[São Paulo-SP] CCS, 14/12: “Oficina de escrita de ficção-científica abolicionista”

GRUPO DE ESTUDOS DE ANARQUISMOS, FEMINISMOS E MASCULINIDADES (GEAFM)

Sobre o tema:

A escrita de ficção-científica abolicionista pode ajudar a forjar outros mundos? No Brasil de 2024, cerca de 800 mil pessoas estão encarceradas. Esta situação foi produzida pelo conjunto da sociedade como uma resposta genérica e absoluta a problemas estruturais, atingindo majoritariamente homens jovens e negros. Mas o encarceramento em massa não poderia ter acontecido se não tivesse sido capaz de mobilizar forças fictícias: as forças da imaginação. Por isso, a luta abolicionista é também uma luta pelo imaginário. E a literatura de ficção-científica pode servir como um laboratório para dar forma a um mundo que ainda não existe, além de jogar luz nas coisas que existem, que não deveriam existir e que se tornaram uma parte quase natural do nosso mundo. Como seria um mundo sem prisões? Em qual recanto interestelar moram outras formas de lidar com a justiça, para além do punitivismo, do estado e dos rituais burgueses de reparação? Androides sonham com monitoramento eletrônico? Qual foi o gatilho das revoltas contra cadeias que assolaram o planeta X? Uma pergunta e zaz! O abolicionismo está em curso!

Esta oficina se baseia nos exercícios de escrita criativa do livro “Sci-Fi Abolicionista”, organizado por Phil Crockett Thomas, e na leitura prévia de um trecho selecionado do romance “Os Despossuídos” de Ursula K. Le Guin.

Leitura prévia indicada para o encontro: trecho selecionado de “Os Despossuídos”, Ursula K. Le Guin:

https://www.igrakniga.com/…/os-despossu%C3%ADdos-ursula…

Quando? Sábado, 14/12/24 (16h-18h)

Onde? Sede do Centro de Cultura Social de SP (Rua Gal. Jardim, 253, sl. 22, Vila Buarque – São Paulo)

Infelizmente, não teremos intérprete de Libras.

agência de notícias anarquistas-ana

A chuva passa
na rua, papel
que se amassa.

Robert Melançon

[Espanha] Vamos queimar tudo

não mendigamos

roubamos

não respeitamos nada

não esperamos nada

não cremos em nada

não temos nada

nos alimentamos de nossa própria raiva

não abaixamos a cabeça

não nos ajoelhamos

não temos medo

porque não temos nada que ganhar

cuspimos

mordemos

aranhamos

lutamos corpo a corpo

porque estamos desarmados

e nos despojamos de tudo o que nos atava

estamos desnudos

sós

à intempérie

feridos

queimados

preparados

para acender a mecha

da destruição

“voltar à terra” – José Pastor González (Rasmia Ediciones)

agência de notícias anarquistas-ana

Entre haicais e chuva
Súbita inspiração:
Um trovão.

Sílvia Rocha

[Espanha] Biblioteca La Maldita: 15 anos contra o vento e a maré

A Biblioteca La Maldita está comemorando seu 15º aniversário e, para celebrar seus três lustros de existência, organizou uma série de conferências que serão realizadas durante o mês de outubro. Publicamos abaixo um texto que a biblioteca anarquista sediada em Gamonal está divulgando.

O texto a seguir foi incluído como uma introdução ao livreto publicado pela Biblioteca La Maldita, que contém alguns dos escritos que contribuíram para o concurso literário organizado para o 15º aniversário e que começará a ser distribuído durante as conferências planejadas para este mês de outubro.

A Biblioteca Anarquista La Maldita completa 15 anos.

Um projeto de divulgação do pensamento anarquista, um ponto de encontro onde podemos aprender uns com os outros, de forma horizontal, onde podemos compartilhar o pensamento revolucionário e avançar para novos horizontes, enfrentando o sistema que nos oprime dia a dia. Estamos comprometidos com os ideais anarquistas, como solidariedade e apoio mútuo, autonomia e autogestão fora do sistema, organizando-nos contra todo o poder. Durante esses 15 anos, desenvolvemos diferentes atividades culturais, debates, apresentações de livros, conferências, além de abrigar uma grande coleção de livros de material crítico. A maioria desses materiais vem de editoras não comerciais cuja autoria tem como objetivo transmitir a ideia e não buscar lucro econômico.

Nosso objetivo nunca foi ficar entre quatro paredes. Queremos ir além das paredes de nossas instalações, divulgando essas ideias por meio de campanhas, ações, lutas sociais que ocorrem em nosso ambiente e demonstrando solidariedade com essas lutas ou grupos de protesto.

Quando começamos, há 15 anos, considerávamos fundamental ter um espaço como esse na cidade, onde as ideias antiautoritárias estivessem presentes. Hoje, acreditamos que ele ainda é tão necessário, se não mais, devido à tendência totalitária do mundo em que vivemos.

Precisamos unir forças, fortalecer as ideias anarquistas e continuar lutando por um novo mundo. A Biblioteca continuará sendo um local onde poderemos nos encontrar e nos reunir, gerando lutas que nos levarão a sermos os senhores de nossas vidas.

Agradecemos a todas as pessoas que passaram por este espaço, fazendo parte dele ou apoiando-o, pois juntos fizemos o caminho que nos trouxe até aqui.

Saúde e Anarquia.

Fonte: https://diariodevurgos.com/dvwps/biblioteca-la-maldita-15-anos-contra-viento-y-marea.php

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/10/14/espanha-xv-aniversario-da-biblioteca-anarquista-la-maldita/

agência de notícias anarquistas-ana

um pé no degrau
um passo na escada
bate coração

Carlos Seabra

[Chile] Novo local do “Espacio Fénix”

No início de novembro, recebemos a notícia do fechamento do local onde estávamos funcionando há mais de um ano. Foi, sem dúvida, um momento de grande frustração, pois entendemos a importância dos espaços físicos onde podemos nos reunir entre companheiros, colocar ideias em tensão, confrontar posições e alimentar nossas práticas.

