[Le Jargon Libre (O Jargão Livre) está localizada na 20º região, em Paris. É na rua Henri Chevreau, número 32, que Helyette Bess, ex-membro d’Action directe (Ação direta), decidiu alocar sua livraria associativa, inaugurada em 8 de outubro de 2011.]
Essa livraria, é de fato sua biblioteca, onde não se encontram mais que livros que ela mesma leu, em sua maioria comprados por ela. É uma ode à luta, a transmissão dum saber para que perdurem as idéias anarquistas: “eu gostaria que isso passasse através dos tempos”, diz ela, objetiva, “fazer passar esse estilo de cultura através dos tempos, que as pessoas saibam o que se passa porque não estão sós na terra”.
“Eu tenho livros, mas também teses, brochuras, arquivos. Eu vou tentar organizá-los para fazer dossiês temáticos”. A primeira etapa para esta dama de 80 anos será reparar certas obras atacadas pelo tempo e pela umidade.
No entanto, apesar de ser um lugar onde a cultura é também de fácil acesso, não é como a Internet. “Na internet você tem que saber o que você quer, aqui você pode encontrar alguma coisa. É importante não ter coisas ordenadas, não saber o que está em um livro antes de lê-lo. Falta saber no que se quer gastar seu tempo, o tempo que economizamos, nós não usamos bem”.
Livros Livres
Para os “clientes”, estes deverão consultar as obras no local, a livraria depende da Associação Jargon Libre e ela não está autorizada a vender nenhum livro. De qualquer forma, explica Helyette Bess, muitos livros daqui não são mais editados. Por enquanto, cada um é livre de falar ou não, de ler ou de folhear as obras que evocam em grande maioria a luta e a resistência. E futuramente, talvez haja uma fotocopiadora: “quando a gente for rico”, aviso aos generosos.
Parisiense desde quase sempre e na 20º região depois de alguns anos, Helyette Bess descobriu a existência desse local numa vitrine duma agência imobiliária em frente a sua casa. “Eu vi um cartaz, estava a 1000 euros, fui à agência e disse que estava muito caro, a garota da agência me disse que concordava comigo”.
O aluguel lhe custa 850 euros por mês, então o ideal seria reunir 85 pessoas na sua associação para a adesão ser 10 euros por mês. Enquanto isso, entre concertos de apoio, empréstimos e doações, ela pretende acabar de pagar as despesas diversas em junho próximo.
Ávida pelo saber, ela procurou saber sobre Henri Chevreau, o homem que dá seu nome à rua onde está instalada: “estamos na 20º região, o que me diz que ele pode ter sido um comunista, ou um communard. Eu não encontrei muitas informações sobre ele mas foi provavelmente um bastardo, foi prefeito sob a comuna de Paris”.
Anarquia em três perguntas
Não há aqui uma grande proximidade entre anarquistas e comunistas?
Helyette Bess: são as mesmas lutas, mas se emerge um governo comunista, nós seremos de oposição e eles nos porão abaixo, mas não ficaremos lá. Nós não queremos ter o poder, queremos que ele desapareça. Aqueles que têm o poder o abusam sempre, mesmo dentro dos grupos pequenos.
Um regime sem líder não implica necessariamente que surja um líder “natural”?
Helyette Bess: Eu me lembro das grandes manifestações contra o desemprego nos anos 90, nós estávamos reunidos num grande anfiteatro de Jussieu e ali não havia nenhum chefe, nenhum presidente de seção. Cada um tomava a palavra quando tinha qualquer coisa a dizer sem que isso jamais se tornasse um Bazard. Não é mais que um exemplo, mas prova que é possível.
Quem são, hoje, aqueles que agitam as lutas que você agitou no passado? O grupo de Tarnac?
Helyette Bess: Eu me reconheço entre os Autônomos. O grupo de Tarnac, eles procuram um resultado, eles esperam criar um modelo que vá se espalhar. Eu não acredito nisso, porque eu penso que a revolução é a única solução. Mesmo se as mentalidades mudam, ainda faltará um último choque pois aqueles que estão no poder não o deixarão
Le Jargon Libre fica aberta de segunda à sábado, das 14h às 20h. Situada no Nº 32 da rua Henri Chevreau e o acesso aos livros é, claro, livre.
Tradução > Tio TAZ
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!