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Declaração do Bloco Autônomo de Lutas Nem Pátria Nem Patrão de Araraquara, interior de SP

By A.N.A. on 8 de Julho de 2013

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[Com atraso, divulgamos um comunicado do Bloco Autônomo de Lutas Nem Pátria Nem Patrão, de Araraquara, interior de São Paulo, acerca da participação no ato unificado do dia 26 de junho, pelo Passe Livre e contra a privatização da Companhia Tróleibus de Araraquara (CTA).]

Comunicado:

O Bloco Autônomo de Lutas surge em Araraquara associado a um contexto de efervescência política no Brasil e no mundo, a partir da auto-organização de militantes de diferentes tendências políticas revolucionárias, anticapitalistas, com o objetivo de estabelecer um contraponto às demandas reformistas, buscando ruptura com o sistema, destruição para construção. O coletivo também se opõem as bandeiras nacionais e o apelo nacionalista que toma conta das manifestações ao redor do país, pois compreendemos o nacionalismo como fascismo, e portanto, essencialmente desvinculado do povo, enquanto lutamos por um mundo sem fronteiras, sem pátria, sem Estado, por um mundo de igualdade, solidariedade, e apoio mútuo. Assim, no dia 26 de junho, unimos forças e fomos às ruas para o Ato Unificado em Araraquara, dando continuidade a luta pelo Passe Livre e contra a privatização da CTA.

O processo de lutas pelo Passe Livre, cuja construção se confecciona desde 2006, culminou nas vitórias atuais (redução do aumento da passagem em diversas cidades), demonstrando a força das ruas e da insurgência. A reivindicação e as conquistas refletem diretamente na consciência de classe dxs que lutam, fortalecendo o debate sobre o direito à cidade e demonstrando o esgotamento do modelo vigente, que restringe a utilização do espaço urbano à castas privilegiadas, favorecendo as elites, a especulação imobiliária, a destruição dos espaços de sociabilidade e dos elementos históricos que atravessam os diferentes locais por onde transitamos.

Relembramos também as etnias indígenas, de norte a sul, que enfrentam o Estado e os projetos desenvolvimentistas tais como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento do Brasil] e as obras para a Copa [do Mundo da FIFA Brasil 2014], que atropelam com seus tratores, maquinaria pesada e amontoados de dinheiro concentrado nas mãos de poucos, os últimos espaços selvagens e os seres que ali transitam e resistem. A Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Pará e os conflitos fundiários no Mato Grosso do Sul, evidenciam o caráter repressivo das políticas do governo e das classes dominantes frente às diversas etnias que habitam tais territórios, cuja terra é usurpada e esgotada para suprir as demandas do mercado internacional, e se realiza a continuidade do genocídio colonizador, por meio de assassinatos, como o mais recente ataque que matou Oziel Gabriel, índio Terena cuja responsabilidade da morte está nas mãos do Estado brasileiro e dos donos de terra. Diante deste cenário, não há porque hastear nenhuma bandeira nacional, pois estão manchadas de sangue.

Nas periferias, a Polícia Militar promove chacinas intermináveis, criminalizando xs negrxs e pobres e submetendo o cotidiano ao terror proveniente das injustiças sociais, do racismo e do machismo. O abismo da desigualdade, criado para beneficiar os de cima, é garantido pela instituição policial que representa o braço armado do Estado, cuja única função é proteger os interesses e a posição de classe dos poderosos. Assim, todxs aquelxs que são considerados um perigo para a ordem, que é a ordem dos opressores, são exterminados brutalmente sob a égide da bandeira nacional. A nação não é nada mais do que uma criação mentirosa utilizada para separar os povos e facilitar a exploração, cuja expansão resultou na colonização das Américas, da África e da Oceania, dividindo os nativos em falsas divisões territoriais, fronteiras artificiais, e destruindo as peculiaridades locais para tornar homogênea toda a diversidade. A história das guerras se confunde com a história dos Estados-nação, símbolos da segregação e violência, administrados pelos inimigos do povo: reis e nobres, latifundiários e burgueses, políticos e autoridades. Diante destes dados, o patriotismo e o nacionalismo, defendidos pelas garras elitistas da direita, revelam-se como verdadeiras ameaças à qualquer ideia e prática de luta que pretenda construir, de fato, um novo mundo onde caibam todos os mundos, do povo e para o povo.

Se faz necessária a organização da periferia para combater as forças do capital e barrar o fascismo. A derrubada da pirâmide da desigualdade depende da revolta dos de baixo. Em pé, povo obreiro! Para a batalha!

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Nem um passo atrás.

Bloco Autônomo de Lutas – Araraquara

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Só uma metade…
Quem foi que escondeu
O resto da Lua?

Maria Helena Lourenço Tavares

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