestação na Governação de Neuquén pelo reconhecimento das personalidades jurídicas indígenas foi reprimida com uma violenta operação policial que deteve 18 pessoas, entre elas um menor de idade.
Por decreto da justiça, em 2023, foi estabelecido um prazo de noventa dias para criar o Registro de Comunidades Indígenas de Neuquén. O governo provincial procrastina este processo porque implicaria a aceitação formal de territórios ancestrais que são cobiçados por Vaca Muerta.
A este respeito, o Observatório de Direitos Humanos dos Povos Indígenas (ODHPI) da Argentina recorda que a província de Neuquén foi sentenciada pela Corte Suprema da Nação, em 2013, por violar direitos relativos à personalidade jurídica.
“Reafirmamos nossos direitos dentro da área. A YPF também reconhece a posse e o direito comunitário em diferentes acordos onde inclusive coordenou tarefas com a comunidade”, salienta a organização mapuche, respaldada por atas fiscais que reconhecem a existência da comunidade Kaxipayiñ.
Sob o solo de Kaxipayiñ expandiram-se combustíveis devido a operações da YPF. No dia 5 de agosto, a Unidade Fiscal de Crimes Ambientais comprovou a falta de fornecimento de água potável à comunidade, motivo de uma denúncia penal contra a petrolífera e o governo provincial de Neuquén.
12 anos de Vaca Muerta
Aos 12 anos da inauguração de Vaca Muerta, o megaprojeto situado em uma área agrícola causou mais de 500 terremotos – interrompidos quando a produção foi parada. O acaparamento de água e o colapso do transporte na província afetam uma população que nem sequer conta com o gás que extraem de seu território.
“Entregam-se os territórios com marco legal para o saque e destruição. Vaca Muerta cresce, expande-se, vai se entrelaçando com outras políticas, com o pacote de leis, a lei de bases, os incentivos a grandes investimentos. Os riscos de contaminação aumentam, a gestão da YPF hoje é mais violenta, o governo provincial não põe limites. No último ano é notável que há mais extração e sua capacidade está limitada ao transporte”, acrescenta a especialista do Observatório Petrolero Sul.
É insustentável, segundo ela, a narrativa de que Vaca Muerta garantirá a soberania energética, quando a população argentina enfrenta altas de combustível, e a entrada de dólares frente ao endividamento externo, ao que recorreu a administração de Milei.
“Há uma continuidade do modelo de hidrocarbonetos, mas a inédita desregulamentação legal mudou as condições internas. Até o ano passado havia uma proteção para o acesso interno do combustível frente a preços internacionais; hoje, sob um marco de ajuste e empobrecimento, seu valor aumenta”, indica a investigadora.
Enquanto a extração de petróleo em Vaca Muerta mediante o fracking se expande e ameaça mais fontes de água, consolida-se sua orientação para a exportação.
Em julho anunciou-se a construção de um novo oleoduto de 207 quilômetros que conectará Puesto Hernández (Neuquén) com a estação de bombeamento em Allen (Rio Negro). Pluspetrol, Chevron, Tecpetrol e Gas y Petróleo del Neuquén serão os investidores. Esta rede se somará ao projeto do duto Vaca Muerta sul, que percorrerá 600 quilômetros até a costa do Rio Negro, onde se planeja instalar um porto de exportação perto do golfo San Matías, de grande biodiversidade marinha.
Nesta quinta-feira (21/08) a polícia de Milão despejou o centro social ocupado Leoncavallo, um símbolo da cultura alternativa e do protesto. Centenas de policiais, incluindo forças especiais, participaram do despejo e ruas inteiras foram bloqueadas nas redondezas do imóvel.
O centro social “Leoncavallo” — um espaço para música, arte, cultura, organização política e debate — surgiu em 1975, em uma área abandonada na rua Ruggero Leoncavallo e ocupada por movimentos revolucionários. Em 1994, o grupo se transferiu para uma antiga fábrica de papel desativada pertencente à família Cabassi, onde estava desde então.
“Estou triste”, disse o poeta local Olmo Losca em uma postagem no Facebook, descrevendo o centro como “um lugar que oferecia a muitas pessoas diferentes momentos de convívio, sempre aberto a migrantes e pessoas vulneráveis, desempregados, famílias destruídas pela pobreza”.
