[Chile] Julia Chuñil completa cinco meses desaparecida

Cinco meses passaram desde que Julia del Carmen Chuñil Catricura, de 72 anos, presidenta da Comunidade Mapuche de Putreguel e defensora do meio ambiente, foi vista pela última vez por seus próximos, na sexta-feira 8 de novembro de 2024, no prédio florestal Reserva Cora 1-A, em Máfil, Região de Los Ríos.

Exigindo maiores esforços em sua busca, a família e organizações sociais realizaram uma manifestação na tarde desta terça-feira (08/04) em frente ao Palácio de La Moneda. Também se realizaram protestos em cidades como Temuco, Valdivia, Concepción, Valparaíso, Puerto Montt, Chillán e Curicó.

“Não é possível que hoje em dia sigam desaparecendo pessoas, mais uma adulta idosa, uma amante da natureza, uma defensora do meio ambiente, amante de seus animais”, expôs Lissette Sánchez, neta da dirigente mapuche.

A busca

A jornada em que se perdeu o rastro, a mulher percebeu o extravio de uns animais e avisou a uma vizinha que iria a uma colina buscá-los. Vestia uma blusa celeste e branca, calça cor bege e sapatos negros.

Saiu acompanhada de seu cão de nome Cholito, um cachorro mestiço, de três meses, cor negro com peito cor branca.

No domingo 10 de novembro, familiares foram até sua casa e a vizinha lhes comentou que não havia regressado. Um de seus filhos seguiu pegadas para encontrá-la, percebendo que havia rastros de rodas de uma caminhoneta.

Após a apresentação de uma denúncia por suposta desgraça por parte de sua família, a promotoria de Los Ríos deu uma ordem de investigar à Brigada de Homicídios da Polícia de Investigações e dispôs trabalhos de busca ao Grupo de Operações Policiais Especiais (GOPE) de Carabineiros.

Seu caso foi mencionado pelo Presidente Gabriel Boric em dezembro do ano passado, em seu discurso por ocasião do Dia dos Direitos Humanos. O Mandatário garantiu então que a busca da mulher não se deteria.

Fonte: agências de notícias

Tradução > Sol de Abril

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/08/chile-bloco-anarquista-memoria-e-vinganca-ativa-por-julia-chunil/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/02/05/chile-semana-de-agitacao-chew-muley-julia-chunil-catricura-esta-desaparecida-ha-88-dias/

agência de notícias anarquistas-ana

Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh’alma.

Teruko Oda

[Chile] Comunicado Presos Políticos Mapuche cárcere de Temuco ante invasão, espancamento e translado

Ante invasão, brutal espancamento e translados injustificados, Presos Políticos Mapuche do cárcere de Temuco acusam que estes fatos são parte de uma estratégia mais ampla que busca desarticular os módulos de comuneros existentes nos cárceres chilenos.

“COMUNICADO PÚBLICO PRESOS POLÍTICOS MAPUCHE, MÓDULO COMUNEROS CCP TEMUCO

Os prisioneiros políticos mapuche reclusos no cárcere de Temuco saudamos nossas autoridades tradicionais, pu lonko, pu werken e pu machi, assim como as comunidades em resistência, e passamos a declarar o seguinte:

No dia 31 de março, segunda-feira, aproximadamente às 10:30 horas, fomos violentamente espancados em primeira instância por funcionários deste recinto penal, que posteriormente foram reforçados por pessoal da U.S.E.P.

Como consequência deste ato, ocorreram inumeráveis danos, tais como a destruição de mobiliário, a subtração de artigos desportivos, o uso arbitrário e excessivo de gases lacrimogêneos, e diversas agressões tanto físicas como verbais (ditos textuais do tenente Martínez e sargento Ramírez: “Índios Culiaos, Índios Perkines”).

O peñi mais afetado foi Rodrigo Cáseres Salamanca, que foi operado do braço direito faz menos de seis meses e ainda se encontra em processo de reabilitação. No entanto, isto não foi impedimento para os funcionários da Gendarmeria, que continuaram com o espancamento sem consideração alguma.

Apesar de seu estado de saúde, os peñi Rodrigo Cáseres Salamanca, Patricio Queipul e Anthu Llanca foram transladados a três cárceres diferentes: Angol, Valdivia e Concepción. Onde foram enviados a módulos de máxima segurança, sem direito a tv nem rádio, com um regime de 22 hrs de confinamento solitário, e 2 hrs de pátio.

Cabe destacar que os dois últimos foram recentemente absolvidos de uma montagem orquestrada pela Gendarmeria do cárcere de Angol.

Vemos com isto como primeira conclusão que os orquestradores da invasão foram: o recentemente transladado tenente Hernández do cárcere concessionado de Concepción, que na segunda-feira, 31 de março ocupava o cargo de alcaide sub-rogante, o chefe operativo da OSI Mijail Morales, o suboficial Martínez e o sargento Ramírez, dirigidos e amparados por Néstor Flores diretor regional da Gendarmeria.

É evidente que o ocorrido faz parte de uma manobra de provocação dirigida contra os presos políticos mapuche, e sabemos que esta é só uma peça de uma estratégia mais ampla que busca desarticular os módulos de comuneros existentes nos cárceres chilenos situados em nosso Wallmapu.

Esta intenção fica claramente demonstrada pelas modificações no regime interno que se implementarão de maneira arbitrária, sem prévio aviso e sob a direção do tenente Hernández. A isto se soma a perseguição diária a que somos submetidos, o que se manifesta através de sanções não consignadas oficialmente, que também respondem a atribuições de caráter racista por parte dos funcionários da Gendarmeria.

Esta estratégia está também respaldada por toda a classe política, que atua a serviço dos interesses empresariais, Gendarmeria não é mais que uma instituição títere dos interesses políticos e do empresariado.

Exigimos que se respeite nossa condição de presos políticos mapuche, assim como nossa cultura, práticas sociais e cosmovisão. Ratificados pelo Convênio 169 da OIT.

Desde o módulo de prisioneiros políticos do cárcere de Temuco, fazemos um chamado a solidarizar com os peñi transladados aos cárceres de Angol, Valdivia e Concepción.

Ademais, instamos a estar alertas ante as manobras repressivas e ofensivas dirigidas contra os módulos de prisioneiros políticos mapuche e as eventuais mobilizações que possam surgir.

Translado imediatos de Rodrigo Caseres Salamanca, Patricio Queipul Millanao e Anthu Llanca Quidel ao módulo de comuneros CCP Temuko.

Liberdade a Todos os Presos Políticos Mapuche.

