“Apesar das críticas de Lula, o Brasil nunca interrompeu formalmente relações comerciais ou de qualquer outra natureza com Israel”

• Um relatório da ONG Oil Change International chegou a apontar que o Brasil era responsável pelo fornecimento de 9% de todo petróleo exportado para Israel durante os primeiros nove meses do conflito Israel-Hamas, deflagrado em outubro de 2023.
 
• Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços apontam, inclusive, que o Brasil aumentou suas exportações para Israel durante a guerra. Em 2023, primeiro ano do governo Lula, haviam sido enviados 661 milhões de dólares em produtos. Em 2024, foram 725 milhões de dólares – quase 10% a mais.
 
• Grande parte do que o Brasil vende a Israel é justamente petróleo, seguido de carnes, soja, café e outros produtos.
 
>> Leia mais aqui:
 
Empresa brasileira vende aço para indústria de armas de Israel durante guerra em Gaza
 
https://www.intercept.com.br/2025/05/29/empresa-brasileira-aco-industria-armas-israel/
 
Brasil critica guerra, mas vende petróleo a Israel
 
https://www.oc.eco.br/brasil-critica-guerra-mas-vende-petroleo-para-israel/
 
Apesar de críticas de Brasil a guerra em Gaza, país mantém laços com Israel em nível federal e estadual
 
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/08/04/mesmo-diante-de-pressoes-por-rompimento-brasil-tem-relacao-comercial-intensa-com-israel.ghtml
 
‘Economia do genocídio’: mesmo com freio de Lula, Brasil tem recorde de importação de armas de Israel em 2024
 
https://www.brasildefato.com.br/2025/08/04/genocidio-lula-brasil-recorde-armas-israel/
 
Conteúdos relacionados:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/09/petrobras-o-combustivel-do-genocidio/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/08/08/o-estado-de-israel-comete-assassinatos-a-petrobras-e-cumplice-e-lula-3-e-um-hipocrita-contra-o-genocidio-na-palestina/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
No fim do poema,
uma pergunta sem donos:
“Quem precisa de amos?”
 
Liberto Herrera

[Rio de Janeiro-RJ] Lançamento da UPEL (Universidade Popular do Ensino Livre)

A UPEL (Universidade Popular do Ensino Livre) é um movimento de encontros voltados para o ensino livre e a troca de saberes sobre temas libertários, com professores e facilitadores convidados. Idealizada pelo CCS Movimento em parceria com a ATB (Associação de Trabalhadores de Base), a UPEL nasce para promover formação crítica e acesso aberto ao conhecimento.

O lançamento acontece na quarta-feira, 13/08, às 18h na biblioteca do CCS Movimento. O primeiro encontro será uma formação sobre a experiência da Universidade Popular do Ensino Livre do Rio de Janeiro, criada em 1904, com Eduardo Lamela, doutor em História pela Universidade Federal.

CCS Movimento

Avenida Mem de Sá 215 A, Lapa, Rio de Janeiro (RJ)

agência de notícias anarquistas-ana

Noite fria, escura,
no asfalto negro da rua
late o cão vadio.

Fanny Dupré

Navio BYD Explorer trouxe da China para o Brasil mais de 5 mil carros em uma só viagem! Ou matamos o capitalismo, ou ele mata tudo. Pela Terra Livre e Selvagem!!!

The Sparrows Nest: Preservando a História Anarquista em Nottingham – O Maior Arquivo Anarquista do Reino Unido e seu Impacto no Ativismo Local e nos Movimentos Políticos

Em um lugar tranquilo de St Ann’s, uma região movimentada e multicultural de Nottingham, um arquivo oculto preserva a rica história do movimento anarquista. Ao contrário dos grandes salões das bibliotecas universitárias ou das prateleiras bem organizadas dos arquivos de museus, o The Sparrows Nest [Ninho de Pardais] está escondido na sala de estar de uma casa, um espaço que reflete a natureza popular do projeto. Conhecido como o maior arquivo anarquista do Reino Unido, ele abriga milhares de materiais que documentam a história de movimentos políticos radicais, protestos e esforços contraculturais nos últimos cinquenta anos.

O The Sparrows Nest não é um lugar que os turistas ou pesquisadores possam encontrar facilmente. Trata-se de um projeto comunitário conduzido por indivíduos apaixonados que acreditam que a preservação da literatura ativista e dos registros históricos é essencial para entender o desenvolvimento dos movimentos políticos modernos. Nesta humilde sala de estar – repleta de pilhas de folhetos, crachás, jornais e outras lembranças anarquistas – a coleção de artefatos representa não apenas a história do anarquismo no Reino Unido, mas também seu alcance global.

As Origens do Arquivo do The Sparrows Nest

A criação do The Sparrows Nest remonta a 2008, quando um grupo de ex-ativistas e historiadores se reuniu para documentar, preservar e digitalizar a literatura anarquista que corria o risco de se perder com o tempo. Liderado por Claire Taylor, uma historiadora aposentada de Keyworth, o projeto tinha como objetivo evitar a destruição de materiais críticos relacionados a movimentos políticos radicais, especialmente aqueles nos círculos anarquistas e de esquerda.

Como Taylor ressalta, “se você estivesse na América do Sul ou na Europa, encontraria um lugar como esse em cada cidade, mas no Reino Unido isso simplesmente não existe”. A necessidade de um arquivo como esse era clara: não havia nenhuma instituição importante no Reino Unido dedicada a preservar os materiais do movimento anarquista, e grande parte da literatura e dos artefatos corria o risco de se perder, seja por negligência ou por deterioração natural.

