Agência de Notícias Anarquistas - ANA
Browse: Home / 2012 / Maio / 16 / [Turquia] 1º de maio: “Não trabalhe, coma o patrão antes da manifestação”

[Turquia] 1º de maio: “Não trabalhe, coma o patrão antes da manifestação”

By A.N.A. on 16 de Maio de 2012


[Além dos protestos festivos, sonoros e coloridos, ataques contundentes e furiosos contra o governo e o capitalismo explodiram neste 1º de maio em Istambul, Amed e Dersim (Turquia – Curdistão) e outras cidades turcas. Até 2010, protestos na Turquia eram proibidos nesta data. Na Praça Taksim, em 1° de maio de 1977, houve mortes e feridos durante uma manifestação considerada ilegal, que gerou um confronto entre manifestantes e policiais. Neste ano, 2012, mais de 20 mil policiais foram mobilizados para garantir a segurança na Praça Taksim, a mais importante de Istambul. A seguir breves relatos dos protestos do “Dia do Trabalho” em algumas cidades turcas.]


Istambul: Na principal cidade da Turquia, as preparações para a celebração do 1º de maio começaram as 7h30 da manhã, quando diferentes grupos incluindo anarquistas, partidos e outras organizações chegaram até a Praça Taksim. Três cortejos distintos saíram da localidade de ÅiÅli. O bloco anarquista tinha o Black Bloc, o coletivo Terra e Liberdade, o Cortejo Vermelho e Negro, o Ação Revolucionária Anarquista, ativistas de libertação animal e individualidades. O encontro foi na entrada da estação de metrô, onde ocorreu uma comemoração através de hinos e canções transmitidos por um sistema de som acompanhado por percussão e trompetes. Uma faixa grande na cabeça do bloco dizia “Nós vamos incendiar os bancos, as fábricas, as prisões, as constituições, as bandeiras e os uniformes”.

Após o encontro, um grupo de ativistas do Black Bloc atacou seus alvos principais, entre os quais bancos locais e multinacionais, além de grandes corporações localizadas na rua Cumhuriyet, como o Starbucks, Burguer King, McDonald’s, Halk Bank, ÄÅ Bank, dois Garanti Bank Branches, Åekerbank, KuveyttÃrk, Akbank, YapÄkredi, Defacto, Anadolu Änsurance, Beytem Plaza; e no mesmo caminho, o grupo demolia anúncios publicitários e paradas de ônibus, gritando palavras que buscavam a prática insurrecional, como “Pela revolução anarquista, pela ação direta contra o sistema capitalista”, “Nem ditadura, nem democracia, mas sim destruição insurrecional anarquista!”.

Ainda durante a caminhada, em Harbiye, nas cercanias do museu militar, uma faixa dizia “Fogo nas prisões! Liberdade para os prisioneiros! Rawin Sterk e Osman Evcan estão conosco”. O protesto culminou com a queima das bandeiras negras.

Como sempre, a mídia dominante burguesa e as mídias da esquerda liberal fizeram especulações imprecisas contra os ativistas. O governador da cidade declarou em tom de ameaça que os ativistas “receberão punição severa”.

Ação Revolucionária Anarquista, Ação Anarquista do Ensino Médio, Mulheres Anarquistas e Coletivo 26A: Caminharam em um cortejo completo, e atrás deles um grupo com o nome de Desobedientes segurava uma faixa que dizia “Não trabalhe, coma o patrão antes da manifestação”. O Coletivo 26A preparou uma mesa de comida comunitária e distribuiu panfletos e sanduíches.

Cortejo Vermelho e Negro: Eles se encontraram cedinho, pela manhã, em frente à mesquita ÅiÅli, em conjunto com o coletivo Terra e Liberdade. Logo após, os grupos se juntaram ao bloco anarquista e ali permaneceram por um tempo até conseguir o lado direito da rua. Mais tarde, caminharam até a área do 1º de maio e adentraram na Praça Taksim.

Ankara: Durante as celebrações do “Dia do Trabalho” em Ankara, na área de TandoÄan e SÄhhÄye, a polícia interferiu com bombas de gás lacrimogêneo. Em Ankara, as celebrações ocorreram em duas áreas distintas. A polícia atacou com bombas de gás lacrimogêneo a manifestação de ONG´s. Os trabalhadores se reuniram em assembleia bem cedo em frente à estação de trem, e caminharam na área de SÄhhÄye. Logo após, centenas de pessoas forçaram a barricada da polícia para tentar entrar na estação de trem. A tensão aumentou a partir da utilização de bombas de gás lacrimogêneo pela polícia.

