[França] Antifascista Gino libertado antes de julgamento de extradição

A defesa citou relatos sombrios de “tortura branca” em prisões húngaras, incluindo confinamento solitário permanente e vigilância 24 horas

Por Alisa-Ece Tohumcu

Após cinco meses na Prisão de Fresnes, Rexhino “Gino” Abazaj, ativista antifascista albanês de 32 anos, foi libertado sob supervisão judicial ontem (26 de março). Preso em Montreuil em novembro de 2024, ele enfrenta até 24 anos de prisão caso seja extraditado para a Hungria sob acusações de violência contra neonazistas. Seu caso, que gerou uma ampla mobilização de ativistas, sindicatos e políticos, será decidido pelo Tribunal de Apelação de Paris em 9 de abril.

A prisão de Gino decorre de sua suposta participação em confrontos durante a reunião da extrema-direita “Dia da Honra” em Budapeste, em 2023. Outros dezessete antifascistas foram presos no caso, incluindo a eurodeputada italiana Ilaria Salis, que passou 15 meses em prisão preventiva, e Maja T, extraditada para a Hungria no ano passado. Em janeiro, sete antifascistas procurados no caso se entregaram.

Durante a audiência de ontem, os promotores questionaram a viabilidade da prisão domiciliar devido a problemas com a documentação de moradia de Gino. No entanto, sua defesa sustentou o arranjo e apresentou uma oferta de emprego como prova adicional de estabilidade. O próprio Gino se dirigiu ao tribunal, enfatizando a força de sua rede de apoio. Após a deliberação, o tribunal decidiu a seu favor, concedendo-lhe a liberdade sem monitoramento eletrônico.

Enquanto as autoridades húngaras acusam os antifascistas de participação em uma “organização criminosa” e atos violentos, os neonazistas envolvidos nos mesmos confrontos foram libertados sem acusações. As vagas garantias da Hungria sobre as condições de detenção e a justiça do julgamento também geraram duras críticas. A defesa citou relatos sombrios de “tortura branca” em prisões húngaras, incluindo confinamento solitário permanente e vigilância 24 horas. O Comitê Europeu para a Prevenção da Tortura documentou superlotação, condições desumanas e abusos sistêmicos.

O Judiciário da Hungria, enfraquecido sob o governo de Viktor Orbán, enfrenta críticas crescentes da União Europeia. A demissão de um juiz em 2016 por criticar reformas judiciais e os protestos contínuos de magistrados húngaros destacam profundas preocupações sobre a interferência política no sistema legal. “Há uma óbvia falta de separação de poderes”, argumentaram os advogados de Gino, acrescentando que a França não pode se tornar cúmplice de uma perseguição política injusta.

“As acusações são desproporcionais. O processo é injusto. Os riscos são reais”, declarou o Comitê pela Libertação de Gino. Do lado de fora do tribunal, apoiadores repetiam o coro: “Liberdade para Gino! Liberdade para Maja! Liberdade para todos os antifas!”.
 
Tradução > Contrafatual
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Cerejeira silvestre –
Sobre o regato se move
Uma roda d’água.
 
Kawai Chigetsu

[Espanha] “Não nos resignamos ao rearmamento e à guerra na Europa”

LIBERTÁRIAS NOS ADERIMOS AO MANIFESTO

Libertárias, como uma coletividade anarcafeminista,


… QUEREMOS fazer uma aposta ousada e firme pela Paz, e mostramos nosso mais profundo repúdio às guerras, aos conflitos armados, à escalada belicista e à cultura da morte, promovidos pelo militarismo e pela indústria armamentista biocida.

… QUEREMOS colocar as pessoas, os animais e as plantas no centro, defendendo os territórios e a natureza.

… QUEREMOS que nossa descendência não seja alvo do fogo cruzado nem que seus corpos se tornem saque de guerra.

… QUEREMOS a convivência entre os povos, acreditamos na possibilidade de entendimento entre grupos (a priori) em confronto, e vemos a necessidade de romper muros e derrubar as fronteiras.

… QUEREMOS evitar a dor, a tragédia, a angústia, os deslocamentos forçados, as ondas de racismo, os genocídios, a justificativa da violência.

… Em resumo, QUEREMOS DEFENDER A VIDA!!!

Por isso, aderimos ao Manifesto “Não nos resignamos ao rearmamento e à guerra na Europa” e te incentivamos a se somar também, clicando no seguinte link:

Forms.komun.org

PAZ, PAZ E PAZ

Fonte: https://rojoynegro.info/articulo/no-nos-resignamos-al-rearme-y-a-la-guerra-en-europa/

Tradução > Liberto

Agência de notícias anarquistas-ana


cama macia
corpo se espreguiça
nasce o dia

Carlos Seabra

[Chile] La Zarzamora completa 7 anos pela liberação total

Por La Zarzamora

Mídia livre La Zarzamora está de Aniversário e é uma boa oportunidade para conhecer algo de nossa história como mídia e também os detalhes da jornada de aniversário que realizaremos em Concepción no próximo 5 de abril.


A HISTÓRIA DE ZARZA

Em 4 de abril de 2018 criamos a mídia livre La Zarzamora entre o bosque do cerro Caracol em Concepción, a ideia primeiramente foi gerar material audiovisual, gráfico e informativo para mulheres e dissidências desde uma perspectiva ácrata, autônoma, anti-institucional, confrontacional, distanciado do estereótipo feminista que reproduz o poder e do assistencialismo.

Queríamos comunicar desde nossa vivência de dissidências e mulheres anti-especistas, veganas pobres, do povo, que não acreditam na justiça, posicionadas contra o monopólio estatal da violência, com vontade de exercê-la em nossa autodefesa, sem hipocrisias nem disfarces de pacifismos reacionários.

Desde então começamos a registrar comícios, intervenções (registráveis) em marchas e atividades. Ao mesmo tempo começávamos a escrever notas de opinião, e pequenas reportagens, aprendendo redação de maneira autodidata. É assim como fomos cobrindo a necessidade, de comunicar desde nosso olhar anti-hegemônico, desde a rua, desde a raiva.

O grupo era diverso e pouco a pouco foi mudando desde um olhar amplo, mas ligado à autonomia, para um anarcofeminismo mais de acordo com as nossas experiências individuais, menos complacente, menos de cair bem a todos, que nos deixasse expressar o que realmente sentimos ante a estrutura patriarcal e as opressões do domínio.

