Na segunda-feira, 5 de março, no bairro ateniense de Ilion, o miserável vendedor de “arte popular” Dalaras recebeu outra vaia memorável, mais forte e mais massiva que as duas anteriores realizadas dias atrás nos bairros de Atenas de Neo Iraklio e Nikea. O município local pertencente ao partido governante Pasok [partido socialista grego], havia consentido que o bairro de Ilion fosse incluído na série de concertos chamado “Turismo de Solidariedade” pelo sistema de estrelato grego e os meios de desinformação e propaganda massivos. No entanto, foram feitos planos sem contar com a raiva do povo. Mais de 300 pessoas se reuniram do lado de fora do Estádio Municipal umas horas antes do início do concerto, pendurando faixas, distribuindo folhetos e conversando com transeuntes e com menos de 100 pessoas que compareceram ao show de mau gosto deste cantor, defensor da política do governo e fortemente apoiado pelo Regime.
A Polícia, agentes de segurança e brucutus do “artista” tentaram impedir que os manifestantes entrassem no estádio. Em um concerto de entrada gratuita submeteram as pessoas a um rigoroso controle, mas depois da reação coletiva e combativa dos manifestantes, foram forçados a abandonar seus planos.
Quando o servo presunçoso e vaidoso do Regime veio à cena, foi saudado com palavras de ordem, vaias, assobios e gestos, também não faltaram iogurtes, água, cadeiras, ovos e outros objetos lançados contra ele. Os lemas gritados foram muitos. Entre eles destacamos os seguintes: “Fora”, “Saia de nossa vizinhança”, “A solidariedade é a arma dos pobres, guerra a guerra dos patrões”, “Terrorismo é andar a procura de trabalho, fogo a Kolonaki e Kifisia (bairros residenciais de luxo)”, “Vendido”, “Vergonha”. Houve registro de casos de pessoas que vieram ao estádio para assistir ao concerto, mas depois de falarem com os manifestantes que estavam protestando e vaiando e após lerem o texto do panfleto distribuído, se juntaram ao protesto e começaram a vaiar e participar do protesto.
Esta vez Dalaras não pode acreditar no que seus olhos viam e, sobretudo, no que ouvia. Estava sozinho. Nem mesmo a sua própria esposa, ministra do governo, estava lá para defendê-lo. Ele tratou de ironizar, de fazer vista grossa, fingindo que estava tudo bem e não se importava com as fortes vaias do povo, mas não convencia nem a um punhado de pessoas que o aplaudiam de vez em quando. Ele tocou músicas de seu chato repertório rapidinho, cantando sem parar, sem descanso, para evitar ouvir as vaias quando não estava se apresentando. O show terminou como tinha começado. Quando Dalaras se voltou contra o público que o vaiava, houve tensão entre as pessoas e os guardas enfileirados em volta do palco para protegê-lo. Assim, os organizadores do show acenderam as luzes do estádio quando seu convidado ainda estava cantando e anunciaram o fim do concerto, antes de ele terminar a canção. Talvez da próxima vez, em algum bairro residencial de luxo, mais propenso a este tipo de “solidariedade” que vende “artistas” de seu tipo, ou em algum show patrocinado por um mecenas amiguinho seu, em algum palácio de música estéril.
O prefeito de Ilion, um tal Zenetos, do mesmo gênero que o “artista” ao qual convidou, percebeu o que iria acontecer e não compareceu para homenagear o seu ilustre convidado. Lembramos que a autoridade municipal do bairro de Ilion proibiu a colagem de cartazes nos espaços públicos. O prefeito não compareceu, mas enviou ao estádio muitos funcionários municipais, empregados na Polícia Municipal local e em outros setores do município. Por muito que esses pretorianos admitam que são obrigados a estarem presentes nesses eventos (como disseram as pessoas reunidas para vaiar e protestar), seu papel é claramente repressivo e a tarefa que executam não lhes permite dizer besteira do tipo “eu só faço o meu trabalho”… Recordemos (para eles) um velho slogan anarquista: “os policiais não são filhos dos trabalhadores, são cães dos patrões”.
Depois do concerto e do novo escracho que levou o apaziguador fracassado da raiva popular, um grupo de anarquistas que participou da ação realizou uma marcha pelas ruas do bairro.
Até a próxima!
Fonte e fotos aqui:
Ignorando o logotipo do site nacionalista que sai na tela, poderás ver alguns momentos do show no seguinte vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=xarOc5_WUQs&feature=player_embedded
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agência de notícias anarquistas-ana
No rio, o barqueiro
sem lanterna ou farol.
Somente o luar.
Sérgio Francisco Pichorim
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!