Pela unidade no Weichan

Presos Políticos Mapuche CCP Temuko.”

Fonte: https://radiokurruf.org/2025/04/02/comunicado-presos-politicos-mapuche-carcel-de-temuco-ante-invasão-espancamento-y-translado/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

vento de outono
a silenciosa colina
muda me responde

Matsuo Bashô

[França] Não temos medo das ruínas porque carregamos um mundo novo em nossos corações

Algumas dezenas de nós nos reunimos na Bergerie em Cheminas, Ardèche, para assistir à exibição do último filme de Yannis Youlountas, “Não Temos Medo das Ruínas“, com a presença do diretor.

10 anos depois de Não Vamos Mais Viver Como Escravos, 8 anos depois de Luto, Logo Existo e 5 anos depois de Amor e Revolução, aqui vem o quarto filme: Não Temos Medo de Ruínas (…carregamos um mundo novo em nossos corações) de Yannis Youlountas.

Em 2019, Kyriakos Mitsotakis, presidente do partido Nova Democracia (e que democracia!), chegou ao poder satisfazendo as diferentes tendências da direita: os conservadores tradicionais, os ultraliberais e a direita autoritária e xenófoba. Ele ficou conhecido por comentários racistas como “para impedir a chegada de imigrantes, deve haver mortes nas fronteiras…” (A experiência mostra que isso é falso. Os 8.541 afogados no Mediterrâneo em 2023 e as 63.000 mortes em 10 anos no mundo todo não impedem os imigrantes.)

O filme nos mostra a ofensiva prometida por Mitsotakis contra Exarchia (um bairro popular e alternativo de Atenas) que estava apenas começando: ocupação brutal do bairro, despejo semanal de ocupações, propaganda na mídia, repressão total, mas acima de tudo a resistência e a resposta determinada de grupos autônomos de solidariedade por toda a Grécia.

O movimento social grego adotou o slogan de 1936 na Espanha: “No Pasaran“, uma faixa “No Pasaran” bloqueou por muito tempo a Rua Notara, a oeste de Exarchia, lembrando uma faixa semelhante de 1936.

Enquanto o governo repetia: “faremos ruínas de seus lugares”, eles respondiam a uma só voz: “Não temos medo de ruínas”, inspirados numa famosa frase de Buenaventura Durruti:

Não temos medo de ruínas, somos capazes de construir também… a burguesia pode explodir e demolir seu próprio mundo antes de sair do palco da História, nós carregamos um mundo novo em nossos corações.

Sim, carregamos um mundo novo em nossos corações, na Grécia como em outros lugares.

“Sabemos que, além da catástrofe ecológica e social, a vida encontrará um caminho e reconstruiremos a sociedade de forma diferente. Cedo ou tarde, emergiremos da pré-história política da humanidade. Tomaremos resolutamente nossas vidas em nossas próprias mãos, nunca mais nos permitindo ser pisoteados. Juntos, somos “a vida que se defende”.”

De Creta ao Épiro (noroeste da Grécia), as lutas também são difíceis, enfrentando um poder determinado a transformar a terra e o mar em mercadorias. Entre as boas notícias: a gigante francesa Total finalmente desistiu da perfuração de petróleo na costa de Creta.

A ocupação de imigrantes Notara 26 ainda está lá. A Estrutura de Saúde Autogerida de Exarchia (ADYE) continua a cuidar dos vulneráveis no bairro e além, assim como as cozinhas solidárias gratuitas se esforçam para alimentá-los. As estufas ocupadas do antigo jardim botânico fornecem frutas e vegetais.

O centro social ocupado K*Vox continua sendo a base principal do grupo anarquista Rouvikonas, que também superou muitos desafios nos últimos anos, mas continua sendo a teimosa bête noire do governo determinado a neutralizá-lo.

A resistência também assumiu formas surpreendentes, por exemplo na ilha de Paros, nas Cíclades, onde grupos de moradores estão se recusando a proliferação de praias privadas que estão fechando o acesso ao mar. De praia em praia, eles estão conseguindo conter a maré reabrindo o acesso gratuito às alegrias do mar para jovens e idosos. Durante o verão de 2023, houve muitas vitórias, graças à convergência de lutas.

Em Rethymnon, Creta, o clube de futebol antifa “Livas” oferece um esporte organizado sem hierarquia, num espírito de cooperação e sinergia, uma prática completamente diferente deste esporte rei do capitalismo triunfante. A ideia não é abandonar o futebol e outras atividades de lazer que as crianças adoram aproveitar nas mãos dos negócios e da indústria do entretenimento. “Podemos jogar futebol de forma diferente”, anunciam nossos sorridentes camaradas, homens e mulheres, jovens e velhos.


Enquanto isso, em Atenas, professores do ensino fundamental estão protestando do lado de fora dos acampamentos de imigrantes para exigir a libertação de seus alunos que foram detidos em Exarchia durante o despejo das ocupações. E eles conseguiram!


A ocupação Rosa Nera em Xania (Creta), no centro da cidade, foi tomado pela polícia e, em Iraklio, o Antifa Hiking Club oferece caminhadas na ilha.

Comboios em solidariedade a essas lutas partem da França todos os anos, e o apoio vem do mundo inteiro para apoiar os camaradas gregos em suas lutas.

A pergunta que podemos nos fazer é: do que o governo tem medo em suas organizações sociais horizontais? Exarchia é um exemplo de integração bem-sucedida onde os imigrantes não são mais um problema. Assim como o dispensário autogerido de Pikpa, um espaço de convivência comunitário, onde refugiados sem polícia ou seguranças se sentiam completamente seguros, diferentemente do campo de Moria, sob gestão policial. Neste país onde a dívida foi quitada por uma transferência massiva de riqueza das classes trabalhadoras para o capital nacional e internacional, a evasão da subjugação financeira é insuportável para este governo liberal, ao qual se somam os cheiros da ideologia fascista veiculada durante a ditadura de Metaxas em 1936, e a ditadura dos coronéis de 1967 a 1974 buscando mais uma vez destruir o campo da promoção dos valores sociais e da consciência de defesa dos interesses comuns contra os líderes políticos.

Se o estábulo das ovelhas estava fresco, a atmosfera estava quente.

Fonte: https://alter-vienne.info/spip.php?article584

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/12/18/grecia-franca-aqui-esta-o-trailer-de-nosso-novo-filme-nous-navons-pas-peur-des-ruines/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/07/26/grecia-yannis-youlountas-anuncia-novo-filme/

agência de notícias anarquistas-ana

Frases compostas
no sol que passeia
sob minha caneta.