Trabalhando em uma sala de estar em Nottingham, Taylor e sua equipe iniciaram a árdua tarefa de catalogar milhares de panfletos anarquistas, jornais e materiais de propaganda, alguns dos quais datam do início do século XX. Eles coletaram tudo, desde literatura do Greenpeace e panfletos de campanhas contra o desarmamento nuclear até jornais de ativistas locais e lembranças de eventos de protesto. Ao longo dos anos, esses materiais foram cuidadosamente preservados e digitalizados, garantindo que a história do anarquismo permaneça acessível para as gerações futuras.

O Nome: The Sparrows Nest

O nome Sparrows Nest vem de uma publicação de esquerda que antecedeu o projeto de arquivo: The Nottingham Sparrow (O pardal de Nottingham). O jornal, uma publicação radical local, era um confronto direto contra o Nottingham Arrow, orientado para os interesses do establishment, o jornal oficial do conselho municipal. Ao adotar esse nome, o arquivo homenageia tanto o espírito radical de seus fundadores quanto a continuidade histórica do movimento anarquista na região.

O nome também fala das origens humildes do projeto. Assim como os pardais são pássaros pequenos, mas determinados, o The Sparrows Nest representa a persistência silenciosa dos fundadores do projeto em preservar e compartilhar ideias políticas radicais. Ao contrário das instituições tradicionais, que geralmente priorizam arquivos comerciais ou patrocinados pelo governo, o Sparrows Nest é movido pela paixão, pela comunidade e pela crença na importância da preservação de histórias alternativas.

O Papel do Arquivo: Preservando a História Anarquista

O principal objetivo do arquivo do The Sparrows Nest é digitalizar e preservar materiais que, de outra forma, seriam perdidos ao longo da história. Ao catalogar e disponibilizar esses materiais on-line, o arquivo garante que ativistas, pesquisadores e historiadores tenham acesso a uma grande quantidade de recursos que registram a evolução do anarquismo e dos movimentos políticos radicais ao longo das décadas.

O que diferencia o The Sparrows Nest de outros arquivos é seu foco nas lutas locais. Como explica Taylor, “As pessoas estavam realmente entusiasmadas com o projeto e estavam ansiosas para que cuidássemos de suas coisas se as preservássemos adequadamente”. Esse entusiasmo fez com que o arquivo recebesse materiais que refletem as lutas locais e os movimentos políticos singulares do Reino Unido, além de eventos e campanhas globais. Seja um folheto de um protesto contra armas nucleares, manifestações contra a austeridade ou campanhas pelos direitos dos trabalhadores, esses registros oferecem um quadro detalhado da história política e social do Reino Unido no último meio século.

Uma Coleção Abrangente

O arquivo inclui uma variedade impressionante de documentos e artefatos, muitos dos quais são únicos. Os visitantes do The Sparrows Nest encontrarão itens que vão desde folhetos e crachás de ativistas de campanhas locais e nacionais até livros que registram a ascensão e queda de grupos anarquistas no Reino Unido e no exterior. Há até mesmo lembranças de protestos históricos, como o motim do queijo em Nottingham, o que proporciona uma conexão tangível com o ativismo de base que moldou o cenário político ao longo dos anos.

Para muitos dos ativistas que contribuíram com materiais para o arquivo, o objetivo não era apenas preservar a história, mas criar um recurso para ações políticas futuras. Nesse sentido, o The Sparrows Nest não é apenas um museu – é um arquivo que visa a inspirar as futuras gerações de ativistas e organizadores.

Acesso Limitado, Mas Alcance Amplo

Embora o The Sparrows Nest esteja localizado em uma residência em Nottingham, tem atraído constantemente a atenção de pesquisadores, historiadores e estudantes que desejam explorar seus acervos. Embora o arquivo não esteja aberto ao público regularmente, os pesquisadores podem solicitar acesso aos materiais mediante agendamento. Devido à natureza da localização do arquivo e à privacidade de seus proprietários, o acesso é limitado, mas a coleção digitalizada está disponível on-line para aqueles que desejam explorá-la remotamente.

Essa abordagem híbrida, que combina acesso físico com arquivos digitais, permite que o The Sparrows Nest mantenha seu foco na preservação da literatura radical e, ao mesmo tempo, garanta que ela permaneça relevante e acessível aos atuais usuários. A disponibilidade on-line da coleção garante que mesmo aqueles que não podem visitar Nottingham fisicamente ainda possam se envolver com os materiais e usá-los para fins educacionais ou de pesquisa.

Sustentabilidade e o Futuro do Arquivo

Um dos principais desafios enfrentados pelo arquivo The Sparrows Nest é manter sua sustentabilidade à medida que ele cresce. Embora o arquivo tenha se beneficiado de doações e trabalho voluntário, a digitalização e a catalogação contínuas dos materiais exigem financiamento e recursos. A equipe do The Sparrows Nest tem trabalhado arduamente para equilibrar as crescentes demandas de digitalização com a necessidade de preservar a integridade dos materiais originais, e isso requer uma combinação de apoio financeiro e envolvimento da comunidade.

Para atender a essas necessidades, o arquivo tem contado com uma variedade de subsídios, financiamento coletivo e doações de apoiadores do movimento anarquista e daqueles que acreditam no valor da preservação da história radical. O crescimento contínuo dos arquivos depende da manutenção dessas fontes de renda e, ao mesmo tempo, do gerenciamento dos desafios logísticos associados à manutenção de um acervo tão grande e diversificado.

Impacto Local e Envolvimento Comunitário

Embora o The Sparrows Nest possa ser um projeto relativamente pequeno no contexto dos arquivos nacionais, ele desempenha um papel importante na comunidade local. O arquivo oferece um espaço para diálogo e reflexão sobre os movimentos políticos que marcaram Nottingham e o Reino Unido em geral. Ao oferecer uma visão da história do ativismo local e da resistência política, ele promove uma maior compreensão da estrutura sociopolítica da cidade.

