Em 1 de agosto, foi concluída em Donostia a bicicletada desobediente contra o TAV (Trem de Alta Velocidade) que durante uma semana percorreu diferentes localidades de Hego Euskal Herria realizando diversas atividades, ações, debates, protestos, etc. O final da bicicletada se deu com uma marcha a pé com as bicis à mão desde a praça Buen Pastor até o Boulevard. Neste último quilômetro transladamos o protesto contra o TAV e o modelo desenvolvimentista e capitalista que fomenta esta infraestrutura entre diferentes instituições promotoras desse projeto, dessa vez manifestando nossa oposição sobre as grandes infraestruturas que destroem a terra, reivindicando a desobediência como ferramenta para transformar a sociedade.
Dessa maneira, lotamos a fachada da delegação do Governo Basco na rua Andia com adesivos com o lema “TAV Via Morta – AHT Bide Itsua”.
Assim, as últimas notícias demonstram mais claramente que nunca que a construção do TAV e de outros projetos destrutivos, além de ser uma grave agressão à terra, não são mais que vias mortas, totalmente nocivos tanto do ponto de vista social como econômico.
Isso evidencia o fracasso dos governos centrais, basco e navarro, que seguem teimosamente com o TAV apesar do fato deste modelo desenvolvimentista que fomenta esta infraestrutura nos ter conduzido a crise em que nos encontramos. Continuando o protesto contra o TAV seguiu-se até a delegação do Ministério da Fazenda, onde denunciamos o desperdício de recursos públicos destinados ao TAV. Em terceiro lugar, realizamos um protesto gráfico na sede principal da Kuxta-Bank, em cuja fachada desenhamos com giz colorido as silhuetas de pessoas e setores sociais afetados pela atual crise econômica e social (jovens, pensionistas, campesinos, donas de casa…). Finalmente, o quiosque do Boulevard acolheu o ato final dessa marcha em bici desobediente contra o TAV e a favor da terra. No dito ato procedeu-se a leitura do comunicado final e de uma carta dirigida ao preso Aitor Esnaola, campesino afetado pelo TAV.
Uma vez terminada a leitura, várias dezenas de participantes da marcha subiram ao quiosque para cantar alguns versos contra o TAV e dessa maneira se concluiu a marcha com grande humor.
MARCHA BICICLETEIRA DESOBEDIENTE CONTRA O TAV. COMUNICADO FINAL.
Depois de oito dias pedalando e percorridos 356 quilômetros das terras de Hego Euskal Herria afetadas pelo TAV, essa marcha desobediente chega ao seu fim. Nessa marcha enchemos nossas mochilas com mais razões ainda, para seguir lutando contra essa infraestrutura:
- Sofremos ao contemplar de perto a destruição da terra que nos protege e nos alimenta.
- Nos indignamos junto aos campesinos que sofrem a imposição e o menosprezo das diferentes administrações.
- Conhecemos os grupos locais que seguem lutando contra o despautério dessa obra.
- Gozamos com as belezas dos rincões da terra que estamos defendendo.
- Reafirmamos a desproporção e inutilidade dessa obra que toma todo o dinheiro e recursos imprescindíveis que satisfariam as necessidades básicas do povo.
- Compartilhamos as vivências dos vizinhos que lutam para recuperar a terra expropriada.
- Solidarizamos com os coletivos que lutam contra outros projetos destrutivos.
- Desfrutamos da generosidade dos povos e vilas resistentes que nos receberam de braços abertos.
Essa marcha nos reafirmou a eficácia e o poder da desobediência:
- Introduzimo-nos em suas obras sem permissão para mostrar à sociedade a destruição que querem ocultar.
- Utilizando suas altas gruas para colocar nossas reivindicações nas alturas.
- Nos algemando aos trens e evitando que usem nosso dinheiro para a destruição.
- Superando as proibições policiais, utilizando nossos corpos nus para difundir nossa mensagem.
- Reivindicando a doçura da torta desobediente frente à milhares de banhistas na praia.
- Semeando a semente da desobediência valendo-nos da atmosfera imbatível que temos vivido em grupo.
- Em uma palavra: fortalecemos nossa autoestima coletiva para a desobediência.
Por meio dessa marcha, ficou mais claro que nunca a diferença entre duas formas de entender a vida: a da alta e a da baixa velocidade, simbolizadas respectivamente pelo TAV e pela bicicleta:
- A alta velocidade promove a destruição, a morte, o espólio, o individualismo, o estresse e a enfermidade. O caminho não importa, só a meta. Para chegar ao destino tudo vale.
- A velocidade lenta, em troca, possibilita a vida, a saúde, a tranquilidade, o equilíbrio e respeito com a natureza e com o resto dos povos; facilita a relação e a solidariedade entre o viajante e a vizinhança. A meta é o caminho em si.
Esperamos que as sementes de desobediência semeadas nessa marcha deem seus frutos. Temos que recuperar o que destruíram e espoliaram. Aprendamos das cabras que vivem em túneis escavados nas entranhas de Udalaitz, convertendo-os em insólitos estábulos de vários quilômetros. Façamos como os campesinos que empregam os túneis para acumular lenha e fardos de palha. Recuperemos as terras expropriadas para infraestruturas e plataformas logísticas, convertendo-as em saudáveis hortas. Transformemos essa irracionalidade em pista de bici mais cara do mundo. Sigamos definitivamente avançando pelo caminho da desobediência que percorremos nessa marcha bicicleteira.
UTILIZEMOS A DESOBEDIÊNCIA COMO ARMA PARA DEFENDER A TERRA.
AHT – TAV STOP
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Tradução > Tio TAZ
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no vaso de avenca.
Angela Togeiro Ferreira
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!