Dersim: Nas celebrações do 1º de maio organizadas por sindicatos e partidos políticos, os manifestantes foram expostos ao terror policial. Milhares de pessoas se reuniram em diferentes locais da cidade caminhando até um ponto de encontro com diferentes palavras de ordem e aplausos. A polícia cercou a área do encontro com barreiras, tentando impedir a primeira celebração do 1º de maio nesta cidade pelos trabalhadores. Houve o monitoramento dos manifestantes através de câmeras, que reagiram à repressão policial. O conflito estourou no momento em que os manifestantes tentaram entrar na área cercada pela polícia. As massas responderam os ataques com pedras e quebrando as barreiras, entrando na área. Após negociações com a polícia os incidentes terminaram.

Amed: Após a comemoração do 1º de maio ocorrida em Diyarbakur, na vizinhança de BaÄlar, ocorreram conflitos entre policiais e manifestantes. Antes do protesto, na praça da estação, no bairro de BaÄlar, no distrito de DÃrtyol e Kuru ÃeÅme, também foram registrados choques entre manifestantes e forças da ordem. A intervenção policial com veículos blindados foi recebida com fogos de artifício e coquetéis molotov. Ainda em resposta à repressão das autoridades, os manifestantes contestaram com pedras e outros objetos. Logo após os enfrentamentos os grupos se debandaram. Em função dos incidentes na manifestação, haverá uma ação judicial das autoridades de DiyarbakÄr para investigar os envolvidos.

Ankara: Anarquistas participaram do 1º de maio através de uma iniciativa anarco-comunista de Ankara. O cortejo atingiu a marca de 300 pessoas. Após o ponto de chegada o grupo não quis ser fichado pela polícia, e, portanto, houve conflito. O grupo trazia uma faixa que dizia “Nós carregamos um novo mundo em nossos corações e enquanto este coração bater essa luta continua”. Os manifestantes carregavam cartazes e fotografias com citações de diversos anarquistas e autores rebeldes.

Mersin: Nesta cidade, os anarquistas caminharam gritando slogans que chamavam para a revolução anarquista: “Nem Deus, Nem Estado”, “Não Reze, Rebele-se”, “Não chore de fome, saqueie os mercados”, entre outros.

Izmir: Os anarquistas este ano participaram das manifestações convidando os ventos negros através da concepção de que “anarquia é organização”. O grupo com aproximadamente 80 pessoas gritou diversas palavras de ordem, carregando bandeiras vermelho e negras e verdes e negras.

Bursa: O carnaval anarquista foi às ruas este ano novamente, com faixas que diziam “Quando o governo toma o controle da vida, torna-se imprescindível viver e resistir ao governo”. Os anarquistas não quiseram ser fichados e revistados pela polícia, e por este motivo a tensão também aumentou, culminando em conflitos entre as forças da ordem e diversos anarquistas.

Vídeo de Istambul:

Fotos de Istambul:
› http://imgur.com/a/WVUg1

Tradução > Malobeo

agência de notícias anarquistas-ana

A palavra-chave
sempre se esconde
atrás da porta.
Lêdo Ivo

Compartilhe:

Posted in Mundo | Tagged 1° de Maio, Turquia

« Previous Next »

Sobre

Este espaço tem como objetivo divulgar informações do universo anarquista. Notícias, textos, chamadas, agendas…

Assine

Leia a A.N.A. através do feed RSS ou solicite as notícias por correio eletrônico através do endereço a_n_a[arroba]riseup.net.

O blog também possui sua versão Mastodon.

Participe

Envie notícias, textos, convocatórias, fotos, ilustrações… e colabore conosco traduzindo notícias para o português. a_n_a[arroba]riseup.net

Categorias

  • América Latina
  • Arte, Cultura e Literatura
  • Brasil
  • Discriminação
  • Economia
  • Educação
  • Espaços Autônomos
  • Espanha
  • Esportes
  • Geral
  • Grécia
  • Guerra e Militarismo
  • Meio Ambiente
  • Mídia
  • Mobilidade Urbana
  • Movimentos Políticos & Sociais
  • Mundo
  • Opinião
  • Portugal
  • Postagens Recentes
  • Religião
  • Repressão
  • Sexualidades
  • Tecnologia

Comentários recentes

  1. Raiano em [Espanha] Encontro do Livro Anarquista de Salamanca, 8 e 9 de agosto de 202526 de Junho de 2025

    Obrigado pela traduçao

  2. moésio R. em Mais de 60 caciques do Oiapoque repudiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas9 de Junho de 2025

    Oiapoque/AP, 28 de maio de 2025. De Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque – CCPIO CARTA DE REPÚDIO…

  3. Álvaro em Mais de 60 caciques do Oiapoque repudiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas7 de Junho de 2025

    A carta não ta disponível

  4. Lila em “Para os anarquistas, é a prática que organiza a teoria.”4 de Junho de 2025

    UM ÓTIMO TEXTO!

  5. Lila em [Espanha] IX Aniversário do Ateneu Llibertari de Gràcia4 de Junho de 2025

    COMO FAZ FALTA ESSE TIPO DE ESPAÇO NO BRASIL. O MAIS PRÓXIMO É O CCS DE SP!

Copyleft © 2025 Agência de Notícias Anarquistas - ANA. RSS: Notícias, Comentários