Claire Taylor e sua equipe sempre deram grande ênfase ao envolvimento comunitário. Eles trabalharam com escolas, universidades e grupos de ativistas locais para levar os materiais do arquivo a um público mais amplo. Essa colaboração ajuda o projeto a permanecer enraizado na comunidade e, ao mesmo tempo, incentiva um envolvimento público maior com os materiais.

O arquivo também organiza eventos públicos e workshops, oferecendo oportunidades para que as pessoas aprendam mais sobre anarquismo e história política de forma interativa. Esses eventos ajudam a gerar interesse no arquivo e garantem que seu trabalho seja apreciado por um público mais amplo.

O Papel do The Sparrows Nest na História Anarquista

O The Sparrows Nest desempenha um papel importante na preservação da história do movimento anarquista no Reino Unido e em outros países. Ao se concentrar na literatura política radical, o arquivo cria um espaço onde as pessoas podem se envolver com uma ampla gama de ideias políticas de esquerda. Os materiais armazenados no arquivo representam não apenas a história do anarquismo, mas também a história mais vasta dos movimentos sociais e suas lutas por liberdade, igualdade e justiça.

Ao preservar a literatura e os arquivos do anarquismo e de outros movimentos radicais, o The Sparrows Nest garante que as gerações futuras tenham acesso às ideias, campanhas e esforços que moldaram o mundo em que vivem. Esta obra é vital para qualquer pessoa que queira entender a história da resistência política e a luta contínua por mudanças sociais no mundo moderno.

A Importância de se Preservar Movimentos Políticos Radicais

No clima político cada vez mais polarizado de hoje, é essencial entender o contexto histórico dos movimentos radicais e seu papel na formação do futuro. O The Sparrows Nest ajuda a preservar essas histórias, garantindo que as contribuições dos movimentos políticos radicais não sejam esquecidas.

Ao tornar esses materiais acessíveis, o arquivo permite que as gerações futuras se envolvam com as ideias do anarquismo e de outros movimentos, compreendendo tanto suas conquistas quanto seus fracassos. Essa compreensão é vital para qualquer pessoa que esteja buscando aprender com o passado e construir um futuro melhor e mais justo.

Um Arquivo Vivo para Gerações Futuras

O The Sparrows Nest representa a essência do ativismo de base. Nascido do compromisso de preservar o pensamento político radical e a história, ele continua a crescer e evoluir. Sendo um arquivo vivo, ele serve como um lembrete de que a luta pela mudança social é contínua e que as lições do passado podem orientar o caminho a seguir. Ao digitalizar materiais e torná-los acessíveis ao mundo, o The Sparrows Nest garante que a história do anarquismo e de outros movimentos políticos não se perca no tempo, mas seja preservada para o futuro. O sucesso contínuo do arquivo dependerá do envolvimento de sua comunidade e de seus apoiadores, bem como de sua capacidade de se adaptar às necessidades da pesquisa, da educação e do ativismo modernos.

Fonte: https://www.travelandtourworld.com/news/article/the-sparrows-nest-preserving-anarchist-history-in-nottingham-the-uks-largest-anarchist-archive-and-its-impact-on-local-activism-and-political-movements/

Tradução > transanark / acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Arame farpado
engasga com hera verde –
a cerca sorri.

Liberto Herrera

[Espanha] Mortes evitáveis, vidas insubstituíveis

Não passa um dia sem que tomemos conhecimento da morte de alguma pessoa enquanto trabalhava. Quedas, choques, efeitos do calor agora em pleno verão, esmagamentos, infartos, acidentes no trajeto de casa para o trabalho ou vice-versa, estresse, etc., fazem parte do dia a dia de milhares de trabalhadores e trabalhadoras no Estado espanhol.
 
Segundo dados provisórios fornecidos periodicamente pelo governo, no primeiro trimestre de 2025 (janeiro a março) morreram 131 pessoas em seus locais de trabalho e 31 “in itinere” (no trajeto). Até abril, esse número já havia chegado a 236, e ao final da primavera e início do verão a cifra já se aproximava de 300.
 
Os “acidentes” de trabalho são causados por diversos fatores que convergem e resultam em desfechos fatais para muitas pessoas que precisam ganhar a vida todos os dias em condições cada vez mais difíceis e em um mercado de trabalho com cada vez menos direitos sociais. Nos últimos anos, temos visto como vêm sendo criadas condições (políticas, econômicas, sociais) que fazem com que direitos básicos, conquistados com muito esforço pela classe trabalhadora ao longo dos anos, estejam sendo perdidos ou limitados. A CGT, que há muito tempo denuncia a precariedade e a crescente instabilidade da classe trabalhadora, iniciou uma campanha concreta contra o terrorismo patronal há alguns anos. Com ela, nossa organização anarcossindicalista exige maior controle das inspeções do trabalho com o objetivo de que as empresas cumpram com as normas de saúde e segurança, sanções mais severas, maior controle por parte dos próprios trabalhadores através de um sindicalismo ativo, combativo, de classe e solidário, e melhorias nas normas já existentes para proteger os trabalhadores e trabalhadoras em seus locais de trabalho.
 
Nas últimas semanas, temos presenciado um aumento dos acidentes de trabalho com resultado fatal em diferentes regiões do Estado espanhol. Especificamente em Aragão, os dados são contundentes e os números causam grande preocupação. Até o momento, já são 23 os trabalhadores que perderam a vida na comunidade aragonesa. O último caso ocorreu em uma fábrica em El Burgo de Ebro, onde um homem de 40 anos sofreu ferimentos que posteriormente causaram sua morte. Os acontecimentos foram tão rápidos que os serviços de emergência não conseguiram fazer absolutamente nada para estabilizá-lo e mantê-lo com vida. Do lado de fora da fábrica, o impacto emocional era evidente entre os colegas que até instantes antes estavam trabalhando com o falecido.
 