Não queríamos que o espaço fechasse, então decidimos ativar e dar vida às jornadas e atividades que tínhamos em mente, em vez de perder tempo lamentando. A Anarquia é aqui e agora, mesmo que muitos levantem bandeiras de derrota antecipada.

Não podemos decidir as situações que ocorrerão, as investidas do poder, os acidentes, as mortes, as condenações, as caçadas desencadeadas, as divisões entre companheiros, mas podemos decidir como enfrentá-las: Lutando. Sem nunca desistir, estamos abrindo estradas e caminhos, porque sempre há muito a fazer.

Hoje queremos lhes contar que reabriremos um espaço alugado, a Livraria, a Biblioteca Antiautoritária Sacco e Vanzetti e, com ela, as múltiplas iniciativas de que gostamos e que nos impulsionam a crescer em ideias e práticas, em afinidade e companheirismo. Estamos sempre abertos a propostas que possam ser desenvolvidas nesse novo espaço físico.

A partir de quinta-feira, 12 de dezembro, estaremos operando como de costume (terças, quartas e quintas-feiras, das 17:00 às 20:00 horas), portanto, fique atento às novidades.

Este novo local está localizado dentro do Centro Social, Deportivo y Cultural Antonio Ramón Ramón, estamos localizados em Santa Filomena 132 no Barrio Bellavista, Santiago.

Pela proliferação e defesa dos espaços antiautoritários!

Seguimos contra todo prognóstico!

Viva a anarquia!

ESPACIO FÉNIX

-Individualidades anarquistas

-Biblioteca Antiautoritária Sacco e Vanzetti

Dezembro de 2024

Conteúdo relacionado:

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aquecer as mãos
requentar as noites
esquecer os dias

Goulart Gomes

Ocorreu a XII Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre nos dias 9 e 10 de novembro de 2024!

Sábado 9 de novembro:

Mantendo viva esta fogueira que procura expandir a agitação anarquista na cidade, fomentando o encontro entre pessoas antiautoritárias e inquietas, difundindo livros e publicações, nos encontramos no salão da Escola de Samba Acadêmicos da Orgia. Nas paredes e no exterior do salão faixas e cartazes afirmavam o amor a liberdade e a revolta permanente contra tudo que quer pôr as mãos sobre nós para nos dominar e devastar a Terra. Nas bancas de materiais expostos as incitações a anarquia gritavam através de livros, fanzines, revistas, cartazes, camisetas, adesivos, alimento vegano e outras produções se fazendo sentir a presença de companheiros da região e de latitudes mais distantes.

Conjuntamente à XII FLAPOA ocorreu mais uma vez a Solidariedade à Flor da Pele, esta agitação de um dia de flash tattoo solidária com nossos compas presos. Rabiscando corpos insubmissos e cúmplices com aqueles que lutam contra o estado/capital e estão agora sequestrados nos presídios. As duas máquinas de tattoo de @marceloarakno e @Juwtattoostudio não cessaram seu ronco ao longo do dia até o último momento fechando o salão. Todo valor arrecadado (1.100 reais) com as tattoos e outras contribuições foram para nossos companheirxs Mônica e Francisco presos no Chile.

A feira abriu sua programação de atividades com a apresentação do zine Anarquistas na Palestina e a solução sem estado traduzidos pela Pandemia Distro que apresentou os textos que compõe a publicação em uma troca de ideia. Ainda pela manhã outro compa vindo do Rio de Janeiro puxou outra apresentação e debate: Internacional Anarquista e o Movimento Anarquista no Brasil.

O restaurante antiespecista Aurora nos brindou com alimento vegano farto e bem temperado nutrindo os corpos para as atividades da tarde. O salão e o pátio seguiram a receber e circular pessoas nas bancas e atividades que iniciou com a troca de ideia e incitação Atuar Anárquico em contextos de crise: Potencializar o colapso do projeto civilizador englobando junto a provocação Diante de cada encruzilhada nosso caminho é a Anarquia!, culminando em uma participativa conversa em roda. Ao longo da tarde a Oficina bolhas de sabão gigantes encantou todas gerações com o voo fugaz e as explosões das bolhas de sabão gigantes. Dando sequência a incitação e debate inicial foram apresentadas mais duas publicações e dois livros. Foda-se Black Friday traduzido e editado por Pandemia Distro, Esse colapso não é de hoje de Dani Eizirik/Jambalú, da Editora Riacho e os livros De Luto em Luta. Uma antologia de textos, poemas e contos de Louise Michel e Uma Casa Viva de Andrea Staid editados e apresentados pela editora Barricada de Livros de Portugal. Todas apresentações se desenrolaram com animadas trocas de ideias.

Um ambiente fraterno e afiado contra as expressões de autoritarismo gerou uma tarde de encontros e fomento das ideias e práticas anarquistas sendo a própria feira uma realização dessa disposição. O dia culminou com a troca de ideia Para nascer novos mundos é preciso abortar mundos não desejados trazendo um olhar “desde nossos ventres e nossa terra” com a verve de uma compa vindo do Uruguay. A última atividade foi um vídeo debate A expansão da fronteira digital: Agronegócio, agronegocinho e resistência camponesa ao avanço do capitalismo de vigilância, a atividade começou atiçando as memórias de quem participou construindo conjuntamente uma linha do tempo da agricultura com diversos fatos recordados, logo o vídeo foi projetado, finalizando com o debate em roda.

O dia passou voando, as atividades foram intermitentes, no cair da tarde e anoitecer nos despedimos com sorriso insubmisso.

Domingo 10 de novembro:

Como tem ocorrido a alguns anos o primeiro dia da feira, com um local fechado, se prioriza as trocas de ideias e apresentações de livros e publicações, e o segundo dia a realização da feira é na rua, na Praça do Aeromóvel em frente ao Gasômetro na beira do Rio Guaíba. Este movimentado local tem se afirmado nos últimos anos com uma feira anarquista mensal no primeiro domingo de cada mês ascendendo agitação anarquista na rua, na praça.

