Marcia Rosa,
Prefeita de Cubatão (SP), professora, mãe, avó…
Sinceramente não sei por que eu estou escrevendo esta carta para a Senhora, pois a única vez que eu a vi aqui em mais de 3 e meio de mandato foi em 22 de agosto de 2010, e só porque uma professora portuguesa denunciou o contexto sórdido do minizoológico do Parque Ecológico Cotia-Pará no jornal A Tribuna de Santos, do contrário tenho certeza que a Senhora jamais teria aparecido aqui, neste campo de concentração animal que vocês humanos chamam de minizoológico.
Aliás, uma borboleta me contou que a Senhora não frequenta os parques ecológicos da Cidade, que só sabe fazer oba-oba em nome da Natureza para sair “bem na foto”, posando de “ecologista”, de pessoa preocupada com o meio ambiente. Que cinismo! Que hipocrisia!
Enfim, naquele dia eu encarei os seus olhos, e percebi que a Senhora era mais uma prefeita “mais do mesmo” que apareceu em Cubatão, especista, omissa e insensível a causa animal, como a maioria dos membros de alto escalão do seu governo.
Senhora, nasci livre, na mata… Mas num mundo comandado por humanos, império do ódio, da ganância, do racismo, da escravidão, da tortura, das prisões… Laçaram-me, prenderam e hoje eu sobrevivo numa ilha artificial, num lugar sinistro, horrível, pequeno, sem árvores, sem verde, isolado, em exposição excessiva ao calor nos dias quentes… Um lugar drasticamente diferente para os quais nós macacos pregos nascemos e herdamos nossas características genéticas.
Senhora, como ex-professora você deve saber que macacos pregos vivem em árvores, pulando de galho em galho, mas a porra desta ilha de merda não tem sequer uma árvore!!!
Senhora, nós, três macacos pregos, sobrevivemos a mais triste das vidas nesta ilha humilhante, vergonhosa. Coloque as suas filhas e netas no nosso lugar e imagine o quão assombrosa seria a vida delas aqui. Como vocês humanos gostam de dizer, “pimenta na bunda dos outros é refresco!”.
Senhora, revolto-me contra os humanos que com base na cegueira da sua própria escravatura nos mantêm a sofrer, as torturas do calor, de um lugar-prisão onde nos obrigam a sobreviver.
Senhora, quero ser livre! Poder saltar, voar… Quero viver sem a interferência humana… Quero poder habitar e percorrer qualquer árvore, olhar do alto delas, saborear as suas folhas, fazer amor nos galhos, correr em bandos, ser feliz! Entende senhora, é simples, quero ser livre e feliz, porra!
Um ser silvestre ainda vai conquistar a sua liberdade, abandonar esta maldita ilha deserta que vocês humanos nos condenaram, sem árvores, sem o azul do céu como horizonte…
Senhora, um ser silvestre chora, sofre, entristece, é humilhado por humanos… Mas não se rende! Luto pela minha liberdade!
Senhora, um ser silvestre quer ser livre!
Avisem todos os tiranos, todas as tiranas…
Haveremos de nos revoltar!
ou a Mãe Terra por nós! Em nosso nome!
Um Macaco Prego
• Segue imagens do local onde estão os três macacos pregos, que explicitam a existência de maus-tratos aos animais, ato de abuso, humilhação, sofrimento, descaso animal e ambiental… A Prefeitura de Cubatão poderia ser enquadrada perfeitamente na Lei Federal dos Crimes Ambientais, Nº 9.605. Sucessivas denúncias deste crime ambiental já foram feitas, mas…
• Endereço útil para mandar “recadinhos” para a prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT):
“Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso respeito e nossa proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos eles”
Philip Ochoa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!