Seguimos nos organizando para defender nossos territórios contra o extrativismo e o capitalismo que destroem tudo na sua passagem.
Não queremos suas lógicas que veem tudo como recurso e mercadoria. Não queremos seus discursos lavados de reciclagem e mudança de consciência enquanto desaparecem e matam os lutadores que defendem a terra.
Não pedimos nada, porque não aceitamos suas reformas que seguem sustentando este sistema de opressão sobre todos os seres que habitam a terra.
Só nossas alianças podem nos dar a força necessária para frear tanta devastação. Tecer redes entre os que lutamos em todas as partes.
As ações são multiformes, a luta é uma só.
Saúde e Anarquia.
@porlatierracontraelcapital
agência de notícias anarquistas-ana
Um largo sorriso Explode ao sol da manhã; A orquídea floriu.
Em 19 de maio de 2025, o Tribunal Militar do Distrito Central de Yekaterinburg condenou Alexey Rozhkov a 16 anos de prisão. Alexey não aceitou o veredito e seu advogado recorreu.
Alexey Rozhkov, um anarquista da cidade de Beryozovsky, na região de Sverdlovsk, foi um dos primeiros a protestar contra a guerra na Ucrânia incendiando um escritório de alistamento militar. Mais tarde, enquanto estava no Quirguistão, ele condenou abertamente a invasão em uma entrevista ao Khodorkovsky Live. Devido às suas ações e declarações públicas, Alexey se tornou alvo de processo criminal: ele foi secretamente levado do Quirguistão para a Rússia, onde foi torturado e colocado em prisão preventiva. Agora ele é acusado de “cometer um ato terrorista”, “justificar o terrorismo” e “espalhar notícias falsas sobre as forças armadas russas”.
Em 27 de setembro de 2024, o projeto de direitos humanos “Memorial de Apoio a Prisioneiros Políticos” reconheceu Alexey como um prisioneiro político e pediu sua libertação imediata.
Em 23 de maio, Ruslan Sidiki foi condenado a 29 anos de prisão, incluindo 9 anos de prisão e 20 em uma colônia penal (condições menos severas do que a prisão porque permite algum tempo fora).
Ruslan Sidiki é um anarquista russo-italiano acusado de sabotar uma linha ferroviária usada pelos militares, descarrilando um trem de carga com 19 vagões. Ele também atacou um campo de aviação militar com um drone em Ryazan. Ele foi acusado de preparar outro ato de sabotagem. Ele assumiu a responsabilidade por suas ações e alegou ser um guerrilheiro (fazendo uma analogia com os guerrilheiros da Segunda Guerra Mundial) no tribunal, mas se recusou a ser associado a um terrorista, tendo planejado suas ações para que ninguém se machucasse e que seu objetivo era causar danos à infraestrutura militar.
No final de agosto de 2024, Ruslan Sidiki declarou publicamente que havia sido torturado por policiais enquanto estava detido e apresentou uma queixa criminal ao Comitê Investigativo. Contrariando as exigências da lei, as autoridades investigadoras ainda não tomaram uma decisão.
É importante esclarecer que a tortura de pessoas presas na Rússia é sistemática, variando de simples espancamentos a eletrochoques e tortura sexual.
Compas na Rússia ainda estão resistindo a Putin e lutando para garantir que Putin perca a guerra na Ucrânia, a única opção atualmente disponível para enfraquecer seu poder e esperar uma derrubada popular. Muitos deles estão lutando e morreram na Ucrânia, defendendo a sociedade ucraniana e lutando contra o fascismo de Putin e o imperialismo russo. Para apoiar nossos compas presos na Rússia e para mais informações: https://t.me/s/solidarity_zone.
Abaixo o imperialismo! Morte ao fascismo! Guerra contra guerra! Viva a solidariedade internacional! Viva a revolução!
Sabendo-se que o campo anarquista de pensamento e práticas, em todas as suas expressões legítimas, gravita em torno de um conjunto de princípios comuns – que é o que lhe confere um caráter próprio, no fundo de toda a sua diversidade de formas -, e que este conjunto de princípios (anti hierarquia, anti poder, solidariedade, ajuda mútua, autogestão, internacionalismo – no sentido da rejeição ao nacionalismo) aponta para um fim que é a antítese máxima de todo e qualquer sentimento de exclusivismos e/ou particularismos – qual seja, o da emancipação da humanidade como um todo em relação aos equívocos, preconceitos e estruturas sociais artificiais que configuram as relações de dominação e exploração econômicas/políticas, e visto serem as redes comunitaristas ácratas uma expressão libertária, cabe colocar aqui a questão a respeito da possibilidade de integração a essa tática por parte de grupos humanos da/os ‘de baixo’ das sociedades globalizadas que não possuem nem sequer estruturas mínimas necessárias à primeira vista para a construção, p.ex., de um “Circuito Básico de Produção”, como definido logo acima, grupos estes tais como pessoas sem casa própria, moradoras de rua e/ou sem território definido (tais como grupos de migrantes). Esta aparente limitação de origem da tática se demonstra ilusória quando se compreende seu caráter e cariz fundamentais, ou seja, a orientação para práticas de construção comunitária.
Tomando-se como exemplo o próprio Circuito Básico de Produção acima definido, se pode visualizar situações onde alguns circuitos assim constituídos (horta artesanal – ou conjunto de cultivos germinados, captação de águas pluviais ou de poços, filtragem/reaproveitamento natural de águas servidas, compostagem e biodigestor) seriam construídos coletivamente pelas redes em locais de acesso franco (tais como terrenos baldios, p.ex.), com a finalidade de servirem de suporte para atender a algumas necessidades básicas prioritárias de algumas parcelas de grupos de pessoas que não possuem as aludidas estruturas mínimas necessárias para construí-los. Tais Circuitos Básicos de Produção construídos em locais de acesso franco, seriam administrados também coletivamente pelos entes comunitaristas ácratas que os construíram, em conjunto com indivíduos e/ou grupos “despossuídos” que possam vir a se servir deles, tornando-se estes então, deste modo, também integrantes de redes comunitaristas ácratas – mas não necessariamente como entes, posto não serem fixados às estruturas tecnológicas de que se servem -, inclusive, dos tecidos Ponto Com Nós.
Em um estágio mais avançado de estruturação e desenvolvimento, os entes comunitaristas ácratas poderiam investir na aquisição de impressoras 3D e, a partir daí, criarem centros de produção de utensílios diversos para atender a algumas necessidades básicas prioritárias das redes comunitaristas, mais pertinentes ao setor secundário da economia. Tais lugares poderão se tornar verdadeiros “Centros de Engenhosidade Social Ácrata” (C.E.S.A.’s), ou seja, equipamentos coletivos de pesquisa, desenvolvimento, produção e distribuição de produtos, serviços e tecnologias físicas e sociais (tais como cooperativas) de promoção de autonomias relativas nas comunidades.