Mais uma vez foram montadas as bancas de literatura anarquista, sementes crioulas e outras produções e as faixas gritaram nosso sentir anárquico. Três atividades ocorreram no turno da tarde, uma Oficina de Bombas de Sementes, uma troca de ideia Trilhas de autonomia: Desde as serras, território explorado pelo estado uruguaio. O caminhar como fundamento da autonomia humana e por último a atividade Marcando a cidade onde uma compa ceramista confeccionou três azulejos com imagens e uma breve história de três eventos de ímpeto anárquico ocorridos em Porto Alegre. Num deles se destacava uma foto do protesto contra o relógio dos 500 anos sendo incendiado, noutro trazia um encapuzado junto ao relato dos protestos de 2013, o último estava impresso uma foto de quatro anarquistas russos que expropriaram uma casa de câmbio em uma importante rua central da cidade em 1911, os quatro foram assassinados e seus corpos expostos em um cortejo pelo centro. Logo da apresentação dos azulejos e uma breve contação dos causos de nossa memória subversiva realizamos uma caminhada pelo centro da cidade nos locais onde ocorreram os fatos intervindo com a fixação dos azulejos na paisagem urbana reivindicando nossa memória de luta e presença anárquica ao longo dos tempos.

Antes da despedida do sol a Crua soltou sua voz, versos e rimas acompanhada de violão e de bases de hip hop latindo revolta, uivando liberdade!

A FLAPOA não tem organização fixa estando aberta todos os anos a todas as pessoas antiautoritárias com vontade de fazê-la acontecer. Mais uma vez os cartazes nas ruas nos demonstraram sua vitalidade na comunicação trazendo pessoas que os viram colados por aí afora, é verdade que o controle da polícia municipal para manter as paredes brancas cresceu sua vigilância e punição, mas é verdade também que sempre podemos os driblar e fazer as paredes falarem. Nosso modo de fazer é o “faça você mesmo”, é a autonomia, sendo assim a participação dos anarquistas com propostas para a FLAPOA  e sua presença é o que constrói a feira como um espaço fecundo de debates, incitações, projeções, o que mais uma vez conseguimos juntos expandindo o fogo da revolta.

Dezembro 2024

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agência de notícias anarquistas-ana

Sob esta ameixeira
Até mesmo o boi vem dar
Seu primeiro mugido!

Bashô

Rio Capital da Segregação – Campanha Contra o G20

Rio de Janeiro, cidade onde problemas não faltam, sitiada por armas, poderes e interesses se vivencia no cotidiano uma profunda segregação social e racial com suas raízes na escravidão. A natureza que resiste a tanto concreto é reservada e utilizada como vitrine da cidade maravilhosa, onde só desfruta de suas maravilhas quem detém um bom dinheiro… Como consequência de sua caótica desigualdade a indústria do medo se faz muito presente, propagandas de carros blindados, sistemas de segurança e o aprofundamento da mentalidade de isolamento-capitalista voltada para a classe média enquanto o dinheiro dos verdadeiros burgueses se concentra em seus projetos de devastação da terra e egocêntricos luxos. As infraestruturas do Estado e suas ‘garantias’ só existem na zona sul, ou seja, na área vitrine, nas outras regiões impera o abandono por parte do estado e uma espécie de ‘ancapistão’, facções e milícias competem pelo controle, poder e dinheiro assim como a igreja que faz da miséria e desesperança seu negócio.

Quem vive nas periferias ou transita realmente pela cidade, sabe que as bandeiras do G20, ‘sustentabilidade e combate as desigualdades’ são mentiras descaradas, um cinismo mórbido frente ao papel do estado em manter as coisas no RJ assim mesmo como são, alimentando as imagens de mais uma indústria muito explorada na cidade, a do espetáculo, que em simbiose com o governo Lula apresenta uma cara bonita e pacífica, mas que é sustentada pela exploração e violência contra o povo marginalizado e da devastação da terra. Espetáculo este que parece refletir também em alguns movimentos sociais e na esfera anarquista, vide a dificuldade e empecilhos colocados por alguns dos mesmos para uma organização de uma campanha contra o G20, o espetáculo e o medo se fazem presentes dentro de grupos e siglas que reivindicam o anarquismo. A repressão e violência policial pós 2013 deixaram traumas até hoje não resolvidos o que acreditamos está na hora de superar!

Vivendo e vendo todo este contexto complexo resumido nas últimas linhas, entre poucas individualidades e com o que tínhamos em mãos levamos adiante nossa campanha de rechaço ao G20, aos donos do poder, ao capitalismo e ao estado, com adesivos, panfletos e pixações pela cidade.

Que o espetáculo e o medo jamais nos paralisem!!

Anarquistas pela anarquia

–> Reprodução do texto do panfleto

G20 Cúpula do Fim do Mundo

Temos vivenciado cotidianamente ao redor do mundo o aprofundamento da emergência climática com queimadas, enchentes, recordes de calor e chuvas, o endurecimento do genocídio do povo preto e pobre por parte das polícias (dark MC em São Paulo, Mestre Barriga na Bahia, Odair em Portugal, – só para citar alguns que foram contabilizados este mês -) enquanto os ricos se negam em um cinismo mórbido a descer das costas dos trabalhadores e da natureza. Inúmeros encontros do G20, G8 e tudo o que eles nos deixam são melhores planos para gerenciar a crise do capitalismo e uma forma mais eficiente da exploração sobre tudo o que é vivo. Suas falsas bandeiras de participação social ou a sua mentirosa preocupação ambiental com seu desenvolvimento sustentável já são falácias antigas sabemos bem.