A CGT também relembra as nefastas Reformas Trabalhistas que vêm sendo impostas no Estado espanhol. Essas leis, longe de resolver o problema, apenas o mantiveram e, em alguns casos, até maquiaram causas e consequências. Além disso, como já vem sendo apontado há anos, quem mais está exposto a sofrer esse tipo de acidente são as pessoas que trabalham em condições mais precárias. São as mais vulneráveis, as que prestam serviços em empresas terceirizadas onde a legislação nunca é cumprida, e que, devido à sua instabilidade no emprego, nunca reclamam das próprias condições — ainda que saibam que isso pode lhes custar caro e, no pior dos casos, a própria vida. Vidas que parecem não importar ao empresariado, cada vez mais blindado, com maior capacidade de submeter os trabalhadores, com normas que limitam os movimentos dos que produzem. Vidas que tampouco parecem relevantes para a classe política, que esquece suas promessas assim que seus diferentes “representantes” conquistam alguma parcela de poder — por menor que seja.
 
Não somos números. Não somos substituíveis. Somos classe trabalhadora e nos negamos a continuar sendo os mortos nesta sangria que só serve para sustentar este sistema injusto e desigual.
 
Secretariado Permanente do Comitê Confederal da CGT
cgt.es
 
Tradução > Liberto
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/29/espanha-29-a-nao-somos-numeros-nem-mais-uma-morte-paremos-as-mortes-no-trabalho/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Borboleta!
Pousou na minha mão
me viu e voou.
 
Renata

[Reino Unido] O Jogo da Guerra: Ainda real demais para ser transmitido?

Ao lembrarmos de Hiroshima e Nagasaki, um filme que a BBC suprimiu 20 anos depois é mais relevante do que nunca

Bleart Thaqi ~

Sessenta anos se passaram desde que Peter Watkins concluiu The War Game, um filme tão cru e implacável em sua representação da catástrofe nuclear que a BBC, que o havia encomendado, decidiu suprimi-lo por considerá-lo “horrível demais”. O filme simula um ataque nuclear à Grã-Bretanha, com um ponto de ignição em Berlim escalando para uma guerra global. Uma ogiva de um megaton é detonada sobre Kent, e o planejamento emergencial da nação falha imediatamente.

Manuais britânicos de defesa civil, cartões de racionamento e testes de sirenes oferecem apenas a ilusão de preparo. Não há heróis, nem esforços de socorro organizados, nem recuperação triunfante; apenas globos oculares derretendo na onda de calor, crianças cegas por clarões a 43 km de distância e famílias sufocando sob mesas enquanto suas casas se desintegram. O verdadeiro terror não está apenas na explosão, mas no que vem depois: fome, doença da radiação, lei marcial, execuções e colapso social.

Watkins conseguiu tudo isso sem um único ator profissional, contando com cidadãos sem treinamento, entrevistas de rua e seu estilo já característico de realismo de câmera na mão. A câmera trêmula, o tom plano, a narração impassível, tudo dava a ilusão de documentário, mesmo sendo encenado. Muito do diálogo é retirado de documentos reais de defesa civil, literatura médica e relatórios governamentais. Os efeitos horríveis de queimaduras na retina, contaminação radioativa e retorno do escorbuto não são invenções, mas extrapolações baseadas em Hiroshima, Nagasaki e simulações da Guerra Fria.

As legendas satíricas, citando bispos e estrategistas que defendiam a bomba, vêm de declarações públicas genuínas. O filme expõe a confiança obscena de governos e militares na capacidade de administrar a aniquilação. A recusa da BBC em transmiti-lo, combinada com exibições secretas para o Ministério do Interior e oficiais militares, revelou que os guardiões da informação temiam que o público despertasse.

No mundo atual, essa provocação é novamente urgente. Por quase três décadas após o fim da Guerra Fria, as armas nucleares foram tratadas como sobras históricas. Agora, voltaram à pauta, não como sombras, mas como instrumentos reais de política. A invasão russa da Ucrânia reacendeu o espectro de um confronto nuclear na Europa. No sul da Ásia, a rivalidade nuclear de longa data entre Índia e Paquistão ferve perigosamente. Enquanto isso, Israel e Irã trocam mísseis e ameaças, com o programa nuclear iraniano avançando em direção à capacidade de ruptura, e o arsenal israelense permanecendo não declarado, mas compreendido.

Essas não são tensões frias e distantes; são atuais, quentes e voláteis. E em todos os casos, persiste a lógica da dissuasão: que a aniquilação equivale a estabilidade. Que podemos controlar o fogo.

Mas The War Game nos diz que não podemos. Não há limite para a fome. Não existe plano para recuperar a visão ou lidar com cemitérios em massa. Os sistemas de ordem em que confiamos para gerir crises falham em poucas horas. Cada instituição se revela construída sobre a suposição da normalidade. O que era verdade então continua sendo agora. Watkins entendeu isso, e entendeu o papel da mídia em encobrir.

Suas entrevistas, encenadas mas enraizadas em crenças reais, mostram figuras do establishment discutindo calmamente sobre sobrevivência e doutrina. Enquanto isso, cidadãos comuns expressam confusão ou fé cega. Uma mulher acha que “Estrôncio-90” é um tipo de pólvora. Um policial especula sobre como manter a ordem. “Não mais que uma porcentagem microscópica de pessoas neste país sabe algo sobre sua situação atual”, disse Watkins em 1966. Substitua “este país” por quase qualquer um em 2025, e a frase continua válida.

