[Suíça] Ocupação em Bienne

Próximo ao fim do meio dia do 1º de agosto, o coletivo Os Habitantes ocupou o imóvel localizado na 75, Seevorstadt, em Bienne.

Comunicado:

Algumas pessoas, que não se dedicam nem ao lucro, nem ao status quo atual, pessoas que não se deixam mais atomizar, nem se pôr em concorrência pela obrigação de “subir na vida”, reclamaram o espaço onde então se encontram. Os Habitantes vão pagar o preço para fazer a Seevorstadt 75 novamente um lugar habitável. Uma casa vazia é uma casa morta.

Visto que essa casa estava vazia há mais de dois anos, muita gente procura o espaço para criar, para aprender, para crescer, para viver. Como Os Habitantes conhecem as regras do jogo burocrático, e também as intenções dos especuladores imobiliários, o coletivo não pediu permissão para se mudar para lá. O espaço existe e estava lá sem ser utilizado. Contra a tendência atual de desenvolvimento urbano, Os Habitantes não se privam de participar ativamente na concepção da cidade e de mudá-la, no lugar de se contentar de simplesmente povoá-la como consumidores passivos.

Os Habitantes é um coletivo de uma dúzia de pessoas. Elas vêm de todo lugar, são de idades diferentes e se engajam em diversos projetos. Elas partilham a visão de morar em comunidade. Não é suficiente compartilhar suas roupas, como não é só se encontrar depois do trabalho para uma cervejinha. Viver junto em comunidade é um estilo de vida que não se encaixa no modelo dos imóveis de habitação modernos. As casas hoje são construídas de uma maneira à responder à atomização crescente da sociedade. Os Habitantes são contra.

Os Habitantes não estão de acordo que a semana tenha cinco dias que não estão disponíveis. Os Habitantes se reapropriam do tempo para tê-lo quando tiverem inspiração para desenvolver seus talentos, seus dons, seus desejos, seus interesses. É assim que se cria a diversidade. É assim que se cria uma alternativa ao ditado da sociedade de consumo pseudo-individualista. É assim que se cria o espaço para todo mundo. Os Habitantes não ocupam para privatizar a vida, mas para coletivizá-la.

Os Habitantes contam com a ajuda mútua, e não aquela das instituições e das organizações que impedem a auto-organização; Num mundo onde a catástrofe não está no porvir, mas aqui, eles tomaram a iniciativa.

Esperar mais, isso é que é a loucura!

Cordialmente,

Os Habitantes

Os projetos seguintes serão alocados na ocupação:

Viver em grandes grupos

Para nós, viver junto não significa apenas compartilhar as roupas, a comunidade é a base do nosso cotidiano. Esse estilo de vida não convém aos imóveis feitos para a habitação, nós precisamos de mais espaço do que isso que é oferecido por essas casas modernas. Elas não são construídas para responder às nossas necessidades, mas para tão somente à atomização crescente dessa sociedade.

Ateliês abertos

Nós somos muitas pessoas que têm diferentes talentos e domínio de diferentes técnicas. Ao partilhá-las, uma enorme diversidade de utilidades, de materiais e de saber-fazer se cria. Nos ateliês abertos, faz-se com que essas qualidades sejam acessíveis às pessoas de fora da casa. Nós não nos ocupamos em privatizar a vida, mas em coletivizá-la.

Redação de revista

Já há três anos que um grupo de pessoas de Bienne e de outras cidades publicam a revista bilingue LaBlatt. Financiada graças à doações e de noites de solidariedade, ela é distribuída gratuitamente e enviada aos assinantes na Suíça e no estrangeiro. Com a demolição iminente do imóvel da Fabrikgässli 3b no outono, o projeto ficará sem abrigo [mas será alocado na ocupação].

Cursos de idiomas

Desde o começo de 2011, há um curso de língua alemã e de francês gratuitos em Bienne. Curso que são acompanhados por uma cinquentena de imigrantes que não tiveram qualquer acesso à educação, mas que têm urgência de aprender uma língua local para poder organizar seu cotidiano. O local se encontra atualmente à rua Neuve 9. O imóvel é passível de ser demolido no outono de 2011 [mas será alocado na ocupação].

Biblioteca

À rua Neuve 9, há uma biblioteca com muitas centenas de livros. Eles foram coletados, doados e comprados ao longo dos anos. Para que eles não fiquem acumulando poeira num apartamento privado, a biblioteca precisa de um novo lar onde ficará aberta a mais pessoas [então será alocada na ocupação].

Horta comunitária

A terra é uma comunidade vivente onde tudo está ligado de maneira existencial. Na cidade também, é possível cultivar terrenos parados. De qualquer forma, é um enriquecimento enorme se reapropriar do saber-fazer e das experiências esquecidas, e de ser mais independente mesmo que numa escala “menor”.

Loja gratuita

Numa loja gratuita, há roupas, máquinas, pratos, jóias, calçados, brinquedos e muito mais. É onde alguém que precisa de alguma coisa pode simplesmente pegá-la. Dispensando coisas que já não são mais necessárias, mas que são ainda utilizáveis, elas são retiradas do círculo de consumo de mercado.

Tradução > Tio TAZ