[A polícia canadense criou a unidade GAMMA, uma seção especial de investigação dedicada à perseguição e monitoramento de anarquistas pelo país.]
A criação de uma unidade da polícia de Montreal – que tem como alvo os “vândalos anarquistas” e a qual um simpatizante anarquista disse: “é uma declaração de guerra” – é uma prova a mais de que a polícia discrimina as pessoas por suas crenças políticas e estilos de vida.
Alexandre Popovic, um porta-voz da Coalizão Contra a Repressão e a Brutalidade Policial, disse que uma unidade da polícia de Montreal chamada “Guet des Activités des Mouvements Marginaux et Anarchistes” (Acompanhamento das Atividades dos Movimentos Marginais e Anarquistas), ou GAMMA , enfatiza o uso de estereótipos sociais que impedem a expressão jurídica da oposição às políticas sociais e legais. “É ridículo […] eles têm uma caricatura estereotipada dos anarquistas”. Os anarquistas acreditam na oposição à autoridade, mas também têm famílias, organizam feiras de livros, discussões intelectuais: “a maioria de nossos membros são pacíficos; nunca atiraram uma pedra na vida”.
Segundo Popovic, uma queixa sobre a nova unidade policial foi submetida à Comissão de Direitos Humanos de Quebec: “A Comissão tem de lembrar à polícia de que não estamos em um estado policial. Temos o direito de discordar e até mesmo ter pensamentos os quais não gostem”.
Jacques Robinette, assistente do chefe da polícia de Montreal e diretor de investigações especiais, disse que a GAMMA foi criada em janeiro, para fazer frente a atos de vandalismo crescentes, e aos ataques à polícia durante as reuniões públicas e manifestações: “A unidade é um complemento para a unidade de crime organizado. Táticas utilizadas pelos investigadores para controlar as gangues podem ser usadas para visualizar líderes anarquistas que se infiltram em protestos pacíficos em contrário”. Robinette negou-se a dizer quantos agentes policiais estão na unidade.
No passado, a polícia utilizou câmeras de vídeo nos protestos, para identificar baderneiros – “Muitas vezes há bandeiras e seus mastros, sendo usados para quebrar as janelas e ferir as pessoas envolvidas”, disse Robinette. Dezenas de protestos tornaram-se violentos no ano passado – acrescentou. “Estão usando vários protestos – como o de Fredy Villanueva (vítima de disparo da polícia) – como pretexto para cometer atos de vandalismo”.
O trabalho da unidade resultou na prisão de quatro pessoas em 29 de junho. Foram acusados de fazer parte de um grupo que atacou policiais durante uma manifestação de Primeiro de Maio. Entre os objetos, a polícia apreendeu uma barra de metal e um coquetel molotov.
Fonte: Montrealgazette.com
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