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[Ucrânia] Relato do Acampamento Anarcofeminista Good Night Macho Pride 2013

By A.N.A. on 6 de Agosto de 2013

[Segue abaixo um relato do que rolou no Acampamento Anarcofeminista Good Night Macho Pride 2013, realizado na Crimeia, em uma zona rural, entre os dias 13 e 17 de julho. O encontro reuniu ativistas da Ucrânia, Rússia, Polônia e Alemanha.]

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Entre 13 e 17 de julho aconteceu na Ucrânia o Acampamento Anarcofeminista Good Night Macho Pride 2013. Participaram representantes de diversas organizações antiautoritárias (Ação Autônoma, União Autônoma de Trabalhadores, União Internacional de Anarquistas) e também anarquistas não organizados. O evento contou com muita gente da Rússia (Moscou, São Petersburgo, Ekaterinburgo) e da Ucrânia (Kiev, Khárkov, Lvov). Também marcaram presença pessoas da Cracóvia (Polônia), Colônia e Hamburgo (Alemanha).

Todas as questões sobre o funcionamento do acampamento foram decididas através do consenso na assembleia geral. A alimentação, servida 3 vezes aos dia, era vegana e muito saborosa. No acampamento foi organizado um “espaço feminino”, para que a permanência das mulheres fosse mais confortável, minimizando assim a pressão patriarcal sobre a personalidade. Tinha menos homens no acampamento do que mulheres, porém seu número fora significativo para um evento feminista. Nas bancas de materiais era possível encontrar revistas feministas e anarquistas.

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Durante o dia aconteciam várias oficinas e bate-papos sobre temas atuais. Foram apresentados diversos projetos feministas, como o zine “Martelo das Bruxas” e o sítio “Svobodna!”. Também houve uma série de discussões, abordando os casos da banda punk feminina Pussy Riot, da anarquista e antifascista presa em Moscou Irina Lipskaia, dos presos de 6 de maio e as possíveis ações de solidariedade. Por outro lado, aconteceram treinamentos de autodefesa e de superação das hierarquias dentro dos coletivos, e também um grupo de crescimento da consciência. As ativistas da Ucrânia compartilharam as experiências de resistência às leis contra o aborto, que estão sendo movidas pelo partido de ultradireita “Liberdade”. Squatters de Sevastópol falaram sobre o projeto do Centro Social Cultural e de diversos aspectos de ocupação das casas desocupadas na Ucrânia.

Europeus compartilharam as experiências de criação de coletivos anarcofeministas em seus respectivos países. Se na Alemanha esta criação é bastante fácil, na Polônia existe uma aversão ao feminismo devido às ideias de ultradireita, muito difundidas no país. Ativistas de Hamburgo falaram sobre um time de futebol chamado St. Pauli e o fanatismo dos seus torcedores, e acerca das percepções do sexismo e homofobia dentro do movimento antifascista alemão como um todo. A participação de ativistas de outros países é muito interessante, pois devido à predominância do machismo dentro da cena anarquista do Leste Europeu é necessário conhecer as experiências progressistas de combate a ele em outros lugares e praticar a relação com anarquistas de outros países, sem se isolar e se fechar.

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Uma atenção especial foi dedicada aos conflitos dentro do movimento anarquista e ao machismo dentro da cena. Cada um compartilhou a situação que se dá em sua região e caminhos de saída destas situações de conflito. Também foram discutidas as possibilidades de comunicação e apoio mútuo de diversos grupos anarcofeministas, do espaço pós-soviético e europeu.

Em geral, o encontro foi bom, sem excessos sérios. Foi discutida a possibilidade de outros encontros com o assunto anarcofeminista como eixo – hoje em dia, um fórum com temática de gênero é um caso raro. O feminismo é muito importante para os movimentos anarquista e antifascista, uma vez que a discriminação pelo gênero virou norma, não somente na sociedade em geral, mas entre companheiros de esquerda. Para combater esta discriminação é necessário prestar mais atenção às questões de gênero no contexto anarquista, juntamente com outros problemas sociais. O feminismo liberal se esgotou completamente e, para a malta anarquista, é importante à ação juntamente com os movimentos que reivindicam a igualdade de gêneros e a luta em conjunto contra o sistema vigente.

Tradução > A vagalume

 

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Alonso Alvarez

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