NOSSAS FERRAMENTAS

Tendo já o meio digital funcionando e a difusão por redes, se tornou prioridade começar com uma rádio que nos permitisse expandir nossas ferramentas de propagação, desde uma linguagem que gostamos bastante já que é mais seguro, permite resguardar identidades se fosse necessário e também nos permitia continuar a relação com o resto de rádios livres de Abya Yala, que já conhecíamos por participar em outras rádios anteriormente. Com este objetivo em março de 2020 lançamos Radio La Zarzamora.

Os anos passaram e nos demos conta que muitas vezes as informações se tornam efêmeras, no ritmo da velocidade das redes, queríamos algo que perdurasse no tempo, algo que pudesse chegar onde a internet não chega. É assim que decidimos continuar com a longa historicidade dos jornais anarcofeministas e compreendemos a necessidade de seguir colaborando desde essa trincheira. Assim em novembro de 2022 tiramos nosso primeiro número em papel.

La Zarzamora, nome que escolhemos pensando nas características da zarça ou murra (expandir-se rapidamente, defender-se com seus espinhos e ao mesmo tempo dar um fruto doce e delicioso), começou a crescer como as coisas boas (mal chamadas coisas más).

Nossas notas e artigos foram republicados e traduzidos múltiplas vezes a diversos idiomas como o grego, português, italiano, inglês e francês.

Graças a muitos compas, nossas publicações chegaram a longínquos territórios, onde atualmente fazem parte de arquivos e bibliotecas livres, em lugares como Costa Rica, Argentina, Bolívia, Equador, México, Brasil, e mais longe ainda, como quando nos avisaram que deixaram nossos números no arquivo de cultura juvenil de Berlin. Hoje já temos conversas para imprimir a publicação em lugares como Grécia, América do Norte e Itália.

Da mesma maneira desde o começo do funcionamento da rádio, participamos em mais de 27 cadeias radiais junto a companheiros de outras rádios livres e anarquistas e incontáveis transmissões radiais, conseguindo contato e trabalho conjunto com rádios dentro e fora de Abya Yala. Estas cadeias nos permitiram propagar a situação de nossos companheiros na prisão, visibilizar a violência estatal, o especismo, a violência racista para o povo e a infância mapuche, a brutalidade do extrativismo e expandir nossa memória negra, entre outras temáticas. Da mesma forma, propagamos e aprendemos das experiências e lutas dos povos e comunidades de Abya Yala, graças à bela rede de rádios livres e anarquistas que durante anos construímos juntos.

Em todos estes anos, realizamos tantas coberturas que perdemos a conta, conseguimos fazer monitoramento informativo de greves de fome, acampamentos solidários, julgamentos e processos de busca. Também criamos várias campanhas: a campanha pelo fim do zoológico centro de extermínio animal de Nonguen, campanhas de arrecadação solidária para os companheiros presos e campanhas contra o extrativismo, entre outras.

Além disso é bom recordá-lo em tempos de grosseiras difamações, geramos jornadas informativas e solidárias com nossos companheiros na prisão, lançamentos de publicações anticarcerárias, arrecadações solidárias, ajuda a familiares de presos, visitas e apoio a compas na prisão e a mulheres encarceradas, entre outros gestos, que nunca serão suficientes, mas que são imprescindíveis na luta contra a sociedade carcerária.

Todos estes anos trabalhamos de maneira autogestiva, não aceitamos nenhum tipo de financiamento, reciclamos nossos equipamentos, aprendemos a repará-los e às vezes inclusive a criá-los, começamos com nada e hoje já podemos instalar transmissões onde queremos.

As últimas novidades em nosso que fazer foram ser parte da Escola de meios de comunicação de Abya Yala, que nos brindaram de maneira gratuita e graças a estes anos de trabalho, a oportunidade de capacitar-nos em segurança digital, proporcionando-nos mais ferramentas de cuidado, as quais coletivizamos com diversos grupos afins.

Como resultado disto, hoje contamos também com um serviço de nuvem segura de armazenamento e seguimos aprendendo para proporcionar mais instâncias de segurança digital a nossas afinidades e grupos em luta.

A JORNADA DE ANIVERSÁRIO


Após essa revisão de nossa história, lhes contamos que para este 5 de abril temos preparada uma grande jornada de aniversário na qual compartilharemos com nossos leitores e ouvintes, diversas surpresas. Esta jornada nos permitirá auto financiar nosso trabalho contrainformativo anual para seguir incomodando.

A jornada começa às 11 da manhã com uma Oficina de Autodefesa para mulheres e dissidências, que se realizará em @casalaescoba.conce. Para participar só deves inscrever-te enviando-nos um email a mediolivrelazarzamora@riseup.net. O aporte sugerido para esta oficina é de 3.000 pesos (não excludente, quer dizer se não puder, converse conosco).

Na tarde por volta das 16 horas, seguiremos com a jornada da tarde, que começa com o lançamento de nosso novo número de Publicação La Zarzamora, no qual abordaremos os artigos em informações que compõem este «especial anti-extrativista».

Posteriormente desfrutamos de deliciosa comida vegana, várias bebidas (com e sem álcool) e da música de tremendas bandas e cantautores. Só para tentar-te te contamos que estaremos vendendo a mundialmente conhecida pizza vegana a La Zarzamora capaz de deleitar qualquer paladar, também contaremos com sobremesas vegan e algumas das famosas empanadas vegan de La Zarzamora: a napolitana anticana, a fora florestais (de pino vegan), e se nos pedem igual fazemos as bahía livre de mineração (pino de cochayuyo da bahía).

E como lhes contávamos, na música não ficaremos atrás, estaremos desfrutando o potente ruído de M.A.L.A, a força do rap de Expressão Fem, o fogo dos acordes de YadirA cantautore e a magia da costa valdiviana com Tara. Desfruta e aproveita para pegar nosso trabalho.

Não é demais recordar que esta atividade e o espaço no qual se desenvolverá, são livres de atitudes patriarcais, especistas, racistas e nefastas.

Vem e festeja conosco este 5 de abril para sacudirmos juntos, fortalecer-nos e seguir nossa luta contra toda dominação.

