No sábado, 14 de setembro, foi inaugurada a nova sede da CNT em Córdoba, com uma Jornada cheia de eventos de todos os tipos. Vieram companheiros e companheiras de diferentes partes do Estado, havia compas de Madri, Valladolid, Jaen, Sevilha, Pedrera, Fernan Nunez… além de um bom número de compas de Córdoba e também de outras organizações e movimentos sociais, que compartilham lutas na rua há anos na cidade.
Alfonso Alvarez apresentou a Jornada e fez referência aos compas que nos anos 30 lutaram na CNT e aos que conseguiram manter o local aberto em Córdoba durante os anos 80. Também falou do trabalho conjunto do Sindicato com outros grupos e movimentos sociais na cidade ao longo dos últimos anos.
Foram apresentados os compas que iam intervir no evento – Juan Ariza, companheiro de Fernan Nunez e militante há muitos anos da CNT de Córdoba e Pedro Serna, companheiro de Valladolid e atual secretário-geral da CNT.
Juan fez um passeio pela história recente do Sindicato em Córdoba e suas instalações, desde a morte de Franco até hoje e desde os espaços em Ciudad Jardín e na rua San Fernando, que se mantiveram e foram custeados graças ao esforço de muitos compas.
Chegaram os anos 80 e houve problemas internos entre um setor do Sindicato que queria participar das eleições sindicais (e de uma forma de sindicalismo subvencionado e com liberados sindicais), e aqueles que pensavam que tinha que se manter a essência da CNT histórica e não participar desse jogo.
Com esta ruptura interna e os episódios que foram experimentados no final dos anos 70 e 80, a CNT ficou muito debilitada, caindo drasticamente a filiação e a militância. Então começou o que se vem chamando a “travessia no deserto” durante boa parte dos anos 80 e 90. Anos em que o Sindicato perdeu muita força, embora ainda mantivesse as lutas e a participação em protestos e movimentos da época.
A criação da “Caseta de Feria” no início dos anos 90, que juntou recursos, permitiu a CNT em Córdoba contar com uma independência financeira e ser capaz de pagar o local onde se reunia e se organizava, permitindo dar um salto para um espaço melhor condicionado que nos os anteriores, localizado na Rua Historiador Dominguez Ortiz, e que possibilitou consolidar a ação sindical e social da CNT em Córdoba.
Não podemos esquecer a criação, durante esses anos, da Assessoria Jurídica e Laboral que se manteve e cresceu devido à militância e colaboração dos compas, que atendeu centenas de companheiros e companheiras, e que gerou muitos conflitos sindicais em que a CNT esteve envolvida nos últimos anos.
Também foi recordado e reivindicado o valor do Patrimônio Histórico que se deve a CNT por parte do Estado, desde a época da guerra e que até hoje ainda não foi devolvido.
Após esta revisão da história recente da CNT, interviu o companheiro Pedro Serna, que mostrou seu agradecimento pelo convite para participar desta Jornada e que estava satisfeito pela CNT ter chegado à base de luta e esforço de muitos anos, e contar com um local como este em Córdoba.
Pedro explicou a importância da militância e seu trabalho contínuo para conseguir esse tipo de espaço; disse que o sindicato de Córdoba é um exemplo de luta na CNT.
Ele também lembrou os companheiros e companheiras que nos anos 30 lutaram para conseguir um mundo melhor e que muitos deles perderam a vida – compas sem os quais seria impossível que a luta da CNT continuasse até hoje.
Com o local cheio de pessoas, foi apresentado o companheiro Moisés de USTEA que colaborou na Jornada tocando soberbamente, com o sax, “Hijos del Pueblo” e “A las Barricadas”. Esta última ecoada por todos os participantes enquanto era interpretada pelo companheiro.
Depois de uma pausa em que aproveitamos para petiscar e bater-papo, foi a vez do cantor Múñoz Antonio “El Toto“, acompanhado na guitarra por José Muñoz, e apresentado pelo companheiro Paco Martinez. Este último apresentou o “Cante sin Tapujos” fazendo um recorrido pela vida do cantor de Campo de la Verdad “El Toto“. “El Toto” é um cantor afastado do flamenco institucionalizado da Andaluzia; tem sido e é um cantor comprometido e lutador.
Tarde da noite, começou o concerto de “El Toto”, que veio acompanhado por José Muñoz na guitarra, com uma voz rouca, forte e cheia de personalidade. José Muñoz, também cantor, mostrou sua maestria, apesar de sua pouca idade.
Desfrutamos do canto de “El Toto”, acompanhado com imagens, textos e intervenções do companheiro Paco Martinez, que trabalhou muitos anos em jornais e rádios do mundo do flamenco. Um show de música e canto, que terminou com “El Toto” e José Muñoz cantando lado a lado, e todos de pé batendo palmas.
Lembramos que a Jornada continuará até outubro e convidamos todos a passar pelos atos que vão acontecer nas próximas semanas, e para conhecer o novo local da CNT.
agência de notícias anarquistas-ana
No vento que varre o mundo,
A sujeira fica
Dentro do coração fecundo.
Augusto Menezes
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!