Sendo provável a inviabilidade de se desenvolver situações de absoluta autonomia em relação às forças econômicas/políticas dominantes, é preciso ter claro que o maior ganho para a causa libertária viabilizado pela tática do comunitarismo ácrata seria, para além dos ganhos nada desprezíveis da promoção e disseminação de práticas de autonomias relativas em relação às referidas forças, o “ganho de fundo” da promoção de um processo de ‘reeducação’ (no sentido libertário) dos sujeitos individuais e/ou coletivos integrantes das redes comunitaristas – deslocando-os de uma visão de mundo e relações inter pessoais dominantemente hierarquizantes para outras mais abertas para as possibilidades das sociabilidades anti hierárquicas -, tomando-se como força motivadora, para tal, suas necessidades concretas de suprirem demandas materiais básicas das suas vidas e de cuja satisfação são alijados e/ou têm o acesso dificultado pelas estruturas instituídas, e tomando-se como “abordagem pedagógica” fundamental uma “educação íntegra” – prática teoria/teoria prática – em vivências ácratas de autogestão.
Por outro lado, a aludida expectativa de que o desenvolvimento de situações de autonomia absoluta em relação às forças dominantes seja, provavelmente, inviável, não deve, nem por isto, alimentar ilusões de que, sendo assim, a tática comunitarista ácrata não estaria sujeita a nenhum risco de ataques repressores por parte do instituído: a história das experiências libertárias de características transformacionistas aponta para o fato de que, mesmo não sendo experiências de cariz insurrecional/’revolucionário’ no sentido clássico – como de fato não são -, a longa série de experiências deste tipo realizadas ao redor do mundo (tais como, p.ex., as comunidades russas inspiradas nas ideias de Tolstoi ainda no período final do tzarismo e as comunidades hippies e squats anarco punks ao redor do mundo ‘democrático’ ocidental desde meados Séc. XX até o presente), invariavelmente reprimidas pelas forças mantenedoras da ‘ordem’ vigente, demonstra inequivocamente que os poderes estabelecidos têm uma consciência clara sobre o potencial ‘subversivo’ que experiências ‘alter ordem’ (de ‘ordem’ social diferente do estabelecido) como estas podem adquirir, pela via de possíveis desencadeamentos de fenômenos de ‘moda’ social que possam tomá-los como ‘modelos’.. Por isto, como forma de precaução, seria recomendável que, na medida do possível, as tecnologias físicas adotadas pelas redes comunitaristas ácratas se pautassem pelo princípio da ‘discrição’, para desse modo se tentar reduzir os riscos de agressões repressoras ocasionadas por prováveis ‘reverberações’ dos efeitos concretos – sobre os interesses do mercado e/ou Estado – da adoção numericamente significativa destas tecnologias (adicionalmente, se poderia estudar e adotar línguas tribais pouco faladas).
Trecho do “Manifesto Anarquista Ácrata”, de autoria de Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.
(siga nosso perfil de Instagram: @movimento_anarquista_acrata e acompanhe nossas lives pelo canal de YouTube: anarcrata)
*a RECA (Rede Comunitarista Ácrata) está promovendo sua segunda rifa anual para aquisição de tecnologia de autonomização: confira as informações no talão digital ao lado e contribua com esta iniciativa libertária.
O presidente disse que pratica pesca esportiva no Palácio da Alvorada e na Granja do Torto. Para ele, a atividade funciona como uma “terapia”. Declarou que pesca com um anzol que não machuca os animais. “Eu tenho 1.000 peixes no lago do Alvorada e eu não pego eles com anzol cor de Rosa, mas o meu anzol não tem garra. É como se fosse um brinco. Eu pego o peixe e solto o peixe sem ele estar machucado. Agora, como esse aqui é um pacu de quatro quilos e meio, eu não posso soltar. Isso aqui eu tenho que levar para casa, limpar, preparar, assar ele, sabe, e depois comer”, disse Lula, que agradeceu a “Deus pela pescaria”.
Senhor Lula, os animais não existem para nosso entretenimento, “terapia”. Eles merecem viver suas vidas livres de exploração, abuso e sadismo.
Não se faz análise política séria a partir do que as pessoas dizem, e sim do que elas fazem.
Esse é um princípio básico das ciências políticas, aplicável nos mais diversos casos. Por exemplo, não importa se Lula diz que é comunista, se Bolsonaro diz que se importa com as crianças e assim por diante. Analisamos a posição política de alguém pelas ações políticas dessa pessoa, não por seus discursos.
Anarquistas historicamente levaram esse critério muito a sério. Transformam a ideia de “falar com suas ações” no principal critério para distinguir amigos de inimigos. Isso marca a oposição entre a política anarquista e a política institucional. A política institucional se faz pelo discurso. Os políticos profissionais são mestres da palavra. Falam demais por não terem nada concreto a apresentar.
No interior do anarquismo temos uma diversidade muito grande de posturas, análises, estratégias, teorias e práticas. Com a crescente criminalização do movimento, é natural que a prática anarquista não aconteça mais à luz do dia. Isso não quer dizer que ela perdeu sua centralidade. Para os anarquistas, é a prática que organiza a teoria.
Mas no anarquismo também vemos surgir uma classe intelectual capaz de se afastar, em diferentes graus, da prática concreta da política anarquista. Esse afastamento é evidenciado na linguagem pouco acessível, na distância das pautas que são priorizadas, na ausência de familiaridade com espaços de convivência anarquistas, e na falta de disposição de apoiar movimentos e ações que anarquistas, criando uma espécie de sectarismo.
Esse sectarismo anarquista é visível, por exemplo, quando alguns autores com vasta produção acadêmica resgatam críticas ao “anarquismo de modo de vida” de Bookchin, por exemplo, como uma desculpa para deslegitimar todas as vertentes anarquistas com as quais eles não querem diálogo nem convivência. Todos os outros anarquistas são reduzidos a arruaceiros sem perspectiva política real. Se contentam em falar mal de todas as tentativas de construir novas possibilidades. Nada é bom o suficiente para eles. Vivem de elogiar o passado. Se recusam, muitas vezes, até mesmo a discutir, responder uma crítica ou considerar outro ponto de vista. Suas análises são as definitivas, então apenas as repetem à exaustão. Se o anarquismo enfrenta desafios, a culpa é sempre de quem não os ouviu.
Falo nessa linguagem porque é com eles que estou falando: vocês podem não ter coragem de falar conosco, mas suas ações falam por vocês. Nós sabemos falar na sua linguagem, falta vocês aprenderem a nossa.
O mundo assiste a uma nova escalada da violência institucionalizada. Enquanto milhões de trabalhadores enfrentam o desemprego, baixos salários, trabalhos precários e cortes em serviços essenciais, os governos destinam cifras obscenas à máquina de guerra.
O gasto militar global já ultrapassa os 2,4 trilhões de dólares anuais em 2025 — seis vezes mais do que todo o orçamento destinado ao combate à fome no mundo.
Essa loucura armamentista ocorre enquanto há 56 conflitos ativos que já deslocaram mais de 100 milhões de pessoas.
