“Voltar a fazer do folk uma ameaça” – a idéia juntou nove músicos estadunidenses. Chamaram-lhe Riot Folk. Fazem das guitarras acústicas armas apontadas ao capitalismo, reinventam a forma de partilhar e fazer música, cantam sonhos comuns.
“A música tem sido uma ameaça para o capitalismo e outros sistemas de opressão no passado, e o Riot-Folk quer voltar a fazer do folk uma ameaça!”. Este é o mote para um coletivo que há sete anos espalha música radical pelos EUA. Carregam guitarras e inconformismo, teimam que “uma canção pode ser uma poderosa arma para a mudança social”, diz Ryan Harvey, um dos fundadores do coletivo.
“Somos um grupo de músicos dedicado à ajuda mútua e à solidariedade, enquanto cria uma voz coletiva que possa provocar, educar, desafiar e inspirar”, explica-se em http://riotfolk.org/. Tudo começou em 2004, quando nove jovens músicos de vários cantos do país decidiram partilhar recursos como contatos, site, equipamento de gravação e dinheiro.
“Os coletivos baseiam-se na idéia de que trabalhar em conjunto beneficia cada membro, mais do que trabalhar em competição – essa noção querida ao capitalismo. A competição não deixa lugar para a colaboração ou a solidariedade, limita o potencial dos indivíduos ao desencorajar as conquistas cooperativas e o interesse coletivo”.
O Riot-Folk criou uma rede de pessoas com quem podem fazer uma digressão, gravar, trocar idéias ou dar e receber apoio. Também lhes deu oportunidade de se tornarem um recurso para outros projetos radicais, fazendo concertos benefit ou tocando em solidariedade com ações.
Longe das gravadoras e promotoras comerciais, definem-se como um coletivo anti-lucro, baseado nos princípios de anti-opressão e anti-capitalismo. “Não queremos capitalizar a nossa música, mas usá-la como uma ferramenta contra o capitalismo. Queremos criar um modelo diferente de como a música pode ser criada, apoiada e partilhada”. Por isso, utilizam um fundo coletivo, para o qual cada um dá aquilo que pode e retira aquilo de que precisa. E as decisões tomam-se por consenso.
Porque a música deve ser acessível, tudo o que gravam está disponível para download gratuito (algo que em 2004 era bem menos comum) e os concertos são gratuitos ou com contribuição livre. Já os álbuns são vendidos numa escala baseada nas possibilidades que as pessoas tenham de pagar. E o dinheiro que fazem é reciclado como fundo para novos álbuns e digressões.
“Coletivizar a nossa música amplificou a capacidade de cada um ser ouvido de forma mais vasta e fez disparar a nossa energia e possibilidade de continuar a fazer música”, garantem. “Demos passos no sentido de quebrar a cultura do isolamento e competição – criando novas relações de solidariedade e apoio-mútuo”.
A urgência punk numa guitarra acústica
Há dez anos que Ryan Havey tem tocado em círculos pela justiça social. Durante esse tempo já lá vão treze álbuns gravados no espírito “do it yourself”. Muito do seu tempo e energia vão para o trabalho com ex-militares em grupos contra a guerra, como o Iraq Veterans Against the War. “Considero a minha música e as minhas canções como uma parte do meu ativismo, tal como ajudar a organizar um evento”.
Cresceu nos subúrbios de Baltimore a ouvir Rancid e Crass, e abandonou a escola aos 16 anos para “aprender com o mundo”. Foi pela altura em que Bush foi eleito que começou a pegar na guitarra. “As bandas punk têm uma história de músicas e mensagens socialmente ativas, e eu queria juntar essa raiva e urgência através do meio simples que é a guitarra acústica”.
“O capitalismo encontrou na música um novo produto e um novo mercado. A canção deixou de estar no centro para dar lugar ao artista, à estrela. E os artistas tornaram-se eles mesmos produtos – nomes a ser promovidos, vendidos e comprados. A competição econômica e artística tornou-se a regra do jogo, e aqueles que não forem comprados por uma gravadora são afogados entre o barulho da música comercial e baseada no lucro”.
Através do Riot-Folk, Ryan procura subverter este sistema. “Antes da era das gravações comerciais e do copyright, a música folk era de fato coletiva. As canções eram escritas para serem partilhadas e cantadas por todos livremente. O artista era o iniciador de um “ciclo de dádiva”, em que a música ia para lá do controle e do lucro do criador, para se tornar parte de algo maior – um bem comum”.
É nessa lógica que as músicas são anti-copyright, livres para serem distribuídas, cantadas, rescritas por todos. “Adoro receber e-mails do gênero: “espero que não te importes mas reescrevi as letras de uma das tuas músicas”, conta. Um exemplo? Foi a partir de uma música sua que surgiu a faixa “Stray bullets” http://youtu.be/6wY2g9WJhpw , do novo álbum de The Nightwatchman – projeto de Tom Morello, dos Rage Against the Machine.
Para ouvir:
• Ryan Harvey – Peace, Justice and Anarchy
• Evan Greer – Ya Basta
• Brenna Sahatjian – Treason Loyalty & Love
Fonte: Indymedia Portugal
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…