O capitalismo é o ator principal da devastação climática que vemos no mundo e da profunda desigualdade e segregação social/racial que vemos nas cidades e em especial no Rio de Janeiro, atual sede do G20. Também é o capitalismo a principal ferramenta pela qual os donos do mundo enforcam nossas possibilidades e perspectivas de vida em proveito de seus poderes megalomaníacos.

O G20 é o encontro dos inimigos do povo e da natureza para decidir melhores maneiras de nos explorar, não traz nada que poderá nos ajudar!

Pela abolição do estado e do capitalismo!

Apenas soluções horizontais, sem hierarquias, construídas em apoio mútuo em nossas comunidades podem fazer a diferença em nossas vidas! Nada virá dos exploradores e destruidores do mundo!

Se organize com quem está perto de você! Aqui e agora!

Anarquistas pela anarquia

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agência de notícias anarquistas-ana

em rincões e esquinas
frios cadáveres:
flores de ameixeira

Buson

[Reino Unido] Clifford Harper faz um apelo à solidariedade

Clifford Harper, o ilustrador anarquista cujo trabalho decorou mil livros, zines, pôsteres e paredes de quartos, lançou uma tiragem limitada de pôsteres para cobrir gastos com saúde.

Se você tem algum dinheiro sobrando e ama a arte dele…

Solidariedade com CH!

SOLIDARIEDADE, Edição Limitada

Nick Heath uma vez escreveu que “Clifford Harper nunca monetizou seu trabalho”. E isso é meio que verdade, embora ele estivesse se referindo ao meu trabalho anarquista. Eu trabalhei e ganhei a vida por décadas como um ilustrador profissional.

No entanto, há alguns anos eu fiquei seriamente doente e como resultado passei os últimos três anos e meio de cama, sem poder andar, ou trabalhar. Para que eu possa andar novamente preciso de um longo processo de fisioterapia.

Fisioterapeutas são caros, e não tenho dinheiro. Alguns camaradas organizaram a impressão de duas das minhas ilustrações em alta qualidade para venda, e os rendimentos serão para pagar pela minha fisioterapia, o que com sorte me possibilitará trabalhar novamente.

A primeira dessas impressões, “Solidariedade” [Solidarity], está disponível agora. A segunda, “Mulher Pensando” [Woman Thinking], uma das minhas melhores ilustrações, ficará disponível em breve.

Serigrafia “SOLIDARIEDADE”, de Clifford Harper, Edição Limitada (100 unidades)

59 x 33.5 cm

Assinada e numerada pelo artista, estampada por xpress

Todo o dinheiro da venda dessa impressão vai para a recuperação de Clifford e seu retorno ao trabalho.

Postagem global com rastreamento em um tubo de pôster. Estritamente um por cliente.

>> Apoie aqui:

https://cliffordharper.com/product/solidarity/

Tradução > anarcademia

agência de notícias anarquistas-ana

Margarida branca
vem desabrochar ao vento
uma vida nova

Talita Lopes Simões

Flecheira Libertária 791 | “Apenas certos humanos constroem prisões e apreciam viver armados”

pela vida livre

Em ataques recentes, torres usadas por humanos para caçar outros bichos com armas de fogo foram destruídas em Dorset no Reino Unido, na floresta de Sehlem, na Alemanha, na floresta de Telensac, na França, e em localidade não revelada no norte da Itália. Frente aos preparativos natalinos, dezenas de perus e galinhas foram arrancados das jaulas na Argentina, Escócia, França e Reino Unido. Em bando da mesma espécie, ou com o apoio de outros bichos, a fuga para estar em liberdade é uma força viva. Apenas certos humanos constroem prisões e apreciam viver armados, rodeados por arames farpados, câmeras de vigilância e outras invisíveis cercas tecnológicas.

mais fugas de bichos

No início do mês passado, quatro jovens irmãs guaxinins fugiram do Amazon World Zoo Park, na Ilha de Wight, Reino Unido. No início deste mês, quatorze veados escaparam do Indian Creek Zoo, em Michigan, EUA. Acredita-se que a fuga das guaxinins foi solitária, enquanto os veados podem ter tido apoio de algum bicho capaz de manusear alicates ou de romper cercas. Os proprietários esbravejam que havia um buraco “vandalizado” no alambrado. Em outubro, na Pensilvânia, um casal de anarquistas foi detido enquanto tentava soltar dezenas de visons trancados em cativeiro para serem mortos, escalpelados e terem suas peles vendidas como luxuosos casacos. Dentre as muitas acusações judiciais que recaem sobre elxs, há ecoterrorismo. Em Evia, na Grécia, após cinco anos de julgamento, uma libertária driblou a condenação de roubo e furtos, depois de ter desaparecido com as armas de caçadores. Será que os veados e as guaxinins serão acusados e processados? Que sigam soltos e não voltem a ser encarcerados!

>> Leia o Flecheira Libertária 791 na íntegra aqui:

https://www.nu-sol.org/wp-content/uploads/2024/12/flecheira791.pdf

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Borboleta azul
raspa este céu de mansinho
insegura e frágil.

Eolo Yberê Libera

[Dinamarca] De Copenhague a Atenas, ação em solidariedade aos companheiros do caso Ampelokipi

Em 31 de outubro, uma explosão em um apartamento no bairro de Ampelokipi, em Atenas, Grécia, mata instantaneamente o anarquista Kyriakos Ximitiris e fere gravemente a companheira Marianna M., que estava no apartamento no momento. Imediatamente, o Estado grego inicia uma caça às bruxas que resulta na prisão de cinco companheiros com base em evidências duvidosas e circunstanciais. Entre os cinco presos estava o companheiro anarquista Nikos Romanos, que foi processado com base em uma impressão digital encontrada em uma sacola plástica em um apartamento destruído.