Hoje, o aparato industrial-militar das principais potências concentra 70% das vendas de armas no mundo, alimentando guerras que depois são apresentadas como “crises humanitárias”.
A indústria bélica segue batendo recordes de lucros. As cinco maiores corporações armamentistas obtiveram no ano passado um lucro de 200 bilhões de dólares — equivalente ao PIB combinado de vários países latino-americanos. Enquanto isso, uma em cada dez crianças no mundo trabalha para sobreviver, e os sistemas públicos de saúde colapsam por falta de financiamento.
Esse militarismo crescente não é um fenômeno isolado, mas parte essencial do sistema capitalista atual. Os mesmos Estados que cortam aposentadorias e gastos com saúde e educação sempre encontram trilhões para novas armas de destruição.
As guerras modernas já não são travadas apenas em territórios distantes: a militarização da repressão e a criminalização da pobreza são hoje formas de guerra contra os próprios povos.
A FORA-AIT, fiel à sua tradição internacionalista e antimilitarista, faz um chamado aos trabalhadores e trabalhadoras do mundo para:
Rejeitar a produção de material bélico em fábricas e oficinas;
Organizar a resistência contra o recrutamento militar;
Rejeitar os gastos militares e exigir que sejam investidos em saúde, educação e moradia;
Fortalecer a solidariedade internacional contra os verdadeiros inimigos: os Estados e o capital.
A memória nos traz o eco daqueles companheiros anarquistas que, em 1914, sabotavam navios de guerra nos portos italianos; dos mecânicos que se recusaram a consertar os motores dos aviões de guerra de Pinochet; dos jovens russos e ucranianos que hoje rasgam suas convocações militares, preferindo a prisão a empunhar armas contra outros trabalhadores.
Hoje, como ontem, a paz não virá dos palácios de governo. Será conquistada de baixo para cima, com a força organizada de quem sofre as consequências dessa barbárie.
Nenhum operário a mais nas frentes de batalha! Nem mais um dólar para a indústria da morte!
Federação Operária Regional Argentina – Associação Internacional dos Trabalhadores (FORA-AIT)
Abril de 2025
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
É tarde, escurece, a lua se esforça mas logo aparece.
A proteção do espaço com persianas de segurança ajudará a mantê-lo como um centro seguro e funcional para resistência, solidariedade e auto-organização.
~ Giannis Voliatis ~
O centro social Ovradera, na cidade de Tessalônica, Grécia, foi criado há cerca de 4 anos. É o lar de vários grupos políticos e indivíduos anarquistas, libertários e feministas. Também abriga a editora libertária Koursal, o portal de contrainformação Alerta.gr, o Gizmo Lab — um grupo que lida com tecnologias da informação e como elas podem ser usadas para ajudar o movimento — e muitas outras iniciativas temporárias ou permanentes.
Na Grécia, a repressão estatal se intensificou nos últimos anos, visando os movimentos anarquista e libertário por meio de ações de despejo de ocupações e restrições crescentes a espaços públicos, como praças e campi universitários, para a realização de atividades e assembleias.
Com o objetivo de expandir o alcance e o engajamento do movimento anarquista com a sociedade, a Ovradera é um espaço que opera de forma horizontal e não hierárquica e se posiciona firmemente contra o racismo, o fascismo e o sexismo. Embora seja parte integrante do movimento anarquista/libertário local, é um centro social aberto a qualquer iniciativa que se alinhe aos seus princípios básicos e à forma coletiva como todas as decisões são tomadas.
Ao longo de sua existência, sediou diversos encontros e eventos (políticos e culturais), apresentações de livros, exposições e campanhas de solidariedade (por exemplo, em apoio à Palestina, às pessoas afetadas pelas enchentes e incêndios florestais dos últimos anos na Grécia, e em apoio a presos políticos). Em consonância com os ideais e o modo de operação da Ovradera, todos os custos financeiros do espaço são cobertos por seus membros ou por meio de eventos beneficentes.
Alguns meses atrás, a Ovradera teve que se mudar para um espaço diferente, bem próximo do anterior. Essa mudança trouxe alguns altos custos financeiros, principalmente voltados à proteção e fortificação do novo centro com escudos metálicos, devido a possíveis ataques do Estado e dos fascistas.
Para cobrir parte desses custos, os camaradas de Ovradera decidiram iniciar uma campanha de arrecadação de fundos (firefund.net/ovradera) e estão atualmente pedindo ajuda financeira, não importa a quantia. Os camaradas também estão convidados a divulgar a iniciativa — e, claro, a nos visitar sempre que estiverem em Tessalônica.
A agitação Anarkiza la Punk ocorreu de forma simultânea durante os dias 10 e 11 de maio de 2025 em mais de vinte cidades ao redor de Abya Yala, um gesto punk internacionalista, cruzando a cordilheira do continente latino americano do atlântico ao pacífico, indo do caribe às terras em conflito com o estado mexicano. Desde Santiago Chile anarkopunks lançaram um chamado informal acentuando no intuito da jornada “um encontro anarkopunk que colocasse ênfase no caráter político e confrontacional do punk, problematizando nossas posições e lutas, afiando nossas ideias contra o poder, e buscando refrescar o espírito anárquico do punk, muitas vezes adiado nestes tempos pelo punk apolítico, comercial, misógino ou ambíguo ideologicamente”. Tendo como força realizadora o faça você mesmo e a vontade de expandir o punk como subversão ao poder e a autoridade se incitou que valores arrecadados com a jornada se destinassem a solidariedade com xs companheirxs presxs ou em apoio direto a iniciativas anarquistas.
Mais de vinte bandos punks anarquistas responderam ao chamado pondo energia para realização da agitação internacional e localmente. Cada bando de acordo com suas possibilidades irrompeu expressando a contra cultura punk através de feiras de publicações, zines, ofícios e projetos autogestionados, trocas de ideias, conversas que tencionaram para expansão da contra cultura punk anarquista e combativa, práticas e oficinas diversas, dos primeiros socorros em manifestações à horta, de gravações à autodefesa, do stencil à encadernação, apresentações de teatro, fantoches, malabares, espaços para a infância, projeções de documentários e curtas, arrecadação de encomendas para compas presxs, serigrafia, Flash Tattoo, exposições gráficas de memória e atualidade da contra cultura punk, mesa informativa de 10 anos da tragédia do doom, bicicletada, almoço coletivo, gig e apresentações musicais … estas atividades ocorreram em Santiago, Valparaíso, Concepción, Chillán, Havana, México DF, Tultitlán, Lima, Arequipa, Porto Alegre, São Paulo, Ciudad Guatemala, San José, Montevideo, Buenos Aires, Quito, Bogotá, Medellin, Ibagué e Asunción.
A partir dos canais de contrainformação e se espalhando dentro das redes de contato a agitação Anarkiza la Punk ecoou pelo continente como chamado informal e recebeu a espontânea adesão de bandos punks anarquistas, que sentiram afinidade na proposta e perspectiva da movimentação, respondendo desde a ação com a realização da jornada em seus territórios, impulsionando localmente o punk de raízes e atitude antiautoritária e combativa. Na sintonia entre estes bandos coordenando juntos pontos para a agitação em comum, anarquizar o punk, se levantaram debates e inquietações assim como um palpitar do coração irmanados na luta desde a contra cultura anarkopunk por diferentes lados.