Jocelyne Villeneuve

[Grécia] Construindo o impossível. Feira do Livro Anarquista dos Balcãs 2025

Tessalônica (Grécia) 15-18 de maio
Assembleia Organizacional BAB2025


A Feira do Livro Anarquista dos Balcãs nunca foi só sobre livros. Sempre o entendemos como uma ferramenta adicional para fortalecer nossos coletivos, nossas organizações, nossas relações e nossas redes em níveis local, regional e internacional, como um espaço para trocar nossas ideias e nossos projetos e para comparar nossas práticas, nossos modelos organizacionais e nossas experiências de luta, nossa participação em movimentos sociais. Em setembro de 2024, em uma assembleia conjunta realizada em Tessalônica com todos os coletivos da cidade que responderam ao convite para participar da assembleia organizacional, estabelecemos a meta de reunir o maior número possível de camaradas de todos os Bálcãs para discutir, de forma organizada, nossos acordos e desacordos e fazer propostas concretas para lutas e ações comuns. Concordamos em ter como agenda inicial para a BAB2025 os temas comuns discutidos nas BABs em Liubliana e Pristina (2023 e 2024) e começamos a estabelecer os diferentes grupos de trabalho.

Também concordamos que nossa primeira ação conjunta seria a participação de Tessalônica nos dias de ação contra a guerra, o militarismo e o nacionalismo, decididos pela assembleia da BAB em Pristina para a primeira década de outubro de 2024. Nesse contexto, um evento aberto foi realizado em uma praça de um bairro operário de Tessalônica com a participação de um objetor anarquista do exército de Tel-Aviv e uma manifestação no centro da cidade, com o lema central “Lute contra a guerra, não contra as guerras”.

Tópicos da BAB 2025

A agenda inicial da BAB 2025, acordada em setembro de 2024, inclui os seguintes tópicos mais amplos, para os quais foram estabelecidos respectivos grupos de trabalho a fim de preparar as discussões organizadas:

– Capital, Estado, Guerra e Respostas Anarquistas,
– Opressão de gênero, resistência ao patriarcado e feminismo anarquista,
– Fronteiras, migrações, resistência à Fortaleza Europa,
– Crise climática, capitalismo e lutas pela terra e liberdade,
– Prisioneiros anarquistas e solidariedade,
– Ocupações anarquistas e centros sociais autônomos,
– Mídia anarquista, infraestruturas editoriais, arquivos do movimento.

Por proposta dos coletivos de Tessalônica e Atenas, foi acrescentado um tema adicional:

– Educação libertária/autoeducação.

A lista está aberta a outras propostas. Além dos temas comuns, haverá apresentações, workshops, concertos, exposições, exibições, encontros/práticas esportivas e uma marcha anticapitalista, antiestatal e internacionalista contra a guerra. Você pode enviar suas propostas para: bab2025[at]riseup[dot]net

Grupos de coordenação e grupos de trabalho

Quanto aos temas, consideramos que não seria produtivo tentar elaborar textos comuns e homogêneos pelos respectivos subgrupos da assembleia organizativa, pois essa abordagem resumiria substancialmente as posições, mas não haveria espaço para a expressão de diferentes abordagens, principalmente em questões sobre as quais sabemos que há divergências.

Acreditamos firmemente que pontos comuns de análise e ação podem ser melhor encontrados quando pontos de desacordo são refletidos e discutidos com respeito e clareza. Propomos, portanto, a criação de grupos de coordenação para os diversos temas que garantam:

que os eventos organizados apresentem todas as diferentes abordagens políticas de forma justa, clara e equitativa e com a mais ampla participação possível de oradores de todas as áreas geográficas dos Balcãs; que haja tempo suficiente para discussão; que as principais posições dos palestrantes já foram publicadas, em tradução para o inglês, no site da BAB2025, bem antes da Feira do Livro Anarquista dos Balcãs, em Tessalônica.

Além desses grupos de coordenação, vários grupos de trabalho foram criados para coordenar e antecipar questões relacionadas à hospitalidade, alimentação, acessibilidade, atividades para crianças, gerenciamento de sites, tradução, gráficos/impressão, atividades culturais, pontos de informação, etc. Em particular, a assembleia organizadora deseja fornecer assistência nos casos em que vistos são necessários para os participantes chegarem à Grécia, bem como contribuir financeiramente para as despesas de viagem dos participantes que não podem pagar.

Para mais informações, entre em contato com bab2025@riseup.net

Convites detalhados dos grupos de coordenação de temas de políticas e anúncios dos grupos de trabalho serão enviados gradualmente para a lista de discussão da Solidariedade dos Balcãs e também serão publicados no site https://bab2025.espivblogs.net/.

Nesta chamada inicial para a BAB2025 incluímos o quadro geral de discussão proposto pelo respectivo grupo de coordenação para cada tema de política:

Capital, Estado, Guerra e Respostas Anarquistas

Estamos testemunhando a normalização da guerra, mas falhamos em construir um movimento internacionalista, anticapitalista e antiguerra. A ausência de uma intervenção coerente e internacionalmente orientada do movimento anarquista/antiautoritário contra esse presente e futuro distópico pode indicar que entramos em uma nova era, que as ferramentas analíticas do passado não conseguem interpretar. Este não é o mundo bipolar da Guerra Fria, nem o mundo unipolar dominado pelo Ocidente que o sucedeu, mas um novo sistema mundial em formação, construindo alianças de poder e destruindo vidas, sociedades e regiões inteiras em um ambiente global de crise.

Opressão de gênero, resistência ao patriarcado e feminismo anarquista

Entendemos o patriarcado como parte integrante do Estado e do Capital, mas também como um sistema de poder que, no entanto, mantém uma relativa autonomia em nossas vidas. Nos últimos anos, o gênero ganhou visibilidade na esfera pública, à medida que incidentes documentados de violência de gênero — de feminicídios a agressões e assassinatos de pessoas queer — estão aumentando rápida e flagrantemente, enquanto, ao mesmo tempo, nossos direitos reprodutivos são constantemente alvos de políticas estatais e retórica religiosa. A ascensão do nacionalismo leva a um maior conservadorismo institucional: nossos corpos são reduzidos a objetos de violência ou máquinas reprodutivas para alimentar os apetites vorazes do militarismo e da guerra. Nessa condição, a necessidade de coletivizar nossas lutas e nossos projetos em nível transnacional transcende as especificidades de cada localidade e nos convoca a fundir nossas perspectivas e sintetizar nossas ações.