Esses processos ocorrem em uma época em que o governo de direita grego enfrenta vários desafios; para citar alguns escândalos importantes, como a tentativa de encobrir a tragédia da colisão do trem de Tempi ou a vigilância ilegal de oponentes políticos, o aumento da pobreza e a deterioração da economia, a destruição constante do ambiente natural do país e a criação de um estado policial como resposta a qualquer tipo de reação ao mencionado acima. Nesse cenário, eles escolhem intencionalmente desviar o foco do público para seu inimigo interno, o movimento anarquista grego. Suas únicas ferramentas contra nossa luta por justiça e igualdade social são as notícias falsas e a violência opressiva, culminando com a acusação infundada de nosso companheiro anarquista Nikos Romanos. O ataque usual ao movimento anarquista, mas em um novo cenário surreal. Um espetáculo para o governo, resultando na destruição da vida de nosso companheiro.

É por isso que decidimos expressar nossa solidariedade aos cinco companheiros detidos, escrevendo slogans de apoio na parede da embaixada grega em Copenhague, Dinamarca. Independentemente de estarem ou não envolvidos no que são acusados, quando nos colocamos entre o Estado e aqueles que decidem se opor a ele em sua luta por um mundo melhor, nossa escolha é clara. Sempre estaremos ao lado de nossos companheiros!

De Copenhague a Atenas: Solidariedade aos 5 companheiros do caso Ampelokipi!

Anarquistas de Copenhague

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Em morosa andança
Ao léu com meu ordenança —
Contemplação das flores.

Kitamura Kigin

[Chile] Para Memodio (1982-2024)

Celebramos o fato de tê-lo conhecido, as lutas que compartilhamos, as sementes que plantamos. Celebramos a coerência e a constância de que ele sempre foi exemplo, sem nenhum pedantismo. A clareza de suas palavras e o inigualável senso de humor corrosivo em relação a tudo o que era poder e militarismo (que muitas vezes são a mesma coisa). Ele era vegano quando isso não estava na moda, anarquista, antimilitarista, objetor de consciência, insubmisso e frugívoro. Era um fanzineiro incansável. Em todas essas facetas, ele era conhecido e reconhecido pelo comprometimento e pelo coração que colocava em cada luta.

Em particular, ele contribuiu para o desenvolvimento da cultura antimilitarista que abunda na região chilena, apesar do fato de que o poder militarista sempre a nega e esconde, participando ativamente da organização antimilitarista e de objetores de consciência Ni Casco Ni Uniforme (Nem capacete nem uniforme), entre outros espaços. Como Memodio antes, as pessoas hoje não atendem às “chamadas” para o SMO (Serviço Militar Obrigatório).

Seu trabalho em fanzines é abundante: Buena Influencia, Nueve Vidas e sua distro de material (A) e punk: Buena Influencia, bem como a distro / distribuidora de material HC / Punk chamada Siempre Juntos, entre outras iniciativas que realizou. Sua luta animalista e vegana é notável e devemos enfatizar sua militância frugívora, pois ele mesmo se descrevia assim. “Odioso como ele era e amoroso também”, um amigo o descreveu. Dizemos isso a partir das lutas, compromissos e projetos que compartilhamos, tanto como amigos quanto como companheiros.

Por tudo isso, celebramos o fato de tê-lo conhecido e, se escrevemos isso, é porque acreditamos que sua vida deve ser conhecida por tudo o que ele contribuiu em tantas lutas e em nossas vidas. A Memodio (Guillermo Díaz) de nosso coração e de nossa luta.

Memodio, Guillermo Díaz, 10 de março de 1982 em Maipú – 16 de novembro de 2024 em Maipú

Escrito coletivamente por aqueles de nós que valorizam o fato de ter conhecido Memodio, amigos e companheiros. Também da assembleia antimilitarista da região do Chile, parte da Rede Antimilitarista da América Latina e do Caribe Ramalc.

Dezembro de 2024.

Fonte: https://ramalc.org/a-memodio-1982-2024/

Tradução > Liberto

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No céu azulado
Borboletas a dançar
Campos enfeitados

Kellen Crovador

[Espanha] Jornadas em Defesa da Terra | Contra o Estado e o Capital

13, 14 e 15 de dezembro

CSO Banc_Expropiat

C/Quevedo 13/15, Gràcia

Barcelona

Nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, estamos organizando umas Jornadas em Defesa da Terra, contra o Estado e o Capital. No dia 13, à tarde, e nos dias 14 e 15, pela manhã e à tarde. Falaremos sobre diferentes tópicos, extrativismo, a devastação da terra, a sociedade tecno-industrial, as práticas e técnicas para a defesa da terra…

O programa definitivo será divulgado em breve, mas os dias já estão reservados!

Você pode obter mais informações (programação definida) em https://t.me/Terraillibertat ou enviando um e-mail para devastacio@riseup.net

agência de notícias anarquistas-ana

Algo faz barulho —
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.

Bonchô

A situação na Síria ao dia 7 de dezembro de 2024: o ponto de vista dos anarquistas curdos de Têkoşîna Anarşîst

O regime caiu, mas a guerra continua

Os sonhos revolucionários de milhões de sírios que saíram às ruas em 2011 finalmente se tornaram realidade: o regime caiu. Após décadas da dinastia Assad, acordamos em uma Síria sem um governo central em funcionamento. O Estado sírio entrou em colapso.

Como anarquistas e revolucionários, não podemos fazer nada além de comemorar um tirano a menos. Bravo por isso! Mas depois de mais de sete anos vivendo em uma revolução, aprendemos uma lição impopular: a vitória é apenas o primeiro passo para a transformação social de que precisamos. Porque toda vitória é apenas um passo em direção à próxima luta.

Felizmente, o Movimento de Libertação do Curdistão tem décadas de experiência em seus bolsos e está mais do que feliz em compartilhá-la conosco. Além disso, eles também têm 12 anos de experiência prática na liderança de uma sociedade revolucionária no nordeste da Síria, tendo a liberação das mulheres, a ecologia social e a confederação de governos locais como bússola para a construção do socialismo libertário. Não está isento de falhas e erros, mas já é mais do que muitas outras revoluções libertárias já alcançaram.