O percurso das múltiplas iniciativas punks anarquistas nas últimas décadas em Abya Yala é repleto de flores e espinhos, com afiadas e ferozes iniciativas como drásticas rupturas, de uma forma ampla estas trajetórias se cruzam e influem na movimentação atual. Neste sentido companheirxs de diferentes latitudes questionaram a participação na agitação Anarkiza la Punk de um bando que respondeu ao chamado desde a cidade de La Paz Bolívia. O questionamento era bem direto, questionando a cumplicidade e envolvimento com indivíduos que, com a redada repressiva ocorrida em 2012 contra a órbita anarquista punk diante dos ataques insurrecionais ascendente naqueles anos, colaboraram com as forças repressivas do estado boliviano com delações e aberta cooperação com a polícia. Diante dos ataques insurrecionais o estado respondeu com sua linguagem, violência, associações fantasiosas e linchamento midiático fazendo detenções de forma sortida no meio antiautoritário, porém o pior golpe venho de indivíduos do meio anarquista punk, tanto dos detidxs como dxs que não estiveram no alvo das detenções, quebrando princípios elementares entre anarquistas como o rechaço total a autoridade, ao estado, a polícia. A continuidade do fato intolerável é que percorrido 13 anos destes acontecimentos colaboradores e delatores tem espaço no meio anarquista punk local.
São marcantes as palavras do editorial Flores del Kaos refletindo sobre os desdobramentos do golpe repressivo na Bolívia no livro No tenemos nada que pedir al estado! lançado em conjunto com o editorial Konspiracion Iconoclasta em 2022: “Atualmente, existem espaços, bandas e coletivos que estão formados por delatores do golpe repressivo de 2012, pese a que todo espectro libertário conhece o que aconteceu, são aceitos e apoiados, igual que a 10 anos atrás, existe carência de crítica e autocrítica ao movimento local, se tem normalizado a delação, ao carecer de um posicionamento anticarcerário. Somente reina o cultural e o festivo, pese que muitos levem rebites e patches”. Diante desta realidade exposta, e por muitxs conhecida, se evidenciou a incompatibilidade absoluta dos bandos envolvidos na agitação Anarkiza la Punk com colaboradorxs da polícia, delatorxs e seus cúmplices. Com alegria confirmamos que a adesão a agitação Anarkiza la Punk não se deu pelo preenchimento de formulários, mas se construiu através das posições políticas cultivando posições visceralmente antiautoritárias.
Sentimos, no entanto, falta do conflito e a crítica que abram as possibilidades para a construção de posições e lutas mais radicais e mais fortes. O afastamento não resultou no caso da Bolívia, na construção de posições anti carcerárias ou anti policiais (ou seja anti autoritárias), muito pelo contrário pareceria que se auto afirmam na tolerância à delação. Algumas tentativas de justificação que usam a ideia de que é necessário compreender “processos locais”, nos levam a nos perguntar: Conhecer um contexto, um grupo de pessoas é argumento suficiente para compreender atitudes e reivindicações que nada tem a ver com a anarquia nem com qualquer posição CONTRA a dominação? Essa abordagem estancaria, a nível local e a nível da interação internacionalista, as possibilidades de construir uma proposta anarquista baseada nos códigos mais básicos, porque afirma, de maneira implícita, que se sou mais próximo de algo ou alguém não posso criticá-lo, apenas deveria compreendê-lo, e é importante fincar que temos códigos inegociáveis, e que se nos posicionamos como antagônicos ao poder nossas afinidades não podem ser reduzidas a grupos de acolhimento acríticos. Para nós é importante contribuir para que a coerência faça sentido, entender que a crítica pode ser um caminho fecundo se se leva a sério a escolha anárquica.
Localmente, armamos a agitação para seguir instigando a contra cultura punk, anarquista combativa com memória atitude e coerência. Contrapondo um cenário que despolitiza toda iniciativa, algo que talvez não atinge apenas o punk. Sob a bandeira do “apolítico”, crescem multidões que são mais funcionais ao sistema do que contrarias a ele, porque o “apolítico” significa aquele que não luta, que se conforma com ter os espaços e tempos de tolerância dentro do sistema e que, conformado, aceita tudo sem filtro, já que não tem pensamento nem sentir político não se posiciona, evita o conflito com o sistema, se introduz nos espaços que a mesma dominação lhe outorga, o “apolítico” significa então, o apaziguado. Porém, como a vida é política, ser indiferente não significa ser alheio, e sim conivente, em muitos casos até colaborador do sistema. Por isso a importância do Anarquiza la Punk, como um impulso mais para manter e expandir nossa movimentação na cidade e região, encarando o punk como vivência em luta contra as redes do poder e da autoridade, contra o Estado.
Ainda sobre as motivações locais ressaltamos uma questão problemática, origem de estupidificação no meio punk. Os conflitos nas ruas com fascistas, skinheads, remonta larga data na região sul e sudeste do Brasil, muito antes da ascensão de Bolsonaro, hora freqüentes, noutros momentos esporádicos, nunca cessaram, a massiva imigração de população branca, os venenos da sociedade estratificada, o racismo estrutural e outros fatores alimentam o surgimento desses indivíduos e grupos. Uma marcante encruzilhada no meio punk destas bandas se deu no início dos anos 2000 com a tolerância de punks com skinheads abrindo as portas a interagir com fascistas, tanto nacionalistas como com “ex nazistas”, assim como outros que se reivindicavam tradicionais “apolíticos”, oi, sharp ou rash, onde uma miscelânea amorfa unida pela farra atuou sempre em prejuízo da radicalidade no meio punk, ignorando o antifascismo mais elementar. Contribuindo desta forma para esta recente ascensão do fascismo na medida que não os combateram em tempos idos, mas sim se confraternizaram com fascistas promovendo uma vivência punk sem sentido, contraditória, baseada no visual e na música, que segue se reproduzindo. A agitação localmente também se ergueu na contramão e em firme oposição a esse contexto.
Unindo esforços, anarkopunks de Porto Alegre e cidades da redondeza fizeram acontecer a agitação Anarkiza la Punk no domingo dia 11 de maio com uma animada jornada de atividades que se estendeu durante todo o dia até a noite. Cartazes convocando pintaram as ruas, quebrando o cinza urbano, se comunicando para além dos celulares e redes sociais. Fartas bancas de materiais zines, publicações, jornais, revistas, livros, serigrafia, música, se espalharam pelo salão gritando anarquia sendo adubo e expressão da contra cultura punk. Lindas faixas cobriram a totalidade das paredes onde se lia: “Contra as políticas genocidas e o massacre cotidiano dos povos resistiremos! Nenhum passo atrás toda vida em luta.” “Punk é apoio não competição” “Anarkopunx Antifascista!” “Pela liberdade contra toda autoridade” “Até que arda toda autoridade, inabaláveis até a libertação total! Liberdade para Mônica e Francisco! Solidariedade sem fronteiras!” “Alfredo Cóspito Cumplicidade anarquista!” “Estamos em toda parte”. Faixas que, assim como as publicações das bancas, já expressam o tom das posições.