La zarza segue como a má erva, espetada e sem perder a ternura, fortalecendo-se após cada golpe, a 7 anos do começo desta travessia. Desde aqui agradecemos a todos que caminham junto conosco, nos vemos logo, cuidemo-nos entre todos.

lazarzamora.cl

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Em morosa andança
Ao léu com meu ordenança —
Contemplação das flores.

Kitamura Kigin

[Chile] Semana de agitação e solidariedade com os presos por autodefesa – 05 a 12 abril

QUE A SOLIDARIEDADE TRANSPASSE OS MUROS!

De 05 a 12 de abril, fazemos um chamado aberto a todas as organizações, coletividades e individualidades anticarcerárias, antiautoritárias, dissidentes, subversivas, antipatriarcais e afins a somar-se à Semana de Agitação e Solidariedade com os Presos por Autodefesa.

Este próximo 8 de abril, Estéfano completa três anos de prisão após ter exercido sua legítima defesa frente a um ataque transfóbico. Hoje, o seguimos acompanhando, porque sua prisão é o reflexo claro de um sistema classista, patriarcal e criminalizador dos corpos dissidentes em rebeldia.

A (in)justiça $hilena, outra vez, se pôs do lado dos agressores e castigou a quem se atreveu a defender sua vida, para não ser a vítima submissa que o cis-tema espera.

Ao longo destes três anos, a família e os próximos de Estefano foram perseguidos pelos aliados do agressor que perdeu a vida. Mas nossos companheiros não estão sós.

Os corpos travestis, trans, maricas e lésbicas enfrentam dia a dia a violência estrutural de um sistema que os quer mortos, submissos ou presos. Mas nos negamos a aceitar o silenciamento e a impunidade.

A autodefesa é nossa arma contra o fascismo, contra os crimes de ódio e contra a violência patriarcal que nega o direito básico à existência.

Nossa solidariedade é inquebrantável. Exigimos liberdade imediata sem condições para Estefano e para todos os presos por autodefesa. Nos organizamos desde a raiva e o amor, desde a sabotagem e a ação direta, porque entendemos que a luta é aqui e agora.

Como anticarcerários, sabemos que a luta contra o patriarcado é a luta contra todos os poderes; contra o Estado, o capital e a moral imposta. Não se trata só de defender os que foram encarcerados por enfrentar a sua violência, trata-se de destruir os muros das prisões e de acabar com esta estrutura de dominação que criminaliza a autodefesa enquanto protege feminicidas, violadores e agressores.

Por isso, fazemos um chamado a transpassar os muros com solidariedade combativa. Que as ruas se encham de propaganda e de ações de confronto para visibilizar e exigir a liberdade de Estefano.

Que a solidariedade se expresse em cada ato de sabotagem ao cis-tema, em cada gesto de apoio real a nossos companheiros sequestrados pelo Estado.

NÃO NOS CALAMOS!

A AUTODEFESA NÃO É DELITO, É NOSSA ARMA DE LUTA!

ORGANIZA TUA RAIVA!


Fonte: https://lazarzamora.cl/semana-de-agitacion-y-solidaridad-con-lxs-presxs-por-autodefensa/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana


Saudades da amada —
Caem flores de cerejeira
às primeiras luzes.

Kaya Shirao

[Chile] Santiago: Mural em memória do companheiro anárquico e antiespecista Javier Recabarren

Muro e gráfica em memória de *Javier Recabarren*, companheiro antijaulas, antipolícia, antiespecista que morre atropelado por um micro-ônibus, um 18 de março de 2015, na rua Radal com a Alameda em seus 11 anos de idade. A fotografia com o lenço de Liberação animal usado no mural foi tomada pouco tempo antes de sua morte, em um protesto contra o zoológico metropolitano de Santiago do Chile. Zoológico que mantinha preso o urso polar Taco, que tempo depois sem conseguir a liberdade, também falece nesse nefasto lugar um 17 de abril de 2015.

Às vésperas de completar 10 anos de sua morte, como um aporte a sua memória, a suas ideias e às afinidades que levantaram o chamado de semana de agitação.

Uma saudação cúmplice a todas as iniciativas.

– Até abrir todas as jaulas –

Fonte: https://es-contrainfo.espiv.net/2025/03/18/santiago-chile-mural-en-memoria-del-companero-anarquico-y-antiespecista-javier-recabarren/

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Ameixeira em flor –
De botão em botão
Os dias esquentam.


Hattori Ransetsu

[Itália] O companheiro Ghespe foi transferido para a prisão de Spoleto

Preso na Espanha em 15 de fevereiro com um mandado de prisão internacional e extraditado para a Itália em 4 de março, Ghespe foi levado primeiro para a prisão de Rebibbia, em Roma, e depois transferido para a prisão de Spoleto.

Vale lembrar que Ghespe está cumprindo uma sentença de oito anos por fabricação, posse e porte de um dispositivo explosivo, lesões corporais graves e danos, relacionados à Operação Pânico de 2017 em Florença, sob a acusação de ter fabricado o dispositivo caseiro encontrado em frente à entrada da livraria “il Bargello” em Florença, a sede dos fascistas da CasaPound.

Desde os primeiros dias de sua detenção na Espanha, Ghespe sofreu pressão e abuso dos guardas e de seus torturadores. Em Rebibbia, não lhe foi dada nenhuma correspondência, entrevistas e telefonemas só foram autorizados pouco antes de sua transferência para a prisão de Spoleto.

Se os guardas e funcionários do Estado acham que podem usar esses truques para quebrar nossa proximidade, estão tristemente enganados.

NENHUMA PRISÃO DETERÁ NOSSA SOLIDARIEDADE
GHESPE LIVRE
TODOS LIVRES
TUDO LIVRE


Para continuar escrevendo para Ghespe:

Salvatore Vespertino
Prisão de Spoleto
Localidade Maiano n. 10
06049 Spoleto (PG) – Itália

Fonte: https://ilrovescio.info/2025/03/22/aggiornamenti-su-ghespe-trasferito-nel-carcere-di-spoleto/

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Ameixeiras brancas —
Assim a alva rompe as trevas
deste dia em diante.

