No sábado, 18 de junho, dezenas de anarquistas e de outros membros da comunidade realizaram um estridente protesto contra a gentrificação e o capitalismo verde em Greenbridge, um complexo “verde” de condomínios de luxo para eco-yuppies.
Manifestantes seguravam do lado de fora do empreendimento faixas enquanto outros ocupavam o complexo como forma de expressão da sua indignação contra a remoção de inquilinos do bairro. Três pessoas foram presas e acusadas de crime de “incitamento a um motim” e destruição de propriedade e contravenção, sendo posteriormente postos em liberdade sob fiança.
A manifestação chamou a atenção para todos os condicionamentos infligidos pelo projeto, através de um empreendimento construído sob os protestos de membros da comunidade, por uma coalizão de multi-milionários que pretendem lucrar com a mania burguesa de todas as coisas serem “verde”, “eco” alguma coisa. Mas o dinheiro é a única coisa verde em Greedbridge, como foi apelidado pelos residentes.
Segundo relatos, dois grupos de manifestantes convergiram para o empreendimento por volta das 14 horas: um grupo de cerca de 20 pessoas estavam na rua em frente, enquanto um segundo grupo de aproximadamente 25 pessoas, alguns mascarados, entrou no complexo e feito uma ruidosa ocupação, batendo palmas e cantando slogans anti-gentrificação. A polícia alega que uma mesa, algumas peças de arte e o chão do hall de entrada ficaram danificados. Lá fora, os manifestantes seguravam faixas onde se podia ler: “Agüente se você não puder pagar o seu aluguel”, “Greenbridge está fechado”, “Guerra Total à Gentrificação”, enquanto distribuíam panfletos aos transeuntes. Quando a polícia chegou, os manifestantes do lado de dentro se dispersaram, enquanto que o protesto de fora continuou por mais 45 minutos. Este último protesto é apenas a mais recente escalada de uma campanha em curso contra o “desenvolvimento verde” e a gentrificação em Chapel Hill.
Desenvolvimento Capitalista Verde e Resistência
Nos últimos dois anos e meio, os anarquistas de Chapel Hill, juntamente com um amplo grupo de inquilinos, proprietários, igrejas, trabalhadores e estudantes têm vindo a lutar contra a construção de um enorme condomínio de luxo chamado “Eco-Greenbridge”. Muitos acreditam que este projeto acelerou o ritmo da gentrificação e de remoção em Northside – e arredores-, um bairro historicamente afro-americano que, apesar da constante movimentação de estudantes, permanece em grande parte multi-racial e da classe trabalhadora. Este bairro também é lar de anarquistas, que junto com vizinhos e amigos perderam as casas devido a presença das empreiteiras desenvolvimentistas e dos especuladores que compram todos os bens disponíveis e aumentam substancialmente os aluguéis.
O protesto que ocorreu sábado, 18 de junho, contra a Greenbridge foi apenas o ato mais recente em uma já longa resistência a este projeto. Resistência que tem tomado muitas formas, incluindo fóruns da comunidade em uma livraria local radical, igreja hospedando encontros, contrainformação para minar a imagem do empreendimento, faixas de protesto, uma chamada para um boicote em toda a cidade, assinada por mais de 60 famílias de Northside, destruição de janelas no escritório do empreendimento, uma “expulsão” do empreiteiro geral do projeto, a fundação de um centro destinado a preservar histórias de residentes de Northside chamado “vida e história”, graffitis e literalmente milhares de cartazes “lambe-lambe” pelos muros, para além de telefonemas de ameaças de bomba. Esta luta aprofundou fissuras de longa data entre a esquerda liberal predominantemente branca, que mantêm uma forte hegemonia política em Chapel Hill e vários agrupamentos de instituições locais de negros, estudantes, lojistas, trabalhadores de serviços e anarquistas (que são demografias sobrepostas).
Encorajador é o fato de que, apesar do apoio dos “desenvolvimentistas ricos” e da esquerda local, a oposição (juntamente com a recessão econômica) conseguiu manter o projeto de joelhos. Greenbridge só foi capaz de vender 36 de suas 97 unidades residenciais e não foi capaz de pagar sua dívida. Quase sem paredes, todo o primeiro espaço comercial permanece vazio e inacabado e o Bank of America recentemente começou o processo de encerramento. Enquanto a conclusão está atualmente em espera, há um vínculo com o imóvel, impedindo Greenbridge de vender mais unidades. Sem mais capital de investimento, eles estão estagnados e madurinhos para a ocupação. Ou seja, a oposição conseguiu um feito: a possibilidade de um projeto popular no lugar de um símbolo altamente controverso do liberalismo e do elitismo racista dos ricos. Embora o processo de aumentos de renda e gentrificação tenha continuado, existiu um painel de candidatos a prefeito, que, por unanimidade, declarou no ano passado que eles “não apóiam mais o projeto Greenbridge”, e até mesmo a Câmara Municipal, pediu uma moratória sobre o desenvolvimento na área. Em Chapel Hill, “Greenbridge” tornou-se uma palavra suja.
Tradução > Liberdade à Solta
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!