Fronteiras, Migrações, Resistência à Fortaleza Europa

Já faz algum tempo que vemos que as políticas anti-imigração estão ocupando cada vez mais espaço no debate público. A retórica anti-imigração tem o poder não apenas de derrubar governos, mas também de moldar a percepção dominante da vida humana e determinar seu valor. À medida que os estados se envolvem em uma competição feroz e são empurrados para novas guerras, o racismo tradicional da Fortaleza Europa (ou seja, as políticas de “integração” de imigrantes como uma força de trabalho mal paga) está sendo transformado em políticas de desumanização e extermínio absolutos. Em um momento em que parcelas cada vez maiores da população são consideradas dispensáveis, nós, como movimento, devemos analisar e nos manifestar contra essas políticas, para desenvolver todas as possibilidades existentes para comunidades de luta entre moradores locais e migrantes.

“Crise Climática”, Capitalismo e Lutas pela Terra e Liberdade

A crise climática, causada principalmente pela atividade humana, é um dos problemas mais importantes do nosso tempo. Nos últimos anos, testemunhamos uma pilhagem sem precedentes de recursos naturais. Em diversas áreas geográficas dos Bálcãs, desastres de grande escala estão ocorrendo com cada vez mais frequência e intensidade. Montanhas estão sendo invadidas, florestas estão sendo desmatadas, rios estão sendo poluídos e projetos desastrosos estão recebendo licenças ambientais da noite para o dia, em nome do progresso verde. Contra um modelo de desenvolvimento contínuo e lucro que não respeita os ecossistemas e a vida como um todo, é mais do que urgente estabelecer nossas condições e nossas propostas para uma vida digna de ser vivida por todos e para todos em termos justos e verdadeiramente ecológicos.

Prisioneiros Anarquistas e Solidariedade

Devemos nossa máxima solidariedade àqueles que estão presos por sua atividade política e/ou identidade. Este grupo discute e coordena práticas de apoio a presos políticos nos Bálcãs e aborda deficiências organizacionais.

Ocupações anarquistas e centros sociais autônomos

No contexto de crise capitalista e intensa repressão, observamos nossas cidades se submetendo ao negócio do turismo e sediando cada vez mais atividades mediadas por mercadorias e lucro. Esta é uma forma de privatização do espaço público que afasta as pessoas das cidades. As ocupações estão sendo despejadas e está se tornando cada vez mais difícil garantir as condições materiais de existência dos centros sociais. No entanto, a existência de centros sociais é vital para a sustentabilidade de relacionamentos de solidariedade entre pessoas que tentam respirar em um mundo sufocante. Acreditamos que é necessário que esses projetos se encontrem e troquem experiências e pensamentos, além de criar redes baseadas no apoio mútuo.

Mídia anarquista, infraestruturas tipográficas e editoriais, arquivos de movimentos sociais

No contexto atual de crise capitalista multifacetada e intensa repressão, a existência e o fortalecimento de infraestruturas de movimento (anarquista, antiautoritário, auto-organizado) são de extrema importância. Mais especificamente, a BAB2025 visa destacar e apoiar projetos de publicação, gráficas, mídia de contrainformação, arquivos de movimentos sociais, estações de rádio auto-organizadas, bem como infraestruturas digitais e hacklabs de geografias dos Balcãs.

Educação libertária/autoeducação

Em uma sociedade capitalista, patriarcal e racista, crianças ciganas, refugiadas e imigrantes são marginalizadas e excluídas do sistema educacional público. Reconhecemos a autonomia das crianças e da infância e buscamos conviver e nos comunicar com elas por meio de relações de igualdade, construindo e reproduzindo a cultura coletiva que queremos viver. Consideramos essencial a troca de experiências sobre auto-organização e criação de estruturas relacionadas à educação, sejam projetos para crianças ou coletivos de autoeducação para adultos.

A BAB2025 não será apenas quatro dias em maio de 2025, é um processo contínuo!

Nesta fase, o Estado está abolindo o “contrato social” e se retirando completamente de suas supostas obrigações para com a sociedade, limitando-se ao papel de policial, opressor e guarda prisional e servindo abertamente aos interesses do mercado. O parlamentarismo, aparentemente uma forma de exercer pressão para obter novos benefícios sociais ou defender antigos direitos sociais e de classe, está claramente em declínio, pois os poderes hoje, para se reproduzirem, contam mais com o medo do povo do que com promessas eleitorais de um futuro melhor.

O sistema mundial de exploração parece disposto a se envolver em uma série interminável de guerras, buscando um novo equilíbrio por meio da destruição e do aumento do lucro capitalista. Enquanto isso, há sinais claros de uma crise real, a crise ambiental, que ofusca todas as outras “crises” subsequentes dos últimos anos.


Auto-organização não é mais um slogan. É uma necessidade social. Os meses que antecedem a BAB Tessalônica são uma aposta aberta, um processo de fermentação de nossas ideias comuns e a criação conjunta de um ponto de encontro para a organização da solidariedade, resistência e luta. Um lugar onde o desacordo será recebido com cuidado, respeito e compreensão mútua, onde compartilharemos e nos recomporemos, onde a riqueza, a beleza e a vitalidade das ideias e práticas anarquistas dissolverão a indignidade, a intolerância e a desumanidade: Mil Rosas Negras Contra a Resignação e o Canibalismo Social.

Há um velho lema: “Vamos lutar pelo impossível antes de enfrentar o impensável”. Bem, o impensável já está aqui, a utopia não parece mais impossível. É a única opção realista.

ab2025.espivblogs.net

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/02/17/grecia-bab2025-em-tessalonica/

agência de notícias anarquistas-ana

Cruzam-se nas ruas
muitas sombras alongadas —
Tarde outonal.

Carlos Martins

Chamado Internacional para Poetas Anarquistas e Anti-Carcerárias

Convocamos a participação em uma coletânea internacional de poesia anarquista e anti-carcerária em solidariedade com prisioneiras anarquistas.

Indivíduos e coletivos de diferentes regiões do Sul Global/Abya Yala, reunidos em diversos projetos na região chilena (Guitarras Libertarias e a Federación Cultural Antiautoritaria) têm organizado atividades contraculturais e ações para divulgar informações sobre a situação das anarquistas encarceradas no Chile. Atividades como Guitarras Libertarias e Jornadas de Agitação Kontra Todas Las Jaulas são iniciativas solidárias que buscam acompanhar prisioneiras engajadas na guerra social/antisocial, impulsionando sua libertação.

