Hoje perseguição e tortura tal qual na ditadura.
O 24 de agosto à tarde, no marco da passeata que recorda e denuncia o massacre do Filtro ocorrido em 1994, foram sequestradas 12 pessoas que se dirigiam à concentração no Obelisco, em Montevidéu.
Todos os detidos saíram da “La Solidaria” (centro social que se encontra em Fernández Crespo e Cerro Largo). Em alguns dos casos haviam sido seguidos pelos agentes de inteligência desde as primeiras horas da manhã, o que foi confirmado pela própria polícia.
O operativo foi realizado em diferentes pontos de Montevidéu, levado adiante por vários grupos de policiais vestidos à paisana, em diferentes veículos do Departamento de Inteligência. Estes não explicaram o porquê da detenção e em muitos casos não se identificaram (à moda da passada ditadura cívico militar). Foram levados a Chefatura sob hostilidade contínua. Uma vez finalizada a passeata, o advogado e alguns familiares foram à dita dependência, onde o policial que os atendeu, informou que havia 12 pessoas detidas e se negou a comunicar ao advogado a razão das detenções, falando-lhe de forma grosseira e arrogante, enquanto tampava um frasco de bebida.
Por volta das 12h30 os detidos foram liberados sem acusação, na rua os esperava um numeroso grupo de manifestantes. Uma vez fora puderam relatar os fatos, enquanto estiveram detidos receberam pauladas nas costas e tortura psicológica. Sofreram ameaças de todo tipo, começando com possíveis processos judiciais, a violação e até a morte. Os fizeram despir-se. Utilizando um pau, um oficial simulava um fuzil enquanto outro cantava a marcha militar. Um dos detidos foi posto de plantão nu e apoiaram uma arma em sua cabeça e diziam que iriam violentá-lo, “matar em qualquer esquina” e o ameaçavam com aplicar-lhe “submarino seco” (afogamento com um saco).
Estes fatos não são isolados, estão no contexto de várias ações repressivas onde se busca criminalizar os protestos: perseguições, detenções, montagens midiáticas e processos. Inteligência e o D.O.E. há tempos vêm fazendo investigações sobre as pessoas que participam em qualquer tipo de mobilização, tirando fotos e introduzindo policiais nas manifestações.
Mas além da repressão, sinalizamos que as manifestações e mobilizações não se deterão, porque as causas que as originaram continuam e se intensificam.
Basta de repressão aos que lutam.
Tocam em um/a, Tocam em todos/as.
Tradução > Sol de Abril
Notícia relacionada:
agência de notícias anarquistas-ana
tarde de vento
até as árvores
querem vir pra dentro
Paulo Leminski
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!