Ao longo do dia uma exposição gráfica de memória e atualidade da contra cultura punk olhando tanto para nosso passado como para o nosso presente de luta se manteve de pé no salão. Composta por capas de zines, fotos, punkfletos e um destaque, com um texto informativo e fotos, para alguns punks que desde a ação direta insurrecional nos contagiaram e contagiam: Punk Maury, Santiago Maldonado, Rodrigo Lanza, Anahi Salcedo e Hugo Punk.
Afiando nossas práticas combativas a Equipe de Urgência e Emergência fez uma oficina de simulações de primeiros socorros com casos reais ocorridos em manifestações trazendo ainda para a roda a reedição da publicação “Treinamento de resposta rápida e primeiros socorros Sangue frio e coração quente”. Para contato e acessar a publicação: euepoa@riseup.net
Antes do crepúsculo reunidxs em círculo, ombro à ombro, debatemos com interesse e paixão a questão “anarkizar o punk”:
Reconhecendo o punk como vivência, atitude e identificação contra cultural que se ascende no indivíduo como fagulha de revolta, insubmissão e inadaptação ao sistema de dominação com suas mais variadas caretas, encaramos o punk como ruptura e combate ao estabelecido e imposto pela ordem, de natureza anárquica, de negação ao poder e a autoridade.
Destes princípios elementares as ideias sopraram enunciando que punk não é um estilo musical, é muito além de música e visual, elementos tão explorados pelo capitalismo banalizando o punk o transformando em mercado nas suas prateleiras e inócuo de combatitividade. E mesmo com todo este apelo de esvaziamento da contra cultura punk ela segue vigente sendo uma ameaça, estamos vivxs!
Apontamos que o panqui destroy, 77, porra loca, nada contribui, se ancorando em drogas, álcool, estética, bandas incoerentes, atitudes nefastas, naufraga a potencialidade rebelde e subversiva da contra cultura punk.
Sem esquecer das trajetórias punks anarquistas trilhadas, nossa própria memória, com o latido iconoclasta recusamos o saudosismo, a reverência aos “velhos punks” e a ideia de que “antes era melhor”. A contra cultura punk não é estática, não está morta tão pouco paralisada no tempo, está em permanente movimento sempre se questionando, destruindo e construindo.
As ocupações e espaços autônomos foram enaltecidos e incentivados como espaços de criação, agitação e vivência que impulsionam e aprofundam a tensão anarquista e o florescimento da contra cultura punk. A construção de práticas cotidianas de negação ao ritmo do sistema em todos os âmbitos da vida, mesmo cercados e em difíceis condições, é um desafio necessário que nos coloca no mundo como contra correnteza.
O rechaço à passividade diante violências autoritárias, patriarcais em nosso meio foi uníssono, valorizando nos questionarmos por completo visando destruir ao estado, ao capital, ao domínio e não a nós mesmxs. Tomando a crítica e o conflito como oportunidades para transformações necessárias, porém, frisando que a procura por relações horizontais não pode ser o único horizonte de luta, não podemos abandonar a luta contra a Rede de Dominação e suas estruturas (estado, igrejas, capitalismo, patriarcado, racismo, devastação da terra) porque é nelas que se constroem todas as opressões.
Sem ponto final conclusivo apontamos como necessidade constante de anarquizar o punk e deixar mais punk a anarquia. Brindamos coletivamente a felicidade de nossas decisões e tomada de posição, a felicidade de sermos o que somos.
Após a acalorada troca de ideia encerrando a jornada balançamos o esqueleto com a música e o ruído punk anárquico da Crua e das bandas Ned Ludd e Hospicidade.
Das ideias fermentadas ainda nesta jornada desde conversas informais consideramos importante incluir aqui que não encaramos o punk como expressão eurocêntrica, o punk por natureza rechaça o centrismo, e se uma fagulha vinda do norte do mundo ascendeu esta fogueira, inicialmente contra seu próprio berço, este fogo que se alastrou pelo mundo como contra cultura punk muito se transformou e se ressignificou com as lutas ancestrais tanto em Abya Yala como na Ásia, somos expressão disto.
A agitação internacionalista Anarkiza la Punk trouxe a memória da vida e morte do Punk Maury se situando como agitação do Maio Negro e fomento do 22 de maio, Dia do Caos, quando o Punk Maury deu seu mergulho profundo tentando atacar a escola de carcereiros em Santiago Chile em 2009. Dando uma cara comum a agitação os cartazes em cada território carregaram um trecho da poesia de guerra do Maury:
“É hora de que saibam que não a lei que respeitemos que se temos que lutar atacaremos suas goelas!”
Saudamos com cumplicidade todos bandos punks anarquistas que desde seus territórios levantaram junto a agitação Anarkiza la Punk ao longo do continente com fogueiras acesas, acreditamos que os debates e as tensões foram parte importante para irmos construindo uma afinidade que aprofunda nossa posição antagônica às múltiplas formas de dominação. Anarquizar o punk, para nós, passa por isso, por sair dos lugares fáceis que oferece o sistema: as redes sociais mais comuns, a tolerância democrática a todos sem radicalismos, passa também pela insistência anárquica na contra cultura, que está na corda bamba entre se manter como resposta urbana anti normalidade e a cooptação pela indústria que a engole e vomita em forma de moda e produto alternativo incluído no sistema. Sobretudo, Anarkiza la Punk é mais uma ferramenta para continuarmos na luta contra toda forma de opressão.
Que esse caótico fogo contagie mais e mais!
Viva a anarquia! Viva a contracultura punk subversiva e combativa! Estamos vivxs!
A greve de mais de 200 mil operários exigindo a jornada de trabalho de 8 horas resultou em importantes momentos insurrecionais que desempenhariam um papel decisivo nas histórias revolucionárias de diversos territórios.
Após o assassinato de vários trabalhadores no dia 3 de maio, anarquistas e revolucionários tiveram a capacidade e souberam responder a tal agressão com uma manifestação violenta no dia seguinte, em que parte da propaganda dizia: «É preferível a morte à miséria. Se fuzilam os trabalhadores, respondamos de tal forma que os patrões lembrem por muito tempo.»
E essa propaganda não ficaria apenas em palavras incendiárias, mas se materializou na explosão de uma bomba no meio do contingente policial que reprimia a manifestação do dia 4 de maio em Haymarket, provocando a morte de um policial e deixando vários outros feridos.
Junto com os manifestantes mortos pela repressão naquele dia, esse ato de vingança levou à perseguição, invasões de domicílio e detenção de centenas de pessoas, ao fechamento de jornais anarquistas e à condenação à prisão perpétua de 3 revolucionários e, como se sabe, à pena de morte de 5 anarquistas.