O clímax do filme não é uma grande batalha nem um ato de heroísmo. É uma cena de Natal em um campo de refugiados. As crianças, órfãs e irradiadas, não têm sonhos, nem respostas. “Nada”, dizem. Ou não dizem nada. Sobre os créditos finais, toca uma versão distorcida de Noite Feliz.

Sessenta anos depois, The War Game continua não apenas relevante, mas necessário. Não porque preveja exatamente o que vai acontecer, mas porque mostra o que sempre pode acontecer, e o que, de alguma forma, já aconteceu.

O ignoramos por nossa conta e risco.

>> The War Game (1965):

https://vimeo.com/125368859?fl=pl&fe=ti&pgroup=plv

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/08/08/the-war-game-still-too-real-to-broadcast/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Chuva de granizo —
Compartilho com os pássaros
A minha varanda

Tony Marques

[Rússia] 17 de agosto – Aniversário do prisioneiro político anarquista Nikita Uvarov


O réu no “Caso dos adolescentes de Kansk”, Nikita Uvarov, completa 20 anos.


O grupo de apoio lembra que ele e outros jovens foram detidos no verão de 2020 em Kansk, uma cidade em Krai de Krasnoyarsk, por publicarem panfletos em apoio a presos políticos e criticarem o Estado. Um dos panfletos foi colado no prédio do FSB [Serviço Federal de Segurança da Rússia] — provavelmente foi isso que irritou os agentes de segurança. Usando pressão, ameaças e manipulação, as forças de segurança obtiveram acesso aos telefones dos jovens, bem como aos depoimentos de todos os detidos, exceto Nikita Uvarov. Esse depoimento logo formou a base do caso de “terrorismo”.

Em fevereiro de 2022, uma corte de três juízes proferiu um veredito: 5 anos de prisão para Nikita Uvarov e pena suspensa para os outros jovens. Desde então, Nikita esteve em um centro de detenção preventiva, uma colônia penal, um hospital prisional e uma colônia penal de regime geral para adultos. Ele comemora seu 20º aniversário no IK-31 de Krasnoyarsk, que tem má reputação. Lá, Nikita foi colocado em uma cela de castigo. Para defender seus direitos, o preso político fez greve de fome.

“Nikita não tem recebido muitas cartas ultimamente”, comenta seu grupo de apoio. “Não sabemos se é por causa da censura ou se as pessoas realmente começaram a escrever menos. Mas todos nós podemos escrever para Nikita.”

Parabenize Nikita Uvarov pelo seu aniversário! Escreva uma carta ou envie um cartão-postal. Nikita certamente tem uma alma forte e demonstra coragem, da qual pessoas mais velhas e com mais experiência de vida nem sempre podem se gabar. Ao mesmo tempo, o apoio de fora das prisões é um dos fatores que lhe permite não desanimar, acreditar nos ideais de uma sociedade livre e continuar a luta. Suas cartas, como mãos que cooperam, ajudam a atravessar a escuridão do sistema penitenciário, apesar da pressão da administração e do seu desejo de transformar prisioneiros em corpos obedientes.

O projeto Luzes da Liberdade relata que, antes de sua prisão, Nikita estudava as obras de Pyotr Kropotkin, ouvia as músicas de Yegor Letov, aprendeu a tocar violão e sonhava em ingressar na faculdade de jornalismo. Na prisão, ele não perde o ânimo, dedica-se à autoeducação, estuda montagem de produtos plásticos e lê livros sobre jornalismo. Já em cativeiro, decidiu se tornar vegetariano.

Endereço para cartas e cartões postais: 660111, Rússia, Krasnoyarsk, Rua Krazovskaya, 10, IK-31, Uvarov Nikita Andreevich, nascido em 17/08/2005.

Fonte: https://avtonom.org/news/17-avgusta-den-rozhdeniya-politzaklyuchyonnogo-anarhista-nikity-uvarova

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2022/02/18/russia-adolescente-recebe-cinco-anos-de-prisao-por-panfletos-e-bate-papo-no-minecraft/

agência de notícias anarquistas-ana

Revolução é
o verme teimoso que vira
a terra do adubo.

Liberto Herrera

[EUA] O Livro dos Gatos de Ursula K. Le Guin (Pré-venda)

Ursula K. Le Guin (Autora)

“A presença de um gato me mantém em contato com o mistério, a falta de razão, a beleza e a teimosa selvageria do mundo não humano.”

Na vida como na arte, Ursula K. Le Guin foi fascinada pelos felinos. Este livro irresistível sobre gatos reúne poemas, reflexões e desenhos dedicados à criatura complexa que capturou sua imaginação. Aqui estão:

A Arte do Bunditsu, a rara meditação “tabbista” de Le Guin sobre o ato de colocar gatos em espaços.

Vinte e seis poemas sobre gatos, muitos ilustrados pela própria Le Guin

A histórica primeira edição da revista em quadrinhos felina de Le Guin, Supermouse Comix!

Correspondência Felina: cartas entre o gato de Le Guin e os de sua filha, detalhando as Cinco Deliberações que os gatos passam a vida estudando

Tai Chi Felino, retratado em uma série encantadora de desenhos

Uma coleção inédita vinda de uma lenda da ficção científica, este delicioso ronronar é um presente para amantes de gatos e fãs de Le Guin!

Ursula K. Le Guin (1929–2018) foi vencedora de múltiplos prêmios Hugo, Nebula, Locus e World Fantasy. Em 2014, recebeu a Medalha da Fundação Nacional do Livro para Contribuição Distinta às Letras Americanas. Durante sua vida, foi escolhida por pelo menos dezenove gatos.