Buson

[Espanha] Dizemos não à guerra e ao gasto militar

Estamos sendo testemunhas de como, nestes dias, com a desculpa da guerra da Ucrânia, as elites políticas e econômicas da Europa, e também do estado espanhol, tratam de preparar a opinião pública para a militarização social, para o desmantelamento dos serviços públicos, para grandes aumentos do gasto militar e, finalmente, para a participação em futuras guerras contra inimigos imprecisos.

A Presidenta da Comissão Europeia anunciou recentemente que a União vai dedicar ao rearmamento 800.000 milhões de euros dos fundos de coesão. O governo espanhol do PSOE e Sumar, com o apoio dos partidos de direita, não só é incapaz de criticar este espólio de recursos públicos que irão parar nas mãos dos senhores da guerra, mas que, também, tenta convencer a cidadania espanhola da necessidade de aumentar drasticamente o gasto militar estatal.

Definitivamente, a Europa dos banqueiros e mercadores de armas, em clara aliança com o complexo militar-industrial dos Estados Unidos da América do Norte, e com a imprescindível colaboração da classe política de nosso continente, deu um passo adiante em seu desejo de que a União Europeia seja um espaço militarizado e empobrecido, subordinado aos negócios de umas quantas empresas.

Como seres humanos amantes da Paz e da Justiça, que desejamos legar um mundo melhor a nossas filhas e filhos, nos opomos rotundamente a todos estes planos dementes. Não estamos dispostas a que quem nos governa siga desmantelando a saúde, a educação, as prestações sociais, as infraestruturas… com a desculpa de que há que fazer frente militar a poderosos inimigos. Não cremos que tal ameaça exista, e não é nosso desejo nos hostilizarmos com as pessoas de outros povos vizinhos. Nosso verdadeiro inimigo é a pobreza, a não solidariedade, a desatenção das pessoas vulneráveis, a deterioração dos sistemas de saúde, o colapso do meio ambiente…

Não estamos dispostas a aceitar as razões desses agentes de dentro e fora de nossas fronteiras que tratam de vender-nos medo para que compremos suas armas e suas guerras. Nossos filhos e filhas não nasceram para ser carne de canhão em nenhuma carnificina militar. Não estamos dispostas a permitir que se desmantelem os serviços necessários de nossa sociedade para engordar suas contas de lucros.

O momento atual, de nenhuma maneira, requer o aumento do orçamento militar. O que realmente se necessita é um processo de desarme que permita atender as verdadeiras necessidades da sociedade. Em lugar de apostar pela escalada armamentista e as soluções bélicas, devemos comprometer-nos com a Paz; com a justiça social dentro e fora de nossas fronteiras, com o diálogo e o encontro com todos os povos e culturas que nos acompanham como humanidade.

Por tudo isso dizemos alto e claro: Não ao gasto militar! Não à guerra!

Fonte: https://www.grupotortuga.com/Decimos-no-a-la-guerra-y-al-gasto

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Belo outono —
Beija-flor bailando
Sobre as hortênsias.

Kingo Yamazaki

[Espanha] Marcha até a prisão de Zuera, protesto e muito mais

Este ano, já em sua 22ª edição, aconteceu mais uma Marcha contra a macroprisão de Zuera. Um protesto contra as condições do sistema carcerário, mas também uma demonstração de muitas outras lutas antirrepressivas, próximas e distantes. E uma homenagem especial aos “Seis de Zaragoza” e ao povo palestino. Chegar à prisão de Zuera, para quem nunca a viu, é uma experiência um tanto impactante. Uma enorme estrutura de concreto cercada por holofotes e câmeras, à beira de um terreno desabitado conhecido como Llano de la Violada. Antes do protesto no domingo, ocorreram atividades preparatórias em uma antiga prisão, agora ocupada pelo CSO Kike Mur, onde foi exibido o documentário “Historias de la Teleprisión”, houve um show com Necesidad de Luchar e Acuerdo, além de uma palestra sobre a situação atual da Palestina.No domingo, 30 de março, dezenas de pessoas chegaram a Zuera. Como em edições anteriores, vieram de diferentes lugares, com militantes anticarcerários de Valência, Valladolid, Catalunha e até mesmo da Andaluzia.Na 22ª Marcha contra a macroprisão de Zuera, cujo lema deste ano foi “E se fechássemos as prisões?”, a campanha pela liberdade dos “Seis de Zaragoza” teve grande destaque, marcando um ano desde sua prisão. A data coincidiu com o aniversário de Javitxu — um dos quatro jovens presos —, que recebeu um “Parabéns pra você” transmitido pelas ondas da Radio Hawaii. A Radio Hawaii, que transmite apenas um dia por ano para dentro dos muros da prisão, cumpriu sua tradição. Desta vez, também foi possível ouvir a transmissão via streaming pelo site da Radio Topo. O protesto começou com a apresentação, por duas advogadas conhecidas de Zaragoza, de um relatório da Campaña por la Abolición del Aislamiento Penitenciario. Um documento extenso que denuncia, com detalhes e fontes confiáveis, uma série de irregularidades no regime de isolamento — desde tratamentos desumanos até a falta de protocolos médicos regulamentados.Também foram atualizados casos repressivos em todo o país, como os julgamentos pendentes em Valência ou os “16 de la Macarena” em Sevilha. Além disso, foi convocada a Marcha a Topas, uma prisão em Salamanca, uma das primeiras macroprisões, que relembra a luta da insubmissão e a morte de uma militante atropelada durante um protesto.

Campa (Coletivo de Apoio às Mulheres Presas de Aragão), que surgiu inspirado nessa mesma marcha, completou dez anos e fez um balanço de seu trabalho solidário e transfeminista. Um coletivo que segue na resistência, oferecendo apoio e denúncia diariamente.

Mas a marcha também foi um espaço de solidariedade, refletindo muitas lutas e um sentimento internacionalista. Em edições anteriores, ouviu-se a voz do povo curdo, por exemplo. Desta vez, lembrando o Dia da Terra na Palestina (celebrado todo 30 de março), um pé de oliveira foi plantado no pequeno espaço arborizado do estacionamento da prisão. Uma raiz que une os povos aragonês e palestino e lembra todos aqueles que sofrem repressão de estados criminosos, como Israel, ou tentativas de silenciar vozes antifascistas, como os “Seis de Zaragoza”, além das condições precárias de vida na prisão de Zuera — atualmente em reformas e que viu centenas de presos serem transferidos há alguns meses.