Com o passar dos anos, descobriu-se que os condenados não tiveram relação direta com o lançamento do artefato explosivo. No entanto, isso é irrelevante para quem, como nós, não acredita na justiça nem na falsa dicotomia inocência/culpabilidade.
A importância está na firmeza que a maioria dos condenados demonstrou ao enfrentar o duro processo e a sentença posterior. Essa postura inquebrantável complementou e fortaleceu todo o movimento insurrecional liderado principalmente por trabalhadores que lutavam não apenas pela jornada de 8 horas, mas pela derrubada da ordem imposta.
Portanto, mais uma vez fica evidente a importância das decisões e da iniciativa individual no curso e no desenrolar das lutas coletivas. Decisões individuais que necessariamente devem caminhar em sintonia com o contexto de enfrentamento generalizado, já que essas posturas também fazem parte dele.
Nesse sentido, é importante esclarecer que o posicionamento diante das sentenças e da vida na prisão não é o fim, assim como não é uma etapa separada das ações, mas sim uma parte constitutiva delas. Um posicionamento em luta que reafirme constantemente a decisão individual de romper com a monotonia do estabelecido.
Por uma constelação de individualidades e grupos de afinidade para o combate!
Francisco Solar D. Presídio La Gonzalina – Rancagua Maio de 2025
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Na despedida as costas! Solitário vento de outono.
UM FESTIVAL ANARQUISTA E UMA EDITORA EM CADA CIDADE! UM ESPAÇO AUTOGERIDO EM CADA BAIRRO! “Livros anarquistas são armas contra o totalitarismo moderno”
O 9º Festival do Livro Anarquista e Subversivo aconteceu em Patras, na Praça Pantanassa, nos dias 22, 23 e 24 de maio. Um Festival que tentou por mais um ano, através de uma multiplicidade de eventos, destacar a riqueza dos conceitos anarquistas, antiautoritários e libertários, e ao mesmo tempo colocar a comunidade local, e especialmente a juventude da cidade, em contato com os livros anarquistas e subversivos, com nossos projetos e visões.
Durante os três dias, uma multidão de pessoas passou pelo espaço do Festival e entrou em contato com livros anarquistas e outros materiais, compareceu a eventos políticos e culturais em uma organização particularmente bem-sucedida, tanto política e organizacionalmente, quanto no nível de endereçamento [local] e aceitação, criando um espaço livre do Estado e da mercadoria, um campo de encontro, interação, discussão e pensamento crítico.
De nossa parte, podemos dizer que continuaremos a promover a lógica da comunicação não mediada, da expressão auto-organizada, da participação igualitária, da horizontalidade e do coletivismo, acreditando que a maneira como lutamos hoje tem relevância direta para a sociedade que queremos construir amanhã. Continuaremos a implementar intervenções e ações organizadas em uma série de questões relacionadas às nossas próprias vidas e às vidas das pessoas ao nosso redor e aos impactos que as escolhas e os planos dos chefes políticos e econômicos têm sobre elas.
O Festival foi apenas um momento, apenas uma parte da luta que travamos como anarquistas por uma sociedade livre dos grilhões do Estado e do capital, por um mundo sem guerras, fascismo e imperialismo, sem exploração e opressão de classe, um mundo de igualdade, solidariedade e liberdade.
>> Clique aqui para conferir uma reportagem fotográfica do Festival:
CHAMADO, o muZine, ou seja, um videoclipe realizado por um Zineasta anarca e punk, AmAntE da hErEsiA, é uma obra visceral aos olhos. já que eu tinha de fazer justiça com a força da música. para chegar às imagens, que cheguei, deitei e rolei na edição zinematográfica, fiquei ouvindo a música várias vezes seguidas. até que me veio a ideia de criar uma narrativa irônica, ou uma zombaria crítica, que devia misturar, realidade, ficção e humor. para isso transformei o super-homem em super-cifrão, o grande herói da religião, do estado e do capital. e daí evoquei nossa rebeldia ancestral e nossa revolta atual para a gente agir por um futuro melhor. assim é o CHAMADO, todes nós juntes, numa união simbolizada por vários tipos de anarquismos, como a mais potente kriptonita contra esse grande capitão do mato. considero esse muZine como o segundo passo dado do DIY: se começamos no “faça-você-mesme”, agora seguimos no “façamos-nós-mesmes”! (2024)
SOBRE A MÚSICA, por Maurício Remígio: “Chamado” é uma música de resistência, um grito que contrasta com os poderes que saqueiam vidas e molestam a paz. Denuncia a manipulação e o controle sobre as populações, expondo aqueles que, nas sombras, acumulam propriedades enquanto tentam silenciar as vozes que ousam resistir. Com influências do punk e sonoridades dos povos tradicionais, “Chamado” emerge dos fazeres DIY como uma rejeição profunda ao sistema. Os tambores e vozes ecoam saberes que atravessam o tempo, anunciando que outros mundos existem e resistem. “Chamado” é uma convocação à solidariedade e à criação de existências libertárias, nascendo do desejo de romper com a dominação e de expor aqueles que se beneficiam do sofrimento e da exploração alheia.
Projeto C.O.I.C.E. – Com Objeção e Indignação Continuamos Existindo. Desde 2015, o C.O.I.C.E., projeto de estúdio criado por Maurício Remígio, explora as fronteiras da música de forma independente e sem compromisso com o mercado. Com influências que vão do anarcopunk ao pós-punk, somadas às sonoridades locais, o C.O.I.C.E. é um experimento sonoro que reflete uma busca constante por comunicar resistência por meio do som.
O projeto é, acima de tudo, uma expressão pessoal, onde Maurício compõe, executa e grava, criando paisagens sonoras que desafiam convenções e abraçam a contracultura. Cada música é resultado de inquietações e evoca sentidos que surgem da busca por uma existência que recusa o conformismo.
O C.O.I.C.E. é um grito de objeção e indignação, permanecendo fiel à sua essência DIY (faça você mesmo), carregando em sua estética a resistência e o desejo de continuar existindo em um mundo que tenta silenciar as vozes dissonantes.
Com o C.O.I.C.E., Maurício Remígio cria uma sonoridade única que questiona, provoca e inspira, em um esforço contínuo para se conectar com aqueles que ainda acreditam em existências outras.
Durante a manifestação de 1º de Maio de 2023, quatro companheiros anarquistas foram detidos sob acusações de danos graves e desordem pública, com a agravante de disfarce. Nos meses seguintes, os Mossos d’Esquadra [polícia catalã] fez mais 8 prisões pelas mesmas acusações. Há um total de 19 denúncias de danos devido à destruição cometida contra bancos e outras entidades capitalistas durante a manifestação do Dia dos Trabalhadores. Os 12 companheiros estão atualmente em liberdade provisória aguardando julgamento.
