Entrevista ao coletivo “Mujeres Libres” da CNT Zaragoza, de recente criação na cidade, para lutar contra a alta precarização nas condições de vida por causa da crise e que se agrava no caso de ser mulher. Esta é sua carta de apresentação.
L. Martínez | Jornal CNT
Pergunta > O que levou a decisão de constituir o coletivo de “Mujeres Libres”?
Resposta < O fato de que esta falsa crise, criada pelo capital as custas da classe trabalhadora mais pobre, está enfurecendo uma vez mais com as mulheres, através da precarização de suas condições de vida e trabalho, nós mulheres da CNT de Zaragoza, não podíamos permanecer caladas nem um minuto mais ante esta grave ameaça de miséria, violência e fome. Nossas motivações são a exigência de uma vida livre de violência, com autonomia e autossuficiência econômica. Também uma repartição mais justa e equitativa dos espaços, da tomada de decisões, do valor social do trabalho não remunerado… enfim, da vida.
P. > Que atividades tens pensado levar a cabo?
R. < Vamos convocar e participar de maneira direta em quantas ações forem levadas a cabo para denunciar todas as agressões machistas, culturais e trabalhistas que façam contra as mulheres, tanto em Zaragoza como no resto do Estado. A fim de autofinanciarmo-nos e para criar uma caixa de resistência para ajuda de urgência em casos de maltrato, demissões, repressão, etc. que se exerçam contra as mulheres, estamos preparando um disco com uma seleção de grupos de mulheres combativas, e outros objetos (cartazes, broches…) com os logotipos do coletivo. Nossa intenção é exercer uma ajuda integral e direta que o Estado com sua política de repressão fascista, machista e patriarcal, tem se encarregado maquiavelicamente de não exercer.
P. > Em sua opinião, que papel joga o patriarcado no sistema de dominação? É possível um capitalismo sem patriarcado?
R. < O patriarcado foi a primeira estrutura de dominação e subordinação da história, sobre a qual se assentaram todas as demais, e ainda hoje segue sendo um sistema básico de dominação, o mais poderoso e duradouro de desigualdade e o que menos se percebe como tal. Não é possível um capitalismo sem patriarcado já que este não só recai na família, senão em todas as estruturas que possibilitam o controle sobre a força de trabalho das mulheres, como o Estado. Outro claro exemplo de que o capitalismo se nutre do patriarcado, é a desigual divisão sexual do trabalho e do trabalho remunerado, a reserva dos trabalhos de baixo perfil ou de perfil assistencial para as mulheres, a violência machista (doméstica, assédio sexual e estupro), a prostituição…
P. > Que papel o capitalismo atribui às mulheres? Que pode esperar hoje uma mulher de sua vida?
R. < Um papel secundário, de submissão, precariedade, dominação e morte, através do patriarcado como eixo vertebral de sua política de aniquilamento sistemático. Desemprego, piores remunerações, trabalhos de perfil baixo ou assistencial, encargos familiares que deve inevitavelmente assumir, relegando-a a um “lugar” onde sofrerá todo tipo de vexames e maus tratos. Hoje em dia está mais claro que nunca que uma mulher pobre, se não se organiza e luta, não espera mais que a exclusão, a marginalidade, a fome, o rechaço, a demissão, o desespero e no pior dos casos o suicídio. Mas também como diz nossa campanha: “Desta vez não estamos indefesas, estamos organizadas e preparadas”.
P. > Que pode fazer hoje alguém que queira lutar pela igualdade?
R. < Deve organizar-se com compromisso e lutar. Como “Mujeres Libres”, nossa luta não só se reduz à luta por igualdade e a autoliberação, nossa luta é lado a lado contra a exploração do trabalho, contra o militarismo, pelo internacionalismo, pela liberação animal, etc. Como mulheres, carregamos uma longa história filogenética de dominação, abusos, vexames e violência. Mas como mulheres também temos nos levantado muitas vezes, ressurgindo de nossas cinzas e seguiremos nos levantando. Por isso, a partir de nossa filosofia anarcofeminista, de cooperação, baseada no apoio mútuo e na descentralização, seguiremos lutando por uma sociedade igualitária, cheia de homens e… mulheres livres.
Fonte: Jornal CNT Nº 402 – Julho 2013
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Imaginação…
na minha vida mil vezes
eu liberto/ação.
Célia Lamounier de Araújo
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!