Comunicado da Assembleia Aberta do bairro ateniense de Aguía Paraskeví sobre o assassinato de um jovem por um fiscal-capanga do Regime por não ter bilhete.
Na terça-feira, 13 de agosto de 2013, a altas horas da noite, no bairro ateniense de Peristeri, um jovem passageiro morreu caindo de um trólebus, tentando escapar da conduta violenta de um fiscal e de sua insistência em entregá-lo à polícia por não ter um ticket. Apesar dos esforços do jovem em explicar que estando desempregado, tanto ele como seus pais, não tinha dinheiro para comprar bilhetes, o fiscal ameaçou em chamar a polícia e lhe ordenou a permanecer no trólebus até o final do trajeto. A tensão entre eles aumentou, os demais passageiros indignados, estavam pedindo ao fiscal que deixasse o jovem em paz e ao final o jovem se encontrou na rua, tombado de barriga para cima com a camiseta rasgada, enquanto o veículo estava em movimento. O menino estava morto. Quando todos se aperceberam do que havia ocorrido e alguns passageiros agrediram verbalmente o fiscal, ele ameaçou com processá-los. A Promotoria não apresentou todavia, nenhuma acusação contra o fiscal e o condutor, que ao que parece o respaldou… e a vida de um jovem de 18 anos se perdeu por 1,40 euros.
Sem dúvida, o que aconteceu em Peristeri não foi um incidente casual ou isolado. Faz muito tempo que fazemos uso dos meios de transporte público, e experimentamos o comportamento violento e terrorista dos fiscais, em seu afã por multar (e receber/cobrar eles 50% da importância, como está previsto). Este detalhe os converte de “uns trabalhadores normais e corriqueiros que simplesmente fazem seu trabalho” em caçadores de cabeças! Assim que quando pegam alguém sem bilhete, com gritos, insultos, ameaças e inclusive violência física, pretendem forçá-lo a mostrar-lhe sua carteira de identidade ou levá-lo a uma delegacia. Às vezes não vacilam em chantagear, pedindo a passageiros dinheiro para não multá-lo, tal como ocorreu neste caso que aconteceu em nosso bairro ante nossos olhos em abril de 2011. Especialmente enfrentam os jovens ou imigrantes, se tornam cada vez mais violentos, ao que parece por considerá-los umas vítimas fáceis de chantagear. E quando eles razoavelmente optam por reagir, a petulância dos fiscais se tornam incontroláveis.
Tolerância zero para os fiscais.
A realidade é que o jovem morto optou por fazer algo que fazem milhares de pessoas (em sua maioria jovens), não porque querem dar o calote como sustenta a propaganda do Regime, senão porque simplesmente não podem pagar por seus deslocamentos. Seus poucos rendimentos se destinam a satisfazer outras necessidades. Para nós é óbvio que os meios de transporte público não podem ser objeto de mercantilização. São usados principalmente pelas classes populares e os imigrantes, já que eles são os que estão em uma situação econômica extremamente difícil, e consequentemente é completamente ilógico e injusto que se lhes exija pagar por um deslocamento que não é um privilégio, senão que é necessário para poder ir à escola ou ao trabalho, para ter vida social e acesso à cultura. Sobretudo, umas certas categorias da população, como os desempregados, os estudantes, assim como os que recebem os salários humilhantes impostos pelo Estado e os patrões, tem todas as razões para negar-se a pagar pelo bilhete. Ademais nós os passageiros, somo os que temos financiado os meios de transporte público, assim como todos os serviços prestados pelo Estado, através de impostos diretos e indiretos que chegam aos fundos do Estado. Neste contexto, a negativa de pagar se converte em uma resistência espontânea e legítima dos de baixo, à pobreza e a miséria a que estão submetidos.
Como habitantes da cidade lutamos por um transporte massivo que deve ser público, e nos solidarizamos com as lutas dos trabalhadores neste setor. Ao mesmo tempo, porém, pedimos o apoio deles à luta por sobrevivência e dignidade que levamos diariamente. Portanto, nos negamos a pagar por um bilhete que têm sido objeto de sucessivos aumentos, ou entregamos o bilhete já picado a outros passageiros que o necessitem. Isolamos aos fiscais e não os deixamos fazer nenhum tipo de grosseria contra ninguém. Lembremos que os fiscais não são policiais e que não têm o direito de verificar nossos dados pessoais ou de ficar com nossos documentos contra a nossa vontade. Todos nós passageiros devemos nos solidarizar com os que não têm bilhete. Não consintamos que os multem ou que sejam maltratados.
Transporte público e gratuito para todos e todas.
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!