Nas últimas semanas, o Ministério Público enviou a acusação e pede a condenação de cada um deles a até 8 anos de prisão, além de uma responsabilidade civil a pagar compartilhada de € 478.000 pelos danos causados durante a manifestação. Os embargos de suas contas bancárias e propriedades já ocorreram. A promotoria também solicita ordens de expulsão do Estado espanhol muito detalhadas, a proibição de todos eles irem ao centro de Barcelona por 6 anos e uma multa de € 6.000 por pessoa.
Essa elevada pena é resultado do controle policial diário a que todos estamos submetidos, bem como da vontade do Poder de esmagar qualquer sinal de dissidência. Lutamos contra a autoridade e por vidas que valem a pena ser vividas. A repressão deles não nos inibe.
Solidariedade com os companheiros processados pelo 1º de Maio de 2023!
egidadca.noblogs.org
agência de notícias anarquistas-ana
Caminho da serra As marias-sem-vergonhas Colorindo o vento.
Queria comentar uma pequena reflexão sobre estes dias.
Se um dia alguém lhe diga que não é ou que não podes, recorda estas jornadas. Talvez não sós, mas sem chefes que nos digam o que fazer ou o que pensar, desenvolvendo o que gostamos de fazer e colaborando entre todas, sorrindo e rindo, transbordando alegrias e olhares e, inclusive, enfrentando dificuldades e decisões difíceis, trabalhando para a comunidade generosamente. Sim, sim somos e sim podemos!
A anarquia funciona e o haveis demonstrado. Não desanimes porque seja em um lugar pequeno, em um tempo limitado… talvez, um dia, sejamos capazes de fazer a revolução, o bonito ideal que nos inspira e guia no Ateneu. Certamente que cometeremos erros, mas pior que o que está, lhes asseguro, que não o faremos!
O Brasil [Governo Lula 3] pleiteia junto à ONU a ampliação da plataforma continental referente à Margem Oriental, no litoral das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
No que depender da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Marinha [e de Lula 3], o Brasil vai explorar petróleo “até a última gota”: a urgência para combater as mudanças climáticas, o que exige eliminar o quanto antes os combustíveis fósseis, que espere. Afinal, as duas instituições se uniram num projeto a ser enviado à ONU solicitando a ampliação da plataforma continental brasileira referente à Margem Oriental/Meridional, no litoral das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Um dos objetivos é buscar mais reservatórios de petróleo e gás fóssil na região.
A mobilização é similar à que resultou, em março, no reconhecimento da ONU da ampliação da plataforma na Margem Equatorial. A região inclui a foz do Amazonas e outras quatro bacias – Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, todas na costa das regiões Norte e Nordeste, informam eixos, Monitor Mercantil e Portos e Navios.
A ANP vai compartilhar dados técnicos, como informações sísmicas e de poços de exploração de petróleo e gás armazenados no Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP). Os registros ajudarão a comprovar que as formações geológicas são extensões naturais do território brasileiro, requisito para a aprovação pela ONU.
Se a solicitação for aprovada, o país terá direito de explorar os recursos naturais do assoalho e subfundo marinho da Margem Oriental/Meridional, a exemplo do que obteve da ONU na Margem Equatorial.
Segundo os tratados internacionais vigentes, cada país tem direito a uma área de cerca de 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros) a partir da costa.
Aqui estão dois grupos de anarquistas. Assumimos a responsabilidade pelo ataque às instalações elétricas na Riviera Francesa. Na véspera da cerimônia de premiação e da noite de gala do Festival de Cinema de Cannes, sabotamos a principal subestação elétrica que abastece a área metropolitana de Cannes e cortamos a linha de 225 kV vinda de Nice.
Essa ação teve como objetivo não apenas interromper o festival, mas também cortar o fornecimento de energia aos centros de pesquisa e fábricas da Thales Alenia Space, suas dezenas de subcontratadas, às startups de tecnologia francesas que pensavam estar seguras, ao aeroporto e a todos os outros estabelecimentos industriais, militares e tecnológicos da área.
Um corte inesperado em um filme de terror ruim que se arrasta. O mesmo cenário é repetido e repetido até a exaustão. As cenas mudam, os efeitos especiais também, mas o cenário permanece o mesmo: um mundo que não vai parar de bombardear, explorar, extrair, acumular, estuprar, devastar, matar de fome, metralhar, poluir e exterminar até que tudo esteja sob seu controle.
Sabemos que não estamos em um set de filmagem, mas a expressão “CORTA!” parecia resumir muito bem o nosso desejo: desligar este sistema mortal.
E… CORTA! Seu show serve como vitrine de uma República Francesa grandiloquente, defensora dos valores do Progresso no cenário internacional, mas acima de tudo a segunda maior exportadora de armas do mundo. A excelência francesa nessa área arma a OTAN e semeia a morte, do Iêmen a Gaza, da Ucrânia ao Sahel.
E… CORTA! Sua cerimônia obscena à beira de um mar transformado em cemitério de refugiados é o lixão industrial de uma sociedade que adora levar a revolta para a tela, mas que reprime e aprisiona qualquer um que se levante contra sua dominação do mundo.
E… CORTA! A promoção do mundo substituto que você cria, com suas séries e seus filmes, que quer nos fazer esquecer do planeta real, podre de fábricas, rodovias, concreto e minas.
E… CORTA! As provas são… Não? (Tentador!) Ok, mãos!… Nenhum?! A linguagem então!
Bem, em suma, silenciem todos aqueles que dizem que “Esses histéricos estão exagerando!” Para incapacitar esses opressores de mil máscaras que transformam corpos em objetos e que defendem a cultura do estupro popular na indústria cinematográfica, das telas aos locais de filmagem, mas igualmente disseminada em outros lugares…
E… CORTA! A corrente das suas indústrias tecnológico-militares. A Thales Alenia Aerospace, líder no setor de defesa, fabrica sistemas de mira de armas e orientação de mísseis, além de telecomunicações espaciais. É de longe o maior fabricante de satélites da Europa, especialmente aqueles para uso militar. Os laboratórios e oficinas em Cannes funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana. Vários milhares de engenheiros e técnicos trabalham lá diariamente para desenvolver esses satélites militares (observação, comunicação, orientação de mísseis e drones) e satélites civis (telecomunicações, vigilância).
E… CORTA! Seus discursos nauseantes que querem nos arrastar para seus preparativos de guerra. Seus anúncios de reindustrialização e renascimento da energia nuclear. Suas apresentações sobre a transição ecológica e a continuação da sociedade industrial. Seus discursos contra aqueles que lutam contra suas fábricas de cimento, suas rodovias, suas instalações nucleares, suas fábricas químicas, seus TGVs [trens de alta velocidade] e suas antenas de retransmissão. Seus apelos pela unidade nacional, pelo “rearmamento” do Estado-nação, pela defesa de seus valores e de sua visão de mundo.
Então sim… Corte a energia daquilo que está nos destruindo!
A sabotagem é possível!