Dessa vez, como Revista Rebeldias Líricas do jornal El Sol Ácrata e Guitarras Libertarias, convidamos todas a participar de uma coletânea de poesia anarquista, “Poesia contra as prisões”. Buscamos reunir versos e ideias anti-carcerárias e internacionalistas, contra todas as jaulas e fronteiras do totalitarismo empresarial.

A proposta é publicar uma compilação de poesias que possa ser compartilhada em diversas atividades anti-carcerárias em diferentes territórios, tornando visível a solidariedade com prisioneiras engajadas na guerra social/antisocial. Ao mesmo tempo, essa coletânea pretende ser um espaço de expressão, sentimentos e pensamentos das companheiras que organizam a luta contra as prisões em distintos territórios, radicalizando essas vozes e sentimentos.

Convidamos todas a colaborar na produção deste material e, após sua publicação, imprimi-lo em diferentes regiões, distribuindo-o a um preço acessível ou como contribuição solidária, conforme decidido por aqueles que aderirem à campanha em cada local.

Com essa iniciativa, buscamos contribuir economicamente, da forma mais direta possível, com organizações de famílias e amigas de prisioneiras da guerra social/antisocial. Queremos que essa coletânea de poesia fortaleça a luta anti-carcerária e antiautoritária em diversas partes do mundo, combatendo o totalitarismo empresarial.

Temos um inimigo comum. Fortaleçamos nossos laços de solidariedade com poesia contra as prisões.

Envie suas propostas para o e-mail: ppoesia43@gmail.com

Arte por: @mirai.grafika

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Nas tardes amenas
O perfume das laranjeiras.
Meu velho quintal.

Hazel de S.Francisco

[São Paulo-SP] Cineclube Chico Cubero: “Colônia Cecília – Um sonho Anarquista”

O documentário “Colônia Cecília – Um sonho Anarquista” é o filme da próxima edição do Cineclube Chico Cubero no CCS, dia 12/04.

A Colônia Cecília foi uma comuna experimental baseada em premissas anarquistas. A colônia foi fundada em 1890, no município de Palmeira, no estado do Paraná, por um grupo de libertários italianos mobilizados pelo escritor e agrônomo Giovanni Rossi. A Colônia permaneceu até 1894. Através de entrevistas a pesquisadores e descendentes daqueles pioneiros, realizadas em Palmeira e Curitiba, o documentário pretende resgatar a memória deste episódio ímpar na História do país. O documentário iniciou a sua produção em 2023 e já teve diversas exibições públicas em 2024 (São Paulo, Salvador, Curitiba, Lisboa, Milão, etc.).

Origem: Brasil / Direção: Carlos Pronzato / Duração: 53 minutos

Cineclube Chico Cubero

Data: Sábado, 12/04/25

Horário: 16 horas

Teremos pipoca, se puder e quiser, traga algo para beber!

Local: Sede do CCS de SP: Rua Gal. Jardim, 253, sl. 22, Vila Buarque – SP – tocar 22, caso não abra, enviar uma DM para @centro_de_cultura_social

⁠Os encontros são presenciais, gratuitos e abertos para todas as pessoas interessadas.

Para apoiar a produção de documentários independentes: [PIX] carlospronzato@gmail.com

Lembrando que o CCS-SP se orienta pelos princípios anarquistas, tais como autogestão, apoio mútuo, internacionalismo, anticapacitismo, anticapitalismo e não partidarismo. Não toleramos qualquer tipo de discriminação de raça, gênero ou sexualidade.

agência de notícias anarquistas-ana

Neblina sobre o rio,
poeira de água
sobre água.

Yeda Prates Bernis

[Holanda] Pare de comer foie gras

Em 11 de abril, voltaremos a nos manifestar contra os restaurantes que vendem o abominável produto foie gras. Alguns pararam de vendê-lo, mas, infelizmente, ainda há restaurantes que ganham dinheiro com esse produto abominável.

Venha a Eindhoven no dia 11 de abril para se juntar a nós e acabar com essas abominações!

Nos reuniremos às 17h45 na Estação Central de Eindhoven, no lado central. Forneceremos materiais. Traga tampões de ouvido e sua voz alta!

Até que todas as gaiolas estejam vazias!

activeforjustice.nl

agência de notícias anarquistas-ana

Um sopro de brisa —
A barra da cortina
suave, ondulando…

Guin Ga Eden

[Itália] Solidariedade ao Espaço Anarquista 19 de Julho – Grupo Anarquista Carlo Cafiero

Comissão de Correspondência da Federação Anarquista Italiana expressa total solidariedade ao Espaço Anarquista 19 de Julho – Grupo Anarquista Carlo Cafiero, atualmente ameaçado de despejo. Essa ameaça faz parte de um cenário muito mais amplo de repressão a qualquer forma de dissidência e conflito social.

Os fascistas no governo sentem-se fortes e jogam todas as cartas que têm para reprimir quem resiste. Isso acontece tanto em nível nacional, com a tentativa de aprovar novas leis profundamente autoritárias e anti-liberdades, quanto em nível local, onde a infiltração de homens leais ao governo nas administrações e entidades territoriais possibilita medidas ainda mais repressivas contra os espaços de luta.

Respondemos a esses ataques reafirmando nossa proximidade com o Espaço Anarquista 19 de Julho e mantendo firme nosso compromisso contra a guinada autoritária em curso, contra a guerra, o militarismo, o patriarcado, as fronteiras, a exploração, a devastação ambiental e o nacionalismo.

Por uma sociedade radicalmente diferente, de livres e iguais, sem explorados nem exploradores.

A Comissão de Correspondência da Federação Anarquista Italiana

Fonte: https://umanitanova.org/solidarieta-allo-spazio-anarchico-19-luglio-gruppo-anarchico-carlo-cafiero/

Tradução > Liberto

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/04/18/italia-nao-ao-despejo-do-spazio-anarchico-19-luglio/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/07/18/italia-espaco-anarquico-19-de-julho-13-anos/

agência de notícias anarquistas-ana

A pedra
nada pergunta ao rio
sobre água e tempo.

Yeda Prates Bernis

[Chile] Semana de agitação contra os zoológicos de 10 a 17 de abril. Até abrir todas as jaulas!

Na rua; conspira, propaga, boicote, contra os centros que mantêm em cativeiro milhares de animais longe de seu habitat com o único fim de lucrar com suas vidas, expostos ao nefasto circo que montam.

Este 17 de abril completa 10 anos da morte do urso Taco, que morre depois de viver 18 anos em uma cela rodeado de cimento, suportando ondas de calor em meio da cidade, entristecido e solitário em um entorno hostil e egoísta que só pensa no dinheiro camuflado de bem estar e conservação, dos quais não cremos nenhuma palavra.

