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[França] “Se eu tivesse que fazer de novo, eu faria”

By A.N.A. on 11 de Julho de 2013

O militante da CNT pega uma multa de 39.534 euros

O militante da CNT pega uma multa de 39.534 euros

A SNCF [Sociedade Nacional das Linhas Férreas Francesas] reclama do ativista Fouad Harjane liquidação dos danos sofridos pelo bloqueio do tráfego ferroviário na estação de Metz, durantes as manifestações anti-CPE, em março de 2006.

Eis um aniversário que Fouad Harjane, 33 anos, não está perto de esquecer. Os fatos remontam a março de 2006. Estudante e militante da CNT (Confederação Nacional do Trabalho) desde 1997 – ele aderiu ao sindicato anarquista durante seus anos no liceu, em Schuman – o ativista ocupava então a frente da revolta contra a CPE (Contrato do Primeiro Emprego). A reforma Chiraquiana [do ex-presidente Jacques Chirac] jogou uma parte da juventude nas ruas, dando à primavera ares semelhantes à de 68.

Ao fim de uma “jornada nacional de ação”, em 30 de março de 2006, dia de seu 26º aniversário, Fouad Harjane se encontrava sob custódia nas dependências do hotel da polícia de Metz. Ele veio a ser interrogado, só e sem violência, por ter participado da ocupação da estação de Metz. Em companhia de 800 manifestantes, o jovem rapaz bloqueou o tráfego ferroviário durante uma boa hora. “Os usuários aplaudiam enquanto passávamos, enquanto deixávamos o lugar”, ele relembra, ainda surpreso com o entusiasmo não habitual em relação à circunstância. “Muitos viam em nós os porta-vozes de seus próprios filhos”, justifica, com a certeza retrospectiva de ter assim conquistado, à força das ações desse tipo, a revogação do projeto de lei. Um ato armado que, segundo ele, contribuiu para colocar a CNT na paisagem sindical, particularmente em Moselle.

“Sem qualquer medo”

Herdeiro do anarco-sindicalismo, nascida em 1946, a Confederação reivindica “o comunismo-libertário como projeto de sociedade”, com o mote da “luta contra o fascismo”. Harjane assume funções como secretário confederativo nas Relações com as Mídias. Dalí a se sentir na pele de um homem a ser abatido… Se ele não exprime assim, Fouad Harjane está persuadido que a persistência da SNCF em lhe pegar, mascara a má vontade do Estado “a de quebrar o ritmo do movimento social”, à véspera das reformas particularmente sensíveis, como a das pensões. “[François] Hollande [presidente francês] sabe bem que a contestação virá pelo flanco, mas não pela direita”, assegura.

Ele não pagará

Desde 30 de março de 2006, quando foi requisitada sua visita ao Tribunal, as nuvens não pararam de se acumular. Alguns dias depois de sua primeira custódia, tudo se repete! Naquela vez, ele foi mantido 23 horas sob acusação de participar de uma manifestação em 3 de abril de 2006, em frente ao Medef, a qual ele nega qualquer participação. Nenhuma acusação foi mantida contra ele, daquele caso. Mas ele compara em setembro de 2006 em frente ao Tribunal correcional o seu caso com sete outros advertidos, implicados no dossiê. Todas implicam pagamento de 150 euros de multa. Ele foi o único condenado pelo bloqueio das vias férreas. Ao fim das apelações sucessivas de seu advogado Ralph Blindauer, o julgamento penal finalmente apresenta o resultado, em janeiro de 2012: 300 euros de multa e 800 de honorários de justiça. Sobretudo, a decisão abre a porta para processo civil. A SNCF apresenta a compensação a ser paga: à saber, 5729 minutos perdidos, sob os números de circulação de trens impactados pela ação. O prejuízo é calculado segundo um escala de custo/horário estabelecido em 414,06 euros pelos atrasos e supressões de trens. No dia 22 de março de 2013, a câmara civil requereu de Fouad Harjane 39.534,45 euros [quase 120 mil reais), sob o título de danos aos interesses, e 800 Euros de honorários de procedimentos. Ele apelou. O caso pode ir até a suprema Corte, mas se lhes põem desde já uma certeza: não pagará. “E se tiver de fazer de novo, eu farei”, prometeu sem fraquejar. “Sem qualquer medo”.

Xavier Brouet

Republicain-Lorrain.fr, 3 de julho 2013

Tradução > TAZ

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