Desligue as telas
Corte as rodovias
Corte os postes
Desligue a luz artificial
Corte as linhas do TGV
Corte as telecomunicações
Corte os canos da escavadeira
Corte a energia da indústria militar
Corte a energia das fábricas
Corte oleodutos e gasodutos
Corte os mastros de medição das turbinas eólicas
Corte as linhas de abastecimento dos exércitos
Corte o abastecimento de água para a agricultura industrial e para as fábricas de eletrônicos
Corte os cabos das usinas fotovoltaicas
Corte as antenas
Corte as grades das celas da prisão (e vivam os ataques à cadeia!)
Corte discursos reformistas e autoritários
Acabar com o silenciamento e a minimização da violência patriarcal
Corte o pedestal de celebridades e outros homens poderosos que atacam e estupram nos bastidores e também no campo de batalha.
Corte logo aqueles que dizem para esperar
E… espere. Coragem.
E já que vocês adoram trazer rebelião para a tela… Devemos manter o senso de humor!
Aqui, inspirados nos últimos sucessos do cinema internacional, está uma autoprodução lançada especialmente para a edição de 2025 do Festival de Cinema de Cannes!
Sabotagem 2: Noite em Cannes
Uma autoprodução anônima
Produção
Desconhecidos e determinados a permanecerem assim
Direção
Inspirado por convicções muito reais
Data de lançamento
Maio de 2025
Sinopse
Ambientado em um mundo à beira do apocalipse, o filme narra as aventuras de uma unidade de comando libertária encarregada de sabotar fábricas tecnológicas de grande importância militar.
Quando decidem atacar na época de um prestigioso evento cultural, uma corrida contra o tempo começa…
Se você gosta de mulheres que interrompem a produção de alumínio, crianças em idade escolar que incendeiam fábricas, Fremen que se rebelam contra o império intergaláctico ou comandos que atacam a indústria do petróleo, você não vai querer mais nada com esta última produção.
Os Incorruptíveis
Os efeitos especiais às vezes deixam a desejar, o que não é surpreendente, dados os recursos limitados disponíveis para esta produção, mas o roteiro e a astúcia estratégica mais do que compensam essa deficiência.
Manhã de Cannes
Uma história envolvente do bem contra o mal. Um favorito nestes tempos de confusão e desordem.
Alocinéma
É difícil desculpar a falta de nuance, a ausência de diálogo construtivo e o claro déficit democrático da mensagem radical transmitida pelos protagonistas, mas isso está no ar dos tempos.
O Phigareau
Um thriller idealista com consequências mais reais do que nunca.
Sentido hipercrítico
Um apelo vibrante ao rearmamento… do protesto radical.
Foi em março de 2017 que abrimos pela primeira vez a porta do número 45 da rua Matrozou e começamos a reformar o prédio para que pudesse abrigar nossas lutas, desejos, necessidades e corpos. E, quando alguns meses depois tudo isso já não cabia em um único prédio, ocupamos mais duas casas abandonadas no bairro de Koukaki: o número 21 da rua Panaitoliou e a “Casa Azul” (número 3 da rua Arvali). Assim nasceu a Comunidade Okupa de Koukaki, no centro de Atenas.
Desde então, até 2020, essas três casas — e as pessoas que vivíamos nelas — formaram uma comunidade política que unia a luta anarquista à vida comunal. As portas de nossas casas sempre estiveram abertas a quem desejasse lutar contra a violência e a injustiça do Estado, precisasse de abrigo, quisesse usar as estruturas públicas ou buscasse uma forma de vida coletiva. Também foram espaços políticos e sociais abertos aos moradores de um dos bairros mais gentrificados de Atenas. A comunidade participou de lutas do movimento okupa e antifascista, da solidariedade com prisioneiros políticos, da luta contra a violência sexista, o patriarcado, o racismo, a exploração da natureza e contra a gentrificação do bairro e a privatização da colina Filopapo, localizada em nossa vizinhança. Além das assembleias e atividades políticas, funcionavam nas casas diversas estruturas comunitárias, como biblioteca com empréstimo de livros, banheiros e lavanderias públicas e um bazar de roupas gratuito.
Nossa posição e ação política foram a razão pela qual enfrentamos repetidos ataques incendiários de grupos fascistas, bem como repressão estatal. Esta última se concretizou em três ondas de despejos, em 2018, 2019 e 2020, quando a comunidade perdeu definitivamente os prédios que a abrigavam. Em todas essas ocasiões, resistimos de forma combativa aos ataques do Estado e tentamos reocupar os prédios. As forças repressivas responderam com balas de borracha, granadas de efeito moral, violência física e armas químicas — tanto nos edifícios como em todo o bairro. Moradores e companheiros que demonstraram solidariedade também foram vítimas da violência estatal. A maioria dos despejos resultou em processos judiciais com inúmeras acusações, com o claro objetivo de nos intimidar e nos esgotar psicologicamente e financeiramente.
Devemos destacar especialmente o último despejo do prédio da rua Matrozou, em 2020. Após nossa resistência, a polícia contratou advogados (inclusive um membro do governo) para apoiar as acusações no tribunal. A primeira instância condenou nossxs companheirxs a 6 anos e meio de prisão sem possibilidade de suspensão, com base em três acusações de delitos menores, impulsionada por uma grande campanha midiática — na qual até o presidente da república grega defendeu publicamente a prisão dxs detidxs. Atualmente, a sentença foi apelada e está sendo levada aos tribunais superiores. Até lá, nossxs companheirxs estão em liberdade. É a primeira vez na história da Grécia que okupas correm o risco de serem presos, e também a primeira vez que militantes políticos, em geral, correm o risco de prisão sem serem acusados de crimes graves. O tribunal de apelação ocorrerá em 2 de dezembro de 2025, e estamos convocando o movimento okupa e anarquista internacional para ações solidárias e de apoio político.
Essa manobra serve ao propósito do governo de eliminar o movimento okupa na Grécia, ao mesmo tempo em que inaugura uma “nova realidade” — vinculada ao Novo Código Penal de 2024 — na qual qualquer pessoa que resista à violência estatal pode ser presa por qualquer tipo de acusação.
Dos cinco processos judiciais que já enfrentamos, os custos pagos até agora ultrapassam 10 mil euros, cobertos por eventos solidários que organizamos, além das contribuições de outros coletivos e indivíduos. Dois desses cinco processos terminaram com absolvição, mas nos outros três houve condenações, que foram recorridas aos tribunais superiores.
Agora, precisamos cobrir os custos judiciais desses três casos restantes, estimados em 25 mil euros — incluindo taxas de tribunal, honorários advocatícios e despesas processuais em caso de condenação definitiva.
Por isso, criamos esta campanha para informar xs companheirxs e coletivos na Grécia e no exterior, pois todo tipo de contribuição e solidariedade são importantes. Estamos disponíveis para compartilhar mais detalhes sobre os custos e/ou o andamento dos processos. Também estamos abertos a apoiar e participar, mesmo à distância, de qualquer iniciativa para organizar eventos informativos sobre as okupas e a repressão estatal.
Aqui estamos, e continuaremos na luta. A solidariedade é a nossa arma!
Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!