Ao mesmo tempo, os sucessos militares do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) contra o regime, bem como seu governo islâmico autoritário em Idlib, deram a seu líder a oportunidade de influenciar as manchetes das agências de notícias do mundo. A sociedade da informação do século XXI esquece com a mesma rapidez com que rola a tela. Hoje, quem se lembra da libertação de Manbij das garras do ISIS? Quem fala sobre os jihadistas que sequestraram e traficaram as mulheres yazidis de Sengal em todo o mundo salafista? E quem se lembra das mulheres que proclamaram a vitória do FDS sobre Raqqa, que já foi a capital do Califado?

Para aqueles que se esqueceram, lembramos que a YPJ ainda está lutando, liderando a frente da revolução das mulheres em Rojava. Uma frente que, mais uma vez, está sendo atacada pelas forças de representação do Estado turco, agrupadas sob o nome irônico de Exército Nacional Sírio (SNA), uma coalizão de gangues criminosas controlada pela Turquia. Elas agora ameaçam a cidade multicultural de Manbij, um grande exemplo de pluralismo e governança local integrado ao sistema da Administração Autônoma Democrática do Nordeste da Síria (DAANES).

A revolução de Rojava afeta não apenas os curdos, mas também os árabes, bem como os armênios, assírios, siríacos, turcomanos, circassianos e muitos outros grupos étnicos presentes aqui. As forças árabes do Conselho Militar de Deir Ezzor foram aplaudidas pela população local quando entraram na cidade de Deir Ezzor, assumindo o vácuo de segurança deixado pelos soldados do regime em fuga. O sistema confederal no nordeste da Síria é um modelo testado e comprovado que pode servir de base para uma Síria revolucionária. Omar Aziz, um proeminente anarquista de Damasco, trabalhou por uma aliança confederal de conselhos locais, que ele propôs como a espinha dorsal da revolução síria. Ele foi preso e morreu nas prisões do regime de Assad em fevereiro de 2013. Nós não o esquecemos e valorizamos suas palavras e sua experiência como anarquista e revolucionário aqui na Síria.

Todos os revolucionários sírios no exílio, árabes, curdos e muitos outros, têm a responsabilidade de garantir que sua revolução seja bem-sucedida. Anarquistas, comunistas, feministas, ecologistas e outros revolucionários internacionalistas também devem se sentir responsáveis por defendê-la. Temos uma grande oportunidade de dar o exemplo para os movimentos revolucionários de todo o mundo, do Curdistão a Mianmar, de Chiapas à Palestina. Os estados-nação são a pedra angular da modernidade capitalista, e somente uma confederação global de movimentos populares revolucionários pode desafiá-la. A alternativa é uma queda para o autoritarismo, a ocupação imperialista e o ódio fundamentalista. Não permitiremos que isso aconteça.

Rumo a uma nova revolução síria!

Como anarquistas, também devemos dar respostas à questão do Estado-nação. Ao mesmo tempo em que pedimos o fim dos estados e das fronteiras, devemos apresentar não apenas nossas críticas, mas também nossas propostas e soluções. Devemos fazer isso não apenas na teoria, mas também na prática, organizando-nos com as comunidades locais e os movimentos sociais para fortalecer o poder popular.

Forças autoritárias, como o HTS ou a Turquia de Erdogan, sempre usarão a força para impor seu controle em tempos de instabilidade. A única maneira de combatê-las é por meio da organização popular, de uma sociedade civil ética e política forte, da construção da autodefesa popular e de uma cultura revolucionária. Com a solidariedade internacional, para desafiar o nacionalismo e o chauvinismo que nos dividem e servem enganosamente para legitimar o sistema de estado-nação da modernidade capitalista. Com a governança local e os modelos confederados, para desafiar os sistemas centralizados e as fronteiras dos estados-nação, que só geram opressão e violência contra a diversidade. Com a organização das mulheres e dos homossexuais na vanguarda, para desafiar a opressão patriarcal da qual decorrem todos os modelos autoritários.

Desde a Primavera Árabe de 2011, temos visto muitas tentativas revolucionárias no Oriente Médio, mas nenhuma delas levou a uma solução liberal, afundando repetidamente em novas formas de opressão tirânica. O que pode ser feito após a queda de um tirano para evitar que outro tome seu lugar? Há uma pequena janela de oportunidade quando um regime entra em colapso. Um breve período revolucionário, em que as pessoas podem retomar o poder em suas próprias mãos, impedindo que uma nova autoridade centralizada se imponha. Devemos estar prontos para aproveitar essas oportunidades quando elas surgirem.

Vamos nos certificar de que a revolução síria e o movimento de libertação curdo, que liderou a resistência democrática na região, se tornem um exemplo para muitas outras revoluções que virão! Vamos lutar juntos para construir o novo mundo que temos em nossos corações!

Fonte: https://cclamazonia.noblogs.org/post/2024/12/08/a-situacao-na-siria-ao-dia-7-de-dezembro-de-2024-o-ponto-de-vista-dos-anarquistas-curdos-de-tekosina-anarsist/

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Ano que termina
areia cheia
conchas mínimas

Alice Ruiz

[Espanha] A Libertalia existiu?

Saudações!

Parece-me que questionar se existiu ou não a comunidade de Libertalia é algo capcioso. É como perguntar se a Terra é redonda ou, talvez de forma menos contundente, se existiu a Utopia, me refiro à obra de Thomas More. Naturalmente a obra existiu, traduzida para muitas línguas. Naturalmente também existiu a sua utopia ou, como diz Leyla Martínez, na sua obra publicada no ano passado Utopia não é uma ilha, já que existem muitas comunidades como a descrita por More, é muito mais do que uma ilha, é, são, muitas ilhas, é um movimento contínuo. Perguntar-se pela existência de algo tão potente como a utopia é o mesmo que perguntar pela sua utilidade, e isso foi deixado bem claro por Eduardo Galeano quando, em um debate com o cineasta argentino Aguirre em Cartagena de Indias, na Colômbia, um dos presentes perguntou sobre a rentabilidade da utopia e sua resposta foi: “A utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei, que se eu caminho dez passos em direção a ela, ela se afasta dez passos, e quanto mais eu a buscar, menos a encontrarei: ela vai se afastando à medida em que me aproximo. Para que serve a utopia? A utopia serve para isso, para caminhar, para continuar avançando”. Hoje, é mais moderno falar em distopia, ou seja, ser moderno é o mesmo que ser reacionário.