Fontes próximas ao centro atribuem o despejo ao antagonismo político por parte do governo de extrema direita da Itália — particularmente do ministro do Interior, Matteo Piantedosi, um político aliado da Liga Norte, e do presidente neofascista do Senado, Ignacio La Russa, residente em Milão. A primeira-ministra Georgia Meloni falou favoravelmente do despejo na mídia nacional.
No início deste ano, um tribunal italiano decidiu que o centro social ou o ministério deveriam pagar uma indenização de 3 milhões de euros aos proprietários do imóvel onde o centro estava localizado. No entanto, os ativistas receberam garantias de que nenhuma ação seria tomada até 9 de setembro. Acredita-se que o horário da madrugada, em pleno verão, tenha sido escolhido para o despejo devido à expectativa de pouca resistência.
A surpresa do despejo teria pegado de surpresa tanto o município quanto os ativistas, com o prefeito de Milão oferecendo um local alternativo para o centro — embora, segundo os ativistas, se trate de um terreno tóxico.
Apoiadores do centro social expressaram sua decepção e preocupação com a perda de um espaço de encontro e expressão cultural. “Isto é um ataque à liberdade de expressão”, declarou um porta-voz de Leoncavallo, enquanto alguns ativistas se reuniram perto do centro para protestar contra o despejo.
“Os verdadeiros problemas do país estão em outro lugar, mas eles preferem atacar espaços simbólicos e alimentar a ideia de uma mentalidade única”, disse o ativista Alex C. “Porque não se trata apenas do fechamento de um lugar: é a perda de oportunidades, de escolhas, da consciência de que algo ‘diferente’ pode existir além do que a TV e o sistema impõem”.
“Sentimos dor e raiva”, disse Marina Boer, porta-voz da associação de mães do Leoncavallo. “Esse sentimento confirma o quanto nossas ideias são boas. O Leoncavallo não pode acabar assim. Encontraremos um caminho a seguir, porque a cidade precisa de espaços culturais. Ela não pode ser apenas um deserto de arranha-céus”.
agência de notícias anarquistas-ana
No olho do furacão, um pássaro canta sem dono do vento.
Como membros do Grupo Kropotkin, somos ativistas anarquistas que trabalham pela emancipação social. Estamos preparando hoje as bases e práticas que regerão as relações na sociedade de amanhã.
Somos por uma revolução radical e global, tanto econômica quanto social, para destruir a sociedade capitalista baseada na propriedade privada ou estatal dos meios de produção e consumo.
Somos pela supressão de todas as formas de exploração, hierarquia, autoridade, como racismo, religião e patriarcado.
Ajuda mútua em vez de caridade, solidariedade em vez de exclusão, autogestão para acabar com a exploração e o trabalho assalariado, federalismo livre contra o totalitarismo dos Estados.
Os Kropot-e-s querem construir uma sociedade livre sem classe ou Estado, sem pátrias ou fronteiras, sem dominação!
O Grupo Kropotkin é federado com a Federação Anarquista (FA), que por sua vez é federada com a Internacional de Federações Anarquistas (IFA).
O Grupo Kropotkin administra dois lugares: l’Étoile Noire, na 5 rue Saint-Jean em Laon, e Le Loup Noir na 8 rue de Fouquerolles em Merlieux.
kropotkine02.org
agência de notícias anarquistas-ana
Já nasceram frutos. Não descansa, mesmo assim, a chuva de outono!
Em 7 de agosto de 1949, foi inaugurada em Trani (Apúlia, Itália) uma placa em memória do propagandista anarquista e internacionalista Emilio Covelli, nascido nesta localidade. A placa, situada na esquina do Palazzo Covelli, entre a Via Ognissanti e a Via Zanardelli, traz a inscrição: “Non mi vendo ni a gobierne ni ay partite. Lo bramato miserie persecuzioni calunnie. Lo rifiutato tutto. Resto có che sueño. Cos hablano gli anarchici.” (Não me vendo nem a governos nem a partidos. Desejei misérias, perseguições, calúnias. Recusei tudo. Permaneço com o sonho. Assim falam os anarquistas).