Editora: Library of America
Formato: Livro
Encadernação: Capa dura
Páginas: 96
Lançamento: 7 de outubro de 2025
ISBN-13: 9781598538298
Preço: US$ 14,40
www.loa.org

Tradução > Contrafatual

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agência de notícias anarquistas-ana

Entre arranhões e lambidas
para cuidar de tanto gato
precisarei de sete vidas

Alvaro Posselt

O estado de Israel comete assassinatos. A Petrobras é cúmplice! E Lula 3 é um hipócrita! Contra o genocídio na Palestina!!!

Bancos continuam lucrando como nunca no governo Lula 3

• Lucro dos grandes bancos alcança R$ 26,2 bi no 2° trimestre: Os quatro maiores bancos de capital aberto do país — Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil — registraram um lucro líquido somado de R$ 26,2 bilhões no segundo trimestre de 2025, um avanço de 14,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. – Fonte: agências de notícias
 
• O Brasil está sendo assaltado – e o assaltante está de gravata: O maior roubo da história do Brasil não acontece com máscaras e armas. Acontece em reuniões de diretoria, com gráficos e planilhas. O verdadeiro assalto é institucionalizado, legalizado, aplaudido pelos mesmos que juram estar do seu lado. Lula pode até continuar dizendo que é o “pai dos pobres”. Mas, na prática, ele tem sido uma verdadeira “mãe dos banqueiros” – generosa, protetora e incansável em garantir que eles nunca passem aperto. Enquanto isso, o povo? O povo continua pagando a conta. – Diego Farias
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/11/15/sob-governo-lula-3-lucros-roubos-dos-bancos-seguem-nas-alturas/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Que lua, que flor
nada, bebo umas doses
aqui sozinho.
 
Matsuo Bashô

Chile: Não irei à guerra

Não irei à guerra porque não sou um criminoso, porque antes de tirar a vida de outros infelizes como eu, arrancarei a alma do corpo de todos aqueles que são a causa da nossa miséria.

Não irei à guerra porque não tenho pátria, porque a pátria do ser humano é o mundo, e no seu estado atual de putrefação e desordem nem esse nome merece; muito menos poderei limitar minha preferência a um pedaço de terra, pois não me pertence, já que foi roubada pelos ladrões burgueses.

Não irei à guerra, porque todas elas só buscam um interesse econômico, custeado pelo sangue proletário, aproveitável para os donos da terra e do capital.

Não irei à guerra, porque a guerra é o crime das nações e o suicídio dos povos.

Não irei à guerra porque não tenho uma cabana, uma renda ou uma liberdade para defender.

Não irei à guerra porque não quero que minha carne seja flagelada pelo chicote do quartel, para me impor servilismo e obediência.

Não irei à guerra, porque não quero ostentar em minha fronte, limpa, a afrontosa mancha da disciplina e da escravidão militar.

Não irei à guerra, porque não quero nem devo trocar meus pincéis e minhas brochas pela longa faca dos assassinos inconscientes (…)

Os inimigos do povo do Chile não são os argentinos, os peruanos ou bolivianos; são a fome e a miséria, o fanatismo religioso e a exploração das classes trabalhadoras pelos burgueses e capitalistas.

Luís Olea, jornal anarquista A Tromba (Santiago), 6 de março de 1898

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Campos desnudados
Ainda resistem ao vento
fios de capim seco

Sérgio Dal Maso

EUA: Lançamento: Orso | Diários de guerra de um anarquista

Lorenzo Orsetti (autor); James Stout (prefácio)
 
Orso: Diários de Guerra de um Anarquista é a narrativa em primeira pessoa de Lorenzo Orsetti — também conhecido como Heval Tekoşer Piling, agora Şehîd (mártir) Tekoşer — um soldado internacionalista em Rojava. Foi publicado em italiano após sua morte.
 
Esta primeira edição em inglês da Strangers in a Tangled Wilderness inclui ensaios adicionais e um prefácio de James Stout, compartilhando o contexto histórico e cultural em que Orso viveu, lutou e morreu, levando sua mensagem a um novo público. A luta contra o Daesh por uma região autônoma e livre em Rojava vai além de uma única pessoa, mas a vida de uma pessoa pode nos oferecer um vislumbre de um vasto projeto e de como uma vida pode se encaixar nele.
 
Editora: Strangers in a Tangled Wilderness
Formato: Livro
Encadernação: brochura
Páginas: 166
Lançamento: 22 de julho de 2025
ISBN-13: 9781958911075
US$ 18,00
www.tangledwilderness.org
 
Tradução > acervo trans-anarquista
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
uma folha salta
o velho lago
pisca o olho
 
Alonso Alvarez

[México] Anarquistas em Defesa da Cidade: um comunicado da CATL sobre as lutas contra a gentrificação

Pão, moradia e bem estar para todos!
Piotr Kropotkin, A conquista do pão

Em poucas palavras, gentrificação quer dizer que, através do aumento de preços e a construção exclusiva de moradias de luxo, estão nos expulsando aos mais pobres de nossos bairros, povoados e cidades. No México, isto já é uma realidade. No caso da CDMX [Cidade do México], por exemplo, os próprios números do governo projetam que, para 2035, a gentrificação terá expulsado a mais de um milhão dos lares mais pobres.

Os responsáveis deste despojo são a) as imobiliárias que especulam com a construção massiva de moradias de luxo com um preço médio de 7 milhões, inacessíveis para os lares mais pobres. É também responsável b) o governo que aprova e defende estes projetos, fazendo caso omisso da necessidade de moradia social. O terceiro responsável é c) o colonialismo. Pessoas de países do 1º mundo vêm a nossos bairros para ocupar essas moradias que nós não podemos pagar.

