Heidi Boghosian e eu acabamos de regressar de uma visita muito comovente a Mumia. Visitamos ele ontem (2 de fevereiro). Este foi o segundo contato de Mumia em mais de 30 anos, desde sua transferência para a População Geral na última sexta-feira, 27 de janeiro. Seu primeiro contato foi com sua mulher, Wadiya, na segunda-feira, 30 de janeiro.
Diferente de nossas visitas anteriores ao corredor da morte em SCI Greene e ao confinamento de solitária em SCI Mahanoy, nossa visita de ontem se deu em uma grande área de visita, em meio a numerosas famílias e esposas que estavam visitando outros reclusos. Comparadas às intensas e focadas conversas que tivemos com Mumia em uma pequena e isolada cela de visita do corredor da morte, por trás de um vidro, este intercâmbio foi mais relaxado e informal e mais imprevisivelmente interativo com as pessoas ao nosso redor… foi mais humano. Houve muitas cenas de afeição ao nosso redor, de crianças pulando e puxando seus pais, de famílias inteiras conversando intimamente em torno de pequenas mesas, de casais sentados e silenciosamente abraçados, e namoradas e esposas roubando beijos proibidos dos homens que estavam visitando (beijos são permitidos apenas no início e no fim das visitas). Estas cenas foram tocantes e belas, e marcadamente diferentes das imagens dos prisioneiros apresentadas a nós pelos que estão no poder. Nosso trabalho coletivo pode beneficiar muito essas imagens íntimas e humanas.
Quando entramos, vimos imediatamente Mumia de pé do outro lado da sala. Caminhamos em direção a ele, e fomos abraçadas simultaneamente. Estávamos ambas atordoadas de que nos abraçasse tão carinhosamente e compartilhasse seu espaço pessoal tão generosamente após tantos anos de isolamento.
Ele nos olhou jovialmente, e nós o contamos muitas coisas. Ele respondeu: “Negros não quebram!”. Nós rimos.
Ele nos contou sobre as novidades de cada passo que deu desde sua mudança para a população geral uma semana antes. Muito do que nós consideramos como cotidiano é novo para ele, do microondas na sala de visitas ao tremor que ele sentiu quando, pela primeira vez em 30 anos, beijou sua mulher. Como ele disse, com suas próprias palavras, “a única coisa mais drasticamente diferente do que o que estou vivendo agora seria a liberdade”. Ele também observou que todos na sala o estavam observando.
A experiência de partir o pão com nosso amigo e camarada foi emocionante. Foi maravilhoso poder falar e partilhar sanduíches de queijo grelhado, maçãs, biscoitos e chocolate quente da máquina da sala de visitas.
Um dos destaques da visita foi a oportunidade de tirar uma foto. Esta foi uma das primeiras oportunidades do tipo para Mumia em décadas, e tivemos a bola! Ajeitar o cabelo, se certificar de que não tínhamos comida nos dentes, e nervosamente se preparar para o grande momento da foto foi como uma gargalhada! E Mumia estava se divertindo abertamente a cada segundo disso.
Quando chegou a hora de ir embora, nos abraçamos e fomos orientados a nos alinhar contra a parede e sair com os outros visitantes. Enquanto saíamos da prisão, uma irmã nos puxou de lado e contou que não conseguia parar de cantar Kelly Clarkson: “algumas pessoas esperam por toda a vida por um momento como esse”. Nos contou que ela e seus pais seguiram o caso de Mumia desde 1981 e que ficou muito feliz de que Mumia esteja vivo e na população geral apesar da sanguinária perseguição da Pensilvânia por sua execução. Nós lhe contamos que no dia 24 de abril estaríamos lançando a luta que iria ganhar a libertação de Mumia: que neste dia iríamos ocupar o Departamento de Justiça em Washington DC. Ela nos contou que por ter sobrevivido recentemente ao câncer, acredita agora na possibilidade, e desde que Mumia está na população geral, ela pode ver que podemos vencer.
Ela nos enviou uma linha da canção de Laverne e Shirley – “nunca ouvi a palavra impossível!” – Deu-nos o seu número, e nos pediu que a incluísse para a luta.
Ainda estamos levando tudo isso. A jornada foi simples e humana, e estamos re-energizadas e re-inspiradas!! Nas palavras do editor de City Lights, Greg Ruggiero:
“Objetivo de Longo Prazo: Fim do encarceramento em massa.
Objetivo de Curto Prazo: Libertar Mumia Abu-Jamal!”
Johanna Fernandez
Tradução > Marina Knup
agência de notícias anarquistas-ana
Sabiá no galho —
O vento sobe na árvore
para ver o canto
Teresa Cristina flordecaju
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!