Nem tudo foi protesto. Houve comida e momentos de descontração. Destaque para a apresentação de um teatro de bonecos improvisado por um companheiro, que esperamos ver novamente em futuras edições. Depois, um concurso para adivinhar a localização de prisões no território espanhol e um show de encerramento com a proposta mais que interessante da banda Null.

Pele um pouco queimada pelo sol e pelo vento que acompanhou o dia, vontade de continuar (como dizem os organizadores), gritos diante dos muros e um clima de denúncia que nunca se rende.

Fonte: https://arainfo.org/marcha-a-una-carcel-zuera-y-mucho-mas/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Uma flor que cai –
Ao vê-la tornar ao galho,
Uma borboleta!

Arakida Moritake

[Grécia] Solidariedade ao estudante anarquista Z.M. | Dia do Julgamento Quarta-feira, 02/04

SOLIDARIEDADE AO ESTUDANTE ANARQUISTA Z.M.

Em 31/05/2024, o estudante anarquista Z.M. e membro da Iniciativa de Estudantes Anarquistas de Atenas foi preso por uma intervenção de solidariedade pró Palestina, que ocorreu na ΕΜΠ [Universidade Técnica Nacional de Atenas – Campus Politécnico]. Especificamente, as equipes da DIA [polícia grega] e da OPKE [Grupo de Prevenção e Repressão ao Crime] prenderam o companheiro dois quarteirões antes de ele chegar à sua casa e o levaram para a GADA [Direção Geral de Polícia de Attica], acusando-o de danificar propriedade pública e desobediência com as autoridades reitoras da ΕΜΠ, já que o reitor foi quem apresentou a queixa e o reitor da Faculdade de Engenharia Elétrica é a principal testemunha de acusação.

Essa acusação faz parte da reestruturação antissocial na educação e, especificamente, nas universidades, do terrorismo do Estado e das autoridades reitorais que está tentando impor às lutas estudantis e do ataque ao caráter social do asilo [universitário], bem como da operação do Estado de silenciamento e repressão daqueles que lutam contra o genocídio em curso do povo palestino pelo Estado de Israel, com o Estado grego fornecendo seu total apoio ao crime em curso que está ocorrendo.

PALESTINA LIVRE

Manifestação: quarta-feira, 2 de abril, Evelpidon, 9h00

Assembleia dos Anarquistas para a Emancipação Social e de Classe

agência de notícias anarquistas-ana

para onde
nos atrai
o azul?

Guimarães Rosa

Novidade editorial: Sem Polícia

Texto da contracapa: Se abrirmos os jornais de hoje ou assistirmos a um telenoticiário constataremos que as instituições policiais brasileiras têm mantido estável fidelidade a suas raízes históricas. Cotidianamente ocorrem abordagens violentas, motivadas em geral pela aparência do abordado: a “atitude suspeita” é quase sempre resultante da violação de uma regra, absolutamente ilegal, que interdita o acesso de pobres a certos espaços urbanos.  Frequentemente da abordagem resultam lesões corporais no abordado, e por vezes sua morte. Mas a morte é sistematicamente imposta a suspeitos através de operações mais planejadas, como recentemente se deu em Santos (“operação Verão”) ou no Rio (Jacarezinho).

Não há no Brasil qualquer organização, criminosa ou não, que consiga matar anualmente dez por cento do número de mortos pela polícia. Em 2003 foram registrados no Brasil 6.390 morte em decorrência de intervenção policial; no Estado do Rio de Janeiro, foram 871 “assassinatos em nome da lei”, para usar o título do estudo pioneiro de Sergio Verani. Estão fora dessa totalização aqueles não poucos casos que deram de chamar “homicídios ocultos”, categoria que pode abranger encontros de cadáveres ou de ossadas e desaparecimentos definitivos.

Em 2019 a polícia do Rio alcançou a marca de 1814 fuzilados/ ano, o que dá 151 por mês e 5 por dia. Em 2023 o campeão da letalidade foi o Estado da Bahia, com 1701: um governo estadual petista conseguiu ultrapassar um governo estadual bolsonarista nesta sinistra contabilidade. Parece que na questão da brutalidade policial as dissenções não são muito profundas.

Sem Polícia

Organizadora: Vera Malaguti Batista

Autor: Acácio Augusto Gabriel Salgado João Guilherme Leal Roorda …

Autora: Vera Malaguti Batista

Editora: Tirant Brasil

Coleção: Tirant Lo Blanch Brasil

112 págs.

Isbn Papel: 9786559088959

Preço: R$ 110,00

editorial.tirant.com

agência de notícias anarquistas-ana

ao cair no outono
a folha não sabe
o quanto morre com ela

Alaor Chaves

[EUA] Marius Mason de volta à prisão feminina após decisões anti-trans

Por Unoffensive Animal

Depois da dura batalha para conseguir a transferência de Marius Mason para uma prisão masculina, o Estado cada vez mais transfóbico dos chamados EUA decidiu enviá-lo de volta para uma prisão feminina.

Marius ainda tem pouco menos de dois anos de pena a cumprir. Anarquista com foco em ecologia e libertação animal, foi condenado sob acusações de terrorismo por sua participação em ações de dano à propriedade contra empresas ecocidas. Sua prisão fez parte do que hoje é conhecido como o Green Scare (“Pânico Verde”).

A sentença de mais de 21 anos de prisão não impediu Marius de continuar lutando contra a injustiça. Ele tem se dedicado incansavelmente à defesa dos direitos de pessoas trans presas.

Para escrever para Marius e enviar apoio e solidariedade, enderece as cartas para:

MARIE MASON #04672-061FCI DanburyROUTE 37DANBURY, CT 06811 – EUA

Meu sangue ainda pulsa porque você vive e luta… Vejo através dos seus olhos e sonho com você.”

supportmariusmason.org

Tradução > Contrafatual

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agência de notícias anarquistas-ana

Meio-dia. O cego
marcha, batendo, batendo
sobre a própria sombra.

Alexei Bueno

Foda-se Lula e seus projetos ecocidas!