Acredito que a pergunta deveria ser: O que foi a Libertalia? Não me sinto qualificado para me aprofundar na história da Libertalia, seja uma história real ou uma história utópica; o importante é saber o que se estava criando no final do século XVII e início do XVIII, em uma região tão distante da Europa quanto o norte da ilha de Madagascar. Ali nasceu — evidentemente não nasceu do nada, sem mais nem menos, trazia consigo uma bagagem de experiências vividas, de lutas contra os oficiais bárbaros em barcos… — uma comunidade de piratas e escravos libertos, vindos do mar do Caribe e do Índico, que fundaram uma comunidade onde todas as decisões eram submetidas a votação em assembleia, onde o álcool não era bem visto, nem a blasfêmia, nem a obrigação de trabalhar, etc. Ao se estabelecer em Libertalia, os liberti — nome dado aos escravos libertos — renunciavam sua antiga nacionalidade, criando comunidade entre pessoas de diferentes raças, onde o dinheiro era abolido, onde todos eram piratas, agricultores, pastores. Daniel Defoe, autor da obra História Geral dos Roubo e Assassinatos dos Mais Famosos Piratas, publicada sob o pseudônimo de Charles Johnson, também fala sobre as mulheres vivendo em condição de igualdade com os homens, participando das assembleias com voz e voto, e nos diz também que “De qualquer forma, a história de Libertalia representa a expressão literária das tradições, práticas e sonhos do proletariado atlântico.” Ou, em outras palavras: no século XVII e XVIII, muitas colônias fundadas por escravos libertos, piratas e migrantes vindos das metrópoles ocidentais funcionaram de fato com base em princípios coletivistas e libertários.

A história de Libertalia é a história “de magia, mentiras, batalhas navais, princesas sequestradas, caça a seres humanos, reinos de cargas preciosas e embaixadores fraudulentos, espiões, ladrões de joias, envenenadores, adoração satânica e obsessão sexual, que é o que subjaz à origem da liberdade moderna”. Assim começa a história que nos conta David Graeber, o antropólogo anarquista que foi demitido da Universidade de Yale, em seu livro Ilustração Pirata: Bucaneiros, Alegres Lendas e Democracia Radical (2024). Ou seja, Libertalia está ali, está aqui, nos livros, nas ideias, nas ruas, nas reuniões… onde queremos olhar para frente e caminhar. Está nos livros e artigos que nossos avós escreveram no início do século XIX sob a nomes de Salud y R.S. (Saúde e Revolução Social). É ali que encontramos a utopia, não no sofá adormecidos assistindo televisão.

Simón Peña

Fonte: https://www.portaloaca.com/opinion/existio-libertalia/

Tradução > Alma

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No espaço, um brilho
qual uma folha viva:
O grilo.

Edércio Fanasca

[México] Campanha permanente Pró Regeneración

Seguimos com a campanha permanente de apoio ao jornal Regeneración.

Manter uma publicação como Regeneración é difícil, mas se consegue com o apoio da comunidade anarquista.

Podem apoiar o jornal fazendo doações econômicas para mantê-lo vivo, adquirindo exemplares atrasados do jornal (apenas $1 por exemplar) ou adquirindo o número mais recente do jornal.

Os custos são os seguintes:

10 exemplares $35 com entrega pessoal ou $100 com envio (dentro do México)

20 exemplares $70 com entrega pessoal ou $135 com envio (dentro do México)

30 exemplares $105 com entrega pessoal ou $170 com envio (dentro do México)

Mantemos vivo o jornal rebelde e anarquista graças a seu apoio, então não duvidem em ajudar-nos a mantê-lo com vida.

Regeneración, o autêntico Regeneración, pertence ao anarquismo. Mantenhamos-lo vivo.

Viva Regeneración!

federacionanarquistademexico.org

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Borboleta branca
Pousa em minha janela —
Dou-lhe cores vivas

Tony Marques

[Itália-Espanha] Apresentação da revista Semi sotto la neve em seu primeiro número

Semi sotto la neve [sementes sob a neve] é uma revista libertária e anarquista trimestral publicada desde 2021. É publicada pela Associazione di promozione sociale Semi sotto la neve [Associação de promoção social sementes sob a neve], fundada em Trento em 2021. Seus promotores afirmam que “as principais características dessa linha de pensamento e ação (anarquismo) são bem conhecidas, especialmente em sua dimensão de negação de qualquer forma de dominação. Mas os editores desta revista querem propor uma mudança substancial de atitude em relação à complexa e variada vida social. Em nossa opinião, trata-se de promover uma dimensão construtiva, positiva e experimental de uma tradição social, política e cultural que reconhecemos como antiautoritária e solidária”.

A Semi sotto la neve e a Redes Libertarias estabeleceram uma relação de cumplicidade e colaboração, cujo fruto é a troca de conteúdo para publicação em ambas as revistas.

Por que escolhemos este título para esta nova revista?

Com a expressão “Sementes sob a neve” (cunhada por Ignazio Silone e conceitualmente retomada por Colin Ward), pretendemos propor aos nossos leitores uma interpretação renovada do pensamento anarquista, das experiências libertárias e das práticas mutualistas.

Em nossa opinião, trata-se de promover uma dimensão construtiva, positiva e prática de uma tradição social, política e cultural que reconhecemos como antiautoritária e solidária.

