Ocorreu em Fortaleza, pela manhã e tarde de ontem (24 de abril), um ato público pela libertação do jornalista radical afro-americano Mumia Abu-Jamal. Pela manhã a intervenção aconteceu próximo ao Centro da cidade, em frente ao Instituto Brasil Estados Unidos (IBEU), local reconhecido pelo governo americano como promotor da cultura dos EUA no Ceará.
No decorrer da manifestação foi realizada uma oficina de confecção de cartazes, que foram fixados nos muros do IBEU e em frente ao local, onde os manifestantes ficaram por algumas horas em vigília. Algumas das frases contidas nos cartazes dos manifestantes e entoadas como palavras de ordem: “Libertar Abu-Jamal e destruir o capital!”, “Milhões por Mumia!”, “Abolição da pena de morte!”, “Free Mumia”, “Pela libertação de todos os presos políticos!”. No mesmo local, os manifestantes distribuíram panfletos para os passantes, com um texto denunciando as injustiças no processo de Mumia e contando sua história de mais de trinta anos de luta e resistência. Foram apresentadas músicas em homenagem a Jamal, em voz e violão.
Pela tarde, os manifestantes se dirigiram em caminhada até a Agência Consular Americana em Fortaleza, há alguns quilômetros do IBEU, a fim de entregar uma carta denúncia à Agente Consular norte-americana responsável, mas ela não se encontrava no local.
A carta (que pode ser vista logo abaixo) conta com assinatura de movimentos, organizações e grupos, e pede a libertação imediata de Mumia, abolição da pena de morte e fim do encarceramento em massa.
Esta manifestação ocorreu no dia do aniversário de 58 anos de Mumia Abu-Jamal, e faz parte da campanha mundial de solidariedade e pela sua libertação.
Henrique Buenaventura Raskólnikov
Senhores(as) gestores(as) administrativos do governo dos Estados Unidos.
LIBERTEM MUMIA ABU JAMAL, PRESOS POLÍTICOS NUNCA MAIS!
Somos levados a assistir como telespectadores, vossos programas globais, de ações, de planos de guerras intervencionistas de alta e de baixa intensidade, implementadas contra todos(as) que lutam pela justiça social usurpada por vosso estado, dentro e fora de sua jurisdição. Senhores, dobrados pela força da prepotência nos vemos em frente às imagens nítidas e em alta resolução assistindo, quando não os mesmos filmes de ficção, bang-bang, terror e comédia, outros na versão não-ficção de mesmo conteúdo, final e finalidade: exaltar um estado que se pretende ditador interplanetário, que, tendo a paz como escudo, a democracia como álibi; que, se auto-arbitrando, atribui-se de todos os direitos, entre eles o de polícia do mundo; e, no uso e abuso de poder de fogo, marcha, à revelia de tudo e de todos, em guerras de conquista. Senhores, antes de lhe soar como elogios, usando do nosso poder de fôlego – que muito interessa ao capital – fôlegos vivos que se desdobram em mão-de-obra ao seu serviço, que se traduz em trabalho, remontando aos tempos da escravidão, quando se proporcionou tanta riqueza concentrada. Queremos com isso dizer que tudo isso tem a ver com Mumia Abu-Jamal, sendo este o real conteúdo que motivou perseguições, seu encarceramento e condenação à morte desde 1981 até hoje. Abu-Jamal apontava as contradições deste sistema e os contrastes sociais por ele provocados, principalmente na realidade dos afro-descendentes.
Mumia Abu-Jamal é atualmente um dos prisioneiros políticos mais conhecidos no mundo. É um exemplo vivo de como a pena de morte é cruel e falha, de como o racismo ainda é algo muito forte nos EUA, e de como é real a perseguição do Estado e de grupos conservadores a qualquer um que se insurja contra a ordem do capital e suas formas de opressão e dominação.
Nos últimos anos, após muita pressão e várias manifestações de solidariedade internacional a Mumia, a sentença que o condenava à morte foi anulada e convertida em prisão perpétua. No último mês de janeiro ele foi transferido da situação de isolamento total em que se encontrava para a “população geral”, após trinta anos aguardando a execução no corredor da morte e no isolamento.
Neste momento estão ocorrendo várias ações em solidariedade a Mumia nos EUA, Canadá, França, Alemanha, Brasil e em outros lugares do mundo. Daqui do Ceará, Brasil, estamos nos organizando em uma articulação de solidariedade a Mumia Abu-Jamal, juntamente com alguns movimentos, organizações, grupos e indivíduos autônomos que são sensíveis ao caso, com todos e todas que são contra a pena de morte, as perseguições políticas de toda ordem, o racismo e todas as formas de discriminação e opressão. Estamos com todos que são contra a ordem social que persegue, prende e mata quem ousa falar e lutar contra o capitalismo e seus meios de exploração e opressão. Estamos juntos pela libertação imediata de Mumia Abu-Jamal! E com vistas à libertação de todos os presos políticos!
Denunciamos ao mundo e exigimos do governo dos EUA, juntamente com outras pessoas em outras partes do planeta, a libertação de Mumia Abu-Jamal!
Libertem Mumia Abu-Jamal!
Pela libertação de todos os presos políticos!
Pelo fim do encarceramento em massa!
Abolição da Pena de Morte!
Articulação em Solidariedade e Pela Libertação de Mumia Abu-Jamal – Ceará/Brasil; Projeto Ciclovida – Ceará/Brasil; Organização Resistência Libertária [ORL]; Toren Anarcopunk; Assentamento Mandu Ladino – Barra do Leme/Pentecoste/Ceará/Brasil; Assentamento Vazante Grande – Pentecoste/Ceará/Brasil; Grupo Caricultura de Teatro de Rua; Grupo Capoeira Angola do Mestre Armando – Ceará; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
agência de notícias anarquistas-ana
Uma pomba passa
Deseja tocar o solo
Alumbra-me a graça
Mauna
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!