Paradoxicamente, em alguns casos, algumas das pessoas que vem a ocupar os bairros despojados, são eles mesmos vítimas da gentrificação em seus países. Expulsos pelos altos preços em seus países, vem ocupar nossos bairros. E nós ao sermos expulsos, terminamos mudando-nos a zonas mais econômicas e por sua vez, em alguns casos a gente da cidade gentrifica pouco a pouco essa zona periférica e expulsamos aos que viviam ali. A gentrificação se converteu em uma cadeia de despojo.

Mas não iremos sem lutar. Nos últimos anos, os moradores se organizaram para defender seus bairros.

Na CDMX, basta nomear as lutas dos pedregales de Coyoacán, em defesa da nascente, dos moradores da colônia Juárez, de Xoco, de Azcapotzalco, de Milpa Alta… O mês passado, a organização popular em Tepic, Nayarit, conseguiu frear um megaprojeto que pretendia destruir a Cidade das Artes. Ademais, devemos voltar a ver as organizações que estão criando cooperativas de moradia em espaços okupados como uma alternativa real à crise de moradia.

Neste contexto, as marchas contra a gentrificação do último mês conseguiram pôr o tema sobre a mesa na agenda nacional. Mas não basta marchar. Isto supõe limitar o movimento a só pedir ao governo, cúmplice do despojo, que resolva o problema. Marchar é o primeiro passo, mas devemos construir nossas próprias soluções ao problema da gentrificação. A moradia digna é nosso direito e a única forma de obtê-lo é exercê-lo.

Para dar o seguinte passo na luta, desde a CATL consideramos:

Alto à criminalização: O governo e seus meios estão aproveitando alguns danos à propriedade de empresas e instituições durante as manifestações para deslegitimar o movimento. Não façamos o jogo deles! Nos acusam de violentos porque alguns companheiros jogam sua coragem contra toda essa infraestrutura que nos exclui. Mas não esqueçamos quem são os verdadeiros violentos. São as imobiliárias que nos expulsam de nossos bairros, são as relações coloniais as que convertem nossos recursos em um botim para os países do 1º mundo; e é o governo que nos reprime quando protestamos. Eles são nossos verdadeiros inimigos, não companheiros que protestam de forma diferente da nossa. Mais além de nossas diferenças, nos une uma causa comum. Se conseguirmos nos entender, nos cuidarmos e nos apoiarmos desde nossas diferenças, seremos invencíveis.

Alto aos discursos xenófobos: Não esqueçamos quem são nossos verdadeiros inimigos, quem nos está expulsando de nossos bairros. No trabalho nos pagam salários de fome, as despesas e impostos estão cada vez mais elevados, as imobiliárias enchem os bairros de moradias impagáveis, não há acesso a moradia social. Ataquemos aos que nos oprimem: O Estado e os grandes capitais. Não é uma questão de cor de pele, o verdadeiro problema é a desigualdade e as instruções que a mantêm.

Há que levar a luta onde está o despojo. Como já dissemos, as marchas tem seu limite. Servem para visibilizar o problema, mas, se queremos defender nosso território e exercer nosso direito à moradia, há que regressar a luta a nossos bairros e povoados. É a nível local que podemos dar o seguinte passo, das marchas à organização e a construção de propostas autogestivas próprias. É momento de nos organizarmos com nossos vizinhos, nos conhecermos e nos prepararmos para resistir juntos ao despojo. Que podemos fazer?

a) O primeiro passo é informar e explicar a nossos vizinhos o problema e convidá-los a nos organizarmos a nível local.

b) Já juntos, podemos localizar e protestar contra os megaprojetos que nos afetam diretamente.

c) Podemos também criar organizações de inquilinos para resistir contra os aumentos de aluguéis, serviços ou possíveis desalojos.

d) Podemos, também, seguir o exemplo dos “realojos” de Canárias [Espanha]. Lá, para fazer frente à crise de desalojos, coletivas autônomas começaram a okupar edifícios vazios para que as pessoas despojadas de seu lar pudessem viver.

É o momento de defender nosso território urbano ou só nos restará resignar-nos e preparar-nos para sermos expulsos definitivamente. As marchas contra a gentrificação deram o primeiro passo, mas é o momento de converter todo esse descontentamento em organização e em alternativas reais à crise de moradia. Uma marcha pode protestar, mas uma rede de assembleias de bairros autônomas pode verdadeiramente resistir e derrotar os processos de gentrificação.

Coordenadora Anarquista Tecendo Liberdade
28 de julho de 2025.

Fonte: https://catl.noblogs.org/post/2025/07/30/anarquistas-en-defensa-de-la-ciudad-un-comunicado-de-la-catl-sobre-las-luchas-contra-la-gentrificacion/

Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

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agência de notícias anarquistas-ana

Branco instante
entre verde e azul:
garça ou pensamento.

Yeda Prates Bernis

[Chile] Valparaíso: Encontro de Experiências Educativas de Trabalhadorxs Anarquistas dentro e fora do Sistema Público – 9 de agosto

ENCONTRO DE EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS DE TRABALHADORXS ANARQUISTAS DENTRO E FORA DO SISTEMA PÚBLICO

Companheirxs: como trabalhadorxs anarquistas da educação, acreditamos que é necessário poder incidir, questionar e trabalhar na educação dentro e fora do sistema, para construir resistência e luta desde as bases de uma pedagogia que nos liberte.

A autoconvocação nasce das diferentes perspectivas que se têm sobre esses processos educacionais e com o objetivo de poder criar e formar laços a nível local.

Nos reuniremos no sábado, 9 de agosto, no Espaço Katarcis, das 16h às 18h.

Qualquer dúvida, envie uma mensagem direta para a Sala Luisa Toledo.