De fato, nas páginas desta revista, as experiências que já existem (ou existiram) encontrarão espaço e voz, apesar da organização social hierárquica na qual estão imersas. Essas sementes sob a neve, se devidamente interrogadas, como tentaremos fazer, podem representar, em nossa opinião, uma prefiguração concreta, embora às vezes inevitavelmente contraditória, de uma maneira diferente (antiautoritária) de organizar nossa vida social e individual. Não se trata, portanto, de tecer elogios triunfalistas a experiências individuais, mas de analisar quais são os problemas, quais podem ser as soluções e quais são, é claro, as contradições que surgem nas várias esferas das relações sociais.

Ao longo das diferentes colunas, tentaremos manter isso como o fio condutor que nos permitirá propor um diálogo ativo com nossos leitores. Uma revista, portanto, com uma orientação crítica e interessada em fortalecer a relação entre pensamento e ação. Se é essencial experimentar imediatamente diferentes relações sociais, é igualmente necessário estimular a reflexão e o pensamento crítico e autocrítico.

O pensamento deve se renovar continuamente à luz da experiência concreta e da experimentação, mas também tem uma autonomia própria, muito necessária, que lhe permite fazer uma leitura crítica da realidade e produzir continuamente visões e ideias.

Essa visão prepositiva da dominação (seja lá como se manifeste!) caracteriza a perspectiva que a equipe editorial pretende adotar sistematicamente em todos os temas e em todas as seções que compõem a revista. Uma revista libertária que se refere, de forma crítica e autocrítica, principalmente ao pensamento anarquista, mas que se contamina e se confronta com outras expressões culturais que mantêm um trabalho em prol de uma efetiva emancipação social e humana. Esse confronto contínuo é essencial para aprimorar a atualidade e a substância do pensamento libertário e para enriquecê-lo com diferentes culturas e tradições que contribuem para um esforço autêntico de emancipação da dominação e da exploração.

Por fim, acreditamos que é somente no trabalho coletivo, feito de confrontos e trocas, que faz sentido empreender uma direção editorial como a que estamos buscando. De fato, cada especificidade e sensibilidade individual pode se beneficiar dessa dimensão relacional e colegial e contribuir para que estas páginas sejam um instrumento ativo de pesquisa, questionamento, verificação e planejamento de sementes sempre novas sob a neve.

A revista está estruturada da seguinte forma: editorial, experiências, análise aprofundada, internacional, conversas, raízes e resenhas.

https://semisottolaneve.net/

Fonte: https://redeslibertarias.com/2024/10/28/presentacion-de-la-revista-semi-sotto-la-neve-en-su-numero-1/

Tradução > anarcademia

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/06/26/espanha-redes-libertarias-n-1-editorial/

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Unidas voam longe
Nos postes da cidade
Com imensa fragilidade.

Fernanda Gonçalves

[México] Convocação para um ato político-cultural pela liberdade de Mumia Abu-Jamal

Segunda-feira, 9 de dezembro, às 12h, na Embaixada dos EUA.

Destacamos este pôster com muitos agradecimentos a Betún Valerio pelo design.

Participe de uma tarde de arte, música e palavras em apoio a esse veterano dos Panteras Negras, jornalista revolucionário e autor de 14 livros desde sua cela de prisão. Aos 70 anos de idade, Mumia Abu-Jamal está terminando sua tese de doutorado sobre Frantz Fanon.

Preso em 9 de dezembro de 1981 e acusado do assassinato do policial branco Daniel Faulkner na cidade da Filadélfia – um crime que ele não cometeu – Mumia passou 43 anos atrás das grades, incluindo três décadas de confinamento solitário no corredor da morte.

Em 2011, sua sentença de morte foi substituída por uma sentença de prisão perpétua. Agora, seus inimigos na Ordem Fraternal da Polícia e na estrutura de poder querem que ele morra na prisão. No entanto, milhares de pessoas em todo o mundo querem vê-lo nas ruas.

Nosso evento ocorre durante uma guerra de genocídio contra o povo palestino, financiada em grande parte pelo governo dos EUA. Durante muitos anos, Mumia Abu-Jamal apoiou a Palestina, inclusive escrevendo vários ensaios em seu apoio. Este ano, ele encontrou uma maneira de dialogar com alguns manifestantes em universidades de seu país, incentivando-os a exigir o fim da ocupação da Palestina por Israel e o fim dos crimes contra o povo que continua a resistir.

Estaremos do lado de fora da embaixada em 9 de dezembro, logo após a eleição do criminoso Donald Trump para a presidência do Império dos EUA, e estamos observando sua nomeação de um conselheiro moralmente falido após o outro. Nessa situação, a resistência e a organização comunitária, escolar, universitária e dos trabalhadores por uma vida digna e livre em todos os lugares são mais necessárias do que nunca. Devemos continuar a pressionar o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, e o promotor público da Filadélfia, Larry Krasner, para que reconheçam as provas a favor de Mumia e ordenem sua libertação.

Exigimos o fim do encarceramento em massa e racista nas prisões dos EUA, agora exportado para muitas partes do mundo. Também exigimos a libertação de presos políticos, incluindo Leonard Peltier, Jamil Al-Amin, Kamau Sadiki, Kwame Shakur, Joy Powell, Alvaro Luna Hernandez, Oso Blanco, Jo Jo Bowen, Fred Muhammad Burton, Kojo Bomani Sababu, Larry Hoover e Jeff Fort. No México, exigimos a liberdade para Jorge Esquivel (Yorch) e a liberdade absoluta para Miguel Peralta, Karla e Magda.

LIBERDADE PARA MUMIA ABU-JAMAL!

LIBERDADE PARA OS PRESOS POLÍTICOS!

ABAIXO OS MUROS DAS PRISÕES!

Amigxs de Mumia de México

Fonte: https://radiozapote.org/convocatoria-a-un-acto-politico-cultural-por-la-libertad-de-mumia-abu-jamal/

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vento nas cortinas
fico atenta
ao que a manhã ensina

Camila Jabur