Estas IV Jornadas realizaram-se entre 15 e 18 de Junho no Ateneu Científico, Literário e Artístico de Madri, graças ao apoio das secções de Fotografia, Economia e Iberoamericana, com a ajuda inestimável da Fundação Aurora.
O Ateneu revelou-se um lugar tranqüilo, propício para desenvolver em profundidade apresentações e debates, tal como assim sucedeu, tendo contado com uma boa assistência e participação empenhada embora com opiniões diversas e às vezes contestadas mas sempre com a intenção de ir mais longe no tema proposto. E no final de cada Jornada sempre à despedida com uma onda de aplausos para todos.
A primeira palestra a cargo de Julio Reyero “Teresa de Calcutá, uma mulher diferente” abriu com o documentário de Christopher Hitches: Holl`s Angel:”Mother” Teresa (“Madre” Teresa: Anjo do Inferno). Um trabalho árduo de tradução e legendação com excelentes resultados. Julio nos advertiu que na internet circula uma versão deste vídeo com uma tradução muito deficiente, pois não corresponde aos diálogos.
O debate iniciou-se com a intervenção de um assistente que expressou o seu desacordo com o conteúdo do vídeo por estar, segundo ele, manipulado, dirigido pelas multinacionais, em que se falava mal de Teresa porque morreu e não estava presente para se defender. Apesar de ser tudo adjetivos, foi o próprio Julio que o rebateu recordando a participação da Igreja em várias multinacionais, os cumprimentos desta freira a ditadores como Duvalier… Esta mulher era militante anti-aborto e anti-divórcio, propagava o sofrimento (muito cristão) entre os moribundos, negava medicamentos como antibióticos em enfermidades renais graves… O debate decorreu em torno de uma personagem que a Igreja mantém como ídolo e exemplo a seguir, cuja realidade é muito diferente da oficial.
“Deus marca as horas: O tempo sem relógio” foi o tema da segunda conferência a cargo de Elena Sanchez que abordou as diferentes concepções do tempo de forma brilhante. O tempo linear de Kronos, com princípio e fim e um trajeto a seguir, tal como hoje é visto, o antes e o depois; o tempo circular de Aion onde não há princípio nem fim, só transformação, o tempo do prazer e do desejo onde o relógio desaparece; e, finalmente, Kairos, o momento e lugar único que não é presente e está sempre por chegar.
Muito participativo este debate sobre as concepções do tempo e no qual se abordou a concepção linear do tempo do cristianismo como escatologia no significado referente à vida depois da morte.
“A Igreja anti-franquista” Como deve aparecer? Como afirmação ou como ponto de interrogação? Foi esta a abordagem que Alfredo Gonzalez utilizou na sua apresentação, dinâmica exposição que nos leva dos primórdios do século XX até à Transição sem que em nenhum momento a Igreja como instituição se pareça comportar-se ou declarar-se antifranquista. Também se falou nos bispos bascos, na ORT, nos sindicatos cristãos e católicos, no surgimento da democracia cristã, nos membros da Companhia de Jesus no Comitê Central do PCE, nos Cristãos pelo socialismo, no padre Llanos, na editorial Zero-ZYX e no meio libertário…
E por fim o último dia com “Para além do éden”. O Coletivo Escola Livre veio de Barcelona para falar do seu caderno didático sobre ateísmo. Discutiram-se temas sobre investigação, filosofia e ética numa primeira parte para passar a definir o dogma; também a medicina, o aspecto sócio-político da religião, os xamãs, o horóscopo e a sua difusão na televisão foram temas tratados. O medo da morte justifica a religião e a torna necessária… Este último tema foi tratado juntamente com a ciência e foi aquele a que se dedicou mais tempo para debater se seria comparável a negação da existência de Deus à da sua afirmação (ambas as posições fechadas…)
Bom final para estas IV Jornadas!
Grupo Anarquista Volia
Tradução > Liberdade à Solta
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!