Companheiros e Companheiras anarquistas:
Nos alvores do século XXI, a barbárie do capitalismo mundial manifesta-se através do aumento da exploração, da miséria e da morte de milhões de seres humanos. A arbitrariedade, o roubo, a violência, a dominação e a discriminação continuam a ser os motores que impulsionam a civilização capitalista nesta era de novos conhecimentos e tecnologias. Por fim a cobiça das empresas provoca a destruição descontrolada dos recursos naturais do planeta.
Os Estados dominantes no mundo recorrem à guerra para exercer a hegemonia que lhes permitirá submeter e saquear os países e as sociedades. Do mesmo modo os Estados e os governos de diferentes origens políticas usam a repressão e procuram aniquilar os movimentos sociais para sufocar as chamas libertárias da insurreição, na tentativa de acabar com as greves e as revoltas populares que – com dignidade e por um novo mundo – lutam contra a barbárie da exploração e da dominação.
A exploração, a dominação, a espoliação, a discriminação e uma devastação gritante dos recursos naturais que resultam desta situação não só legitimam mas tornam necessária, agora, mais do que nunca, toda a luta contra o capitalismo e o Estado
No México, a exploração e a miséria deixaram um rastro de 55 milhões de pobres, salários de miséria, a destruição dos direitos laborais, o desemprego e a imigração. Fome, exploração e morte para o povo mexicano. Em contrapartida, para os senhores do poder e com muito dinheiro, lucros elevados e uma crescente concentração de riqueza. No entanto, e contra o que os seus dominadores desejam, o povo mexicano não se deixou abater, resiste, rebela-se e constrói alternativas contra a miserável realidade da fome, do roubo e da violência a que querem condená-los os ladrões e exploradores empresariais e governamentais.
À tenaz rebeldia do povo mexicano, o Estado responde com a perseguição, a detenção, o desaparecimento e o assassinato dos homens e das mulheres dignos que lutam contra todas as injustiças e desejam uma transformação radical do sistema. A aposta das elites políticas e econômicas é a do terrorismo de Estado através da militarização do país e da criminalização dos indivíduos e dos movimentos sociais insurgentes.
Com efeito, o Estado impõe a insegurança, o medo e a repressão em muitas áreas sociais, a fim de imobilizar a sociedade. O povo, longe de se deixar paralisar, resiste e rebela-se contra essa opressão e esse terror: luta contra a desapropriação das suas terras; protesta contra a construção de barragens, defende os ecossistemas contra a voracidade das empresas de construção, resiste à biopirataria das empresas biotecnológicas; protesta contra a Igreja e contra os reacionários de todos os quadrantes que visam impedir os direitos das mulheres e dos homossexuais, bissexuais e transgêneros de usufruírem o livre exercício de seus corpos, desejos e afetos, contra empresas privadas que lucram com os espaços públicos, como a auto-estrada oeste, Metrobus e linha 12 do Metrô, na Cidade do México, exige liberdade para os presos e presas políticos, a autonomia indígena e constrói nas ruas, para exigir seu direito à saúde, educação, habitação, terra, pão e a liberdade. Em suma, enquanto os senhores do poder e do dinheiro espalham o medo, a fome e a violência, o povo semeará a autonomia, liberdade e dignidade.
A repressão do Estado, mas, acima de tudo, a força do povo mexicano, tornam inadiável a necessidade dos e das anarquistas de todo o país se reunirem no Primeiro Congresso Anarquista para se trocar impressões acerca da forma como nos queremos organizar, como lutar contra o Estado e o capital hoje e como acompanhar a rebelião do povo até à construção de um mundo novo sem exploração e sem dominação.
O propósito do Primeiro Congresso Anarquista no México é criar um espaço de encontro, de diálogo e ação para a prática do apoio-mútuo, conhecer as nossas insurgências, trocar experiências, acordar – entre aqueles que o desejarem – atividades e ações conjuntas contra a exploração e a dominação atuais. O Congresso Anarquista não pretende homogeneizar a luta e o pensar das diferentes formas de entender e agir dos anarquistas do país, o que constituiria de resto uma pretensão contraditória com a nossa natureza libertária.
O Congresso Anarquista também não pretende hegemonizar as diversas forças e tendências ácratas que atualmente estão espalhadas por todo o país, o que seria uma contradição e iria contra os mais elementares princípios libertários. Enfatizamos que o Congresso Anarquista não pretende centralizar nem hegemonizar a ação e o pensar dos libertários, ou criar vanguardas ou dirigentes do nada nem de ninguém.
O Primeiro Congresso Anarquista do México pretende criar um espaço de encontro, diálogo e de apoio-mútuo entre os anarquistas que fortaleça a ação anarquista contra a investida da repressão dos governos do PAN, PRI e PRD, assim como criar um espaço que permita dar continuidade à revolta social e cultural dos anarquistas de todo o país.
O espaço de encontro, diálogo e apoio-mútuo – que se pretende construir com o Primeiro Congresso Anarquista no México – é inspirado na ética anarquista que se baseia na autonomia individual, na fraternidade e na igualdade dos seres humanos.
Inspirados por esses princípios éticos, diversos indivíduos e grupos anarquistas realizaram uma série de reuniões com o objetivo de convocarem os nossos irmãos e irmãs para a sua participação no Primeiro Congresso Anarquista no México, a ser realizado na Cidade do México em 29, 30 de abril e a 1 de maio de 2011, no Auditório Che Guevara.
Companheiros e Companheiras anarquistas:
A urgente necessidade de destruir a exploração e a dominação da podre civilização capitalista, assim como a aspiração de construir, aqui e agora, uma sociedade de pessoas autônomas, livres, iguais e respeitosas da natureza, levaram-nos à convocação da realização do Primeiro Congresso Anarquista no México.
Esperamos que o seu coração e a sua palavra verdadeira e libertária construam com todos e todas nós esse espaço de liberdade, rebeldia e apoio-mútuo. Além disso, instamos os anarquistas que vivem nos estados da República a confirmar a sua participação no Primeiro Congresso Anarquista o mais rapidamente possível para preparar o seu alojamento, bem como providenciar apoios financeiros para contribuir para a sua deslocação desde o local de origem até à Cidade do México.
Saúde e Revolução Social!
México, Planeta Terra, Janeiro de 2011.
Fraternalmente.
• Indivíduos da Federação Local Libertária (FLL)
• Projeto TV Neza
• Estudantes ácratas da Faculdade de Ciências da UNAM
• Membros do Auditório “Che Guevara”
• Pensamento Ingovernável-FLL
• Célula Anarco-feminista
• Fanzinoteca do Auditório “Che Guevara”
• Cruz Negra Anarquista
• Estudantes do Politécnico
• Indivíduos libertári@s
• Coletivo Autônomo Magonista-FLL
• Motim-FLL
• Filhos do Povo-FLL
• KontrAxãoZocial
• Coletivo Libertário Resiste Luta Constrói
Tradução > Liberdade à Solta
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!