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/16/chile-convocatoria-te-interessa-a-educacao-libertaria/

agência de notícias anarquistas-ana

Caminho da escola –
as sementes pelo chão
pinhão, mais pinhão.

Eloisa Stefaniak Batista – 9 anos

[Alemanha] Hetzlumpen – uma publicação

Estas páginas abordam os excessos da repressão no reino da Baviera e buscam situar os ataques repressivos dentro do contexto mais amplo da militarização do Estado em curso. Além disso, esta publicação também trata da história da censura na RFA (República Federal da Alemanha), do espectro do “eco-anarquismo” e da sabotagem, do que realmente há de problemático nas turbinas eólicas e de como talvez seja possível lidar, no futuro, com o aumento das medidas de censura contra publicações subversivas.

Antes de tudo, porém, esta publicação é, acima de tudo, uma declaração e expressão de solidariedade com os projetos anarquistas reprimidos, com os camaradas presos M. e N., bem como com todos os demais anarquistas atingidos pela repressão no reino da Baviera.

Desde 2022, houve uma série de ataques repressivos contra anarquistas em Munique. O ápice provisório foi a prisão dos anarquistas N. e M. no final de fevereiro de 2025, acusados de publicar o jornal Zündlumpen junto com outra pessoa. A Procuradoria Geral de Munique decidiu processar e censurar o Zündlumpen e seus supostos editores como uma organização criminosa. Os crimes cometidos pela suposta associação criminosa da equipe editorial do Zündlumpen seriam a publicação e distribuição de incitação, aconselhamento e apologia a atos criminosos.

Se é crime apoiar a violência contra este sistema assassino, então somos todos culpáveis.

>> PDF para baixarhttps://actforfree.noblogs.org/files/2025/07/hetzlumpen-eng-A3.cleaned.pdf

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Suspensos na porta
ao entardecer caquis secos
As sombras estranhas.

Joso Naito

[México] Líderes indígenas e delegados internacionais se reúnem “para resolver e se organizar contra o capitalismo e todas as pirâmides”

Mateo Sgambati ~

O encontro está sendo sediado em Chiapas pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), com o objetivo de “chegar a um acordo sobre o quê, como, onde e por quê” da demolição do capitalismo e de todos os sistemas hierárquicos. O evento foi aberto no fim de semana com uma marcha na qual todos carregavam bandeiras palestinas.

“Somos todas crianças palestinas”, disse o Subcomandante Insurgente Moisés na abertura do encontro. “Hoje, em uma das pequenas partes deste mundo, o sistema capitalista está cometendo genocídio contra o povo palestino. Não podemos esquecer, não podemos deixar de lado”.

Em comunicado anterior ao encontro, o porta-voz zapatista El Capitán (também conhecido como Marcos) havia se referido ao que significa “nascer, crescer, viver e lutar como povos indígenas em uma geografia onde ser ‘outro’ é motivo de desprezo, exploração, repressão e expropriação. ‘Ser’ onde ‘não ser’ é a norma e o estigma para aqueles que são diferentes”.

Vídeos da cerimônia de abertura e atualizações diárias das reuniões estão disponíveis na Rádio Zapatista.

Em outra parte de Chiapas, mais de 250 delegados de 60 comunidades e organizações reuniram-se de 25 a 27 de julho para um “Encontro Internacional em Defesa da Vida: Milho, Água, Território e Mãe Terra”. O evento de três dias reuniu grupos de base de todo o México, incluindo Oaxaca, Veracruz, Coahuila, Guerrero e Chiapas, além de participantes da Colômbia, Alemanha e do País Valenciano.

O foco do encontro foi o compartilhamento de experiências de resistência comunitária e a construção de estratégias comuns contra os “projetos de morte”: megaprojetos, militarização e crime organizado que ameaçam a terra e a água.

Os testemunhos destacaram lutas em curso. O MODEVITE (Movimento em Defesa da Vida e do Território) compartilhou sua luta de mais de uma década contra a rodovia San Cristóbal-Palenque. Coletivos de Oaxaca falaram sobre a resistência ao Corredor Interoceânico, às barragens e à mineração, enquanto ativistas de Coahuila relataram a defesa do riacho San Miguel contra a poluição industrial e o despejo de resíduos tóxicos. De Veracruz vieram denúncias sobre agrotóxicos distribuídos pelo governo, que prejudicam o solo e a saúde.

“Nossos territórios abrigam uma grande diversidade biocultural herdada de nossos ancestrais, hoje em grave perigo devido a um modelo de desenvolvimento extrativista enraizado numa lógica individualista, capitalista e patriarcal”, afirma a declaração final. As comunidades relataram pressões semelhantes: projetos impostos sem consentimento, consultas manipuladas, avanço do crime organizado e esforços sistemáticos para dividir assembleias locais em favor de interesses corporativos.

Delegados internacionais relacionaram essas experiências a lutas mais amplas. Redes colombianas descreveram a defesa dos rios no Vale do Cauca e a resistência das comunidades pesqueiras de Taganga contra a exploração costeira. O encontro também expressou solidariedade com os movimentos de mulheres curdas, as academias de Jineolojî em Rojava e com os civis sob cerco em Gaza.

“Sabemos que nem governos nem Estados resolverão nossos problemas”, afirma a declaração. “Devemos continuar caminhando juntos, tecendo nossos saberes e espiritualidades, pelo respeito à vida, começando por nossos próprios corpos e territórios”.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/08/04/zapatista-gathering-of-resistances-and-rebellions-opens-in-chiapas/

Tradução > Contrafatual

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agência de notícias anarquistas-ana

Autogestão é
o musgo na pedra bruta:
vida sem permisso.

Liberto Herrera