Que não sigam operando em tranquilidade estes centros de tortura que dia a dia expõem os animais, que não estejam tranquilos vendendo entradas nos sábados e feriados, mostrando fotografias em um mundo de mentira.

COM A MEMÓRIA INTACTA E JAVIER RECABARREN NO CORAÇÃO! VINGANÇA PELO URSO POLAR TACO!

Para envios de aporte: @peleacomoluisatoledo2 | @accionvegan e

mediolibrelazarzamora@riseup.net

@accionyliberacion @archivoalf @biblioafilandolasideas @solidaridadsubersiva

lazarzamora.cl

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

O vaso da varanda
exala um doce perfume —
Uma flor-de-cera…

Tania Alves

1º Festival do Filme Anarquista do Paraguai

Este primeiro festival reúne diversos materiais de todo o planeta, agradecemos às afinidades pelo apoio e contribuição, compartilhando os materiais para serem exibidos neste lugar esquecido que é o Paraguai.

Ainda temos tempo, então agendem essas datas…

Agradecemos ao Crudo por nos ceder este espaço. Sim, sim, sim, sim, já temos um local e uma data!

Terça-feira 13 e quarta-feira 14 de maio de 2025
Onde? Crudo, Caballero 793 – Microcentro de Assunção
Acesso: 10.000 Gs.

O valor arrecadado com os ingressos será destinado aos custos da atividade.

Estamos felizes por podermos compartilhar esse espaço e esses materiais.

Forneceremos mais informações no decorrer dos dias.

Agradecemos a divulgação!

>> Mais infoshttps://www.instagram.com/difusionanarko/

agência de notícias anarquistas-ana

Fumaças vermelhas
da tempestade de pó
devoram o sol.

Masuda Goga

Mundo teve em 2024 o maior número de execuções em quase 10 anos, afirma Anistia Internacional

Foram registradas 1.518 aplicações da pena de morte no ano passado, alta de 32% em relação ao ano anterior; Irã, Iraque e Arábia Saudita lideram lista, que não tem dados da China

O número de execuções no mundo alcançou seu nível mais alto em uma década, sendo particularmente elevado em Irã, Iraque e Arábia Saudita, segundo o relatório anual da Anistia Internacional (AI) sobre a pena de morte publicado nesta terça-feira (08/04).

A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, registrou 1.518 execuções em 2024, o que representa um aumento de 32% em comparação com 2023. Além disso, este é o segundo maior número registrado desde 2015, quando 1.634 pessoas foram executadas.

A China, que realiza a maior quantidade de execuções no mundo, segundo a Anistia Internacional, não foi incluída neste relatório devido à falta de informações disponíveis, assim como a Coreia do Norte e o Vietnã. Pelo segundo ano consecutivo, o número de países que executaram prisioneiros é o menor já registrado, 15.

— A pena de morte é um crime atroz que não tem lugar no mundo atual — declarou a secretária-geral da AI, a francesa Agnès Callamard.

Segundo a Anistia, Irã, Iraque e Arábia Saudita foram responsáveis, no ano passado, por 91% das execuções contabilizadas.

— Enquanto alguns países, que segundo nós são responsáveis por milhares de execuções, continuam escapando do escrutínio ao agirem de forma secreta, é evidente que os que mantêm a pena de morte constituem uma minoria — acrescentou Callamard.

O Irã, por si só, representa 64% das execuções conhecidas, com 972 pessoas em 2024. Na Arábia Saudita, onde a decapitação é uma das formas usadas nas execuções, o número dobrou, passando de 172 para 345, enquanto no Iraque aumentaram em quase quatro vezes, de 16 para 6

A organização ainda acusa alguns países de instrumentalizarem a pena de morte contra manifestantes e certos grupos étnicos. É o caso do Irã, que executou participantes do movimento “Mulher, vida, liberdade” de 2022, inclusive contra um jovem com deficiência mental, segundo a AI.

A Arábia Saudita seguiu utilizando a pena capital para silenciar os dissidentes políticos e punir os membros da minoria xiita que apoiaram manifestações há 10 anos, acrescenta a Anistia.

— Aqueles que se atrevem a desafiar as autoridades enfrentam o castigo mais cruel, especialmente no Irã e na Arábia Saudita, onde a pena de morte é utilizada para silenciar quem tem coragem de se expressar — assinalou Callamard.

Segundo o relatório, 25 pessoas foram executadas nos Estados Unidos em 2024, uma a mais que em 2023.

As condenações relacionadas às drogas representam mais de 40% das execuções no mundo, afirma a ONG, e embora o número de países que aplica a pena de morte seja considerado baixo, algumas nações consideram mudar seus códigos penais.

Maldivas, Nigéria e Tonga estão considerando introduzir a pena capital para crimes relacionados com as drogas, indica a Anistia. República Democrática do Congo e Burkina Faso também anunciaram sua intenção de restabelecer as execuções por crimes comuns, explica a AI.

Atualmente, 145 países proibiram a pena de morte ou não a aplicam, segundo a organização de defesa dos direitos humanos.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

Guardei para você,
num verso de porcelana,
as flores da manhã.

Eolo Yberê Libera

[Holanda] Feira Anarquista em Amsterdam

Todos nós já passamos por isso, o mundo é uma merda, o sistema é péssimo e você quer fazer algo, mas não sabe o que e por onde começar.

Boas notícias: existem alternativas e redes de apoio mútuo e você pode se unir a elas para fazer a diferença.

Começar coisas novas pode ser aterrorizante e o estereótipo do anarquista assustador não ajuda, mas o anarquismo é recuperar o poder que o capitalismo e o sistema tiraram de você. Somos anarquistas: nos organizamos horizontalmente, cuidamos uns dos outros e da comunidade, organizamos nossos próprios espaços. Não esperamos ser salvos por um Estado ou um líder, salvamos uns aos outros e a nós mesmos. Já estamos criando a sociedade que tanto desejamos, já estamos criando espaços onde essa liberdade pode ser encontrada.

A anarquia é uma forma de convivência em sociedade; uma sociedade na qual as pessoas vivem como irmãos e irmãs sem poder oprimir ou explorar os outros e na qual todos têm à sua disposição todos os meios que a civilização da época pode fornecer para que alcancem o maior desenvolvimento moral e material possível. E o anarquismo é o método para alcançar a anarquia, por meio da liberdade, sem governo – isto é, sem aquelas instituições autoritárias que impõem sua vontade aos outros pela força…” (Malatesta)

Portanto, junte-se a nós na quinta-feira, 10 de abril, para nossa próxima edição da Feira Anarquista (é como uma feira de empregos, mas você não será pago). Estarão presentes vários coletivos, desde apoio mútuo até uma gráfica independente, médicos de rua, AG [Grupo Anarquista Amsterdam] e outros coletivos. Venha e engaje-se para seu primeiro (ou próximo!) passo na organização autônoma.

