Desde 2007, um grupo de anarquistas está participando de uma luta camponesa em Yogyakarta, um “território especial” no centro de Java, na Indonésia. Na zona costeira de Kulon Progo, os agricultores resistem a uma mineradora de ferro e uma industrialização crescente, que ameaça a sua terra e sua existência. Foram organizados na PPLP-KP (Associação de Produtores Costeiros, Kulon Progo) diferentes batalhas contra os poderes econômicos. Várias vezes, milhares de agricultores se uniram de forma combativa para enfrentar os investidores.
Yogyakarta é considerado um território especial e tem leis diferentes, por seu papel histórico do reino de Java. No momento, um conflito entre o governo local e o estado central está criando obstáculos à exploração econômica da área, visto que o sultão de Yogyakarta luta por mais autonomia local. Liberais e ONGs consideram o sultão como o mais democrático das autoridades públicas, embora, obviamente, nada é mais do que um jogo de poder. Se ganhar o sultão, os agricultores serão igualmente explorados, uma vez que a empresa local de minério de ferro, Ferro Jogja Magasa, pertence a sua filha.
Até agora, a polícia e o exército não foram motivados a reprimir a luta campesina com todas as suas forças, porque ainda não apareceu o dinheiro para pagar as suas propinas, visto que o conflito político não está resolvido e a resistência camponesa abalou grande parte da possível inversão econômica.
Os grandes investidores são empresas japonesas e uma importante empresa australiana, Kimberly Diamond, que em seus projetos na Indonésia se chama Indomines. Apesar da resistência, os planos de desenvolvimento seguem, porque a mineradora de ferro é apenas um pré-requisito para outros mega projetos. A área de Kulon Progo é vista como economicamente estratégica para o desenvolvimento industrial e penetração de mineradoras em toda a Java central. É por isso que o Estado pretende construir uma estrada, aeroporto e mais infra-estrutura no território, os quais tais projetos seriam financiados pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (Asian Development Bank).
Tentam criminalizar a luta dos camponeses, mas ainda não conseguiram impor a lei de seus tribunais. Os agricultores não respeitam as leis e, de acordo com companheiros de lá, “os camponeses vêem toda a lei como a língua do inimigo”. Tampouco confiam nas ONGs e nos esquerdistas, que sempre tentam se infiltrar na sua luta, e várias vezes chegaram pessoas da esquerda em suas assembléias. Com os anarquistas, pelo contrário, têm bons relacionamentos. Juntos criaram um centro social, Gerbong Revolusi (que tem uma biblioteca, estação de rádio, espaço infantil e espaço para assembléias e repouso). Também coordenaram uma rede de solidariedade com os anarquistas na Austrália e estabeleceu uma rádio comunitária.
Para obter mais informações, leia (em Inglês):
› http://hidupbiasa.blogspot.com/2009/12/tale-of-sand.html
Atualidades:
Quinta-feira, 24 de fevereiro. A empresa mineradora tentou reabrir seu escritório e as suas operações, que em dezembro passado os camponeses haviam fechado e destruído. Falhou, e os locais estão fechados.
Segunda-feira, 28 de fevereiro. A Ferro Jogja Magasa e alguns investidores japoneses não vieram para uma reunião, ao redor da mina.
Quarta-feira, 2 de março. Nove carros da polícia fortemente armada passou pelo projeto.
Quarta-feira, 7 de março. 31 caminhões da polícia, 700 da Brigada Policial Móvel, com canhão de água, veículos especiais para os detidos, cães da polícia, armas de gás lacrimogêneo e armas militares, ocuparam a cidade.
Chamamos a solidariedade urgente!
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!