Esta placa de mármore apresenta um busto de Covelli; no lado esquerdo há uma tocha, símbolo da anarquia, e no outro lado há um livro, símbolo do conhecimento, fundamento da liberdade e da emancipação. O busto foi gravemente danificado em várias ocasiões durante manobras de alguns veículos pesados, mas após o último acidente grave foi restaurado pelo professor Domenico di Paolo.
Existe uma convergência paradoxal de interesses entre os inimigos do Islã e aqueles que desejam ser a autoridade no Islã ao padronizar o fato muçulmano, reduzindo-o a uma única leitura, a uma única doutrina, fazendo com que, em última instância, a voz e as práticas da umma (comunidade de crentes) dependam de uma hierarquia estatal ou religiosa. Mas, como indica Abdennur Prado, “o mundo islâmico se caracteriza desde seus primórdios pela proliferação de correntes e modos de entender e viver o Islã, tanto no individual quanto no coletivo”.
O Islã como Anarquismo Místico não é tanto uma interpretação sui generis do anarquismo, mas uma leitura radical e revolucionária do Islã, que não carece de precedentes e está baseada em um profundo conhecimento dos textos. Sem esconder as diferenças entre a religião islâmica e o ateísmo radical do anarquismo, Prado nos mostra que, em aspectos como o antiestatismo, a justiça social ou o apoio mútuo, os textos do profeta Maomé ou de certos intelectuais islâmicos coincidem com a lógica libertária. Nesses termos, quando o autor fala de misticismo ou de “anarquismo místico”, está se referindo a uma espiritualidade livre, sem clérigos nem dogmas, que “antepõe a experiência à crença”, que, longe de se abstrair da realidade, está enraizada na terra e na vida, e que rejeita qualquer mediação ou codificação por parte da religião institucionalizada.
A partir de posições como as de Avempace, o turco Sheikh Bedreddin ou Ibn Khaldun, que “antepôs o ideal ético da ajuda mútua e da cooperação entre os membros de uma comunidade à obediência ao Estado”, este livro relaciona algumas das fontes clássicas do Islã com a lógica antiautoritária e comunista ou coletivista da tradição libertária. Um texto rigoroso que convida à reflexão.
Chamada para uma assembleia nacional em solidariedade ao anarquista Alfredo Cospito, diante da expiração do regime do 41 bis no próximo ano e sua potencial prorrogação (Roma, 11 de outubro de 2025)
LIBERTEM ALFREDO DO 41 BIS – ASSEMBLEIA NACIONAL
Há mais de três anos nosso companheiro Alfredo Cospito está preso naquela “tumba para vivos” que é o regime 41 bis. Nesse período, grande parte dos pretextos repressivos usados para aplicá-lo a ele caíram por terra, diante do resultado de processos judiciais que o envolviam junto a outros anarquistas. Até maio do próximo ano, o Ministério deve renovar esse regime por mais dois anos. Dependendo da decisão, a defesa poderá recorrer – um trâmite que pode levar meses até a marcação de uma audiência. É justamente diante desse prazo que, entre diversas individualidades e coletivos anarquistas, apesar das diferenças, sentimos a necessidade de nos reunir para debater e planejar juntos como chegar a essa data.
Desde sua transferência para a ala 41 bis da prisão de Bancali, nasceu uma mobilização que foi crescendo progressivamente, atingindo seu ápice bem depois do início da greve de fome iniciada por Alfredo em outubro de 2022. Diversos são os processos fabricados hoje pelo Estado contra companheiros que participaram de diferentes formas dessa mobilização que, mesmo com seus limites, conseguiu restituir credibilidade e visibilidade às ideias e práticas anarquistas.
Mas até hoje o companheiro segue trancafiado, e continuamos a sentir a responsabilidade de não deixá-lo sozinho nesta luta. Por isso convocamos individualidades e grupos anarquistas para dois dias de debate e discussão.
O encontro ocorrerá em Roma, no CSA La Torre (Via Bertero, 13), a partir das 15h do sábado, 11 de outubro, com possibilidade de continuar a assembleia na manhã do dia seguinte. Para chegar de transporte público:
Linha 341 a partir de Ponte Mammolo (metrô linha B) Linha 311 a partir de Rebibbia (metrô linha B) Descer no ponto final de Via E. Galbani.
ROJHILAT – Os mulás iranianos executaram pelo menos 800 pessoas desde o início do ano de 2025, informa a ONG curda Hengaw, que alerta para o alarmante aumento das execuções em todo o Irã.