[Espanha] A Escola dos Povos: um farol para a autogestão desde o mundo rural

Situada em Quecedo de Valdivielso, uma localidade de apenas 20 habitantes na comarca burgalesa de las Merindades, a Escola dos Povos «Josefa Martín Luengo» se perfila como um projeto pioneiro para a revitalização do meio rural desde uma perspectiva autogestionária e comunitária. A iniciativa, impulsionada pelo Movimento Popular Memória Viva dos Povos junto com a Revista Soberanía Alimentaria, Biela y Tierra e a Universidade Rural do Cerrato, busca transformar uma casa senhorial do século XVI em um espaço de formação, cultura e encontro a serviço da luta pela soberania e a justiça social.

Um projeto com vocação transformadora

A Escola dos Povos tem dois objetivos principais: a formação de promotores de vida, quer dizer, pessoas que trabalhem na revitalização e defesa do território rural, e a criação de um espaço de formação para o movimento social, fortalecendo os laços entre o mundo urbano e rural. «É fundamental que as cidades entendam a importância do campo e vice-versa. Não podemos permitir que a desconexão entre ambos os espaços siga crescendo», destacam desde a organização.

Este espaço se converterá em uma referência para a formação em saberes tradicionais, a cultura popular e a luta por um mundo rural vivo. Através de oficinas, palestras e encontros, a escola abordará tanto as causas estruturais do abandono rural como as soluções para freá-lo. A aposta formativa incluirá conhecimentos em agro ecologia e fruticultura, pecuária extensiva, gestão florestal, carpintaria, cerâmica, construção tradicional, ferraria e saúde comunitária, entre outros. Também se fomentará uma pedagogia baseada na autogestão e na ação direta, em linha com os princípios da educação popular e do sindicalismo combativo.

Apoio mútuo com forte enraizamento

Para tornar realidade este projeto, a Escola dos Povos lançou uma ambiciosa campanha de financiamento coletivo na plataforma Goteo.org. Até o momento, conseguiu o apoio de quase 400 colaboradores e continua crescendo de maneira exponencial. O financiamento obtido nesta primeira fase se destinará à reabilitação inicial do edifício, incluindo a compra de materiais, o início da construção e a instalação dos campos de trabalho comunitário que ajudarão a levantar a escola.

A campanha se iniciou coincidindo com o Dia Mundial da Justiça Social e busca envolver tanto pessoas a título individual como organizações e empresas. «Cada colaboração, por pequena que seja, nos aproxima um pouco mais deste sonho coletivo», explicam as impulsionadoras da iniciativa.

Um processo em quatro fases

O projeto de construção da escola está esboçado em quatro fases e se desenvolverá em um período de seis a oito anos. A primeira fase, que já está em marcha, conta com o apoio de profissionais externos e se nutre de campos de trabalho comunitário nos quais participam organizações e comunidades comprometidas com a causa.

O primeiro edifício contará com espaços suficientes para alojar as primeiras classes e oficinas, assim como com zonas comuns para a comunidade e outras associações. «Este é um espaço de todas e para todas», afirmam desde Memória Viva dos Povos.

Quem foi Josefa Martín Luengo?

O nome da Escola dos Povos rende homenagem a Josefa Martín Luengo, pedagoga e militante anarquista, comprometida com a educação livre e popular. Nascida em Salamanca em 1944, Josefa dedicou sua vida à defesa de métodos pedagógicos alternativos baseados na participação ativa do alunado e da autogestão. Influenciada pelos princípios do pensamento libertário, foi uma firme defensora da educação como ferramenta de transformação social e promoveu experiências educativas inovadoras em diferentes partes do Estado espanhol. Também teve uma forte vinculação com movimentos anarcossindicalistas, participando em redes de educação autogestionada e projetos que rompiam com as estruturas de poder tradicionais.

Tua colaboração é necessária para construir poder popular

Mais de 50 organizações de todo o Estado espanhol já mostraram seu respaldo a esta iniciativa, reconhecendo seu valor como ferramenta de mudança e como modelo replicável em outras zonas rurais. A Escola dos Povos não só busca frear o despovoamento, mas gerar uma comunidade ativa, formada e consciente da importância de preservar suas raízes e recursos.

«Não estamos dispostas a aceitar que nossos povoados se esvaziem sem lutar», enfatizam as pessoas por trás do projeto. «Cada grão de areia conta para fazer da Escola dos Povos uma realidade».

Se queres contribuir com este imprescindível projeto e fazer parte da mudança, podes colaborar através do financiamento coletivo em Goteo.org ou seguir seus avanços no Instagram. Anime-se a participar e seja parte da transformação do mundo rural desde a autogestão e a luta coletiva!

Andrés Amayuelas

Fonte: https://rojoynegro.info/articulo/la-escuela-de-los-pueblos-un-faro-para-la-autogestion-desde-el-mundo-rural/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Num canto qualquer
Incomodando-me o sono
O grilo cricrila.

Lúcia Helena Nascimento

[Espanha] 700 metros de solidariedade com os seis antifascistas de Zaragoza

Uma corrente humana na capital aragonesa apontou nesta sexta-feira (28/03) o Governo de coalização como “responsável” pelo ano de prisão cumprido pelos seis jovens zaragozanos por se manifestarem contra a ultradireita. A ação uniu a Delegação do Governo à Audiência Provincial, “as duas instituições que tornaram possível esta injustiça”.

A solidariedade com os seis antifascistas de Zaragoza voltou a pulsar nesta sexta-feira no coração da capital aragonesa, quando está prestes a completar-se um ano desde seu encarceramento. Organizada pela Plataforma Libertad 6 de Zaragoza, como parte de um mês de mobilizações, uma corrente humana percorreu os 700 metros que separam a sede da Delegação do Governo espanhol, localizada na Praça do Pilar, da Audiência Provincial, no Coso.

700 metros de solidariedade para exigir, mais uma vez, a “libertação imediata” dos seis de Zaragoza, condenados em fevereiro de 2024 pelo Tribunal Supremo a quatro anos e nove meses de prisão por protestarem contra a ultradireita, após mais de cinco anos de processo judicial. 700 metros que também simbolizaram o abismo entre as reivindicações de grande parte da população e a falta de sensibilidade do Governo de coalização PSOE-Sumar, que segue sem cumprir suas promessas: o indulto e a revogação da chamada Lei Mordaça, que completa dez anos desde sua aprovação neste 30 de março e dez anos em vigor em julho.