Também teremos zines, adesivos, pôsteres e outras informações gerais sobre como iniciar sua jornada rumo ao ativismo e ao anarquismo.

Se o seu grupo estiver planejando se juntar a nós, envie-nos um e-mail para que possamos aguardá-lo.

agência de notícias anarquistas-ana

Rede à beira-mar.
Embalado pela brisa
gostosa soneca.

Alberto Murata

O livro “Neno Vasco por Neno Vasco: fragmentos autobiográficos de um anarquista”, de Thiago Lemos, já está disponível para ser baixado gratuitamente

Apresentação

A partir de uma perspectiva que tensiona singularidade e totalidade, o autor deste livro discorreu sobre o desenraizamento da classe trabalhadora na mundialização do capitalismo e o consequente recrudescimento do nacionalismo e da xenofobia. Falou sobre as questões de gênero e o patriarcado, a exploração da força de trabalho e a luta de classes; a promiscuidade entre religião e política, a violência dos opressores e a reação dos oprimidos; os significados da Guerra e da Revolução… Todos estes foram os sintomas que Neno Vasco analisou e que Thiago Lemos conseguiu, com um olhar sensível e escrita afiada, perceber como se repetem até os dias de hoje.As suas manifestações podem ser diferentes, mas estão sempre presentes, latentes, no corpo social até o dia em que Capital e Estado deixarem de existir. Thiago, quando traz os textos de Neno, faz ecoar a forma como o anarquista buscou lidar com esses sintomas, quais foram as suas propostas para tal ou mesmo acabar com esses sofrimentos – e talvez essa seja uma das lições mais importantes deste livro“. (Vitor Ahagon)

>> Baixe aqui:


https://www.academia.edu/96069120/Neno_Vasco_por_Neno_Vasco_fragmentos_autobiogr%C3%A1ficos_de_um_anarquista

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/05/14/neno-vasco-sobre-o-inventario-de-uma-vida-e-as-lacunas-de-toda-uma-existencia/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/04/03/resenha-neno-vasco-por-neno-vasco-fragmentos-autobiograficos-de-um-anarquista/

agência de notícias anarquistas-ana

Gota de orvalho
na coroa dum lírio:
Jóia do tempo.

Érico Veríssimo

[Itália] A guerra ou a vida. Políticas bélicas e devastação da natureza

Apesar dos quartéis verdes e das bases militares que “favorecem” a transição ecológica (como foi escrito no primeiro projeto da base prevista em Coltano, na província de Pisa), a guerra verde não existe. Nem qualquer painel solar ou plantação de árvores pode compensar a natureza ecocida da guerra, expressão mais evidente do violento sistema capitalista, patriarcal e colonial em que vivemos.

Hoje, mais do que nunca, é necessário aprofundar sistematicamente a relação entre guerra, apropriação de recursos e crise climática, para compreender como a guerra acelera o processo já em curso de devastação da natureza da qual depende nossa vida, e identificar os elos da engrenagem belicista que podem ser quebrados por meio de lutas e novas alianças.

Há poucas semanas, metade da Itália estava literalmente com a água até o pescoço, com lama nas casas, terrenos inundados, rios cheios de lixo. Poucos dias antes do desastre que atingiu (pela enésima vez) a Toscana e a Emilia-Romagna, a União Europeia lançou o RearmEU, um projeto para o rearmamento maciço dos países europeus no valor equivalente a 800 bilhões de euros.

Não é uma coincidência de datas, é o paradoxo que habitamos e no qual nos movemos. Lama e fuzis.

Neste contexto, a relação entre guerra e meio ambiente é múltipla.

Em primeiro lugar, a guerra segue uma lógica de competição pela apropriação de recursos considerados estratégicos para os estados e os capitais. Isso é tradicionalmente verdadeiro no que diz respeito à aquisição de recursos fósseis como gás e petróleo, à conquista de bacias hidrográficas, mas também à apropriação de minerais críticos como lítio e cobalto, que se tornaram estratégicos na transição ecológica de modelo capitalista. A competição pelo domínio sobre a natureza e seus recursos é um dos eixos em torno dos quais gira a guerra global e ao redor do qual serão redesenhadas novas geografias do poder. O relatório publicado em 2024 pela Greenpeace, intitulado “Economia a mão armada”, destacou que 60% dos gastos da Itália com missões no exterior estão relacionados à defesa de ativos energéticos estratégicos. Essa tendência nacional reflete uma tendência global de militarização ligada à energia, como se pode ver nas missões militares ou na militarização de áreas para proteger infraestruturas estratégicas, como ocorreu, por exemplo, ao largo da costa salentina, em defesa do TAP após a sabotagem do Nord Stream.

Em segundo lugar, a guerra consome sistematicamente os recursos da coletividade para a reprodução material da cadeia bélica. Isso ocorre sempre que o solo é cimentado para a construção de bases militares, quando florestas e bosques são derrubados para construir corredores logísticos funcionais ao transporte de armas e meios militares, como ocorre entre Pisa e Livorno com as obras de ampliação da estação de Tombolo, que visam aumentar a operacionalidade da linha ferroviária direta para o porto de Livorno, de onde partem e chegam armas, ou quando recursos vitais como a água são retirados para sustentar os assentamentos militares em áreas com constante escassez hídrica, como no caso da base militar siciliana de Niscemi.

Esse tipo de expropriação sistemática a que os territórios são submetidos constitui uma ameaça direta à vida das comunidades, que veem seus recursos fundamentais sendo retirados para o atendimento das necessidades essenciais, como beber, aquecer-se ou comer, já profundamente ameaçadas pela degradação ecológica que nos deixa como herança cursos de água contaminados, salinização dos rios, perda de solo e biodiversidade, exaustão dos recursos ambientais. Assim, enquanto água, energia e comida são transformadas em mercadoria por um mercado predatório que tenta invadir e privatizar cada recurso natural, a cadeia bélica global continua a consumir recursos que – em nome de um suposto confronto entre povos e civilizações, usado para esconder os interesses das elites belicistas – está levando toda a humanidade à ruína. Esse 1% de super ricos que – segundo dados da Oxfam – é responsável por emissões equivalentes ao dobro das do 50% mais pobres do mundo, e que deveria arcar com o custo de uma transição ecológica e social justa, hoje está liderando o projeto de rearmamento global. Mais dinheiro para eles, mais degradação das condições de vida para nós.