A República Islâmica do Irã executou pelo menos 800 pessoas desde o início do ano de 2025. Isso representa uma média de 100 execuções por mês, de acordo com as estatísticas registradas pelo Centro de Estatísticas e Documentação da Organização de Defesa dos Direitos Humanos, Hengaw.
Entre as pessoas executadas nos últimos oito meses estavam pelo menos 30 prisioneiros políticos e ideológicos. Durante o mesmo período, pelo menos 22 mulheres e um menor infrator – uma pessoa condenada por um crime cometido quando era menor de idade – foram mortos em prisões iranianas.
As minorias étnicas e nacionais foram afetadas de forma desproporcional. Entre as pessoas executadas, havia 116 curdos, 107 lores, 92 baluchis e 82 turcos. Além disso, pelo menos 46 afegãos foram executados durante esse período.
A Hengaw alerta para a escalada alarmante das execuções em todo o Irã e apela aos governos democráticos, organizações internacionais e grupos da sociedade civil para que adotem uma posição firme contra o recurso sistemático à pena de morte pela República Islâmica.
Se os séculos anteriores ensinaram que o Estado brasileiro é uma máquina de triturar pobres, o período de 1950 a 2000 provou que ele opera com eficiência industrial. Sob a fachada de “desenvolvimento” e “democracia”, a lógica do terror não só persistiu — robotizou-se. Ditaduras e governos “eleitos” compartilharam o mesmo manual: onde houver resistência, enviem tanques, caveirões e esquadrões da morte. Este é apenas um apanhado geral — a lista completa exigiria um livro de lágrimas e balas.
A década de 1950 já sangrava sob a máscara da democracia. Em diversas favelas, que nesta época se expandiam, pobres eram mortos todos os dias e enterrados em cemitérios clandestinos, sob as mãos dos grupos de extermínios. Mas foi em 1955, com o Massacre de Formoso, também conhecido como o Massacre de Trombas e Formoso, que ocorreu na região do norte de Goiás (hoje Tocantins), envolvendo conflitos entre camponeses organizados e fazendeiros apoiados por forças policiais e jagunços, que, entre vários mortos, um aviso foi dado: reforma agrária seria guerra.
Com a ditadura instalada em 1964, o terror virou ciência de Estado. O Massacre do Araguaia (1972-1975) sintetiza a barbárie: mais de 70 camponeses, guerrilheiros e indígenas executados e desaparecidos na selva. Nas cidades, a Operação Condor financiava caçadas transnacionais, enquanto a polícia fazia trabalho sujo. Em 1969, o Massacre da Chácara São Bento (SP): 15 presos políticos executados com tiros na nuca. Em 1973, o Massacre de Quintino (RJ): 7 favelados metralhados por policiais em uma casa.
O ápice da crueldade institucional veio em 2 de outubro de 1992: o Carandiru (SP). 111 presos assassinados pelo Batalhão de Choque — muitos executados a sangue frio, de cócoras, com requintes de crueldade. O Estado não escondia mais: o massacre era espetáculo midiático. Nem mesmo a “redemocratização” freou a engrenagem. Em 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás (PA), 21 sem-terra foram executados pela Polícia Militar. Corpos mutilados, crânios estourados por cassetetes. O governo de Fernando Henrique Cardoso chamou de “incidente”.
Este apanhado superficial (1950-2000) escancara, uma vez mais, a mentira da “exceção” ditatorial. Do AI-5 à Constituição de 1988, o terror foi regra. Se em 1700 os bandeirantes matavam por contratos de terra, em 2000 eram jagunços, PMs e juízes que assinavam sentenças de morte. O Estado — democrático ou não — manteve sua função histórica: garantir, pela bala e facão, que os de baixo jamais desafiem a pirâmide de sangue e privilégios. Os nomes mudam (Araguaia, Carandiru, Eldorado), mas a vítima é sempre a mesma: o povo. Quinhentos anos não bastaram. Seguiremos contando os mortos até que a última pedra dessa máquina de moer gente seja reduzida a pó. A memória é nossa trincheira.
compas, ollas populares se referem a panelas populares, e não a ondas populares, é o termo usado pra quando se…
Nossas armas, são letras! Gratidão liberto!
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!