Neste sentido, a Plataforma Libertad 6 de Zaragoza responsabilizou o governo de Pedro Sánchez por “cada dia de prisão” dos jovens. “Queremos ações, não promessas falsas eleitoreiras. E, com seus atos, o governo mais progressista da história (sic) vem mostrando que não tem vontade política para conceder o indulto nem revogar a Lei Mordaça. Queremos liberdade para os seis de Zaragoza, mas também para todos os perseguidos políticos, que infelizmente são muitos”, denunciaram no início do ato, lembrando casos como o das seis sindicalistas de La Suiza, dos jovens de Altsasu, o caso Adri, as ativistas da PAH e o rapper Pablo Hasél.

Com a ação, também responsabilizaram o Judiciário: “Decidiram condená-los sem provas, apenas com testemunhos contraditórios da polícia durante o processo, além de aplicar penas máximas”. Assim, a corrente humana terminou em frente à Audiência Provincial de Zaragoza, o local “onde tudo começou”. “Daqui saíram quatro inocentes condenados às penas máximas”, relembraram.

Rumo à grande manifestação de 12 de abril

A corrente humana desta sexta-feira ocorreu após o evento musical realizado no sábado anterior no CSO La Fábrika de Chocolate, que foi “um sucesso de público”, segundo a Plataforma, e arrecadou fundos para cobrir os custos do processo judicial.

O próximo evento, o terceiro do calendário, será neste fim de semana: no domingo, durante a XXII Marcha contra a macroprisão de Zuera. Diante dos muros da prisão, haverá shows, debates e transmissão ao vivo em solidariedade aos presos. Será a primeira marcha desde o encarceramento dos seis de Zaragoza, que terão destaque.

O calendário de mobilizações terminará no sábado, 12 de abril, com uma grande manifestação. O protesto sairá às 12h da Glorieta Sasera e percorrerá o centro de Zaragoza em um novo clamor unificado: liberdade para os seis antifascistas.

Fonte: https://arainfo.org/700-metros-de-solidaridad-con-los-seis-antifascistas-de-zaragoza/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

em rincões e esquinas
frios cadáveres:
flores de ameixeira

Buson

Campanha internacional de arrecadação de fundos para os combatentes anarquistas na Indonésia

Apoie os combatentes anarquistas na Indonésia que estão lutando contra a repressão estatal, o capitalismo e todas as formas de autoritarismo! Após a aprovação da lei do TNI (Exército Nacional da Indonésia) e a planejada aprovação da lei da POLRI (Polícia Nacional da Indonésia), uma onda de grandes manifestações irrompeu em várias cidades do país, enfrentando a brutalidade das autoridades e prisões em massa. O Estado ampliou e solidificou ainda mais seu controle ao militarizar os espaços civis, silenciando a resistência com violência e criminalização.

Em meio a essa situação, a solidariedade internacional torna-se crucial. Os fundos coletados serão usados para necessidades urgentes, como materiais de sobrevivência, custos de logística, custos de evacuação, bem como as necessidades de custos em casas seguras, custos jurídicos. Qualquer contribuição, por menor que seja, é um passo real para fortalecer a resistência e garantir que o fogo da liberdade não se apague. A solidariedade não tem limites – mostre seu apoio agora!

PayPal: einzine16@gmail.com

Viva a anarquia!
Morte ao estado!
Solidariedade e ataque!

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agência de notícias anarquistas-ana

o jornaleiro espantado
que eu queira comprar
o jornal de ontem

André Duhaime

ANTIFASCISMO – Entre a conciliação, a omissão ou a liberdade

31 de março de 2025

O contraprotesto na UnB revelou três posições distintas na luta antifascista. A primeira posição, expressa pelos próprios governistas, utiliza o combate à extrema direita de forma oportunista para gerar cálculo eleitoral, não o combatendo até as últimas consequências, mas conciliando com a direita em várias situações. A segunda, reivindica a luta a nível histórico, mas é omissa no combate à extrema direita na atualidade, justificando que a polarização reforça o governo lulista. A terceira, rompe com as anteriores, e aponta que a luta antifascista deve ser guiada pela liberdade de organização e expressão, pelo combate ideológico contra a extrema-direita e igualmente contra a política econômica neoliberal do governo Lula, antessala do neofascismo.

A tarde de 24 de março representou um começo diferenciado para o ano letivo de 2025 na Universidade de Brasília – e permitiu um debate nacional importante. Em função de ameaças de grupos bolsonaristas de irem ao campus “limpar a Universidade da sujeira da esquerda”, centenas de estudantes ocuparam o Instituto Central de Ciências, expulsando o influenciados Wilker Leão e impedindo que extremistas de direita adentrassem qualquer prédio ou centro acadêmico.

Foi uma derrota, mesmo que pontual, da extrema direita devida, em parte, à agitação promovida por estudantes da RECC-DF, que apesar de pequena em número de militantes, no contexto da UnB, foi a primeira a pressionar pela necessidade de um ato antifascista, alertando e convencendo outros estudantes sobre a importância de encarar essa ameaça diretamente.

Mas esse ato demonstrou mais uma vez as fissuras que existem no “campo antifascista” em todo Brasil. O próprio uso do termo espalhou-se nos últimos anos e a ausência de qualificação e profundidade do debate abriu margem para o confusionismo de alguns setores e o oportunismo de outros.

GOVERNISMO ANTIFASCISTA?

No momento de crescimento e popularização da luta antifascista, faltou a percepção, por grande parte dos que reivindicam essa luta, de que o próprio governismo lulo-petista e sua política econômica neoliberal, entre elas as ferramentas de austeridade (estruturais no capitalismo dependente brasileiro), abriram caminho para a extrema direita.

Não por acaso, as origens do fascismo clássico italiano também remetem a um período de austeridade no Período Entreguerras na Europa. Historicamente, quando a coerção econômica não é suficiente para estabilidade do sistema capitalista, são reforçados os mecanismos de coerção política. Assim, a austeridade e o fascismo reforçam-se mutuamente.

Nesse sentido, a política de Bolsonaro e Lula são muito semelhantes porque austeridade e realpolitik são pontos comuns, apesar das distinções partidárias e oposições ideológicas. Em última análise, o novo arcabouço fiscal, criado pelo governo Lula/PT-PSB, bem visto aos olhos da Faria Lima, FMI e das agências de rating, nada mais é que a reprodução da receita da austeridade.