Em terceiro lugar, os exércitos usam estrategicamente a alteração dos ecossistemas, a contaminação e a extração de recursos como armas de guerra. O Movimento No MUOS, no folheto intitulado “Universidade e guerra”, destacou, por exemplo, o uso, pelo exército dos EUA durante a Guerra do Vietnã, de técnicas de semeadura de nuvens para aumentar as precipitações, derrubadas massivas de árvores e o uso de substâncias químicas como o agente laranja para dificultar as operações de resistência do Vietcong. O controle de recursos naturais como instrumento de guerra também é central no sistema de apartheid de Israel nos territórios palestinos e no genocídio em curso: Israel, de fato, controla desde 1967 muitas das reservas de água no território e, posteriormente, com os bombardeios maciços dos últimos meses, atingiu os sistemas de dessalinização e as infraestruturas que tornavam a água potável e acessível aos palestinos, condenando-os a uma crise hídrica e sanitária.

Por fim, a cadeia bélica não só se reproduz através do uso da natureza, mas também tem um impacto direto sobre o meio ambiente, os ecossistemas e o clima. Um impacto que foi estudado de muitos pontos de vista, mas que é incomensurável em sua complexidade justamente pela dificuldade de estabelecer o custo ambiental de uma bomba, desde a fase de fabricação até a fase de explosão. Produção de armas e outros sistemas militares, movimento maciço de veículos por terra e ar, exercícios, testes nucleares, acionamento de mega parabólicas para a comunicação via satélite militar, são apenas algumas das atividades diretamente conectadas ao setor militar.

Poluição do ar, contaminação de cursos de água, radiações, ondas eletromagnéticas, desmatamento, erosão da costa, e muitos outros são os efeitos ambientais da guerra que ameaçam as condições de vida de todos os seres vivos.

Não só é difícil ter uma estimativa precisa do impacto ambiental da guerra ou de um único elo da cadeia bélica, mas o impacto de algumas dessas atividades se propaga ao longo do tempo, já que – por exemplo – os metais pesados derivados dos exercícios nos campos de tiro permanecem no subsolo por longos períodos ou as minas anti-pessoal podem explodir anos após seu uso.

Hoje, é impensável viver sem a defesa das condições para sua própria reprodução, e é impossível defender tais condições de vida sem uma luta pela libertação da natureza do capital. Nesse terreno, a guerra – que é um fato total – constitui o primeiro inimigo. Um ecologismo popular, antimilitarista e internacionalista é a única alternativa.

Paola Imperatore

Fonte: https://umanitanova.org/o-la-guerra-o-la-vita-politiche-belliche-e-devastazione-della-natura/

Tradução > Liberto

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/03/espanha-nao-nos-resignamos-ao-rearmamento-e-a-guerra-na-europa/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/02/espanha-dizemos-nao-a-guerra-e-ao-gasto-militar/

agência de notícias anarquistas-ana

livro aberto gelado
o norte geme no vento
sobre a página branca

Lisa Carducci

[Grécia] A ocupação Exostrefi é um espaço de luta e liberdade, a ocupação permanecerá!

A ocupação Exostrefi enfrenta uma ameaça imediata de despejo, enquanto a Prefeitura de Atenas prossegue com a legalização do edifício não autorizado para fins de exploração comercial. Para que essa legalização ocorra, um pré-requisito é a desclassificação da área como terra florestal. Equipes da EYDAP já apareceram na área, indicando intervenções iminentes.

Como Assembleia Antiespecista Libertária, defendemos as árvores, os animais do morro e a ocupação Exostrefi, que é parte integrante da existência e nossa presença no movimento anarquista. Neste espaço, nós nos organizamos e agimos. Aqui realizamos nossas assembleias toda semana, aqui organizamos eventos, exibições, ações em apoio aos companheiros presos e perseguidos, aqui apoiamos animais humanos e não humanos, aqui promovemos a luta pela anarquia e pela libertação total. E continuaremos a fazê-lo.

A defesa da ocupação Exostrefi não diz respeito apenas à nossa própria assembleia, mas é uma questão mais ampla do movimento e da comunidade do bairro. Manter esse espaço livre e auto-organizado constitui uma barreira à comercialização de espaços públicos e à supressão de iniciativas auto-organizadas. Apelamos a todos os indivíduos que atuam com os valores de auto-organização, solidariedade e resistência à imposição estatal e capitalista, para que estejam vigilantes contra qualquer possível operação contra a ocupação, defendendo a Exostrefi como um espaço de luta e liberdade.

10, 100, 1000 ocupações contra um mundo de poluição organizada!

Contra a mercadorização da Colina Strefi e a conversão do local em lojas!

Ocupação Exostrefi

agência de notícias anarquistas-ana

Calmo entardecer —
Revoada de beija-flores
alegra o jardim…

Clície Pontes

[Grécia] Tessalônica: Faixa gigante na fachada da ocupação Libertatia no âmbito da campanha #ReclaimLibertatia

Pendurando uma faixa gigante na fachada da ocupação Libertatia no âmbito da campanha #ReclaimLibertatia
 
Abaixo está um trecho do anúncio político da ocupação sobre o lançamento da campanha:
 
[…] Como assembleia da Ocupa Libertatia, estamos lançando a campanha #ReclaimLibertatia. Nosso objetivo é tornar a causa da Libertatia tão amplamente conhecida quanto possível pelo movimento e pela sociedade em geral. Nos próximos dias, continuaremos com ações para destacar a luta em defesa da Libertatia, convocando as pessoas solidárias que nos apoiaram ao longo dos anos a se juntarem aos movimentos que visam recuperar a ocupação. Já deixamos claro no passado que nosso objetivo é reocupar o edifício e devolvê-lo ao seu devido lugar: nas mãos do movimento, dos militantes, de todos aqueles que imaginam e lutam por um mundo sem classes, um mundo de verdadeira liberdade, igualdade, justiça e criação.
 
16 ANOS NÃO É SUFICIENTE, OCUPAÇÃO PARA SEMPRE NA LIBERTATIA
LUTA PELA VIDA E PELA LIBERDADE
 
#ReclaimLibertatia
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/09/03/grecia-sobre-o-despejo-da-ocupacao-libertatia/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
No pensamento
Um esqueleto abandonado –
Arrepios ao vento.
 
Bashô