Da mesma forma, a diminuição das funções sociais do Estado e o crescimento do Estado Policial reforça, em ambos os governos, a tendência de militarização do cotidiano e da disciplina férrea da força de trabalho.

Assim, os partidos governistas (PT, PCdoB, PSB etc) e suas juventudes (Kizomba, JPT, JR, Levante Popular da Juventude, UJS, JSB etc) são oportunistas ao se afirmarem como “antifascistas”. Eles possuem responsabilidade na despolitização do movimento estudantil e da sociedade ao mobilizarem oposições simbólicas e atos festivos, mascarando a realidade de seu projeto político, deixando de lado o trabalho de base e relegando para a arena eleitoral e o poder judiciário a maior parte de seus esforços concretos em combater à extrema direita.

Até mesmo na arena eleitoral, a oposição à direita é limitada, tendo em vista que PT e PL apoiaram os mesmos candidatos em 85 cidades nas últimas eleições, e expoentes históricos da direita e extrema-direita, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e congressistas do União Brasil, são parte da base do atual governo. Portanto, lulismo e bolsonarismo não polarizam dois projetos antagônicos para o Brasil.

CONTRAPROTESTO MODERADO E OMISSÃO

A atual gestão do DCE da UnB (Juntos/Psol, Correnteza/UJR/UP e UJC/PCBR) e os grupos majoritários da UNE (PT e PCdoB) inicialmente se posicionaram contra a proposta de um ato antifascista e só passaram a construí-lo porque foram achincalhados pela base e por outros movimentos na assembleia da UnB. Mesmo durante a manifestação, quando os bolsonaristas pisaram no campus, apenas um pequeno número de estudantes os confrontou.

Os movimentos governistas, que dirigiam o ato, optaram por não realizar o enfrentamento, direcionando no sentido oposto, subvertendo o propósito central da mobilização. Essas ações somam-se aos atos, piquetes, campanhas de reivindicação contra os cortes nas bolsas e as atividades da greve de 2024 que contaram com pouca ou nenhuma participação dessas organizações.

Por outro lado, outras tendências, ao enxergar a relação de retroalimentação entre a extrema direita e o reformismo, passam a generalizar atos de combate à extrema direita como apenas uma forma de fortalecer o governo Lula/PT, e minimizam esse combate.

Na verdade, a mesma lógica argumentativa é utilizada pelos governistas para se blindarem de críticas, afirmando que estas “servem à extrema direita”. Quando atacamos a extrema-direita, nos acusam de fortalecer o lulismo; quando atacamos o lulismo, nos acusam de fortalecer a extrema-direita. Atacaremos os dois.

ANTIFASCISMO, LIBERDADE E REVOLUÇÃO

O papel dos sindicalistas revolucionários é unir a luta econômica e a luta política. Não temos que nos colocar fora do conflito entre neofascistas e social-democratas, temos que fomentá-lo. Estimular o conflito contra o lulismo e o bolsonarismo, apontando as confluências entre os dois projetos econômicos e os fraquejos da social-democracia. Afinal, nas imortais palavras de Buenaventura Durruti, “nenhum republicano luta contra o fascismo até às últimas consequências”.

Sabemos das limitações do combate meramente institucional da extrema-direita, e como, conscientemente ou não, o projeto político lulista depende do bolsonarismo para justificar sua própria existência, enquanto única alternativa “viável”. Defendemos que há apenas uma alternativa viável para a derrota do fascismo e a superação do colapso capitalista que se impõe sobre o nosso tempo: a revolução socialista, a luta pelo fim da sociedade de classes.

Na guerra de classes, disputamos com nossos inimigos pelo espaço e suas condições materiais, mas também pela hegemonia ideológica, o “espaço” na consciência popular. Esse conflito ocorre por todos os meios, em todos os contextos, em todos os momentos, no corpo e no bolso de cada pessoa.

O crescimento dos setores de extrema-direita nas camadas populares nos demonstra a necessidade de utilizar de diferentes táticas para diminuir o poder na sociedade desses setores e a propagação do seu projeto político. Não é algo do qual possamos nos alienar, clamando alguma pureza idealista, e a tentativa de fazer isso só fará mal a nós e as nossas bases.

A direita e extrema-direita sempre existiram no Brasil, mas na última década ganharam importância diferenciada ao disputar abertamente as massas populares e atingirem certos postos institucionais, um fato que não pode ser ignorado. A conjuntura da luta contra o governo Lula III não é a mesma de Lula I e II.

A luta pela liberdade política é uma luta urgente, que dialoga com demandas materiais. Assim, não devemos ficar constrangidos em fomentar uma luta contra grupos que adentram a universidade intimidando professores e estudantes, limando a liberdade de expressão dos alunos e fazendo propaganda política reacionária por essas não serem pautas puramente econômicas. Hoje, já temos estudantes que são impedidos de se manifestar em instituições de ensino superior, perseguidos por colar cartazes na parede e fazer qualquer campanha reivindicativa.

Ao mesmo tempo, esses grandes atos não podem ser vistos como um fim em si ou como a única trincheira de combate à extrema-direita. Como tática de enfrentamento, são apenas uma parte do processo e devem ser combinados com o trabalho de base cotidiano.

Nós, da FOB-DF (RECC, ORC e pró-Terra Liberta), sustentamos o combate à radicalização reacionária burguesa onde quer que ela se encontre, por meio do trabalho de base, da auto organização, da educação popular e do acirramento da luta de classes, em seu componente econômico e de resistência/disputa por espaços.

Covardia não se combate com covardia, covardia se combate com coragem.

E isso vale tanto para a social-democracia oportunista, que mobiliza o discurso antifascista para se eleger e receber aplauso em manifestações, mas foge quando a briga fica séria, e que abandonou a classe trabalhadora à austeridade petista; quanto para grupos sectários que justificam sua ausência dos atos, mobilizações e greves do movimento estudantil da UnB com purismo ideológico pseudo-classista.

lutafob.org

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agência de notícias anarquistas-ana

Lindo sabiá
do peito amarelo
vem cá, vem cá

Eugénia Tabosa